Partido Popular (Brasil): diferenças entre revisões

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O '''Partido Popular (PP)''' foi um partido político brasileiro criado em [[12 de fevereiro]] de [[1980]]<ref>Almanaque digital da ''Folha de S. Paulo.''</ref> após a reforma partidária realizada no governo [[João Figueiredo]] e teve em [[Tancredo Neves]] sua principal liderança. Foi extinto após sua convenção nacional ter determinado a incorporação ao PMDB em 1981, sendo uma das quatro agremiações políticas brasileiras a usar o "PP" como sigla.
'''Partido Popular (PP)''' foi um partido político brasileiro criado em [[12 de fevereiro]] de [[1980]]<ref>Almanaque digital da ''Folha de S. Paulo.''</ref> após a reforma partidária realizada no governo [[João Figueiredo]] e teve em [[Tancredo Neves]] sua principal liderança. Foi extinto após sua convenção nacional ter determinado a incorporação ao PMDB em [[1981]], sendo uma das quatro agremiações políticas brasileiras a usar o "PP" como sigla.


== Antecedentes históricos ==
== Antecedentes históricos ==
Entre [[21 de novembro|21]] e [[22 de novembro]] de [[1979]] o Legislativo brasileiro aprovou uma reforma partidária destinada a restabelecer o pluripartidarismo com a conseqüente extinção da ARENA ([[Aliança Renovadora Nacional]]) e do MDB ([[Movimento Democrático Brasileiro]]), legendas sob as quais se abrigavam, respectivamente, os apoiadores e os opositores do [[Ditadura militar no Brasil (1964-1985)|Regime Militar de 1964]] e que dominavam a cena política desde a extinção dos partidos políticos decretada pelo [[Ato Institucional Número Dois]] em [[27 de outubro]] de [[1965]]. O primeiro sinal de que o bipartidarismo enfrentava dificuldades para se sustentar foi a inserção da [[Sublegenda|sublegenda]], um ardial pelo qual os partidos políticos poderiam lançar mais de um candidato a um cargo majoritário de modo a agregar as diferentes correntes que os compunham. Tal amarra impedia que dissidentes governistas buscassem abrigo na legenda rival, preservando formalmente o bipartidarismo. Um exemplo disso aconteceu em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] onde [[Paulo Maluf]] derrotou [[Laudo Natel]] na convenção da [[Aliança Renovadora Nacional|ARENA]] que escolheu o candidato ao governo estadual, à revelia, inclusive, do Palácio do Planalto. O nome de Maluf foi confirmado em [[1 de setembro|1º de setembro]] de [[1978]]. Em [[15 de novembro]] do mesmo ano outro embate entre as correntes do [[Aliança Renovadora Nacional|partido governista]] aconteceu no [[Piauí]] quando dois ex-governadores disputavam a vaga de senador a ser preenchida pelo voto popular: o candidato [[Dirceu Mendes Arcoverde|Dirceu Arcoverde]] contava com o apoio da cúpula arenista sendo inscrito sob a "sublegenda um" obtendo 290.218 votos ao passo que seu opositor [[Alberto Tavares Silva|Alberto Silva]] concorreu pela "sublegenda dois" e teve 260.007 votos enfrentando a oposição do grupo político liderado por [[Petrônio Portela Nunes|Petrônio Portela]]. Há de se observar que como a agremiação situacionista apresentou dois nomes para a disputa o diretório regional do [[Movimento Democrático Brasileiro|MDB]] sequer lançou candidato e optou, em sua maioria, pelo apoio a Alberto Silva. Em [[1 de janeiro|1º de janeiro]] de [[1979]] a fidelidade partidária foi revogada e nisso os políticos buscaram ajustar suas posições em face das eleições vindouras. Um exemplo dessa nova realidade foi a filiação do senador [[Teotônio Vilela]] ao MDB em [[25 de abril]] de [[1979]], ele que havia chegado à [[Senado Federal do Brasil|Câmara Alta]] do país em 1966 pela ARENA sendo reeleito em 1974.
Entre [[21 de novembro|21]] e [[22 de novembro]] de [[1979]] o Legislativo brasileiro aprovou uma reforma partidária destinada a restabelecer o pluripartidarismo com a conseqüente extinção da ARENA ([[Aliança Renovadora Nacional]]) e do MDB ([[Movimento Democrático Brasileiro]]), legendas sob as quais se abrigavam, respectivamente, os apoiadores e os opositores do [[Ditadura militar no Brasil (1964-1985)|Regime Militar de 1964]] e que dominavam a cena política desde a extinção dos partidos políticos decretada pelo [[Ato Institucional Número Dois]] em [[27 de outubro]] de [[1965]]. O primeiro sinal de que o bipartidarismo enfrentava dificuldades para se sustentar foi a inserção da [[Sublegenda|sublegenda]], um ardial pelo qual os partidos políticos poderiam lançar mais de um candidato a um cargo majoritário de modo a agregar as diferentes correntes que os compunham. Tal amarra impedia que dissidentes governistas buscassem abrigo na legenda rival, preservando formalmente o bipartidarismo. Um exemplo disso aconteceu em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] onde [[Paulo Maluf]] derrotou [[Laudo Natel]] na convenção da [[Aliança Renovadora Nacional|ARENA]] que escolheu o candidato ao governo estadual, à revelia, inclusive, do Palácio do Planalto. O nome de Maluf foi confirmado em [[1 de setembro|1º de setembro]] de [[1978]]. Em [[15 de novembro]] do mesmo ano outro embate entre as correntes do [[Aliança Renovadora Nacional|partido governista]] aconteceu no [[Piauí]] quando dois ex-governadores disputavam a vaga de senador a ser preenchida pelo voto popular: o candidato [[Dirceu Mendes Arcoverde|Dirceu Arcoverde]] contava com o apoio da cúpula arenista sendo inscrito sob a "sublegenda um" obtendo 290.218 votos ao passo que seu opositor [[Alberto Tavares Silva|Alberto Silva]] concorreu pela "sublegenda dois" e teve 260.007 votos enfrentando a oposição do grupo político liderado por [[Petrônio Portela Nunes|Petrônio Portela]]. Há de se observar que como a agremiação situacionista apresentou dois nomes para a disputa o diretório regional do [[Movimento Democrático Brasileiro|MDB]] sequer lançou candidato e optou, em sua maioria, pelo apoio a Alberto Silva. Em [[1 de janeiro|1º de janeiro]] de [[1979]] a fidelidade partidária foi revogada e nisso os políticos buscaram ajustar suas posições em face das eleições vindouras. Um exemplo dessa nova realidade foi a filiação do senador [[Teotônio Vilela]] ao MDB em [[25 de abril]] de [[1979]], ele que havia chegado à [[Senado Federal do Brasil|Câmara Alta]] do país em 1966 pela ARENA sendo reeleito em [[1974]].


