Carlos Góes

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Carlos Fernandes Góes
Pseudónimo(s) Carlos Góes
Nascimento 10 de outubro de 1881
Rio de Janeiro
Morte 21 de maio de 1934 (52 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Maria Eugênia Machado Góes
Pai: Domingos Fernandes Góes
Cônjuge Olga de Abreu Góes
Ocupação Escritor, professor, filólogo e promotor de justiça
Religião Católico

Carlos Góes (Rio de Janeiro, 10 de outubro de 1881, Rio de Janeiro, 21 de maio de 1934) foi escritor, professor e promotor brasileiro. (Imagem em bico de pena)

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carlos Fernandes Góes nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 1881 e casou-se com Olga de Abreu Góes naquela cidade. Cursou Humanidades no Colégio Abílio e Externato Aquino, formando-se em Direito pela Faculdade do Estado de Minas Gerais.[1] e trabalhou como promotor de justiça e professor do Lyceu Municipal de Muzambinho (atual Colégio Estadual de Muzambinho). A mudança para Minas se deveu supostamente para melhorar sua saúde. Foi um dos dezoito membros fundadores convidados da Academia Mineira de Letras (AML) em 1909[2][3] (cadeira número 11), ainda na cidade de Juiz de Fora, escolhendo como patrono Frei José de Santa Rita Durão.[4] Com a mudança da Academia para Belo Horizonte, se mudou também para aquela cidade, lecionando português no externato Gymnásio Mineiro (atual Escola Estadual Governador Milton Campos, ou Estadual Central).[1] Chegou a ser presidente da AML. Também trabalhou na Liga Brasileira contra o Analfabetismo em Minas Gerais enquanto lecionava.[5]

Como autor, Carlos Góes teve grande produção de livros didáticos, principalmente de português, utilizados em diversos colégios secundaristas.[6] Chegou até ser citado no poema Aula de Português[7] abaixo, de Carlos Drummond de Andrade, o qual estudou por seus livros. Curiosamente, Carlos Góes, durante entrevista como presidente da AML, citou Drummond como um dos talentos promissores da “nova geração literária de Minas”.[8]

Aula de Português

(...)
Professor Carlos Góes, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
(...)

Carlos Drummond de Andrade, Boitempo

Henriqueta Lisboa foi outra escritora mineira influenciada por Carlos Góes, pois seu livro Histórias da Terra Mineira a inspiraria a escrever a obra Madrinha Lua, publicada em 1952.[9] A escritora também chegou a compor a AML, ocupando a cadeira 26.

Carlos Góes também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, participou de comissão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e foi sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.

No final de sua vida, se mudou para Petrópolis, RJ. Devido a complicações de saúde, faleceu pouco tempo depois em janeiro de 1935 no Rio de Janeiro, onde foi se tratar.[1]

Ele teria sido nomeado membro da Academia Petropolitana de Letras (cadeira número 38), tomando posse em 10 de setembro de 1933.[10] Entretanto, publicação da mesma Academia consta somente que ele "pertenceu ao seu quadro social", conforme relato da sua sessão solene ocorrida em 17 de fevereiro de 1935.[11] Foi candidato à cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras, perdendo para Ribeiro Couto.

Obras[editar | editar código-fonte]

Didáticas[editar | editar código-fonte]

  • Grammatica Morphologia
  • Gramática da língua portuguêsa: para o ensino médio (com Hebert Palhano) (1965)
  • Grammatica expositiva primária
  • Diccionario de affixos e desinencias (1930)
  • Diccionario de gallicismos (1920)
  • Diccionario de raizes e cognatos da lingua portuguesa (1921)
  • Syntaxe de construção
  • Syntaxe de regencia
  • Syntaxe de concordancia
  • Methodo de analyse (lexica e logica): ou Syntaxe das relações
  • Método de redação: com vocabulário e gramática aplicada.
  • Lingua Patria
  • Orthographia, Dictado, Pontuação e Crase
  • Geographia
  • Historia do Brasil
  • Arithmetica
  • Geometria e Dezenho
  • Noções e de Cousas
  • Sciencias Physicas e Naturaes
  • Instrucção Moral e Civica
  • Pontos de história do Brasil: 2º, 3º E 4º anno. (1924)
  • Pontos de instrucção moral e civica: (educação e urbanidade)
  • Pontos de sciencias naturaes e hygiene (1929)
  • Exames de admissão: ao collegio Pedro II e Gymnasios Equiparados (1927)

