Castelo do Crato

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Castelo do Crato
Construção O. Hospitalários, sob D. Sancho II (Séc. XIII)
Estilo
Conservação Restauro parcial
Homologação
(IGESPAR)
IIP
(DL 28 de 26 de Fevereiro de 1982.)
Aberto ao público Não em obras
Site IGESPAR73623

O Castelo do Crato, também referido como Fortificações do Crato ou Castelo da Azinheira, localiza-se na atual freguesia de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso, na vila e no Município do Crato, Distrito de Portalegre, no Alentejo, em Portugal.[1][2]

Castelo hospitalário, ergue-se em posição dominante sobre a povoação, elevada à condição de sede da Ordem no país desde 1340.

O Castelo do Crato está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1982.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Pouco se conhece acerca da primitiva ocupação humana do sítio do castelo, alguns autores identificando vestígios de uma fortificação Romana nos alicerces do castelo medieval.

O castelo medieval[editar | editar código-fonte]

À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a região do Crato passou para o domínio cristão desde 1160. O seu repovoamento, entretanto, só se registrou a partir de 1232, após a doação, por D. Sancho II (1223-1248), dos domínios de Amieira, Gavião e Ucrate (ou Ocrato) à Ordem dos Hospitalários, com a obrigação de fomentá-los e fortificá-los. Desse modo, sendo prior D. Mem Gonçalves, foi iniciada a construção do Castelo do Crato. Visando atrair povoadores, a povoação recebeu Carta de Foral, passada pela Ordem a 18 de Dezembro de 1270 da Era de César (1232 da Era Cristã).

Posteriormente, entre 1336 e 1341 procedeu-se a transferência da sede da Ordem de Leça do Bailio para a vila do Crato, com constituição do Priorado do Crato, que se constituiu em cabeça da Ordem, após a batalha do Salado (1340)[3].

Os trabalhos de edificação do castelo prosseguiram durante o século XIV, conforme testemunham algumas cartas do rei D. Pedro I (1357-1367), datadas de 1358 e 1359, onde se referem a abertura de "cauas & barbacas, em cada uma das Villas do Crato e da Amieira". Em 1430, o 5.° Prior do Crato, D. Frei Nuno Gonçalves de Góis, promove a reconstrução do castelo e a construção da cerca da vila.

No contexto da menoridade de Afonso V de Portugal (1438-1481), tendo D. Duarte deixado como regente a rainha D. Leonor de Aragão, o país mergulha numa crise política onde se alinham de um lado, a nobreza, que a apoia, e de outro, a burguesia, que dela desconfia. A agitação popular leva a que sejam convocadas as Cortes de 1439, que no mês de Dezembro, em Lisboa, elegeram o Infante D. Pedro como Regente do reino. Com o aprofundamento da crise, em Novembro de 1440, a rainha retira-se para o Castelo de Almeirim e dele para o Castelo do Crato, vizinho à fronteira, sob a proteção do prior da Ordem, onde aguarda uma prometida intervenção das forças de Castela a seu favor, a qual acabou por não se materializar. Assustada, D. Leonor refugiou-se no reino vizinho (29 de Dezembro), onde veio a falecer poucos anos mais tarde. O Castelo do Crato, cercado pelas tropas do Regente D. Pedro, foi arrasado nessa época, voltando a ser reconstruído mais tarde.

Sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), a povoação recebeu o Foral Novo (1512). Alguns anos mais tarde, em Novembro de 1518, realizaram-se, no palácio do castelo, as núpcias do soberano com D. Leonor de Castela. Uma nova etapa construtiva se sucedeu no castelo quando da celebração do casamento de D. João III (1521-1557) com D. Catarina de Áustria, em 1525, quando foi reconstruído o seu portão. Estes eventos ilustram a importância e estado de conservação do castelo no período.

Posteriormente, no início do século XVII, entre 1615 e 1621, Pedro Nunes Tinoco desenhou a povoação e as suas fortificações, legando-nos o mais antigo desenho conhecido das mesmas.

Da Guerra da Restauração ao século XIX[editar | editar código-fonte]

No contexto da Guerra da Restauração, as defesas do Crato foram modernizadas, adaptadas aos então modernos tiros de artilharia. Para tanto, a partir de 1642 foram promovidas obras de beneficiação, que envolveram o castelo medieval em uma fortificação abaluartada, com planta poligonal irregular estrelada. Entretanto, com as obras ainda em andamento, a vila foi cercada e conquistada pelas tropas espanholas sob o comando de D. João de Áustria (29 de Outubro de 1662), que promoveram a destruição das suas defesas. No incêndio decorrente, foram consumidos os documentos do Cartório e Arquivo do Priorado da Ordem.

Os séculos seguintes acentuaram o estado de ruína do conjunto, tanto das estruturas medievais como das modernas, desaparecendo a Casa do Governador, a ponte levadiça, baluartes e outros, tendo chegado aos nossos dias uma guarita, a cisterna, duas torres arruinadas e algumas canhoneiras.

Do século XX aos nossos dias[editar | editar código-fonte]

A partir de 1 de Março de 1939, os remanescentes da fortificação foram adquiridos pelo embaixador Dr. Rui Teixeira Guerra. A partir da segunda metade da década de 1940, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais inicia-lhe trabalhos de consolidação e restauro, com a reconstrução de panos de muralhas (1946), conservação (1956 e 1958), reparos de estragos causados pelas chuvas (1963), conservação e reconstrução (1977, 1980, 1983, 1985 e 1988-1989). Neste ínterim, o conjunto foi classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 26 de Fevereiro de 1982.

Em 1989, o Arquitecto António Maria da Calça e Pina Teixeira Guerra, filho do embaixador, como representante do proprietário, transmitiu o imóvel à Câmara Municipal do Crato, durante o mandato socialista presidido por José Bastos Leitão. Esta, por sua vez, concessionou-o, a 19 de Setembro desse mesmo ano, por um contrato de 99 anos, à ADR - Agência de Desenvolvimento Regional, Lda., cujo gerente é o mesmo Arquitecto. Este profissional apresentou, a 7 de Novembro de 1991, um projeto de conservação e revitalização do castelo, de sua autoria, cuja execução iniciou-se já no ano seguinte. Novos trabalhos foram executados a partir de 1997, a cargo da Fundação do Castelo do Crato, que, além da conservação do existente, tem uma proposta de erigir nova obra, englobando museu (gipsoteca e salas de exposição), sede administrativa da Fundação, salas de conferências, centro audiovisual/multimédia, núcleo de alojamento com capacidade para 15 a 20 pessoas, restaurante e área de lazer.

Características[editar | editar código-fonte]

O castelo medieval, na cota de 272 metros acima do nível do mar, apresentava planta no formato trapezoidal, tendo as suas muralhas reforçadas por cinco torres nos ângulos, sendo que a torre Norte era a de menagem.

A cerca da vila, da qual subsistem alguns troços, era amparada por seis torres: a do Sino, a da Seda, a de São Pedro, a da Porta Nova, a de Beringal e a de Santarém.

Em meados do século XVII, o castelo foi transformado num fortim abaluartado, com planta poligonal irregular no formato de uma estrela com quatro pontas, com um redente pelo lado Sul-Sudoeste. Entre as diversas estruturas que subsistiram, destacam-se as plataformas para a artilharia, a porta do fortim e a cisterna no centro do conjunto.

O baluarte Norte foi recentemente restaurado com as suas doze casamatas e uma guarita.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Imagem e localização no Google Maps
  2. a b Ficha na base de dados SIPA
  3. Pinho, António Brandão de (2017). A Cruz da Ordem de Malta nos Brasões Autárquicos Portugueses. Lisboa: Chiado Editora. 426 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]