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Canção artística

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Quinto compasso do Lied (canção artística) de Schubert intitulada Nacht und Träume. A parte vocal, que inclui as notas da melodia e o texto, fica na pauta superior. As duas pautas abaixo são a parte do piano.

A canção artística, erudita ou lírica é uma composição vocal, geralmente escrita para voz com acompanhamento de piano e dentro da tradição da música clássica. O termo "canção artística" também é usado para se referir ao agrupamento das canções (ou seja, o "repertório de canções artísticas").  Esse tipo de canção traduz musicalmente a atmosfera de um poema ou texto,  "compõe o repertório de concertos"  "como parte de um recital ou encontro social de caráter formal".  Apesar de muitas composições vocais serem facilmente reconhecidas como canções artísticas, outras são mais complexas de categorizar. Por exemplo, o vocalize (sem texto), mesmo escrito por um compositor clássico pode ou não ser considerado uma canção artística.

Fatores que ajudam a definir a canção artística (erudita ou lírica):

  • Canções que fazem parte de uma obra encenada (como uma ária de ópera ou a canção de um musical) normalmente não são consideradas canções artísticas. [1] Entretanto, algumas árias barrocas que "passaram a ser frequentemente apresentadas em recitais" [1] foram incluídas no repertório de canções artísticas.
  • Canções com instrumentos além do piano (por exemplo, violoncelo e piano) e/ou outros cantores são chamadas de "música vocal de câmara" e geralmente não são consideradas canções artísticas. [2]
  • As canções que originalmente foram escritas para voz e orquestra são chamadas de "músicas orquestrais" e geralmente não são consideradas canções artísticas, a menos que sua versão original seja para voz solo e piano. [3]
  • As Canções folclóricas geralmente não são consideradas canções artísticas, a menos que sejam arranjadas em estilo musical clássico com acompanhamento de piano escrito por um compositor específico. [4] Exemplos: os dois volumes de Old American Songs (Antigas Canções Americanas) de Aaron Copland, os arranjos das Canções Folclóricas de Benjamin Britten, [5] e as Siete canciones populares españolas ( Sete Canções Folclóricas Espanholas ) de Manuel de Falla.
  • Não há um consenso em relação às canções sacras. Muitas composições escritas com textos bíblicos ou sagrados foram compostas para a sala de concerto e não para o serviço religioso; algumas são amplamente conhecidas (por exemplo, o ciclo de canções Vier ernste Gesänge de Johannes Brahms). Outras canções sacras podem, ou não ser consideradas de caráter artístico. [6]
  • Um conjunto de canções artísticas escritas em grupo e para serem executadas em uma ordem determinada, compõem uma narrativa dramática, comumente chamada de ciclo de canções .

Línguas e nacionalidades

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Gravação do tenor Helge Rosvaenge e Gerald Moore ao piano, interpretando Der Feuerreiter

As canções artísticas foram compostas em vários idiomas e são conhecidas por diferentes nomes. Na tradição alemã de composição de canções, talvez a mais proeminente e conhecida, esse tipo de genero musical é conhecido como Lied (plural: Lieder). Na França, o termo mélodie diferencia as canções artísticas das outras peças vocais francesas conhecidas como chansons. os termos canción (espanhol) e a canzone (italiano) referem-se as canções de modo geral e não especificamente a canções artísticas.

A linguagem musical do compositor e a interpretação do texto muitas vezes determinam a estrutura de uma canção artística. Quando diferentes versos do poema são cantados com a mesma melodia, a canção é chamada estrófica. Os arranjos das canções folclóricas são frequentemente estróficos, [7] mas "há casos excepcionais em que a repetição musical oferece dramaticamente uma justificativa para a mudança no texto. Há também momentos em que uma monotonia quase hipnótica é desejada". [7] Muitas canções do ciclo Die schöne Müllerin escrito por Schubert podem exemplificar isto.

Se a melodia vocal permanecer a mesma, mas o acompanhamento mudar para cada verso, a canção é chamada "estrófica modificada". Já canções que recebem uma música diferente para "cada seção do texto" [7] são chamadas de compostas. A maioria das obras neste formato, contém alguma repetição do material musical. Muitas canções artísticas usam a forma ABA (conhecida como "forma da canção" ou "forma ternária"), trata-se de uma seção inicial, uma intermediária contrastante e um retorno à música inicial (primeira seção). Em alguns casos, no retorno à música da primeira seção, o compositor poderá fazer pequenas alterações.

