Krill: diferenças entre revisões

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== Taxonomia ==
== Taxonomia ==
A ordem ''Euphausiacea'' divide-se em duas famílias. A família [[Bentheuphausiidae]] inclui apenas o ''[[Bentheuphausia amblyops]]'', uma espécie de krill [[batipelágico]] que vive em águas abaixo dos 1 000 metros de profundidade, sendo considerada a mais primitiva das espécies de krill.<ref>Brinton, E.: ''The distribution of Pacific euphausiids.'', Bull. Scripps Inst. Oceanogr. '''8'''(2), pp. 51&nbsp;– 270; 1962.</ref> A outra família, [[Euphausiidae]], é a maior, contendo dez géneros diferentes, num total de 85 espécies. Destes, o género ''[[Euphausia]]'' é o maior, com 31 espécies.<ref>[http://www.itis.usda.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=95496 Taxonomy of ''Euphausiacea''] do [[ITIS]].</ref>
A ordem ''Euphausiacea'' divide-se em duas famílias. A família [[Bentheuphausiidae]] inclui apenas o ''[[Bentheuphausia amblyops]]'', uma espécie de krill [[batipelágico]] que vive em águas abaixo dos 1 000 metros de profundidade, sendo considerada a mais primitiva das espécies de krill.<ref>Brinton, E.: ''The distribution of Pacific euphausiids.'', Bull. Scripps Inst. Oceanogr. '''8'''(2), pp. 51&nbsp;– 270; 1962.</ref> A outra família, [[Euphausiidae]], é a maior, contendo dez géneros diferentes, num total de 85 espécies. Destes, o género ''[[Euphausia]]'' é o maior, com 31 espécies.<ref>[http://www.itis.usda.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=95496 Taxonomy of ''Euphausiacea''] {{Wayback|url=http://www.itis.usda.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=95496 |date=20041117210636 }} do [[ITIS]].</ref>


