Batalhões de Estranhos

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Batalhões de Estranhos
Batalhões de Estranhos
Álbum de estúdio de Camisa de Vênus
Lançamento julho de 1985 (1985-07)
Gravação Primeiro semestre de 1985
Estúdio(s) Estúdios SIGLA e Estúdios Intersom, ambos em São Paulo
Gênero(s)
Duração 38:24
Idioma(s) Português
Formato(s) LP e Fita cassete
Gravadora(s) RGE
Produção Reinaldo Barriga
Cronologia de álbuns de estúdio por Camisa de Vênus
Camisa de Vênus
(1983)
Correndo o Risco
(1986)
Singles de Batalhões de Estranhos
  1. "Eu Não Matei Joana D'Arc"
    Lançamento: 1985 (1985)

Batalhões de Estranhos é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira Camisa de Vênus, gravado no primeiro semestre de 1985 nos Estúdios SIGLA e nos Estúdios Intersom, ambos em São Paulo, e lançado em julho do mesmo ano pela gravadora RGE.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Três meses após o lançamento do álbum anterior, a banda participou de uma reunião com os diretores da Som Livre na qual se negaram a alterar o nome do grupo, considerado anticomercial pela cúpula da gravadora. Assim, foram expulsos da gravadora e o disco retirado de catálogo. Após esses eventos, a banda resolveu que a melhor estratégia era realizar o máximo de apresentações que conseguissem - rodando o país inteiro - fazendo, então, o caminho inverso: primeiro construir uma base de fãs para, só então, gravar outro disco. Desse modo, mudam-se para São Paulo e passam a fazer shows, especialmente, na região Sul, no estado de São Paulo, e no Rio de Janeiro.[1][2]

Gravação e produção[editar | editar código-fonte]

Entre um show e outro, surgiu o interesse da gravadora RGE em gravar um novo álbum e comprar a matriz do primeiro disco e relançá-lo. Desse modo, o disco foi gravado nos Estúdios SIGLA e nos Estúdios Intersom, ambos localizados na cidade de São Paulo.[1][2]

Resenha musical[editar | editar código-fonte]

O disco abre com o seu grande sucesso radiofônico "Eu Não Matei Joana D'Arc", no qual o grupo dá ares de ficção e jornalismo popular à história da mártir francesa. Em seguida, vem "Casas Modernas" em que se critica as habitações produzidas em linha, assumindo uma linha ecológica que põe em questão as relações entre a habitação e a vida humana, animal e vegetal.[3] "Lena" é a primeira das duas baladas que aparecem no disco.[4] "Ladrão de Banco" é uma brincadeira com o artista plástico Miguel Cordeiro, que fazia grafites do seu personagem "Faustino" e participou da promoção da banda em Salvador no começo da carreira, com a confecção e distribuição de fanzines. Assim, esta canção baseia-se numa história: Miguel teria roubado um banco de jardim em uma praça de Salvador.[2] "Gotham City" fecha o lado A e é uma regravação de uma música de Jards Macalé, com a qual ele participou do IV Festival Internacional da Canção. A canção é uma previsão sobre o futuro das metrópoles e a versão foi muito elogiada pela crítica, com esta enxergando ecos de The Velvet Underground e Lou Reed.[3]

"Noite e Dia" tem como tema o cotidiano do homem comum que não consegue viver em condições dignas.[3] "Rostos e Aeroportos" é a segunda balada do disco,[4] sendo a canção preferida de Marcelo Nova deste disco.[2] Em seguida, "Hoje" se tornaria uma das canções mais conhecidas do grupo.[5]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Lançamento[editar | editar código-fonte]

O álbum foi lançado em julho de 1985 pela gravadora RGE.[1][6]

Fortuna crítica[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Folha de S.Paulo (1985) Favorável[3]
Zona Punk Favorável[4]