== Novos partidos ==
== Novos partidos ==
A partir de 1980 as forças políticas se reorganizam e surgem então novos partidos: o [[Partido Democrático Social]] herdou o capital político da [[Aliança Renovadora Nacional|ARENA]] e o [[Partido do Movimento Democrático Brasileiro]] sucedeu ao [[Movimento Democrático Brasileiro|MDB]] sob a liderança de [[Ulysses Guimarães]]. Em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] surgiu o [[Partido dos Trabalhadores]] como expressão dos movimentos sindicais que resultaram nas greves dos metalúrgicos na região do ABC Paulista sob o comando de [[Luiz Inácio Lula da Silva]]. Em outro lance da reforma partidária, a disputa pela herança política de [[Getúlio Vargas]] causou uma contenda entre os partidários de [[Leonel Brizola]] e os da deputada federal [[Ivete Vargas]] (sobrinha de Getúlio) pelo comando do [[Partido Trabalhista Brasileiro]]. A questão foi resolvida pelo [[Tribunal Superior Eleitoral]] que julgou a favor de Ivete Vargas levando os brizolistas a fundarem o [[Partido Democrático Trabalhista]]. A última agremiação surgida nesse cenário foi o Partido Popular que abrigava políticos moderados tanto da antiga ARENA quanto do MDB e se posicionava como uma via alternativa para a sucessão presidencial de 1985. A principal liderança do PP foi o senador mineiro [[Tancredo Neves]].
A partir de [[1980]] as forças políticas se reorganizam e surgem então novos partidos: o [[Partido Democrático Social]] herdou o capital político da [[Aliança Renovadora Nacional|ARENA]] e o [[Partido do Movimento Democrático Brasileiro]] sucedeu ao [[Movimento Democrático Brasileiro|MDB]] sob a liderança de [[Ulysses Guimarães]]. Em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] surgiu o [[Partido dos Trabalhadores]] como expressão dos movimentos sindicais que resultaram nas greves dos metalúrgicos na região do ABC Paulista sob o comando de [[Luiz Inácio Lula da Silva]]. Em outro lance da reforma partidária, a disputa pela herança política de [[Getúlio Vargas]] causou uma contenda entre os partidários de [[Leonel Brizola]] e os da deputada federal [[Ivete Vargas]] (sobrinha de Getúlio) pelo comando do [[Partido Trabalhista Brasileiro]]. A questão foi resolvida pelo [[Tribunal Superior Eleitoral]] que julgou a favor de Ivete Vargas levando os brizolistas a fundarem o [[Partido Democrático Trabalhista]]. A última agremiação surgida nesse cenário foi o Partido Popular que abrigava políticos moderados tanto da antiga ARENA quanto do MDB e se posicionava como uma via alternativa para a sucessão presidencial de [[1985]]. A principal liderança do PP foi o senador mineiro [[Tancredo Neves]].


