Multilinguismo
Multilinguismo é o conhecimento de mais de uma língua. Pessoas multilíngues superam numericamente os falantes monolíngues na população do mundo.[1] O multilinguismo está se tornando um fenômeno social regido pelas necessidades da globalização e da abertura cultural.[2] A facilidade de acesso à informação através da Internet, a exposição das pessoas a múltiplas línguas é cada vez mais frequente, levando a aprender diferentes línguas. Indivíduos que falam mais de duas línguas são chamadas de poliglotas.[3]
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Uma lata de lixo em Seattle, Estados Unidos, rotulada em quatro idiomas: inglês, chinês, vietnamita e espanhol
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Placa em inglês e francês no Canadá, país oficialmente bilíngue
Definição[editar | editar código-fonte]
Numa extremidade duma espécie de continuum linguístico pode-se definir o multilinguismo como competência completa e domínio de mais de uma língua.
Bilinguismo[editar | editar código-fonte]
O termo bilinguismo, aplicado ao indivíduo, significa a capacidade de expressar-se em duas línguas.[4] Numa comunidade, é a situação em que os falantes usam duas ou mais línguas alternadamente.[5] Segundo a ONU, há 191 países independentes, e que o mundo tem hoje algo entre três e dez mil línguas (dependendo do conceito adotado), sendo mais da metade da população mundial é bilíngue ou multilíngue. Estudos recentes comprovaram que crianças expostas desde cedo a dois ou mais idiomas desenvolvem maior velocidade de raciocínio e conseguem aprender mais rápido.[6]
O bilinguismo pode ocorrer em diversas situações, como:
- uma segunda língua aprendida na escola;[7]
- emigrantes que falam a língua do país hospedeiro;
- em países com mais de uma língua nacional, regional ou minoritária historicamente estabelecida (como o talian e hunsriqueano rio-grandense no Rio Grande do Sul);
- residir em regiões fronteiriças onde duas ou mais línguas mantêm contato contínuo (p.ex. espanhol e português nas fronteiras entre o Brasil e os países hispanófonos);
- crianças com pais de diferentes nacionalidades;[8][6]
- pessoas surdas que, além da língua de sinais, utilizam alguma língua oral, na tentativa de se comunicar com a comunidade ouvinte (observando-se que o bilinguismo dos surdos é um caso especial).
Em indivíduos[editar | editar código-fonte]
Uma pessoa multilíngue é alguém que consegue se comunicar em mais de uma língua. Uma pessoa multilíngue é normalmente denominada poliglota.[9][10]
Habilidade cognitiva[editar | editar código-fonte]
Pessoas que sabem mais de uma língua foram reportadas como sendo mais adeptas da aprendizagem de línguas do que as monolíngues.[11] Os multilíngues altamente proficientes em duas ou mais línguas foram reportados como tendo uma função executiva melhorada ou mesmo com risco reduzido de demência.[12][13][14][15][16] Mais recentemente, no entanto, esta afirmação tem sido alvo de fortes críticas,[17][18] com repetidas falhas na replicação.[19][20]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «A Global Perspective on Bilingualism and Bilingual Education (1999), G. Richard Tucker, Carnegie Mellon University». Consultado em 2 de agosto de 2011. Arquivado do original em 22 de agosto de 2012
- ↑ «The importance of multilingualism». multilingualism.org. Consultado em 16 de setembro de 2010
- ↑ «Polyglot - definition of polyglot by the Free Online Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia». Thefreedictionary.com. Consultado em 10 de julho de 2010
- ↑ SAUNDERS, George. Bilingual children: From birth to teens. England: Multilingual Matters, 1988. p. 8
