Calagem

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Implemento agrícola para distribuição de calcário por um disco rotativo ligado na tomada de força do trator

Calagem é a etapa do preparo do solo para cultivo agrícola na qual se aplica calcário com os objetivos de elevar os teores de cálcio e magnésio, neutralização do alumínio trivalente (elemento tóxico para as plantas) e corrigir o pH do solo, para um desenvolvimento satisfatório das culturas.[1]

Agronomicamente a necessidade de calagem é calculada por 3 métodos distintos, tomados como base a análise de solo, são eles: método da Embrapa, método do IAC e método pH-SMP.[2]

A acidez no solo é um problema comum a quase todas as regiões brasileiras, e a tendência, se não for corrigida, é ampliar-se sobretudo nas regiões de solos arenosos sujeitos a altas precipitações e cultivos intensivos.[3]

Há no Brasil, aproximadamente 285 milhões de hectares de terras cultiváveis, dos quais 40 ou 50 milhões necessitam de correção de acidez. A calagem pode ser feita de forma mecânica, com o uso de equipamentos, ou manualmente, através do espalhamento do calcário pelo solo.

Efeitos da Calagem[editar | editar código-fonte]

Praticamente, só os solos com pH abaixo de 5,5 e superior a 7,0 apresentam problemas relacionados com a disponibilidade de alguns nutrientes, com a toxidez de outros, com a estrutura do solo, com a vida microbiana e simplificação da matéria orgânica, fixação de nitrogênio e enxofre, etc. A calagem pode ter alguns efeitos colaterais, dependendo da forma como é realizada e do tipo de calcário utilizado.

Os efeitos da calagem poderiam ser resumidos da seguinte maneira:

Efeitos Físicos[editar | editar código-fonte]

  • Melhoria da estrutura pela granulação das partículas (estrutura, porosidade, permeabilidade, aeração).

Efeitos Químicos[editar | editar código-fonte]

  • Controle de pH (Controle da acidez)
  • Eliminação do alumínio trivalente
  • Aumento da disponibilidade e assimilação do Cálcio, Magnésio, Fósforo e Molibdênio;
  • Diminuição da solubilidade do Alumínio, Ferro e Manganês (esses elementos, além de dificultarem o aproveitamento de alguns nutrientes pela planta, ainda podem se tornar tóxicos).

Efeitos Biológicos[editar | editar código-fonte]

  • Estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.

Efeitos Colaterais da Calagem[editar | editar código-fonte]

  • Modificação do pH do solo: A calagem pode alterar o pH do solo de forma significativa, o que pode afetar a disponibilidade de nutrientes para as plantas e alterar a atividade de alguns microrganismos.
  • Alteração da composição química do solo: A calagem pode alterar a concentração de cálcio, magnésio e outros nutrientes no solo, o que pode afetar a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
  • Influência na atividade de microrganismos: A calagem pode afetar a atividade de alguns microrganismos no solo, o que pode ter efeitos indiretos na fertilidade e na saúde das plantas.
  • Efeitos na germinação de sementes: Alguns estudos mostram que a calagem pode afetar a germinação de algumas sementes, principalmente em solos muito ácidos.
  • Efeitos na germinação de plantas invasoras: A calagem pode favorecer a germinação e o crescimento de plantas invasoras, especialmente em solos muito ácidos.

É importante destacar que os efeitos colaterais da calagem podem variar de acordo com o tipo de calcário utilizado, a forma como ele é aplicado e as condições do solo.[4] Por isso, é importante realizar uma análise do solo antes da calagem e seguir as recomendações de um profissional certificado.

Alternativas a Calagem[editar | editar código-fonte]

O uso do gesso em áreas de Cerrado tem sido comprovado como eficaz para aumentar os teores de cálcio e enxofre, além de diminuir a saturação de alumínio nas camadas subsuperficiais do solo. Isso cria condições químicas mais favoráveis para o crescimento das raízes em solos ácidos, permitindo que as plantas exploram mais volume de solo e absorvem mais água e nutrientes. O gesso é mais solúvel e móvel no solo do que o calcário, o que explica esses efeitos positivos.

As culturas tendem a ser mais receptivas à aplicação de gesso quando o teor de cálcio nas camadas subsuperficiais do solo (entre 20 cm e 60 cm de profundidade) é inferior a 0,5 cmolc/dm3 e a saturação de alumínio na CTC efetiva é superior a 20%. Isso inclui o feijão. No entanto, é importante observar que a aplicação de gesso pode levar a uma deficiência de magnésio em solos com teores baixos desse nutriente (inferiores a 0,5 cmolc/dm3).[5]

Isso ocorre porque o gesso promove a movimentação do magnésio para camadas mais profundas do solo, o que pode ser benéfico em solos com disponibilidade adequada de magnésio na camada superficial, mas pode causar deficiência em solos com baixos teores desse nutriente.

Diante dessa situação, é aconselhável aplicar gesso após a calagem com calcário dolomítico. Se houver deficiência de magnésio e o pH e a saturação por bases da camada superficial do solo já tiverem sido corrigidos, é recomendado adicionar fertilizantes que contenham magnésio para suprir as necessidades nutricionais das plantas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Morel Pereira Filho (2005). «Calagem» (PDF). EMBRAPA. Consultado em 13 de maio de 2011 
  2. Alfredo Scheid Lopes, Marcelo de Carvalho Silva, Luiz Roberto Guimarães Guilherme (janeiro 1991). «ACIDEZ DO SOLO E CALAGEM» (PDF). ANANDA. Consultado em 13 de maio de 2011 
  3. ALEXANDRE HENRIQUE VIEIRA SOARES, CARLOS ALBERTO SILVA, ANDRÉ LUIZ ZAMBALDE. «Um Sistema Especialista para o Cálculo da Necessidade de Calagem e Recomendação de Corretivo» (PDF). Universidade Federal de Lavras. Consultado em 13 de maio de 2011 
  4. Teixeira, Marco Antônio (22 de Dezembro de 2022). «Aplicação de Calcário das Plantas». Floraviva Floricultura Goiânia. Consultado em 31 de Dezembro de 2022 
  5. «Calagem - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 31 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]