Dona Inah
Dona Inah | |
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Informação geral | |
Nome completo | Ignez Francisco da Silva |
Nascimento | 17 de maio de 1935 |
Local de nascimento | Araras, SP Brasil |
Morte | 8 de agosto de 2022 (87 anos) |
Local de morte | São Paulo, SP Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Gênero(s) | Samba |
Ocupação(ões) | Cantora |
Instrumento(s) | Voz |
Página oficial | donainah |
Ignez Francisco da Silva (Araras, 17 de maio de 1935 — São Paulo, 8 de agosto de 2022), mais conhecida pelo nome artístico Dona Inah, foi uma cantora brasileira.[1][2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascida em Araras, interior de São Paulo. Seu pai, Ireno, era trompetista, bem como tinha outros tios músicos.[4] Estudou bandolim por três anos e cantou ao lado de seu pai, de quem aprendeu grande parte de seu conhecimento musical, e chegou a integrar a Orquestra de Araras quando jovem.[5] Durante a infância, foi boia-fria, trabalhando em plantações de café, algodão e laranja, e conciliava o trabalho com os estudos.[1]
Mudou-se com a família para a cidade de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, em 1954, mesmo ano no qual participou de um programa de calouros comandado por Hélio Araújo na Rádio Cultura.[5] Nessa época, venceu o concurso “Peneira Rodini”, da mesma emissora, o que lhe abriu as portas para se apresentar com algumas orquestras – como as dos maestros Cyro Pereira e André Beer –, bem como para participar do programa “Só para Mulheres” da Rádio Record.[5]
Também passou a cantar em bailes de gafieira de diversos clubes e salões de São Paulo e até gravou um disco de 78 rotações em 1958, pelo selo Trovador, mas todo material foi perdido.[5] Sem o incentivo da família, Inah abandonou o sonho de viver de música.[1]
Com filhos – Em vida, ela teve cinco[3] – e dificuldades financeiras, passou um longo período afastada da vida artística e trabalhou como faxineira, lavadeira, cozinheira, babá, entre outros, e morou em Araras, Santos, Taboão da Serra e São Paulo.[1] Naquela fase, trabalhava de segunda a sexta como empregada doméstica e aos finais de semana no guarda-volumes de um clube em Taboão da Serra. Nas noites de quinta a domingo, cantava em bares e casas noturnas na capital paulista.[1] Embora tenha sido cantora da casa de show Rádio Clube, em Santo André entre 1972 a 1980, foram raras as oportunidades nos palcos.[5] Em 1982, voltou para Santo André, onde cantou em um bar chamado Pedacinho do Céu e começou a se aproximar do pessoal do choro e do samba.[1] Inah conciliou por três anos a música com o segundo emprego como faxineira da prefeitura de São Caetano do Sul, tendo se aposentado aos 65 anos de idade.[1][4]
Cantando em pequenos espaços, como o Bar do Cidão, em Pinheiros, pensou em desistir, mas em 2002 foi convidada para participar do musical "Rainha Quelé", em homenagem a Clementina de Jesus, ao lado de Marília Medalha e Fabiana Cozza.[4][5][6] A partir de então, sua carreira artística ganhou um novo impulso com a gravação de seu primeiro álbum de estúdio – "Divino Samba Meu", produzido por Hermínio Bello de Carvalho e lançado em 2004 por um selo independente – e a realizar apresentações regulares no circuito alternativo e em pequenas casas de espetáculo, como Ó do Borogodó, também em Pinheiros, onde se tornou uma atração semanal que frequentemente lotava o bar.[7][8][9] Com a boa repercussão do disco de estreia, Inah chegou até mesmo a realizar apresentações na Espanha, na França e no Marrocos, país onde onde cantou para mais de 14 mil pessoas no “Festival Mawazine”, em Rabat.[4][5] Também ganhou o Prêmio da Música Brasileira de 2005 na categoria "Revelação".[10]
Gravou ainda outros dois álbuns de estúdio. Em 2008, foi lançado "Olha quem chega", trabalho onde interpretou composições exclusivamente de Eduardo Gudin e contou com as participações especiais de músicos dos grupos paulistas Samba Novo e Quinteto em Branco e Preto, além de intérpretes como Oswaldinho da Cuíca e Juliana Amaral.[5] Como este trabalho, Inah recebeu uma indicação no Prêmio da Música Brasileira de 2009 categoria "Cantora de Samba".[10] Quatro anos depois, foi lançado "Fonte de Emoção", seu derradeiro disco, que contou com arranjos e direção musical de Zé Barbeiro e as participações de Monarco e Delcio Carvalho.[5]
Diagnosticada com a doença de Alzheimer em meados da década de 2010, Inah afastou-se progressivamente dos palcos até se despedir em definitivo em setembro de 2016 com uma apresentação no Sesc Pompeia.[1] Viveu seus últimos anos em um asilo para idosos na cidade de São Paulo e, em 8 de agosto de 2022, morreu de causas naturais aos 87 anos.[1][2][3] Seu corpo foi enterrado no Cemitério Sagrado Coração de Jesus, em Santo André.[3]
Discografia
[editar | editar código-fonte]- 2004 – Divino Samba Meu
- 2008 – Olha quem chega
- 2013 – Fonte de Emoção
Referências
- ↑ a b c d e f g h i Matheus Moreira (14 de agosto de 2022). «Ignez Francisco da Silva (1935 - 2022) - Mortes: Dona Inah só foi reconhecida por seu samba aos 69 anos». Folha de S.Paulo. Consultado em 17 de agosto de 2022
- ↑ a b Bruno Hoffmann (8 de agosto de 2022). «Morre Dona Inah, cantora e símbolo do samba paulista». A Gazeta de São Paulo. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ a b c d «Sambista paulista Dona Inah morre aos 87 anos». Nexo Jornal. 8 de agosto de 2022. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ a b c d «DONA INAH [ago 2007]». Gafieiras. 11 de agosto de 2007. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ a b c d e f g h i «Dona Inah (verbete)». Dicionário da Música Popular Brasileira. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ Daniel Brazil (8 de abril de 2013). «A fonte de emoção de Dona Inah». Revista Música Brasileira. Consultado em 25 de janeiro de 2014
- ↑ «Rodas de samba aquecem paulistanos para o Carnaval». Folha de S.Paulo. 8 de fevereiro de 2010. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ «Ó do Borogodó recebe a sambista Dona Inah nesta terça-feira». Folha de S.Paulo. 25 de novembro de 2008. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ «Dona Inah faz show ao lado de Alaíde Costa». Diário do Grande ABC. 14 de fevereiro de 2014. Consultado em 8 de agosto de 2022
- ↑ a b Robie R. (12 de setembro de 2012). «Flores em vida para Dona Inah». Revista Rolling Stone Brasil. Consultado em 25 de janeiro de 2014
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Sítio oficial
- Entrevista com Dona Inah ao Almanaque Brasil, acesso 25 de janeiro de 2014