Carnaval da Manchete
Carnaval da Manchete | |
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Logotipo do Carnaval da Manchete em sua última versão, no carnaval de 1998 | |
Informação geral | |
Também conhecido(a) como | Carnaval Brasil (1989 -1991) Carnaval Campeão (1992) Carnaval Axé (1993) |
Formato | |
Gênero | jornalismo, carnaval |
Elenco | Fernando Pamplona Haroldo Costa Sérgio Cabral Albino Pinheiro Maria Augusta Mestre Marçal Jorge Aragão |
País de origem | Brasil |
Idioma original | português |
Produção | |
Apresentador(es) | Paulo Stein |
Localização | Sambódromo da Marquês de Sapucaí Sambódromo do Anhembi Centro de Convenções de Manaus |
Exibição | |
Emissora original | Rede Manchete |
Transmissão original | 1984 – 1998 |
Carnaval da Manchete (também referido como Carnaval Brasil, Carnaval Axé ou Carnaval Campeão) era a cobertura dos eventos de carnaval da emissora de televisão brasileira Rede Manchete. A exibição durou de 1984 a 1998, com a transmissão do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro (em alguns anos, também os eventos de Manaus, Salvador e São Paulo), dos bailes de carnaval e também dos concursos de fantasia.
Embora a Rede Manchete tenha sido extinta em 1999, a cobertura da emissora ainda é considerada como referência na transmissão de eventos carnavalescos na televisão.[1][2]
História
[editar | editar código-fonte]A Rede Manchete entrou no ar oficialmente no dia 5 de junho de 1983. Logo no ano seguinte, coube à emissora a fazer a transmissão exclusiva dos desfiles do recém-inaugurado Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Isso porque a Rede Globo não concordou com a divisão dos desfiles do grupo principal em dois dias, o que faria a emissora mexer na grade de programação da segunda-feira — até então o principal desfile era realizado no domingo.[3] Dessa forma, a cobertura ficou exclusiva da Manchete, que pagou 210 milhões de cruzeiros pelos direitos de transmissão.[4]
Para o carnaval de 1984, a emissora planejou uma extensa cobertura, entre o desfile das escolas de samba, bailes de carnaval de concursos de fantasias, dedicando toda a grade de programação para as festividades. A Manchete trouxe uma equipe formada por Paulo Stein e os comentaristas Fernando Pamplona, Haroldo Costa, Sérgio Cabral, Albino Pinheiro e Maria Augusta.[4] Com a cobertura ao vivo dos desfiles, a emissora conquistou grande audiência no Rio de Janeiro, vencendo o Fantástico, da Globo, que havia perdido a liderança pela primeira vez desde sua estreia, em 1973.[4] A partir de 1985, Globo e Manchete passariam a dividir as transmissões dos desfiles no Rio de Janeiro, fazendo as duas emissoras brigarem pela atenção do espectador.
No carnaval de 1986, a Manchete instalou um painel luminoso em um prédio próximo do Sambódromo, deixando seu logotipo em destaque na entrada do local. Em sua transmissão, a Globo trabalhou para evitar mostrar a marca da concorrente. No carnaval seguinte, os dois canais tinham painéis instalados nas proximidades da Marquês de Sapucaí.[3]
Em 1988, o empresário Marcos Lázaro comprou os direitos de transmissão do carnaval e repassou à Globo, que ficou com a exclusividade dos desfiles do Rio de Janeiro.[5] A Manchete tentou reverter a decisão na Justiça, mas a emissora acabou mesmo ficando na cobertura do carnaval das ruas e dos bailes.
O ano de 1988 foi marcado pelo que a imprensa considerou como a cobertura mais polêmica do carnaval. Bandeirantes e Manchete exageraram no conteúdo de caráter sexual na cobertura dos bailes daquele ano.[6] Tanto que o Dentel, departamento de telecomunicações da época, produziu um relatório sobre as cenas mostradas pelas emissoras. De acordo com o Jornal do Brasil, a Manchete mostrou "mulheres sendo focalizadas de baixo para cima com as pernas abertas" e que, numa cobertura do Gala Gay, uma transexual levantou a saia e exibiu "o sexo feminino, sem nada por cima".[6] Adolpho Bloch, dono da emissora, chegou a advertir a equipe para evitar exageros.[6] Após a imprensa cogitar até mesmo a cassação da concessão das emissoras, as duas estações foram advertidas e tiveram que exibir as mensagens antes dos telejornais.[6]
Após ficar o carnaval sem mostrar os desfiles de 1988, a Manchete foi autorizada a cobrir a apuração na quarta-feira de cinzas.[5] A emissora iria exibir o desfile das campeãs, mas uma chuva que causou 273 mortes no estado fez os organizadores cancelarem o evento.[5] Assim, a Manchete ficou sem exibir o desfile Kizomba, enredo antológico da Unidos de Vila Isabel.