Hinos[editar | editar código-fonte]

  • Carlos Góes e seu irmão Custódio Fernandes Góes, professor de piano do Instituto Nacional de Música, escreveram e compuseram as letras de diversos hinos, normalmente com Custódio compondo a música e Carlos escrevendo a letra. Alguns hinos, pelas características da época, exaltavam personalidades nacionais do inicio da república, como por exemplo o Hino a Deodoro (para o Marechal Deodoro da Fonseca), Hino a Rio Branco (Barão do Rio Branco) e Hino a Benjamin Constant (para Benjamin Constant).[12] Também compuseram as seguintes propostas de hinos: Hino ao Estado do Rio de Janeiro, Hino a Estácio de Sá (oferecido à cidade do Rio de Janeiro), Hino à Inconfidência e Hino aos Bombeiros. Todos eles foram editados pelas Edições Bevilacqua, da Casa Bevilacqua.[12]

História e Folclore[editar | editar código-fonte]

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Crótalos
  • Cythara

Teatro[editar | editar código-fonte]

  • Theatro (1911)
  • Theatro das creanças
  • Theatro civico escolar (contém as obras Innocencia, O governador das esmeraldas e Cythara) (1923)
  • Innocencia: peça de costumes do interior em cinco actos, adaptação teatral da obra de mesmo nome do Visconde de Taunay (1915)[13]
  • O Governador das Esmeraldas (sobre Fernão Dias Pais Leme)

Diversas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Magalhães, Otávio Luciano Camargo Sales de [UNESP (25 de maio de 2009). «O papel da educação e do Lyceu dirigido pelo Prof. Salathiel de Almeidana configuração do contexto geopolítico, social e econômico de Muzambinho (MG)». Aleph: 553 f. : il. Consultado em 4 de maio de 2022 
  2. de Oliveira, Almir (2009). «O Centenário da Academia Mineira de Letras». Revista da Academia Mineira de Letras. LI. Belo Horizonte: [s.n.] p. 13. ISSN 1982-6680 
  3. «A História | Academia Mineira de Letras». Consultado em 4 de maio de 2022 
  4. «Cadeiras | Academia Mineira de Letras». Consultado em 4 de maio de 2022 
  5. Carvalho Nofuentes, Vanessa (10 de fevereiro de 2009). «Um desafio do tamanho da nação: a campanha da liga brasileira contra o analfabetismo (1915-1922)» (Dissertação de mestrado). doi:10.17771/PUCRio.acad.13041. Consultado em 5 de maio de 2022 
  6. Imbruniz, Cristian Henrique (29 de dezembro de 2018). «Livros escolares e ensino de escrita: selecionando material entre a linguística e a história». Revista Investigações (2): 429–457. ISSN 2175-294X. doi:10.51359/2175-294x.2018.237536. Consultado em 5 de maio de 2022 
  7. Drummond de Andrade, Carlos (1968). Boitempo: Esquecer para lembrar. [S.l.]: Companhia das Letras. ISBN 978-85-438-0956-4 
  8. «Correio da Manhã» (9397). 15 de setembro de 1925: 3. Consultado em 5 de maio de 2022 
  9. Machado, Adriana Rodrigues (13 de setembro de 2013). «Rosa plena: a sagração da poesia em Henriqueta Lisboa» (Tese de doutorado). Consultado em 5 de maio de 2022 
  10. «Academia Petropolitana de Letras». web.archive.org. 13 de fevereiro de 2006. Consultado em 4 de outubro de 2023 
  11. Francisco Alves, Cleber (org.) (2022). Coletânea de Revistas da APL (PDF). I 1ª ed. Petrópolis: APL - Academia Petropolitana de Letras. p. 212 
  12. a b Chernavsky, Analía (2009). «A construção dos mitos e heróis do Brasil nos hinos esquecidos da Biblioteca Nacional». Biblioteca Nacional. Consultado em 5 de maio de 2022 
  13. MARETTI, Maria Lídia Lichtscheidtl (2006). O Visconde de Taunay e os fios da memória. São Paulo: EdUNESP. pp. 53–54 
  14. Campos, Agostinho de (1922). «Papá, Mamã». Paladinos da linguagem. Paris, França; Lisboa, Portugal: Livrarias Aillaud e Bertrand. pp. 34–39 
  15. TEIXEIRA, Marcos Vinícius. Major Cardoso e a liga da moralidade: um estudo do provincianismo em O capote do guarda. Scritpta Uniandrade. v. 18, n. 3, 2020.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]