Benjamim Pereira
Benjamim Pereira | |
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Nascimento | 25 de dezembro de 1928 Carreço |
Morte | 2 de janeiro de 2020 (91 anos) Viana do Castelo |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | antropólogo, etnógrafo |
Distinções |
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Empregador(a) | Museu Nacional de Etnologia |
Benjamim Enes Pereira (Carreço, 25 de dezembro de 1928 – Viana do Castelo, 1 de janeiro de 2020) foi um antropólogo, etnólogo e museólogo português que contribuiu para o desenvolvimento da antropologia e da museologia em Portugal. Participou no levantamento dos Instrumentos Musicais Populares Portugueses realizado na década de 60. Fez parte da equipa que fundou o Museu Nacional de Etnologia e da qual também faziam parte António Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Margot Dias.
Percurso
[editar | editar código-fonte]Benjamim Enes Pereira nasceu dia de Natal de 1928, no lugar de Montedor que pertence à na freguesia de Carreço que pertence ao concelho de Viana de Castelo.[1][2][3][4]
Jorge Dias convida-o a integrar o Centro de Estudos de Etnologia em 1959, sendo o último a entrar para aquela que é considerada como a equipa responsável pela criação do Museu Nacional de Etnologia e da qual também faziam parte Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Margot Dias.[5][6][1]
Muda-se para Lisboa em 1963, quando é criado o Centro de Estudos de Antropologia Cultural e do qual Benjamim será um dos membros fundadores ao lado dos restantes membros do grupo liderado por Jorge Dias.[6]
Embora fosse o único da equipa sem curso, é lhe atribuída a tarefa de organizar a Bibliografia Analítica de Etnografia Portuguesa que será publicada pelo Instituto de Alta Cultura em 1965.[6][7]
Realiza os seus primeiros filmes etnográficos, em 1960, quando a equipa compra uma máquina de filmar que será utilizada por ele no trabalho de campo para filmar a realidade rural portuguesa e a cultural popular.[8][9] Esteve directamente envolvido nas filmagens levadas a cabo em Portugal, pelo Instituto do Filme Científico de Göttingen em 1970, onde os filmes realizados eram encarados não como uma forma de expressão mas sim como uma técnica de registo complementar à descrição escrita e fotográfica.[9][10] Isto reforça a sua ideia de que fotografar e filmar eram importantes, não só para o trabalho de investigação, como para contextualizar aquando da sua exposição em museus e similares.[11]
Trabalha para o Museu Nacional de Etnologia até se reformar em 2000.[1] Durante todo esse tempo, foi responsável por várias exposições, entre as quais se encontra a dedicada aos Instrumentos Musicais Populares Portugueses.[12] Deve-se também a ele a organização das primeiras reservas que podem ser visitadas e que são conhecidas como Galerias da Vida Rural. É lá que se encontra reunida, a maior parte dos objectos que ele e Ernesto Veiga de Oliveira recolheram de forma sistemática, enquanto estavam no terreno.[13][12]
Após se ter reformado, Benjamim Pereira coordenou vários projectos na área da museologia. Foi ele quem projectou o Museu da Luz criado com a finalidade de salvaguardar o património da região que ficou submersa após a construção da barragem do Alqueva.[1][14] O Centro Cultural Raiano (Idanha-a-Nova), o Museu do Traje de Viana do Castelo, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco) e o Museu do Abade de Baçal, foram outros projectos museológicos em que se envolveu.[15][16][17][18]
Morreu a 1 de janeiro de 2020, no Hospital de Viana do Castelo, onde se encontrava internado.[19] Aquando do seu falecimento em 2020, foram várias as entidades que apresentaram publicamente o seu voto de pesar, nomeadamente o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a Ministra da Cultura Graça Fonseca, a Direcção Geral do Património Cultural (DGCP), o Instituto de História Contemporânea (FCSH), entre outras.[20][14][11][21]
Obras Seleccionadas
[editar | editar código-fonte]Livros
[editar | editar código-fonte]Entre os livros que publicou encontram-se: [22][23][24]
- 1962 - Vestígios do culto das pedras no Norte de Portugal[25]
- 1965 - Bibliografia analítica de etnografia portuguesa, editado pelo Instituto de Alta Cultura[26][27][7]
- 1967 - Técnicas de fiação primitiva: as rocas portuguesas, editado pelo Museu Regional de Cerâmica[28]
- 1969 - Construções primitivas em Portugal (co-autores Ernesto Veiga de Oliveira e Fernando Galhano)[29]
- 1973 - Máscaras portuguesas[30]
- 1985 - Têxteis: tecnologia e simbolismo (co-autor Fernando Galhano) [31][32]
- 1995 - Alfaia Agrícola Portuguesa (co-autores Ernesto Veiga de Oliveira e Fernando Galhano) [33][34]
- 2009 - Uma Imagem da Nação: Traje à Vianesa (co-autores António Medeiros e João Alpuim Botelho) [35]
Filmografia Etnográfica
[editar | editar código-fonte]Benjamim Pereira foi co-autor de vários filmes etnográficos sobre a cultura popular e o mundo rural: [9][12][36][1]