== Incorporação ao PMDB ==
== Incorporação ao PMDB ==

Revisão das 04h14min de 30 de julho de 2010

Partido Popular (PP) foi um partido político brasileiro criado em 12 de fevereiro de 1980[1] após a reforma partidária realizada no governo João Figueiredo e teve em Tancredo Neves sua principal liderança. Foi extinto após sua convenção nacional ter determinado a incorporação ao PMDB em 1981, sendo uma das quatro agremiações políticas brasileiras a usar o "PP" como sigla.

Antecedentes históricos

Entre 21 e 22 de novembro de 1979 o Legislativo brasileiro aprovou uma reforma partidária destinada a restabelecer o pluripartidarismo com a conseqüente extinção da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), legendas sob as quais se abrigavam, respectivamente, os apoiadores e os opositores do Regime Militar de 1964 e que dominavam a cena política desde a extinção dos partidos políticos decretada pelo Ato Institucional Número Dois em 27 de outubro de 1965. O primeiro sinal de que o bipartidarismo enfrentava dificuldades para se sustentar foi a inserção da sublegenda, um ardial pelo qual os partidos políticos poderiam lançar mais de um candidato a um cargo majoritário de modo a agregar as diferentes correntes que os compunham. Tal amarra impedia que dissidentes governistas buscassem abrigo na legenda rival, preservando formalmente o bipartidarismo. Um exemplo disso aconteceu em São Paulo onde Paulo Maluf derrotou Laudo Natel na convenção da ARENA que escolheu o candidato ao governo estadual, à revelia, inclusive, do Palácio do Planalto. O nome de Maluf foi confirmado em 1º de setembro de 1978. Em 15 de novembro do mesmo ano outro embate entre as correntes do partido governista aconteceu no Piauí quando dois ex-governadores disputavam a vaga de senador a ser preenchida pelo voto popular: o candidato Dirceu Arcoverde contava com o apoio da cúpula arenista sendo inscrito sob a "sublegenda um" obtendo 290.218 votos ao passo que seu opositor Alberto Silva concorreu pela "sublegenda dois" e teve 260.007 votos enfrentando a oposição do grupo político liderado por Petrônio Portela. Há de se observar que como a agremiação situacionista apresentou dois nomes para a disputa o diretório regional do MDB sequer lançou candidato e optou, em sua maioria, pelo apoio a Alberto Silva. Em 1º de janeiro de 1979 a fidelidade partidária foi revogada e nisso os políticos buscaram ajustar suas posições em face das eleições vindouras. Um exemplo dessa nova realidade foi a filiação do senador Teotônio Vilela ao MDB em 25 de abril de 1979, ele que havia chegado à Câmara Alta do país em 1966 pela ARENA sendo reeleito em 1974.

Novos partidos

A partir de 1980 as forças políticas se reorganizam e surgem então novos partidos: o Partido Democrático Social herdou o capital político da ARENA e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro sucedeu ao MDB sob a liderança de Ulysses Guimarães. Em São Paulo surgiu o Partido dos Trabalhadores como expressão dos movimentos sindicais que resultaram nas greves dos metalúrgicos na região do ABC Paulista sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva. Em outro lance da reforma partidária, a disputa pela herança política de Getúlio Vargas causou uma contenda entre os partidários de Leonel Brizola e os da deputada federal Ivete Vargas (sobrinha de Getúlio) pelo comando do Partido Trabalhista Brasileiro. A questão foi resolvida pelo Tribunal Superior Eleitoral que julgou a favor de Ivete Vargas levando os brizolistas a fundarem o Partido Democrático Trabalhista. A última agremiação surgida nesse cenário foi o Partido Popular que abrigava políticos moderados tanto da antiga ARENA quanto do MDB e se posicionava como uma via alternativa para a sucessão presidencial de 1985. A principal liderança do PP foi o senador mineiro Tancredo Neves.

