Marcelo Nova

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Marcelo Nova
Marcelo Nova
Marcelo Nova em 2015
Informação geral
Nome completo Marcelo Drummond Nova
Também conhecido(a) como Marceleza
Nascimento 16 de agosto de 1951 (72 anos)
Local de nascimento Salvador, BA
Brasil
Nacionalidade brasileira
Gênero(s)
Ocupação(ões)
Filho(a)(s) Penélope Nova e Drake Nova
Instrumento(s)
Período em atividade 1980 - atualmente
Gravadora(s)
Afiliação(ões)
Página oficial marcelonova.com

Marcelo Drummond Nova (Salvador, 16 de agosto de 1951) é um cantor e compositor brasileiro. Foi vocalista da banda baiana Camisa de Vênus, desde o início dos anos 1980 até o seu primeiro final em 1987. Em 1988, iniciou sua carreira solo tendo gravado, no ano seguinte, um LP ao lado de Raul Seixas, intitulado A Panela do Diabo. Em 1995, reuniu-se com a sua antiga banda e lançou mais dois álbuns, sendo um ao vivo e outro de estúdio. Em 1998, retomou a sua carreira solo.

Reúne-se esporadicamente com o Camisa de Vênus e seu último trabalho de estúdio é o álbum 12 Fêmeas de 2013. É conhecido, entre outras, pelas músicas "Controle Total", "Bete Morreu", "Eu Não Matei Joana D'Arc", "Gotham City", "Hoje", "Silvia", "Simca Chambord", "Deus Me Dê Grana", "Só o Fim" e "Muita Estrela, Pouca Constelação", com o Camisa de Vênus; "Cocaína", "Coração Satânico" e "Faça a Coisa Certa" da carreira solo; bem como "Pastor João e a Igreja Invisível" e "Carpinteiro do Universo", com Raul Seixas.

É pai da ex-VJ da MTV Brasil Penélope Nova[1] e do atual guitarrista e produtor do Camisa de Vênus, Drake Nova.

Infância[editar | editar código-fonte]

Marcelo Nova nasceu e cresceu em Salvador. Na infância era muito tímido e concentrava todas as suas horas livres em ouvir música. Ficava tardes e tardes inteiras apenas ouvindo música e prestando atenção aos detalhes, aos instrumentos e ao modo pelo qual eles eram tocados nos vários discos.[2] Foi nessa época que teve o primeiro contato com o rock and roll, quando pediu que seu pai lhe comprasse um disco de Little Richard, chamado Here's Little Richard.[2] Aos 14 anos viu Raulzito e os Panteras tocarem ao vivo, o que o fez perceber que era possível tocar o estilo de música que ele gostava no Brasil.[3]

Na adolescência e início da fase adulta trabalhou com seu pai, que tinha uma clínica de fisioterapia, fazendo pedigrafia.[2] Trabalhou também vendendo seguros antes de montar uma loja de discos chamada Néctar, em meados dos anos 1970.[2] Com a loja de discos, Marcelo consegue um emprego em uma rádio de Salvador, a FM Aratu, passando a ser responsável por um programa, chamado Rock Special, e pela programação da rádio.[2]

Com o programa de rádio, Marcelo Nova torna-se conhecido fora da Bahia por pessoas no Rio e em São Paulo, ligadas a gravadoras, que lhe chamavam para dar opinião sobre vários discos que eles recebiam das matrizes e não tinham a menor ideia do que se tratava e de como comercializar aquilo.[2]

No início dos anos 1980, Marcelo Nova vende o ponto da loja e, com o dinheiro, faz uma viagem para Nova Iorque onde toma contato com o movimento punk. Percebe que, com o conhecimento musical que ele tinha adquirido - aliado à filosofia punk do "faça você mesmo", poderia montar uma banda e fazer música mesmo sem grandes virtuosismos.[2]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Camisa de Vênus[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Camisa de Vênus

Ao voltar de Nova Iorque, Marcelo Nova chama um amigo que tinha conhecido na TV Aratu, Robério Santana, para formar uma banda que tocasse rock and roll e punk rock. A banda foi formada ainda em 1980 e, após o lançamento de um compacto, ficam famosos na Bahia o que lhes abre as portas para gravarem um álbum. A banda duraria sete anos e lançaria, nesse primeiro período, quatro álbuns de estúdio e um ao vivo, ficando conhecida no Brasil inteiro e chegando a vender mais de 300 mil cópias do disco Correndo o Risco.[4]

O Camisa de Vênus voltaria a se reunir em 1995, lançando mais dois álbuns, sendo um ao vivo e outro de estúdio. Após novo fim da banda em 1997, a banda se reuniria esporadicamente nos próximos anos. Após, reúne-se em 2009, com Eduardo Scott (ex-Gonorréia) substituindo Marcelo Nova nos vocais, mais Robério Santana, Karl Hummel e Gustavo Mullem da formação original.[5] Após a saída de Robério Santana, em 2010, a banda lança uma coletânea em 2011, Mais Vivo do Que Nunca, com uma faixa inédita, "Sem Nada". Entretanto, em 2012, Marcelo Nova, alegando insatisfação com o que considera a má qualidade do lançamento e, também, com o fato da banda ter sido contemplada com uma verba de um edital de incentivo à cultura do governo baiano, entra na justiça para impedir que os três lancem mais álbuns utilizando o nome "Camisa de Vênus".[6][7][8]

