Batalha do Passaleão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Batalha do Passaleão

Fotografia de 1842 que mostra a divisão de Macau e da China, pelas Portas do Cerco
Data 25 de agosto de 1849
Local Passaleão, ilha de Anção, Cantão
Desfecho vitória portuguesa
Beligerantes
Portugal Portugal China
Comandantes
Vicente Nicolau de Mesquita Xu Guangjin
Forças
36 homens
1 obus
400 homens
20 canhões
Baixas
1 ferido 20 mortes

A Batalha do Passaleão (Pak Shan Lan 白沙岭 [a] ou Baishaling), foi um conflito ocorrido entre o Reino de Portugal e a Dinastia Qing no território de Macau em agosto de 1849. Os chineses foram derrotados no único confronto militar, mas os portugueses suspenderam novas medidas punitivas depois que uma explosão naval matou cerca de duzentos marinheiros.

Mudanças na política portuguesa[editar | editar código-fonte]

O comandante João Maria Ferreira do Amaral adotou uma postura de confronto em relação aos chineses, como aconteceu na Revolta dos Faitiões em outubro de 1846. No início de 1849, ele propôs estender uma estrada das muralhas da cidade até a fronteira chinesa. Isso exigiu a realocação de alguns túmulos chineses. E então, ordenou que os residentes chineses dentro dos muros pagassem impostos às autoridades portuguesas e não mais aos mandarins imperiais.[2]

Amaral também controlou de forma mais estrita o tráfego das lorchas e tentou impedir os mandarins de cobrarem as taxas habituais do povo tanca que vivia nos barcos do porto, visto que Macau era um porto franco. Os mandarins mantinham duas alfândegas,[b] uma na Praia Pequena e a outra na Praia Grande. Estes recusaram-se a fechá-las a pedido de Amaral, pelo que a 5 de março ele as proclamou encerradas. Os mandarins não haviam partido, e no dia 13 de março, foram expulsos à força. Amaral informou aos mandarins de Anção que se algum dia visitassem Macau seriam recebidos como estrangeiros dignitários.[3]

Com todas essas mudanças, os mandarins e o Estado chinês perderam receitas significativas. Os habitantes chineses de Macau ficaram taxados. Havia cartazes que ofertavam uma recompensa pela cabeça de Amaral em Cantão.[2] Na tarde do dia 22 de Agosto de 1849, Ferreira do Amaral saiu para um passeio a cavalo, acompanhado pelo seu ajudante de ordens Jerónimo Pereira Leite, passou as Portas do Cerco e foi atacado por um grupo de chineses que o mataram à cutilada. O governador, no entanto, tinha alcançado o seu objetivo da independência macaense da China: para as legações de Espanha, do Reino Unido e dos Estados Unidos estabelecidas na China optaram por ficar em Macau enquanto aguardam autorização para entrar na China.[3]

Batalha de 25 de agosto[editar | editar código-fonte]

Na sequência do assassinato, sentindo a fraqueza portuguesa, os chineses moveram as tropas para mais perto da cidade. Em 25 de agosto, os canhões do forte imperial de Latashi (拉塔石), conhecido pelos portugueses como Passaleão, [4] cerca de uma milha ao norte da cidade, abriram fogo contra as muralhas de Macau.[2] Com cerca de 400 homens e 20 canhões, os chineses superavam em muito o número e as armas da guarnição portuguesa. Nesta situação, Vicente Nicolau de Mesquita, um subtenente da artilharia, ofereceu-se para liderar um ataque a Baishaling com uma companhia de cerca de trinta e seis homens e um obus. Um português ficou ferido e cerca de 15 chineses foram mortos. [5]

Pintura a aquarela de soldados portugueses em Baishaling de Alexandrino António de Melo


Notas e referências

Notas

  1. "Pak Shan Lan", "Pak-sa-leang" ou "Pac-sa-leong (白沙岭) " são representações da pronúncia cantonesa de 白沙岭, do mandarim "Baishaling". Segundo Carlos Augusto Montalto, os portugueses designaram a ameia Passaleão.[1] O nome atual da colina onde as ruínas do forte estão localizadas é Paotaishan (em chinês: 炮台山). Atualmente Baishaling (白沙岭) é um tergo que fica a vários quilómetros ao norte de Paotaishan.
  2. O termo em chinês mais utilizado é hoppo.

Referências

  1. Montalto de Jesus 1902, p. 292.
  2. a b c Garrett 2010, pp. 70–74.
  3. a b Ride, Ride & Wordie 1999, pp. 64–73.
  4. Fei 1996, p. 242.
  5. Montalto de Jesus 1894, p. 158.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fei, Chengkang (1996). Macao: 400 years (em inglês). Xangai: Editora da Academia de Ciências Sociais de Xangai 
  • Forjaz, Jorge (1996). Famílias Macaenses. Macau: Instituto Português do Oriente. ISBN 972-9440-60-3 
  • Garrett, Richard J. (2010). The Defences of Macau: Forts, Ships and Weapons over 450 Years (em inglês). Hong Kong: Hong Kong University Press 
  • Montalto de Jesus, Carlos Augusto (1894). «Macao's Deeds of Arms» (PDF). The China Review (em inglês). 21 (3). Hong Kong: China Mail Office. p. 158 
  • Montalto de Jesus, Carlos Augusto (1902). Historic Macao (em inglês). Hong Kong: Kelly & Walsh 
  • Ride, Lindsay; Ride, May; Wordie, Jason (1999). The Voices of Macao Stones (PDF) (em inglês). Hong Kong: Hong Kong University Press 
  • Teixeira, Manuel (1958). Vicente Nicolau de Mesquita II ed. Macau: Tipografia Soi Sang 
Ícone de esboço Este artigo sobre um conflito armado é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.