Após os problemas que a banda enfrentou com a gravadora no primeiro disco, a crítica carioca esfriou em seu tratamento da banda. Em compensação, o sucesso de público que os shows da banda faziam em São Paulo e no sul do país abriram novas portas em São Paulo. Desse modo, Paulo Klein, na Folha de S.Paulo, foi um dos poucos críticos que resolveram resenhar o lançamento do segundo disco do grupo. E ele o fez de modo extremamente elogioso, ressaltando as diferenças entre o rock cru e pesado que o Camisa fazia e o "rock morno, mesclado com reggae e baladas" que fazia sucesso no Rio. O crítico elogia, também, os temas tratados nas canções do grupo.[3]Wladimyr Cruz, escrevendo para a página Zona Punk, exalta a maior diversidade do disco em relação ao seu antecessor: "aqui o Camisa já se aventurava em fazer algumas baladas, músicas melancólicas que permearam todo o trabalho da banda, aparecendo as vezes aqui e acolá". Apesar disso, dá destaque às canções mais "punk" e de letras mais ácidas e controversas.[4]

Relançamentos[editar | editar código-fonte]

O disco foi relançado pela própria RGE em CD no ano de 1995.[7][8]

Faixas[editar | editar código-fonte]

Lado A
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Eu Não Matei Joana D'Arc"  Gustavo Mullem / Marcelo Nova 3:44
2. "Casas Modernas"  Gustavo Mullem / Marcelo Nova 2:36
3. "Lena"  Karl Hummel / Marcelo Nova 4:51
4. "Ladrão de Banco"  Karl Hummel / Gustavo Mullem / Marcelo Nova 3:34
5. "Gotham City"  José Carlos Capinam / Jards Macalé 3:32
Lado B
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Noite e Dia"  Karl Hummel / Marcelo Nova 2:44
2. "Crime Perfeito"  Karl Hummel / Marcelo Nova 3:15
3. "Rosto e Aeroportos"  Gustavo Mullem / Marcelo Nova 3:52
4. "Hoje"  Karl Hummel / Marcelo Nova 3:42
5. "Cidade Fantasma"  Karl Hummel / Marcelo Nova 3:09
6. "Batalhões de Estranhos"  Karl Hummel / Marcelo Nova 2:26
7. "Coiote no Cio (The Pink Panther Theme)"  Henry Mancini 0:59
Duração total:
38:24

Certificações[editar | editar código-fonte]

País Provedor Certificação Vendas
Brasil ABPD Ouro[9] Brasil: mais de 100 mil[9]

Créditos[editar | editar código-fonte]

Créditos dados pelo Discogs[7] e pelo IMMUB.[10]

Músicos[editar | editar código-fonte]

Camisa de Vênus[editar | editar código-fonte]

Músicos de apoio[editar | editar código-fonte]

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Dapieve, 1995, pp. 160-162.
  2. a b c d Barcinski e Nova, 2017.
  3. a b c d e Klein, 1985.
  4. a b c d Wladimyr Cruz (2000). «#ZPReview Camisa de Vênus - Batalhões de Estranhos». Zona Punk. Consultado em 22 de abril de 2019 
  5. «Camisa de Vênus - Dançando em Porto Alegre». Uhuu. N.d. Consultado em 13 de abril de 2019 
  6. Bahiana, 1985.
  7. a b «Camisa de Vênus - Batalhões de Estranhos». Discogs. N.d. Consultado em 20 de outubro de 2010 
  8. «Batalhões de Estranhos». CliqueMusic. N.d. Consultado em 6 de agosto de 2012 
  9. a b Alberto Villas. Os filhos de Raul Seixas. Publicado em O Estado de S. Paulo, em 11 de novembro de 1986, p.1.
  10. «LP/CD Batalhões de Estranhos». IMMUB. N.d. Consultado em 3 de abril de 2019 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALEXANDRE, Ricardo. Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2017.
  • BAHIANA, Ana Maria. Passeio pelo front. Publicado em O Globo, em 20 de julho de 1985, p. 3.
  • BARCINSKI, André e NOVA, Marcelo. O galope do tempo: conversas com André Barcinski. São Paulo: Benvirá, 2017.
  • DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. São Paulo: Editora 34, 1995.
  • KLEIN, Paulo. Batalhões de estranhos invadem as metrópoles. Publicado em Folha de S.Paulo, em 20 de agosto de 1985, p. 33.
  • SANTOS, Wellington Camargo dos. Correndo o risco: identidade punk nas músicas da banda Camisa de Vênus. Revista Noctua, n. 5, 2012.
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