- ↑ Sobre, Algo. «Bilinguismo - Algo Sobre». Algo Sobre Vestibular, Enem e Concurso. Consultado em 16 de janeiro de 2020
- ↑ a b Da redação (15 de dezembro de 2015). «Os benefícios de crescer num lar bilíngue». Portal Deutsche Welle. Consultado em 16 de dezembro de 2015
- ↑ «Bilinguismo». Há Mouro na Costa. 7 de março de 2006. Consultado em 16 de janeiro de 2020
- ↑ «Maple Bear™ Canadian Early Childhood Program». Maple Bear. 15 de fevereiro de 2006. Consultado em 16 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 15 de fevereiro de 2006
- ↑ «The Cult of the Polyglot - LATG». web.archive.org. 6 de setembro de 2016. Consultado em 18 de janeiro de 2020
- ↑ Erard, Michael. (2012). Babel no more : the search for the world's most extraordinary language learners 1st Free Press hardcover ed ed. New York: Free Press. ISBN 978-1-4516-2825-8. OCLC 694395290
- ↑ Kaushanskaya, Margarita; Marian, Viorica (1 de agosto de 2009). «The bilingual advantage in novel word learning». Psychonomic Bulletin & Review (em inglês). 16 (4): 705–710. ISSN 1531-5320. doi:10.3758/PBR.16.4.705
- ↑ Bialystok, Ellen; Martin, Michelle M. (2004). «Attention and inhibition in bilingual children: evidence from the dimensional change card sort task». Developmental Science (em inglês). 7 (3): 325–339. ISSN 1467-7687. doi:10.1111/j.1467-7687.2004.00351.x
- ↑ Bialystok, Ellen; Craik, Fergus I. M.; Grady, Cheryl; Chau, Wilkin; Ishii, Ryouhei; Gunji, Atsuko; Pantev, Christo (1 de janeiro de 2005). «Effect of bilingualism on cognitive control in the Simon task: evidence from MEG». NeuroImage. 24 (1): 40–49. ISSN 1053-8119. doi:10.1016/j.neuroimage.2004.09.044
- ↑ «How the Brain Benefits from Being Bilingual». TIME. Consultado em 18 de janeiro de 2020
- ↑ Atkinson, Amy (31 de agosto de 2016). «Does Bilingualism Delay the Development of Dementia?». Journal of European Psychology Students. 7 (1): 43–50. ISSN 2222-6931. doi:10.5334/jeps.375
- ↑ «How a second language can boost the brain». Knowable Magazine | Annual Reviews. 29 de novembro de 2018. doi:10.1146/knowable-112918-1
- ↑ Yong, Ed (10 de fevereiro de 2016). «The Bitter Fight Over the Benefits of Bilingualism». The Atlantic (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2020
- ↑ Lehtonen, Minna; Soveri, Anna; Laine, Aini; Järvenpää, Janica; de Bruin, Angela; Antfolk, Jan (2018). «Is bilingualism associated with enhanced executive functioning in adults? A meta-analytic review.». Psychological Bulletin (em inglês). 144 (4): 394–425. ISSN 1939-1455. doi:10.1037/bul0000142
- ↑ de Bruin, Angela; Treccani, Barbara; Della Sala, Sergio (4 de dezembro de 2014). «Cognitive Advantage in Bilingualism: An Example of Publication Bias?». Psychological Science (em inglês). 26 (1): 99–107. ISSN 0956-7976. doi:10.1177/0956797614557866
- ↑ Paap, Kenneth R.; Johnson, Hunter A.; Sawi, Oliver (1 de agosto de 2015). «Bilingual advantages in executive functioning either do not exist or are restricted to very specific and undetermined circumstances». Cortex. 69: 265–278. ISSN 0010-9452. doi:10.1016/j.cortex.2015.04.014
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- BOUVET, D. (1989). La Parole de l’enfant. Paris: Le Fil Rouge, Puf.
- MAHER, Terezinha de Jesus Machado (2007). Do casulo ao movimento: a suspensão das certezas na educação bilíngue e intercultural. In: Transculturalidade, linguagem e educação. Campinas, Mercado das Letras
- MOURA, Selma de Assis (2009). Com quantas línguas se faz um país: concepções e práticas de ensino em uma sala de aula na educação bilíngue. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação da USP