- 1962 - A Dança das Virgens (co-autor Ernesto Veiga de Oliveira)
- 1970 - Uma Malha em Tecla (co-autor Ernesto Veiga de Oliveira)
- 1970 - São Bartolomeu do Mar (co-autor Ernesto Veiga de Oliveira)
- 1978 - O Linho (co-autor Ernesto Veiga de Oliveira)
Ele e Ernesto escreveram os textos e foram assistentes de realização no documentário Máscaras, realizado por Noémia Delgado, entre 1974 e 1975.[37]
Em 2003, foi consultor cientifico do documentário A Seda é um Mistério (sobre a produção de seda em Castelo Branco), da antropóloga e realizadora Catarina Alves Costa. Este ganhou o Prémio de Melhor Obra Audiovisual do Conselho Internacional de Museus (UNESCO) e o de Melhor Vídeo Museológico no Festival Internacional de Museologia de 2004 que decorreu em Taipei.[38][2]
Foi também consultor nos documentários: O Linho é um Sonho e Rituais de Inverno com Máscaras (co-realizado por Catarina Alves Costa e Catarina Mourão).[39][40][36]
Reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito a 9 de junho de 2001, pelo então presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio.[20][41]
Em 2008, é homenageado pelo Instituto dos Museus e da Conservação, Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e pelo Museu do Abade de Baçal (Bragança) na exposição Rituais de Inverno com Máscaras.[42]
O livro "Caminhos e Diálogos da Antropologia Portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira" foi editado na sequência de um colóquio de tributo realizado na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2010.
Foi homenageado no IV Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia por vários investigadores nomeadamente: Clara Saraiva, Catarina Alves Costa e João Leal.[9]
É lançado, em 2014, o livro Caminhos e Diálogos da Antropologia Portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira, na sequência do Encontro de Homenagem a Benjamim Pereira que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian em Abril de 2010.[43][44][12][45]
O espólio composto por mais de 1000 recolhas fotográficas realizadas por ele, doado pelo próprio ao Museu da Luz, viu o seu valor documental reconhecido pela Fundação Calouste Gulbenkian que apoiou a sua inventariação e digitalização dando origem ao Arquivo Fotográfico Benjamim Enes Pereira.[46][47]
A Associação Portuguesa de Antropologia instituiu o prémio anual Prémio APA - Margot Dias e Benjamim Pereira que distingue trabalhos em antropologia do som e Imagem.[48]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e «Benjamim Pereira [1928-2020]». Centro Nacional de Cultura. 3 de janeiro de 2020. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b gestor (2 de janeiro de 2020). «Benjamim Pereira, antropólogo e etnólogo vianense». Folclore.PT. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Faleceu no passado dia 01 do presente, Benjamim Pereira, figura marcante da Antropologia em Portugal.». Ruas com história. 3 de janeiro de 2020. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Saraiva, Clara (1 de fevereiro de 2010). «Os caminhos do Benjamim». Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (em francês) (vol. 14 (1)): 161–163. ISSN 0873-6561. doi:10.4000/etnografica.181. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Saraiva, Clara. «Os caminhos do Benjamim». PÚBLICO. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b c Costa, Paulo Ferreira da; Freire, Cláudia Jorge; Pereira, Benjamim (1 de fevereiro de 2010). «Entrevista a Benjamim Pereira: "Uma aventura prodigiosa"». Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (vol. 14 (1)): 165–176. ISSN 0873-6561. doi:10.4000/etnografica.366. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b Pereira, Benjamim Enes (1965). Bibliografia analítica de etnografia portuguesa. [S.l.]: Instituto de Alta Cultura
- ↑ «Câmara de filmar adquirida em 1960 e utilizada por Benjamim Pereira na realização dos primeiros filmes etnográficos do Centro de Estudos de Etnologia.». www.matriznet.dgpc.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b c d Livro de REsumos do IV Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia - Classificar o Mundo (PDF). Lisboa: Associação Portuguesa de Antropologia. 2009
- ↑ «Panorama | Olhares Estrangeiros sobre Portugal / Cinema Etnográfico Alemão | Catarina Alves Costa: O Despontar de uma Geração». Cinemateca Portuguesa