Assim, em 2015, Marcelo Nova e Robério Santana anunciam um turnê pelos 35 anos da fundação do Camisa de Vênus, contando com músicos da banda da carreira solo de Marcelo como banda de apoio (Drake Nova, filho de Marcelo, na guitarra; Leandro Dalle na outra guitarra; e Célio Glouster na bateria).[9][10] Em junho de 2016, após 20 anos sem lançamentos, a banda anuncia a turnê "Dançando na Lua", homônima do novo álbum, contendo apenas faixas inéditas, e, em 22 de Julho, é oficialmente lançado o novo álbum, sendo seu primeiro single a música "Raça Mansa", lançada em 11 de junho de 2016.[11][12]

Carreira solo[editar | editar código-fonte]

Após o último álbum da primeira formação do Camisa de Vênus, Marcelo Nova junta músicos para formar uma banda de apoio para a sua carreira solo. A primeira formação da banda "Envergadura Moral" conta com Gustavo Mullem nas guitarras, João Chaves (o Johnny Boy) nos teclados, Carlos Alberto Calasans no baixo, e o veterano Franklin Paolillo na bateria.[13] Após ensaios e apresentações, a banda entra em estúdio e grava o primeiro disco, Marcelo Nova e a Envergadura Moral, lançado em 1988. O álbum é composto de baladas, sendo mais intimista do que os trabalhos anteriores com o Camisa de Vênus.[13] Conta, ainda, com um cover de "E Nós aqui Forrumbando", que foi renomeada para "A Gente É sem Vergonha", tendo a participação de Genival Lacerda, autor da música e grande ídolo de Marcelo.

Anos antes, em 1984, durante um show do Camisa de Vênus no Circo Voador, o grupo foi avisado que Raul Seixas viria para assisti-los e queria conhecê-los. O que acabou acontecendo foi uma festa com o Camisa de Vênus, mais Raul Seixas, tocando covers de clássicos do rock para quem compareceu ao show.[4][14] A partir daí, Marcelo Nova e Raul Seixas tornam-se grandes amigos. Em 1989 decidem gravar um disco juntos e saem em turnê, realizando 50 shows.[4] Mais tarde naquele ano seria lançado o segundo álbum da carreira solo de Marcelo Nova, A Panela do Diabo, que viria a ser o último álbum de Raul Seixas, lançado dois dias antes da sua morte.[15] Depois deste disco, Marcelo Nova foi tido por muitos como o sucessor de Raul Seixas,[16] título do qual ele nunca gostou e o qual sempre contestou.[17][18]

No início dos anos 1990, Marcelo Nova estava em turnê quando o presidente Fernando Collor confiscou as cadernetas de poupança de todo mundo e, portanto, os shows que ele tinha marcado foram cancelados.[4] Ele resolveu, então, pegar um violão e sair com mais um músico, sem nenhum instrumento elétrico, fazendo uma turnê acústica, o que trouxe a ideia de fazer um álbum inteiro com essa sonoridade.[4] Em 1991, saía o disco Blackout, primeiro disco integralmente acústico da história do rock nacional,[4][19] que marca a entrada de André Christovam, substituindo Gustavo Mullem, nos violões da banda "Envergadura Moral".

No próximo álbum, em 1994, Marcelo Nova pegou a sonoridade acústica e inverteu-a completamente, produzindo um disco com muita guitarra e bem pesado.[4] O álbum recebeu o nome de A Sessão sem Fim e traz o guitarrista veterano Luis Sérgio Carlini, que ganhou fama como guitarrista da banda de Rita Lee nos anos 1970, a Tutti Frutti.

Após a volta do Camisa de Vênus, em 1998, Marcelo Nova tem uma ideia de gravar um disco só com releituras de músicas de sua carreira, experimentando novos arranjos. A ideia surgiu quando ele viu uma ultrassonografia de um feto e ocorreu-lhe que ele pulsava num ritmo exato, não tinha futuro, nem passado, era um ponto de luz.[20] Assim, gravou o disco Eu Vi o Futuro, Baby. Ele É Passado com apenas um músico (o multi-instrumentista Johnny Boy) que, com a exceção do próprio Marcelo Nova em uma das faixas, tocou todos os instrumentos. Este é o último álbum de Marcelo a sair por uma grande gravadora, a extinta Abril Music.