As espécies mais bem conhecidas - sobretudo porque são objecto de pesca comercial - incluem o [[krill antártico]] (''Euphausia superba''), [[krill do pacífico]] (''Euphausia pacifica'') e o [[krill do norte]] (''Meganyctiphanes norvegica'').<ref name="nicol">{{citar periódico|autor1 =S. Nicol |autor2 =Y. Endo |ano=1999 |título=Krill fisheries: Development, management and ecosystem implications |periódico=[[Aquatic Living Resources]] |volume=12 |número=2 |páginas=105–120 |doi=10.1016/S0990-7440(99)80020-5}}</ref>
As espécies mais bem conhecidas - sobretudo porque são objecto de pesca comercial - incluem o [[krill antártico]] (''Euphausia superba''), [[krill do pacífico]] (''Euphausia pacifica'') e o [[krill do norte]] (''Meganyctiphanes norvegica'').<ref name="nicol">{{citar periódico|autor1 =S. Nicol |autor2 =Y. Endo |ano=1999 |título=Krill fisheries: Development, management and ecosystem implications |periódico=[[Aquatic Living Resources]] |volume=12 |número=2 |páginas=105–120 |doi=10.1016/S0990-7440(99)80020-5}}</ref>
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O krill está presente em todos os oceanos; muitas espécies têm distribuição transoceânica e várias são [[endemia|endémicas]] ou com distribuição [[nerítica]] restrita. Espécies do género ''[[Thysanoessa]]'' ocorrem tanto no [[Oceano Atlântico]] como no [[Oceano Pacífico]], que alberga também ''[[Euphausia pacifica]]''. O [[krill do norte]] ocorre no Atlântico, desde o norte até ao [[Mar Mediterrâneo]]. As quatro espécies do género ''[[Nyctiphanes]]'' são muito abundantes nas zonas de [[afloramento (oceanografia)|afloramento]] das correntes da Califórnia, Humboldt, Benguela e Canárias.<ref>{{citar web|autor =Volker Siegel |ano=2011 |título=''Nyctiphanes'' Sars, 1883 |editor=V. Siegel |obra=World Euphausiacea database |publicado=[[World Register of Marine Species]] |url=http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=110677 |acessodata=18 de junho de 2011}}</ref><ref name="mauchline">{{citar livro|autor1 =J. Mauchline |autor2 =L. R. Fisher |ano=1969 |título=The Biology of Euphausiids |series=Advances in Marine Biology |volume=7 |publicado=[[Academic Press]] |isbn=978-7-7708-3615-2 }}</ref><ref name="gut2005">{{citar periódico|autor1 =Jaime Gómez-Gutiérrez |autor2 =Carlos J. Robinson |ano=2005 |título=Embryonic, early larval development time, hatching mechanism and interbrood period of the sac-spawning euphausiid ''Nyctiphanes simplex'' Hansen |periódico=[[Journal of Plankton Research]] |volume=27 |número=3 |páginas=279–295 |doi=10.1093/plankt/fbi003}}</ref>
O krill está presente em todos os oceanos; muitas espécies têm distribuição transoceânica e várias são [[endemia|endémicas]] ou com distribuição [[nerítica]] restrita. Espécies do género ''[[Thysanoessa]]'' ocorrem tanto no [[Oceano Atlântico]] como no [[Oceano Pacífico]], que alberga também ''[[Euphausia pacifica]]''. O [[krill do norte]] ocorre no Atlântico, desde o norte até ao [[Mar Mediterrâneo]]. As quatro espécies do género ''[[Nyctiphanes]]'' são muito abundantes nas zonas de [[afloramento (oceanografia)|afloramento]] das correntes da Califórnia, Humboldt, Benguela e Canárias.<ref>{{citar web|autor =Volker Siegel |ano=2011 |título=''Nyctiphanes'' Sars, 1883 |editor=V. Siegel |obra=World Euphausiacea database |publicado=[[World Register of Marine Species]] |url=http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=110677 |acessodata=18 de junho de 2011}}</ref><ref name="mauchline">{{citar livro|autor1 =J. Mauchline |autor2 =L. R. Fisher |ano=1969 |título=The Biology of Euphausiids |series=Advances in Marine Biology |volume=7 |publicado=[[Academic Press]] |isbn=978-7-7708-3615-2 }}</ref><ref name="gut2005">{{citar periódico|autor1 =Jaime Gómez-Gutiérrez |autor2 =Carlos J. Robinson |ano=2005 |título=Embryonic, early larval development time, hatching mechanism and interbrood period of the sac-spawning euphausiid ''Nyctiphanes simplex'' Hansen |periódico=[[Journal of Plankton Research]] |volume=27 |número=3 |páginas=279–295 |doi=10.1093/plankt/fbi003}}</ref>


Nas águas antárticas são conhecidas sete espécies:<ref>Brueggeman, P.: ''[http://scilib.ucsd.edu/sio/nsf/fguide/arthropoda10.html Euphausia crystallorophias]'', in [http://scilib.ucsd.edu/sio/nsf/fguide/ Underwater Field Guide to Ross Island & McMurdo Sound, Antarctica].</ref> uma do género ''Thysanoessa'' (''T. macrura'') e seis espécies do género ''Euphausia''. O [[krill antártico]] (''Euphausia superba'') vive, geralmente, em profundidades acima dos 100 metros,<ref>[http://marinebio.org/species.asp?id=518 Krill] no MarineBio.</ref> enquanto o [[krill do gelo]] (''Euphausia crystallorophias'') pode ser encontrado até à profundidade de 4 000 metros, vivendo geralmente a profundidades entre os 300 e os 600 metros.<ref>Kirkwood, J.A.: ''A Guide to the ''Euphausiacea'' of the Southern Ocean.'' Australian National Antarctic Research Expedition; Australia Dept of Science and Technology, