Cidade Maurícia: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 201.80.240.130 para a última revisão de Barão de Itararé, de 23h27min de 7 de outubro de 2017 (UTC)
Paulo Castagna (discussão | contribs)
Novas ligações e novas categorias; ajustes gerais.
Linha 1: Linha 1:
[[Imagem:Recife-Map1665.jpg|thumb|right|250px|Mapa holandês.
[[Imagem:Recife-Map1665.jpg|thumb|right|250px|Mapa holandês (1665) da Cidade Maurícia (''de Stadt Mauritius'') e do Istmo do Recife (''Reciffo''), conectados pela ponte construída por [[João Maurício de Nassau|Maurício de Nassau]].]]
de 1665 que mostra Maurícia (''de Stadt Mauritius'') e o Istmo do Recife (''Reciffo''). Ambos estão conectados por uma ponte.]]
'''Cidade Maurícia''', também '''Mauriciópolis''' ou, em [[Língua holandesa|neerlandês]], '''Mauritsstad''', foi o nome de uma parte da cidade do [[Recife]] durante o período do [[Nova Holanda|Brasil holandês]]. Maurícia foi construída a partir de 1638 na [[Ilha de Antônio Vaz]] pelo conde [[João Maurício de Nassau-Siegen]], à época governador colonial de [[Pernambuco]]. A designação "Cidade Maurícia" persistiu até 1654, ano da expulsão dos holandeses pelos luso-brasileiros.<ref name="HUMANAE">Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. ''[http://www.esuda.com.br/revista/final/artigos/Lemoine_Mendonca-Junior.pdf Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800.]'' Humanae, v.1, n.1, 2007.</ref>
'''Cidade Maurícia''', também '''Mauriciópolis''' ou, em [[Língua holandesa|neerlandês]], '''Mauritsstad''', foi o nome de uma parte da cidade do [[Recife]] durante o período do [[Nova Holanda|Brasil holandês]]. Maurícia foi construída a partir de 1638 na [[Ilha de Antônio Vaz]] pelo conde [[João Maurício de Nassau-Siegen]], à época governador colonial de [[Pernambuco]]. A designação "Cidade Maurícia" persistiu até 1654, ano da expulsão dos holandeses pelos luso-brasileiros.<ref name="HUMANAE">Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. ''[http://www.esuda.com.br/revista/final/artigos/Lemoine_Mendonca-Junior.pdf Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800.]'' Humanae, v.1, n.1, 2007.</ref>


==História==
==História==
Após a conquista de [[Olinda]] (1630), os holandeses decidiram queimar a vila e instalar-se no [[istmo do Recife]], que funcionava como porto de Olinda e tinha melhores condições para a defesa e comércio.<ref name="URBANISMO">Mota Menezes, J.L. ''[http://revistas.ceurban.com/numero4/artigos/artigo_12.htm O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro]''. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.</ref> A administração da região ficou a cargo da [[Companhia das Índias Ocidentais]], que passou a controlar o lucrativo comércio do [[açúcar]] produzido pelos [[Engenho de açúcar|engenhos]] de [[Pernambuco]].
Após a conquista de [[Olinda]] (1630), os holandeses decidiram queimar a vila e instalar-se no [[istmo do Recife]], que funcionava como porto de Olinda e tinha melhores condições para a defesa e comércio.<ref name="URBANISMO">Mota Menezes, J.L. ''[http://revistas.ceurban.com/numero4/artigos/artigo_12.htm O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro]''. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.</ref> A administração da região ficou a cargo da [[Companhia das Índias Ocidentais]], que passou a controlar o lucrativo comércio do [[açúcar]] produzido pelos [[Engenho de açúcar|engenhos]] de [[Pernambuco]].
[[Ficheiro:Friburgum.jpg|miniaturadaimagem|Planta parcial da Cidade Maurícia por [[George Marcgraf|Georg Marcgraf]] (1647).]]
Com o súbito aumento da população do Povo do Arrecife, como era chamado o povoado do istmo, os holandeses planejaram ocupar a [[Ilha de Antônio Vaz]], localizada nas cercanias. À época da invasão, a [[Ilha de Antônio Vaz]] abrigava apenas o [[Convento e Igreja de Santo Antônio (Recife)|Convento de Santo Antônio]] e algumas poucas casas ao redor. Na década de 1630 os holandeses construíram duas fortalezas na ilha: o [[Forte Ernesto]], levantado no lugar do antigo convento, e o [[Forte Frederick Hendrik (Frans Post)|Forte Frederico Henrique]] (''Frederick Hendrick''), ou [[Forte das Cinco Pontas]], localizado mais ao sul. Ao lado do [[Forte Ernesto]] havia uma área fortificada referida como Grande alojamento (''Groote kwartier''), que mais tarde daria origem à atual [[Praça da Independência (Recife)|Praça Independência]].<ref name="HUMANAE" /><ref name="URBANISMO" /> As muralhas eram feitas de terra e madeira, com alguns trechos reforçados com pedras.<ref name="URBANISMO" />


