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Diana de Liz

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Diana de Liz
Diana de Liz
Retrato de Diana de Liz publicado no Vida Alentejana, 1934
Nascimento 29 de março de 1892
Évora
Morte 30 de maio de 1930 (38 anos)
Lisboa
Sepultamento Cemitério de Ossela
Cidadania Portugal
Ocupação escritora, jornalista
Causa da morte tuberculose

Maria Eugénia Haas da Costa Ramos (Évora, 29 de março de 1892 - Oliveira de Azeméis, 30 de maio de 1930), mais conhecida pelo pseudónimo literário Diana de Liz ou Mimi Haas (nome com que assinava as contribuições para jornais e revistas), foi uma escritora e jornalista portuguesa.[1][2]

Filha de Zacarias José da Costa, capitão do Regimento de Cavalaria n.°5 do Exército, e de Margarida Amélia Haas de Costa Ramos, nasce em Évora, na Travessa do Açacal, n.°12.[3] Muda-se com a família para Lisboa quando tem 8 anos de idade. Aí inicia a educação básica e desde cedo mostra vocação para as letras, aprendendo francês, inglês e italiano. Dedica-se também à música. Aos 20 anos, em 1912, completa a sua educação e integra a sociedade lisboeta, regressando ocasionalmente a Évora com os pais.[2]

Carreira literária

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Começa a escrever, em prosa e verso, material que publica em vários periódicos como o Correio da Manhã o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa, o Magazine Bertrand, a Vida Feminina onde usa o pseudónimo Mimi Haas, e no Magazine Civilização no A.B.C. de Madrid e no El Suplemento, de Buenos Aires, já como Diana de Liz, pseudónimo que usa pela primeira vez no Correio da Manhã, em 1923. [2][4]

A sua obra é considerada pouco convencional para o gosto e moral da época, tanto pelos temas que abordava como pela forma directa com que os comunicava. Por ser uma defensora da emancipação feminina, explora a temática da posição subalterna da mulher. Diana de Liz escreve para um público sobretudo feminino, oriundo de classes altas e forçosamente ocioso, e por esse motivo a sua escrita aborda a experiência feminina sob um olhar crítico, irónico e sarcástico, mas guardando compaixão e reflectindo na condição humana. Apesar da sua curta vida, que dá à sua obra um carácter experimental sem que haja necessariamente a concretização de grandes projectos literários, tenta explorar potencialidades expressivas no campo da literatura, através da utilização de formas discursivas emergentes como o diálogo novelesco, que ganhava potencialmente relevo face ao aparecimento e popularidade da telefonia.[4]

Faz as traduções de Corações Sem Rumo, de Pedro Mata y Domínguez (publicado em 1937) e A Morte do Sonho de Alfio Berretta (publicado em 1930).[4]

Relação com Ferreira de Castro

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Em 1926 conhece Ferreira de Castro, com quem pretende casar apesar da oposição dos pais ao matrimónio. Acaba por ser deserdada em 1927 e torna-se a companheira de Ferreira de Castro. É-lhe atribuída a responsabilidade por um aumento notório na sensibilidade e a compaixão do autor face às falhas da humanidade e aos problemas da vida, e a expansão do seu espírito filantrópico que irá também afectar a elaboração das suas obras posteriores.[2][5][6]

Doença e morte

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Em 1929, depois de uma visita a Paris e Andorra, Diana contrai tuberculose. Ferreira de Castro leva-a para Oliveira de Azeméis, sua terra natal.[2] Diana morre na rua Tenente Apeles Espanca, em Lisboa, em 1930, dias depois da publicação d'A Selva.[2][7] Depois da sua morte, Ferreira de Castro dedica-se à compilação e publicação dos escritos de Diana, que irá prefaciar. Publica em 1931 Pedras Falsas, uma colectânea de contos, crónicas e cartas, quase todas publicadas no Correio da Manhã. Em 1932 publica Memórias de uma Mulher da Época, um romance. [2]

Ferreira de Castro escreve Eternidade em 1933, um romance que reflecte o sofrimento do autor.[8][9]

Homenagens póstumas

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Placa oval cerâmica de fundo amarelo com linhas azuis, onde está inscrito o texto "Rua Diana de Liz. Escritora Eborense. Sec XX".
Placa da Rua Diana de Liz em Évora

Existe em Évora uma rua com o nome Diana de Liz, inaugurada em 27 de maio de 1934 por Ferreira de Castro, que organizou o fabrico e instalação da lápide toponímica.[2][3]

Obra publicada

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Referências

  1. Freitas, José Luís dos Santos (22 de novembro de 2022). «José Maria Ferreira de Castro: ética e estética na sua escrita novel humanista». Consultado em 17 de setembro de 2023 
  2. a b c d e f g h Frota, José (2010). «quem foi Diana de Liz» (PDF). Câmara Municipal de Évora/ Divisão de Assuntos Culturais/ Departamento de Comunicação e Relações Externas. Évora Mosaico (4): 11. Consultado em 17 de setembro de 2023 
  3. a b Candeias, Catarina Fernandes (24 de novembro de 2017). «Turismo e cultura». Consultado em 17 de setembro de 2023 
  4. a b c Ferro, Manuel (2009). «Diana de Lis - Um olhar feminino sobre a cultura portuguesa dos anos 20». Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: 389–411. Consultado em 15 de abril de 2024 
  5. Freitas, José Luís dos Santos (22 de novembro de 2022). «José Maria Ferreira de Castro: ética e estética na sua escrita novel humanista». Consultado em 17 de setembro de 2023 
  6. Kardum, Andrijana (15 de outubro de 2021). «Os elementos autobiográficos na obra do Ferreira de Castro». Consultado em 17 de setembro de 2023 
  7. de Liz, Diana (1932). Memórias de uma mulher da época. Lisboa: Guimarães & C.a. p. 222 
  8. Barradas, Maria Clara Vasco Campanilho (16 de dezembro de 2014). «A obra dramática de Ferreira de Castro». Consultado em 17 de setembro de 2023 
  9. Sivi, João Filipe (4 de julho de 2018). «A historicidade em A Selva de Ferreira de Castro». Consultado em 17 de setembro de 2023 

Ligações externas

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