Interpretações e artistas

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A interpretação das canções artísticas em recitais exige habilidades especiais tanto do cantor quanto do pianista. O grau de intimidade "raramente desenvolvido em outros tipos de música" [7] exige que os dois intérpretes "comuniquem ao público as emoções mais sutis expressas pelo poema e música". [7] Os dois intérpretes precisam compreender e alinhar todos os aspectos musicais a criar uma parceria unificada. isso torna a canção um dos "tipos mais sensíveis de colaboração". [7] O pianista deve ser capaz de corresponder ao caráter expresso pelo cantor. Embora cantores líricos geralmente busquem carreiras de sucesso como solistas em ópera, vários cantores proeminentes construíram suas carreiras cantando canções artísticas, dentre eles: Dietrich Fischer-Dieskau, Thomas Quasthoff, Ian Bostridge, Matthias Goerne, Wolfgang Holzmair, Susan Graham e Elly Ameling. Grandes pianistas também se especializaram em tocar este tipo de repertório. Gerald Moore, Geoffrey Parsons, Graham Johnson, Dalton Baldwin, Hartmut Höll e Martin Katz são exemplos de pianistas que se especializaram em acompanhar o gênero de canções artísticas. As partes de piano podem ser bastante complexas, o acompanhamento tem o mesmo nível de importância que a linha de canto. Por isso, pianistas que se especializam em recitais de canções artísticas referem-se a si próprios como "pianistas colaboradores", e não como pianistas acompanhadores.

Norte-americanos

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Austríacos e Alemães

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Franceses  

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Latino-americanos

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Em português (todos brasileiros):

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Do leste Europeu

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  • Hugo Alfvén – Suécia
  • Edvard Grieg – Noruega (conjunto de poesia alemã, nórdica e dinamarquesa)
  • Yrjö Kilpinen – Finlândia
  • Carl Nielsen – Dinamarca
  • Leevi Madetoja – Finlândia
  • Ture Rangström – Suécia
  • Jean Sibelius – Finlândia
  • Wilhelm Stenhammar – Suécia
  • Dilys Elwyn-Edwards
  • Morfydd Llwyn Owen
  • Gareth Glyn
  • Mansel Thomas
  • Meirion Williams
  • Nicanor Abelardo – Filipinas
  • Ananda Sukarlan – Indonésia
  • Byambasuren Sharav – Mongólia

Africânderes

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Notas de rodapé

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  1. a b Kimball, p. xiv
  2. Meister calls it "a variety of art song" (p. 13); Kimball does not include these works in her study of art songs.(p. xiv)
  3. Meister, p. 14, and Kimball, p. xiv
  4. Meister refers to them as a "hybrid medium", p. 14
  5. Benjamin Britten, Complete Folksong Arrangements (61 Songs), edited by Richard Walters, Boosey & Hawkes #M051933747, ISBN 1423421566
  6. Neither Meister nor Kimball mention sacred songs generally, but both discuss the Brahms songs and selected other works in their books on art song.
  7. a b c d e f Meister, An Introduction to the Art Song, pp. 11–17.
  8. a b c Composers – Ukrainian Art Song Project Arquivado em 2015-04-16 no Wayback Machine

Leitura adicional

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  • Emmons, Shirlee, and Stanley Sonntag (1979), The Art of the Song Recital, ISBN 0-02-870530-0 paperback ed. , New York: Schirmer Books 
  • Hall, James Husst (1953), The Art Song, Norman, Oklahoma: University of Oklahoma Press 
  • Ivey, Donald (1970), Song: Anatomy, Imagery, and Styles, ISBN 0-8108-5217-9, New York: The Free Press 
  • Soumagnac, Myriam (1997). "La Mélodie italienne au début du XXe siècle", in Festschrift volume, Échoes de France et d'Ialie: liber amicorum Yves Gérard (jointly ed. by Marie-Claire Mussat, Jean Mongrédien & Jean-Michel Nectoux). Buchet-Chastel. p. 381–386.
  • Walter, Wolfgang (2005), Lied-Bibliographie (Song Bibliography): Reference to Literature on the Art Song, ISBN 08204-7319-7, Frankfurt am Main: Peter Lang 
  • Whitton, Kenneth (1984), Lieder: An Introduction to German Song, ISBN 0-531-09759-5, London: Julia MacRae 
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  • Draayer, Suzanne (2009), Art Song Composers of Spain: An Encyclopedia, Lanham, Maryland: Scarecrow Press,ISBN 978-0-8108-6362-0
  • Draayer, Suzanne (2003), Guia do cantor para as canções de Joaquín Rodrigo, Lanham, Maryland: Scarecrow Press,ISBN 978-0-8108-4827-6