Brasil Mestiço

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Brasil Mestiço
Brasil Mestiço
Álbum de estúdio de Clara Nunes
Lançamento 18 de agosto de 1980
Gravação 920 de junho de 1980[1][nota 1]
Gênero(s) Samba, MPB, Samba-Canção, Forró e Ijexá
Duração 40:42
Formato(s) LP
Gravadora(s) EMI-Odeon
Certificação Disco de ouro
Cronologia de Cronologia de Clara Nunes
Esperança
(1979)
Clara
(1981)

Brasil Mestiço é o décimo quarto álbum de estúdio da cantora brasileira Clara Nunes, lançado em 18 de agosto de 1980[2] pela EMI-Odeon.

Informação[editar | editar código-fonte]

A partir de maio de 1980 – quando participou do show em homenagem ao Dia do Trabalhador no Riocentro, a pedido de Chico Buarque e do produtor musical Fernando Faro –, Clara Nunes já havia adotado um novo visual, que serviria de conceito para seu próximo álbum.[3] Seguindo a sugestão de seu maquiador, Guilherme Pereira, a cantora fez um permanente no cabelo, com a finalidade de adquirir um viual mais afro-brasileiro.[3] Àquela altura, o novo disco, que seria gravado em junho, já estava com o repertório praticamente fechado.[3] O conceito do álbum, no entanto, seria explorado ainda mais pela cantora a partir de uma viagem que fez a Angola, ainda na primeira semana de maio.[3] Clara foi convidada por Chico Buarque[3] para participar de uma série de apresentações com outros 64 artistas brasileiros no Projecto Kalunga,[4] cuja renda seria destinada à construção de um hospital no país africano.[5] A amizade entre os artistas iniciou-se devido ao fato de que o marido de Clara, o compositor Paulo César Pinheiro, conhecia Chico desde os bastidores dos festivais da TV Record.[3] A viagem a Angola, no entanto, estreitaria os laços entre eles.[4]

Em julho de 1980, já de volta ao Brasil, Clara começou a gravar Brasil Mestiço.[6] Apesar do repertório estar fechado, ela ligou para Chico pedindo que ele compusesse uma música para ela, assim como havia lhe prometido durante a viagem.[7] A música em questão era "Morena de Angola", faixa de abertura do disco e um dos maiores sucessos da cantora.[7] Em consonância com a concepção do álbum, a capa do mesmo foi fotografada por Wilton Montenegro no morro da Serrinha, enquanto Clara dançava jongo com a ialorixá Vovó Maria Joana e com o Mestre Darcy do Jongo.[7] Além de "Morena de Angola", Clara também emplacaria nas rádios a faixa "Sem Companhia", escolhida para a trilha sonora da novela Coração Alado, da Rede Globo.[7] "Morena de Angola" e "Viola de Penedo" foram convertidas em videoclipes pelos produtores do Fantástico.[7] Quase todas as canções do álbum ganhariam espaço nas rádios.[7] No repertório, dois sambas de Candeia, três de Mauro Duarte (dois com Paulo César Pinheiro e um com Elton Medeiros) e um de Nelson Cavaquinho e Wilson Canegal, além de um partido-alto de Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco e um samba de quadra da Paraíso do Tuiuti, parceira entre Noca e Natal da Portela.[7] Apoiado por um elaborado aparato midiático, Brasil Mestiço venderia mais de 500 mil cópias, dando à cantora o sétimo disco de ouro de sua carreira.[7] Com este álbum, Clara Nunes recebeu o Troféu Roquette Pinto de personalidade do ano na música.[7]

O álbum deu origem ao segundo espetáculo solo da carreira da cantora, intitulado Clara Mestiça.[3] O show, com direção de Bibi Ferreira, roteiro de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, cenário de Elifas Andreato e coreografia de Reinaldo Cabral, estreou no dia 9 de janeiro de 1981.[8] O espetáculo, ambientado num cenário concebido com base no primitivo, tinha início com o canto dos índios Craós e, em seguida, a cantora percorria vários gêneros da música popular brasileira, tais como partido-alto, baião, coco-de-roda, samba-canção, samba-enredo e marcha.[8] Ao contrário do que havia feito no espetáculo Canto das Três Raças, a cantora decidiu não repetir a mal-sucedida experiência de recitar poesias.[8] Um grande sucesso de público e de crítica, Clara Mestiça ficou em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, por sete meses e no Canecão-Anhembi, em São Paulo, por dois.[8]

Músicas e faixas de áudio[editar | editar código-fonte]

Incluídas nos Lançamentos em Long-Plays e fitas.
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Morena de Angola"  Chico Buarque 3:27
2. "Sem Companhia"  Ivor Lancellotti, Paulo César Pinheiro 3:16
3. "Viola de Penedo"  Luís Bandeira 3:42
4. "Ninho Desfeito"  Nelson Cavaquinho, Wilson Canegal 2:35
5. "Coração em Chama"  Elton Medeiros, Mauro Duarte 2:50
6. "Peixe com Coco"  Alberto Lonato, Josias, Maceió do Cavaco 2:46
7. "Brasil Mestiço, Santuário da Fé"  Mauro Duarte, Paulo César Pinheiro 3:31
8. "Dia a Dia"  Candeia, Jaime 3:05
9. "Estrela Guia"  Sivuca, Paulo César Pinheiro 3:17
10. "Regresso"  Candeia 2:52
11. "Meu Castigo"  Paulo César Pinheiro 3:25
12. "Última Morada"  Noca da Portela, Natal 2:57
Somente no Relançamento em Compact Disc a Laser.
N.º TítuloCompositor(es) Duração
13. "Artifício [Bônus] (participação Roberto Ribeiro)"  Paulo César Pinheiro, Mauro Duarte 2:59

Notas de rodapé[editar | editar código-fonte]

  1. A canção "Peixe com Coco" foi gravada em 10 de julho de 1978, enquanto a faixa-bônus "Artifício" foi gravada em 2 de julho de 1980.

Referências

  1. Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 310. ISBN 978-85-774-8031-9. Trecho do livro no Google Books.
  2. "Fantástico 30 anos atrás: Clara Nunes lança clipe de “Morena de Angola”". Sítio oficial do Fantástico. 19 de agosto de 2010.
  3. a b c d e f g Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 224. ISBN 978-85-774-8031-9.
  4. a b Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 225. ISBN 978-85-774-8031-9.
  5. Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 226. ISBN 978-85-774-8031-9.
  6. Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 227. ISBN 978-85-774-8031-9.
  7. a b c d e f g h i Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 227-229. ISBN 978-85-774-8031-9.
  8. a b c d Fernandes, Vagner. Clara Nunes: Guerreira da Utopia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. p. 233-234. ISBN 978-85-774-8031-9.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]