Em 1637, chegou a [[Pernambuco]] [[João Maurício de Nassau]], que tomou a decisão de urbanizar a área da [[Ilha de Antônio Vaz]] entre os dois fortes. Um mapa datado de 1639, do chamado Atlas Vingboons, mostra os planos para a nova Cidade Maurícia, projeto atribuído ao arquiteto [[Pieter Post]]. Maurícia teria um traçado regular e um sistema de canais, fossos, trincheiras e fortificações, incorporando conceitos modernos de urbanismo e defesa como os que haviam sido aplicados nas reformas urbanas de [[Amsterdã]] no início do {{séc|XVII}}.<ref name="URBANISMO" /> "Nova Maurícia" era chamada essa área planejada, localizada hoje no [[São José (Recife)|bairro de São José]], para diferenciá-la da "Velha Maurícia", que correspondia à zona do antigo convento, hoje [[Santo Antônio (Recife)|bairro de Santo Antônio]]. Não se sabe com exatidão quanto da Nova Maurícia chegou a ser efetivamente construída.<ref name="HUMANAE" /> Um inventário urbano de 1654 realizado pelos portugueses mostra que, naquele ano, a maioria das edificações da cidade localizava-se na Velha Maurícia.<ref name="HUMANAE" />
Com o súbito aumento da população do Povo do Arrecife, como era chamado o povoado do istmo, os holandeses planejaram ocupar a [[Ilha de Antônio Vaz]], localizada nas cercanias. À época da invasão, a Ilha de Antônio Vaz abrigava apenas o [[Convento e Igreja de Santo Antônio (Recife)|Convento de Santo Antônio]] e umas poucas casas ao redor. Na década de 1630 os holandeses construíram duas fortalezas na ilha: o [[Forte Ernesto]], levantado no lugar do antigo convento, e o Forte Frederico Henrique (''Frederick Hendrick''), ou [[Forte das Cinco Pontas]], localizado mais ao sul. Ao lado do Forte Ernesto havia uma área fortificada referida como Grande alojamento (''Groote kwartier''), que mais tarde daria origem à atual Praça Independência.<ref name="HUMANAE" /><ref name="URBANISMO" /> As muralhas eram feitas de terra e madeira, com alguns trechos reforçados com pedras.<ref name="URBANISMO" />

Em 1637, chegou a Pernambuco [[João Maurício de Nassau]], que tomou a decisão de urbanizar a área da Ilha de Antônio Vaz entre os dois fortes. Um mapa datado de 1639, do chamado Atlas Vingboons, mostra os planos para a nova Cidade Maurícia, projeto atribuído ao arquiteto [[Pieter Post]]. Maurícia teria um traçado regular e um sistema de canais, fossos, trincheiras e fortificações, incorporando conceitos modernos de urbanismo e defesa como os que haviam sido aplicados nas reformas urbanas de [[Amsterdã]] no início do {{séc|XVII}}.<ref name="URBANISMO" /> "Nova Maurícia" era chamada essa área planejada, localizada hoje no [[São José (Recife)|bairro de São José]], para diferenciá-la da "Velha Maurícia", que correspondia à zona do antigo convento, hoje [[Santo Antônio (Recife)|bairro de Santo Antônio]]. Não se sabe com exatidão quanto da Nova Maurícia chegou a ser efetivamente construída.<ref name="HUMANAE" /> Um inventário urbano de 1654 realizado pelos portugueses mostra que, naquele ano, a maioria das edificações da cidade localizava-se na Velha Maurícia.<ref name="HUMANAE" />


[[Imagem:Alcacer da Boa Vista em Pernambuco.jpg|thumb|right|250px|Vista do Palácio da Boa Vista e da ponte sobre o Capibaribe durante o período holandês. Gravura do {{séc|XVII}}.]]
[[Imagem:Alcacer da Boa Vista em Pernambuco.jpg|thumb|right|250px|Vista do Palácio da Boa Vista e da ponte sobre o Capibaribe durante o período holandês. Gravura do {{séc|XVII}}.]]
Para conectar o istmo do Recife com a Ilha de Antônio Vaz à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual [[Ponte Maurício de Nassau]] e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.<ref name="nome">Machado, Regina Coeli Vieira. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=623&Itemid=195 Ponte Maurício de Nassau]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife</ref><ref name="ANPUR">Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. ''[http://www.anpur.org.br/revistas/ANPUR_v3n2.pdf O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife]'' in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.</ref>
Para conectar o [[Recife (bairro)|istmo do Recife]] com a [[Ilha de Antônio Vaz]] à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual [[Ponte Maurício de Nassau]] e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.<ref name="nome">Machado, Regina Coeli Vieira. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=623&Itemid=195 Ponte Maurício de Nassau]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife</ref><ref name="ANPUR">Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. ''[http://www.anpur.org.br/revistas/ANPUR_v3n2.pdf O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife]'' in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.</ref>


Na parte norte da Ilha de Santo Antônio, Maurício de Nassau mandou construir um palácio residencial, o [[Palácio de Friburgo]] (''Vrijburg''), com uma fachada flanqueada por duas altas torres.<ref name="FRIBURGO">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=638&Itemid=1 Palácio de Friburgo (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de [[farol]] e até [[observatório astronômico]]. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.<ref name="FRIBURGO" /> Já o outro palácio de Nassau, chamado [[Palácio da Boa Vista (Recife)|da Boa Vista]] (''Schoonzit''), localizava-se a leste da Ilha, às margens do [[rio Capibaribe]], e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.<ref name="BOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=639&Itemid=1 Palácio da Boa Vista (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual [[Ponte da Boa Vista]], que ligava a Ilha de Santo Antônio com o atual [[Boa Vista (Recife)|bairro da Boa Vista]] do Recife.<ref name="PONTEBOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=625&Itemid=195 Ponte da Boa Vista]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref>
Na parte norte da [[Ilha de Antônio Vaz]], [[João Maurício de Nassau|Maurício de Nassau]] mandou construir um palácio residencial, o [[Palácio de Friburgo]] (''Vrijburg''), com uma fachada flanqueada por duas altas torres.<ref name="FRIBURGO">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=638&Itemid=1 Palácio de Friburgo (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de [[farol]] e até [[observatório astronômico]]. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.<ref name="FRIBURGO" /> Já o outro palácio de Nassau, chamado [[Reduto da Boa Vista|Palácio da Boa Vista]] ou [[Reduto da Boa Vista]] (''Schoonzit''), localizava-se a leste da Ilha, às margens do [[rio Capibaribe]], e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.<ref name="BOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=639&Itemid=1 Palácio da Boa Vista (Recife, PE)]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref> Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual [[Ponte da Boa Vista]], que ligava a [[Ilha de Antônio Vaz]] com o atual [[Boa Vista (Recife)|bairro da Boa Vista]] do Recife.<ref name="PONTEBOAVISTA">Gaspar, Lúcia. ''[http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=625&Itemid=195 Ponte da Boa Vista]''. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.</ref>


Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o nome de "Cidade Maurícia" foi abandonado e a Ilha passou a ser chamada "Povoado de Santo Antônio".<ref name="HUMANAE" /> Muitas terras e bens foram restituídos aos antigos donos luso-brasileiros. O Convento de Santo Antônio, por exemplo, foi devolvido aos franciscanos e os baluartes do Forte Ernesto, que o cercavam, foram demolidos.<ref name="HUMANAE" /> A [[Calvinismo|igreja dos calvinistas]] foi doada à [[Companhia de Jesus]]<ref name="HUMANAE" /> e o Palácio da Boa Vista foi doado aos frades carmelitas, que ali edificaram seu convento. O desenvolvimento urbano posterior do Povoado de Santo Antônio alterou a traça regular projetada pelos holandeses, progredindo de maneira mais espontânea e organizada ao redor das edificações religiosas. Um total de 14 edifícios religiosos foram levantados na Ilha entre a segunda metade do {{séc|XVII}} e o início do século seguinte, edifícios estes que ajudaram a organizar a malha urbana com seus [[adro]]s e pátios.<ref name="HUMANAE" />
Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o nome de "Cidade Maurícia" foi abandonado e a Ilha passou a ser chamada "Povoado de Santo Antônio".<ref name="HUMANAE" /> Muitas terras e bens foram restituídos aos antigos donos luso-brasileiros. O [[Convento e Igreja de Santo Antônio (Recife)|Convento de Santo Antônio]], por exemplo, foi devolvido aos franciscanos e os baluartes do [[Forte Ernesto]], que o cercavam, foram demolidos.<ref name="HUMANAE" /> A [[Calvinismo|igreja dos calvinistas]] foi doada à [[Companhia de Jesus]]<ref name="HUMANAE" /> e o [[Reduto da Boa Vista|Palácio da Boa Vista]] foi doado aos frades carmelitas, que ali edificaram seu convento, mantendo, em seu ângulo noroeste, o torreão central do palácio edificado por [[João Maurício de Nassau|Maurício de Nassau]] em 1643. O desenvolvimento urbano posterior do Povoado de Santo Antônio alterou a traça regular projetada pelos holandeses, progredindo de maneira mais espontânea e organizada ao redor das edificações religiosas. Um total de 14 edifícios religiosos foram levantados na Ilha entre a segunda metade do {{séc|XVII}} e o início do século seguinte, edifícios estes que ajudaram a organizar a malha urbana com seus [[adro]]s e pátios.<ref name="HUMANAE" />

{{referências}}


==Bibliografia==
==Bibliografia==

*Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. ''[http://www.esuda.com.br/revista/final/artigos/Lemoine_Mendonca-Junior.pdf Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800.]'' Humanae, v.1, n.1, p.&nbsp;1-13, Set 2007.
*Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. ''[http://www.esuda.com.br/revista/final/artigos/Lemoine_Mendonca-Junior.pdf Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800.]'' Humanae, v.1, n.1, p.&nbsp;1-13, Set 2007.
*José Luiz Mota Menezes. ''[http://revistas.ceurban.com/numero4/artigos/artigo_12.htm O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro]''. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.
*José Luiz Mota Menezes. ''[http://revistas.ceurban.com/numero4/artigos/artigo_12.htm O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro]''. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.
Linha 25: Linha 23:


== Ver também ==
== Ver também ==

* [[Boi voador]]
* [[Boi voador]]
* [[História do Recife]]
* [[Muralhas de Maurits Stadt]]
* [[Muralhas de Maurits Stadt]]
* [[Nova Holanda]]
* [[Nova Holanda]]
* [[Ilha de Antônio Vaz]]
* [[Ponte da Boa Vista]]
* [[Forte Frederick Hendrik (Frans Post)|Forte Frederik Hendrik]]
* [[Forte Ernesto]]
* [[Palácio de Friburgo]]
* [[Praça da República (Recife)|Praça da República]]
* [[Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo (Recife)|Convento de Nossa Senhora do Carmo]]
* [[Santo Antônio (Recife)|Bairro de Santo Antônio]]
* [[Centro Histórico do Recife]]
* [[Recife (bairro)|Recife Antigo]]
* [[Insurreição Pernambucana]]
* [[História de Pernambuco]]
* [[Lista de fortificações do Brasil#Pernambuco|Lista de fortificações em Pernambuco]]

{{referências}}


[[Categoria:Nova Holanda]]
[[Categoria:Nova Holanda]]
[[Categoria:História do Recife]]
[[Categoria:História do Recife]]
[[Categoria:História de Pernambuco]]
[[Categoria:Construções do Recife]]
[[Categoria:Patrimônio histórico de Pernambuco]]
[[Categoria:Patrimônio histórico de Pernambuco]]
[[Categoria:Fundações no Brasil do século XVII]]

Revisão das 11h57min de 7 de abril de 2019

Mapa holandês (1665) da Cidade Maurícia (de Stadt Mauritius) e do Istmo do Recife (Reciffo), conectados pela ponte construída por Maurício de Nassau.

Cidade Maurícia, também Mauriciópolis ou, em neerlandês, Mauritsstad, foi o nome de uma parte da cidade do Recife durante o período do Brasil holandês. Maurícia foi construída a partir de 1638 na Ilha de Antônio Vaz pelo conde João Maurício de Nassau-Siegen, à época governador colonial de Pernambuco. A designação "Cidade Maurícia" persistiu até 1654, ano da expulsão dos holandeses pelos luso-brasileiros.[1]

História

Após a conquista de Olinda (1630), os holandeses decidiram queimar a vila e instalar-se no istmo do Recife, que funcionava como porto de Olinda e tinha melhores condições para a defesa e comércio.[2] A administração da região ficou a cargo da Companhia das Índias Ocidentais, que passou a controlar o lucrativo comércio do açúcar produzido pelos engenhos de Pernambuco.

Planta parcial da Cidade Maurícia por Georg Marcgraf (1647).

Com o súbito aumento da população do Povo do Arrecife, como era chamado o povoado do istmo, os holandeses planejaram ocupar a Ilha de Antônio Vaz, localizada nas cercanias. À época da invasão, a Ilha de Antônio Vaz abrigava apenas o Convento de Santo Antônio e algumas poucas casas ao redor. Na década de 1630 os holandeses construíram duas fortalezas na ilha: o Forte Ernesto, levantado no lugar do antigo convento, e o Forte Frederico Henrique (Frederick Hendrick), ou Forte das Cinco Pontas, localizado mais ao sul. Ao lado do Forte Ernesto havia uma área fortificada referida como Grande alojamento (Groote kwartier), que mais tarde daria origem à atual Praça Independência.[1][2] As muralhas eram feitas de terra e madeira, com alguns trechos reforçados com pedras.[2]

Em 1637, chegou a Pernambuco João Maurício de Nassau, que tomou a decisão de urbanizar a área da Ilha de Antônio Vaz entre os dois fortes. Um mapa datado de 1639, do chamado Atlas Vingboons, mostra os planos para a nova Cidade Maurícia, projeto atribuído ao arquiteto Pieter Post. Maurícia teria um traçado regular e um sistema de canais, fossos, trincheiras e fortificações, incorporando conceitos modernos de urbanismo e defesa como os que haviam sido aplicados nas reformas urbanas de Amsterdã no início do século XVII.[2] "Nova Maurícia" era chamada essa área planejada, localizada hoje no bairro de São José, para diferenciá-la da "Velha Maurícia", que correspondia à zona do antigo convento, hoje bairro de Santo Antônio. Não se sabe com exatidão quanto da Nova Maurícia chegou a ser efetivamente construída.[1] Um inventário urbano de 1654 realizado pelos portugueses mostra que, naquele ano, a maioria das edificações da cidade localizava-se na Velha Maurícia.[1]