No ano seguinte, Marcelo Nova lança dois álbuns ao vivo a partir de dois shows selecionados por um fã, Luís Augusto Conde.[21] São eles o Grampeado em Público - Volume I e Grampeado em Público - Volume II que saíram pelo selo independente Baratos Afins e foram distribuídos apenas nos shows que Marcelo Nova realizou pelo país, tendo vendido cerca de 6 mil cópias.[22]

Em 2001, sairia a caixa tripla Tijolo na Vidraça, na qual o artista faz um apanhado da sua carreira contando com músicas antigas remasterizadas, releituras e inéditas. Depois de um tempo excursionando pelo país, Marcelo Nova solta, em 2003, uma coletânea com grandes sucessos de sua carreira, tanto solo como com o Camisa de Vênus, chamada Em Ponto de Bala.

No ano de 2005, após 13 anos compondo e criando o conceito,[4][23] sai um novo álbum de inéditas, o hoje clássico O Galope do Tempo. O álbum possui características existencialistas, indo do nascimento à morte.[23]

Em 2011, lançou o álbum duplo Hoje No Bolshoi, gravado ao vivo no Bolshoi Pub, em Goiânia. Esse disco rendeu também um Bluray e um DVD, e nele estão canções de vários períodos da sua carreira. Retorna em 2013 com o álbum de inéditas 12 Fêmeas.

Discografia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Discografia de Marcelo Nova

Videografia[editar | editar código-fonte]

Com o Camisa de Vênus[editar | editar código-fonte]

  • 2004 - Ao Vivo - Festival de Verão Salvador
  • 2017 - Camisa de Vênus - Estúdio Showlivre
  • 2018 - Dançando em Porto Alegre

Em carreira solo[editar | editar código-fonte]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Edwin Paladino (18 de junho de 2001). «Penélope Nova». IstoÉ Gente. Consultado em 6 de maio de 2013 
  2. a b c d e f g Blog ROCK LOCO, ENTREVISTÃO MARCELO NOVA, agosto de 2009, visitado 06-05-2013
  3. DiárioWeb, Ariana Pereira, Marcelo Nova solta o verbo em entrevista ao Diário, 9 de Janeiro, 2010, página visitada 06-05-2013
  4. a b c d e f g h Blog Imprensa Rocker: ENTREVISTA MARCELO NOVA - “DETESTO COVER… COVER DE MIM MESMO PIOR AINDA”!, 26/05/2010, visitado em 06-05-2013
  5. Rodrigo Rangel Jr. Camisa de Vênus volta à estrada com vocalista no lugar de Marcelo Nova. Publicado em Correio 24 Horas em 27 de janeiro de 2010. Página visitada em 12 de março de 2015.
  6. André Nascimento. Camisa de Venus: Marcelo Nova move ação contra a banda. Publicado em Whiplash.net em 30 de outubro de 2012. Página visitada em 12 de março de 2015.
  7. Chico Castro Jr. Marcelo Nova impede Camisa de Vênus de gravar álbum inédito. Publicado em A Tarde em 29 de outubro de 2012. Página visitada em 12 de março de 2015.
  8. André Nascimento. Camisa de Vênus: banda quer lançar dois álbuns em 2011. Publicado em Whiplash.net em 31 de outubro de 2010. Página visitada em 12 de março de 2015.
  9. Camisa de Venus: Marcelo Nova anuncia volta para tour de 35 anos. Publicado em Whiplash.net em 11 de março de 2015. Página visitada em 12 de março de 2015.
  10. Diego Centurione. Camisa de Vênus está de volta com turnê de 35 anos. Publicado em Reduto do Rock em 11 de março de 2015. Página visitada em 12 de março de 2015.
  11. Ferreira, Mauro (24 de julho de 2016). «Camisa de Vênus volta corrosivo e revigorado no CD 'Dançando na lua'». Consultado em 28 de julho de 2016 
  12. Gonçalves, Gabriel (6 de agosto de 2016). «Aos 36 anos, Camisa de Vênus lança um dos melhores discos da carreira». Consultado em 9 de agosto de 2016 
  13. a b Blog Cantina do Rock, ENVERGADURA MORAL - A GRANDE BANDA DE APOIO DO ROCK AND ROLL BRASILEIRO, 09/03/2010, página visitada 06-05-2013
  14. Revista Bizz, nov/1987
  15. BrasilWiki!, Raul Seixas sempre na lembrança, 20 anos depois, Publicado em 21/08/2009, página visitada 06-05-2013
  16. SOUZA, Tarik de. Na Caldeira do diabo. In: Jornal do Brasil, edição de 22 de agosto de 1989.
  17. MTV (UOL), Marcelo Nova fala sobre sua parceria com Raul, 21/08/2009, página visitada 06-05-2013
  18. Whiplash.Net (site arquivado)
  19. [1] UOL (site arquivado)
  20. Whiplash.Net, por Carlos "Chacal", 06/04/06, Marcelo Nova, site visitado 06-05-2013
  21. Sana Inside, Entrevista com Marcelo Nova, por Luiz Barreto, 26/08/2001, página visitada 06-05-2013
  22. Rubens Leme da Costa (Mofo), Marcelo Nova, página visitada 06-05-2013
  23. a b SCREAM & YELL 2.0, "O Galope do Tempo" - Marcelo Nova, por Marcelo Costa 05/11/2005, sítio visitado 06-05-2013

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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