No carnaval de 1990, Eliakim Araújo fez a sua estreia como narrador do carnaval da Manchete (cuja cobertura era chamada de "Carnaval Brasil", na época), dividindo a transmissão com Paulo Stein.[7] Naquele ano, a emissora ainda exibiu o baile da apresentadora Angélica, o concurso de fantasias do Hotel Glória e os bailes Gala Gay e Noite em Bagdá.[7] A Manchete ainda fez a sua resposta ao slogan da Globo naquele ano, que dizia "A Globo 90 é nota 100". O slogan da cobertura carnavalesca da Manchete era “Carnaval Brasil, na Manchete é nota Mil”.[5]
Em 1991, a Manchete transmitiu pela primeira vez o desfile das escolas de samba de São Paulo, no recém-inaugurado Sambódromo do Anhembi.[5] A emissora não transmitiu o desfile das escolas do Grupo 1-B, a divisão de acesso do Rio de Janeiro. A Globo havia adquirido os direitos daquele desfile, mas não exibiu.[5] Naquele ano, a Unidos do Cabuçu havia feito uma homenagem a Adolpho Bloch, fundador da Rede Manchete. O VT do desfile foi exibido pela Manchete no domingo de carnaval.[5]
Também em 1991, Fernando Pamplona afastou-se dos comentários após ser advertido pela Manchete. Alegando que recebeu até ameaças de morte, o ex-carnavalesco só voltaria às transmissões em 1994, até seu afastamento definitivo em 1997.[5]
Em 1992, a transmissão de carnaval da Manchete ganhou o nome de "Carnaval Campeão", com o tema sendo cantado por Carlinhos de Pilares[5]. Esse mesmo ano foi marcado pela entrada de Hamilton Lucas de Oliveira, que passou a ser o controlador da Manchete em junho. A emissora passava por uma crise e acabou não transmitindo os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro de 1993. Naquele ano, a Manchete foi para a Bahia e exibiu o "Carnaval Axé", aproveitando-se da popularidade do axé music no Brasil.[8] No Rio de Janeiro, o desfile das escolas de samba do Grupo de Acesso foi exibido pela estreante Rede OM[9], enquanto que o Grupo Especial foi uma exclusividade da Rede Globo.[8]
No fim de 1993, a Manchete voltou a ser controlada pelo Grupo Bloch. A emissora retomou a cobertura do carnaval do Rio de Janeiro em 1994, mas também trouxe o desfile das escolas de samba de Manaus, que ganhou transmissão nacional pela primeira vez em sua história.[10]
A emissora prosseguiu com a cobertura carnavalesca nos anos seguintes. Em 1997, a Manchete voltou a fazer o desfile das escolas de samba de São Paulo.[11] Em 1998, porém, a cobertura ficou restrita aos desfiles do Rio de Janeiro, sem a grade de programação totalmente dedicada à folia como nos últimos anos.[12]
Segmentos
[editar | editar código-fonte]- Feras do Carnaval e Esquentando os Tamborins - A cobertura de carnaval da Manchete iniciava nos últimos meses do ano, com dois boletins exibidos antes dos telejornais ou das novelas.[1]
- Botequim do Samba ou Botequim da Manchete - No dia dos desfiles, um botequim era montado na parte inicial da avenida, onde os sambistas se reuniam antes das apresentações das escolas.[1] No carnaval de 1997, o botequim ganhou uma edição especial em São Paulo.[13]
- Debates e apuração paralela - A Manchete também promovia debates sobre o carnaval e também chegava a fazer uma apuração paralela sobre quem seria a grande vencedora na opinião dos analistas da emissora.[1]
- Jornal do Carnaval - Um jornalístico especial que atualizava o público sobre o que acontecia na folia.[1]
- Concursos de fantasias - A emissora exibia anualmente o concurso de fantasias do Hotel Glória.[1]
Nomes
[editar | editar código-fonte]- Carnaval + ano corrente (1984-87)
- Carnaval é do Povo (1988)
- Carnaval Brasil (1989-91)
- Carnaval Campeão (1992)
- Carnaval Axé (1993)
- Carnaval da Manchete (1994-98)
Referências do carnaval à Manchete
[editar | editar código-fonte]A presença da Manchete (e das outras empresas do Grupo Bloch) no carnaval carioca também foi lembrada pelas escolas de samba. A começar pela Unidos do Cabuçu, que homenageou o próprio Adolpho Bloch no carnaval de 1991. Em 2019, a agremiação virtual União da Gávea fez o enredo "Pode preparar o seu confete que hoje na avenida tem Manchete!", fazendo referência a um dos slogans das transmissões da emissora.[14]
Referências
- ↑ a b c d e f Castro, Thell de (15 de fevereiro de 2021). «13 fatos que comprovam que a Manchete fazia a melhor transmissão do Carnaval». TV História. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ «Nem com dinheiro Globo faz o Carnaval que a Manchete já fez». NaTelinha. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ a b BRISOLARA, Gerson. «O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA: CAPÍTULO 4 – ACONTECEU, VIROU MANCHETE – Anos 80 (2ª parte)». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b c CASTRO, THELL DE (7 de fevereiro de 2016). «Em 1984, Manchete passou a perna na Globo e tomou o Carnaval do Rio». Notícias da TV. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g h i BRISOLARA, Gerson. «O CARNAVAL NA TV BRASILEIRA: NA TELA DA TV NO MEIO DESSE POVO... (Anos 80/90)». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b c d CASTRO, THELL DE (3 de março de 2019). «Em 1988, Band e Manchete exageraram na pornografia no Carnaval e foram punidas». Notícias da TV. Consultado em 27 de março de 2023
- ↑ a b «No ar, o filé mignon do carnaval na telinha». O Fluminense. 25 de fevereiro de 1990. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ a b «SAMBARIO - O site dos sambas-enredo». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «Hoje na TV». O Fluminense. 20 de fevereiro de 1993
- ↑ «Folha de S.Paulo - TV vai mostrar desfile ao vivo para todo o país - 6/2/1994». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «Folha de S.Paulo - Emissoras transmitem Carnaval de São Paulo - 2/2/1997». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «SAMBARIO - O site dos sambas-enredo». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «Folha de S.Paulo - Manchete grava especial de Carnaval em SP - 9/2/1997». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «União da Gávea traz a TV Manchete como enredo para o Carnaval Virtual». SRZD. 22 de fevereiro de 2019. Consultado em 28 de março de 2023