- ↑ a b «DGPC | Agenda | Falecimento de Benjamim Pereira». www.patrimoniocultural.gov.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b c d «Morreu Benjamim Pereira, "figura marcante na antropologia" em Portugal». Jornal Expresso. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Reservas Visitáveis». 25 de janeiro de 2012. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b «Nota de pesar pela morte de Benjamim Pereira». www.portugal.gov.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Idanha-a-Nova: Nota de pesar pelo falecimento de Benjamin Enes Pereira». www.reconquista.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Museu do Traje - Apresentação - Câmara Municipal de Viana do Castelo». Museu do Traje - Apresentação - Câmara Municipal de Viana do Castelo. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Benjamim Pereira homenageado». Alexandre Pomar. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Coleção». Museu do Abade de Baçal. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Morreu Benjamim Pereira, o antropólogo que amava por inteiro as culturas populares portuguesas». ihc. 2 de janeiro de 2020. Consultado em 7 de novembro de 2022
- ↑ a b Portuguesa, Presidência da República. «Presidente da República evoca Benjamim Pereira». www.presidencia.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Benjamim Enes Pereira (1928-2020) — Notícia». ihc. 3 de janeiro de 2020. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Obras de Benjamim Pereira existentes na Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Benjamim Pereira». www.goodreads.com. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Moriés, Branca; Saraiva, Clara (1 de fevereiro de 2010). «Trabalhos e registos». Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (em francês) (vol. 14 (1)): 177–184. ISSN 0873-6561. doi:10.4000/etnografica.182. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ «Vestígios do culto das pedras no Norte de Portugal». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Pereira, Benjamim. Bibliografia analítica de etnografia portuguesa (PDF). [S.l.: s.n.] ISBN 978-972-776-401-3
- ↑ Pereira, Benjamim Enes (1967). Técnicas de fiação primitiva: as rocas portuguesas. [S.l.]: Museu Regional de Cerâmica
- ↑ Oliveira, Ernesto Veiga de; Galhano, Fernando; Pereira, Benjamim (21 de julho de 2020). Construções primitivas em Portugal. Col: Portugal de Perto. Lisboa: Etnográfica Press
- ↑ «Máscaras Portuguesas». catalogo.bnportugal.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Têxteis». www.goodreads.com. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Alfaia Agrícola Portuguesa - Livro - WOOK». www.wook.pt. ISBN 9789722012355. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Oliveira, Ernesto Veiga de; Galhano, Fernando; Pereira, Benjamim Enes (1995). Alfaia agrícola portuguesa. Lisboa: Publicações Dom Quixote. ISBN 9722012355
- ↑ «BNP - Traje à Vianesa». bibliografia.bnportugal.gov.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ a b Moriés, Branca; Saraiva, Clara (1 de fevereiro de 2010). «Trabalhos e registos». Etnográfica. Revista do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (em francês) (vol. 14 (1)): 177–184. ISSN 0873-6561. doi:10.4000/etnografica.182. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Máscaras». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «A Seda é um Mistério». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ Silva, Raquel Henriques da. «Benjamim Pereira: um amor inteiro». PÚBLICO. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Exposição Rituais de Inverno». Direção Regional de Cultura do Norte. 29 de julho de 2020. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «ENTIDADES NACIONAIS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS - Página Oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022
- ↑ Andrade, Sérgio C. «Das liberdades de Dezembro às libertinagens do Carnaval». PÚBLICO. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Caminhos e diálogos da antropologia portuguesa: homenagem a Benjamim Pereira». bibliografia.bnportugal.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ APA (3 de setembro de 2014). «Lançamento do livro "Caminhos e diálogos da antropologia portuguesa. Homenagem a Benjamim Pereira"». Associação Portuguesa de Antropologia (APA). Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «Encontro de homenagem a Benjamim Pereira (Programa)» (PDF). nomundodosmuseus.hypotheses. 2010
- ↑ «Museu da Luz : Coleções». www.museudaluz.org.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «ARQUIVO DE FOTOGRAFIA BENJAMIM ENES PEREIRA | e-cultura». www.e-cultura.pt. Consultado em 19 de julho de 2021
- ↑ «PRÉMIO APA "Margot Dias e Benjamim Pereira" – 2019». Associação Portuguesa de Antropologia (APA). 20 de setembro de 2019. Consultado em 19 de julho de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Benjamim Pereira entrevistado por Alexandre Branco Weffort em 2001 - 1ª Parte
- Benjamim Pereira entrevistado por Alexandre Branco Weffort em 2001 - 2ª Parte
- Programa Máscaras de Trás-os-Montes: depoimentos de Benjamin Pereira e Ernesto Veiga de Oliveira (1974)
- Relato acerca da organização da colecção de Instrumentos Musicais Populares Portugueses em que Benjamim participou
- Arquivo Sonoro de Ernesto Veiga de Oliveira / Benjamim Pereira - MemóriaMedia
- Reservas visitáveis do Museu Nacional de Etnologia, Lisboa