Vista do Palácio da Boa Vista e da ponte sobre o Capibaribe durante o período holandês. Gravura do século XVII.

Para conectar o istmo do Recife com a Ilha de Antônio Vaz à altura do Grande alojamento, foi construída uma ponte de madeira, inaugurada em 1643, antecessora da atual Ponte Maurício de Nassau e considerada a primeira ponte de grande porte construída em território brasileiro.[3][4]

Na parte norte da Ilha de Antônio Vaz, Maurício de Nassau mandou construir um palácio residencial, o Palácio de Friburgo (Vrijburg), com uma fachada flanqueada por duas altas torres.[5] O palácio era residência e despacho do conde, e as torres serviram de farol e até observatório astronômico. Na área ao redor do palácio foi plantado um jardim com árvores frutíferas e foi instalado um zoológico com animais nativos.[5] Já o outro palácio de Nassau, chamado Palácio da Boa Vista ou Reduto da Boa Vista (Schoonzit), localizava-se a leste da Ilha, às margens do rio Capibaribe, e era uma residência de descanso. Concluído em 1643, era um edifício de planta quadrada com quatro pequenas torres nos cantos e um alto torreão central com telhado a quatro águas.[6] Junto ao palácio foi construída outra ponte, antecessora da atual Ponte da Boa Vista, que ligava a Ilha de Antônio Vaz com o atual bairro da Boa Vista do Recife.[7]

Após a expulsão dos holandeses, em 1654, o nome de "Cidade Maurícia" foi abandonado e a Ilha passou a ser chamada "Povoado de Santo Antônio".[1] Muitas terras e bens foram restituídos aos antigos donos luso-brasileiros. O Convento de Santo Antônio, por exemplo, foi devolvido aos franciscanos e os baluartes do Forte Ernesto, que o cercavam, foram demolidos.[1] A igreja dos calvinistas foi doada à Companhia de Jesus[1] e o Palácio da Boa Vista foi doado aos frades carmelitas, que ali edificaram seu convento, mantendo, em seu ângulo noroeste, o torreão central do palácio edificado por Maurício de Nassau em 1643. O desenvolvimento urbano posterior do Povoado de Santo Antônio alterou a traça regular projetada pelos holandeses, progredindo de maneira mais espontânea e organizada ao redor das edificações religiosas. Um total de 14 edifícios religiosos foram levantados na Ilha entre a segunda metade do século XVII e o início do século seguinte, edifícios estes que ajudaram a organizar a malha urbana com seus adros e pátios.[1]

Bibliografia

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h Neves, A.L.; Mendonça Júnior, J.L. Os edifícios religiosos e a estrutura urbana dos bairros de Santo Antônio e São José – 1654-1800. Humanae, v.1, n.1, 2007.
  2. a b c d Mota Menezes, J.L. O Urbanismo Holandês no Recife - Permanências no Urbanismo Brasileiro. Urbanismo de origem portuguesa. n.4, 2000.
  3. Machado, Regina Coeli Vieira. Ponte Maurício de Nassau. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife
  4. Amorim, Luiz Manuel do; Loureiro, Claudia. O mascate, o bispo, o juiz e os outros: sobre a gênese morfológica do Recife in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2000, n.3.
  5. a b Gaspar, Lúcia. Palácio de Friburgo (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
  6. Gaspar, Lúcia. Palácio da Boa Vista (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
  7. Gaspar, Lúcia. Ponte da Boa Vista. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.