Incorporação ao PMDB

Segundo afirma o Dicionário Histórico e Bibliográfico Brasileiro (DHBB) da Fundação Getúlio Vargas a criação do Partido Popular serviria para que o governo militar estabelecesse uma alternativa civil para a sucessão do presidente João Figueiredo e dentre os nomes aludidos estava o do Ministro da Justiça Petrônio Portela. A esse respeito tratam os arquivos da FGV:


"Por contar em seus quadros com Magalhães Pinto, Olavo Setúbal e Herbert Levy, o PP foi chamado de 'partido dos banqueiros'. Foi chamamdo também de 'Partido do Petrônio', por supostamente seguir os termos de um acordo tácito firmado entre Tancredo, o deputado Tales Ramalho e o ministro Petrônio Portela, grande incentivador da criação de um partido de centro, e como tal visto não como um partido de oposição, mas como uma agremiação auxiliar do PDS".

Tal estratagema ruiu com a morte de Petrônio vítima de um ataque cardíaco em 6 de janeiro de 1980 e assim os políticos ligados ao PDS voltaram ao centro das conversas sobre a sucessão presidencial. Tendo divulgado o manifesto de sua criação em 20 de dezembro de 1979, o Partido Popular fez sua primeira reunião em Brasília dia 10 de janeiro de 1980 e sua convenção nacional aconteceu em 7 de junho de 1981 e nela houve uma demonstração dos "pendores conciliatórios" da legenda: o senador Tancredo Neves foi eleito presidente do partido tendo o também senador Magalhães Pinto como presidente de honra. Como se sabe os dois políticos sempre foram adversários dentro da política mineira, tanto que em 1960 Magalhães Pinto (UDN) venceu Tancredo Neves (PSD) na disputa pelo governo do estado.

Apesar de ter conseguido unidade interna o destino do Partido Popular foi selado meses depois quando o Congresso Nacional recebeu um pacote de reformas eleitorais que, oriundas do Executivo, proibiam as coligações partidárias e estabeleciam o voto vinculado (ou seja, para que seu voto fosse considerado válido o eleitor deveria sufragar candidatos de um mesmo partido) de modo a barrar o avanço da oposição nas eleições de 1982. Constritos pela legislação os membros do PP decidiram pela incorporação ao PMDB em convenção nacional realizada em 20 de dezembro de 1981, decisão ratificada pelo Tribunal Superior Eleitoral a 2 de março de 1982, assim os votos divergentes na convenção acabaram por retornar ao PDS. Tais fatos restabeleceram o clima de rivalidade entre Tancredo Neves e Magalhães Pinto.

Homônimos de sigla

Desde a extinção do Partido Popular em 1981, outras três agremiações adotaram o "PP" como sigla e ambas foram denominadas "Partido Progressista": uma surgiu em 1989, tendo como candidato Paulo Gontijo, tendo, como número de legenda, o "54". Foi logo extinto. O segundo "PP" surgiu em 1993, após a fusão do Partido Social Trabalhista (PST) com o Partido Trabalhista Renovador (PTR) sendo liderada pelo paranaense Álvaro Dias e adotou o "39" como número de registro tendo participado das eleições de 1994 até que em 14 de setembro de 1995 o terceiro PP se fundiu ao PPR (Partido Progressista Renovador) e resultou no PPB (Partido Progressista Brasileiro) que em convenção nacional realizada em 2003 passou a se chamar "Partido Progressista", não a mesma legenda surgida há dez anos e sim um partido sob a influência de Paulo Maluf. Portanto, o atual Partido Progressista é a quinta agremiação política brasileira a usar o "PP" como sigla desde 1980 sendo que nos tempos prévios ao Estado Novo houve também um "Partido Progressista" ao qual foram filiados Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek.

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Fontes

ALMANAQUE ABRIL 1986. 12ª edição. São Paulo, Abril, 1986.

ALMANAQUE ABRIL 1996. 22ª edição. São Paulo, Abril, 1996.

ALMANAQUE ABRIL 2004. 30ª edição. São Paulo, Abril, 2004.

SANTOS, José Lopes dos. Política e Políticos: Eleições 86. Volume 3. Teresina, Gráfica Mendes, 1988.

Ligações externas

  1. Almanaque digital da Folha de S. Paulo.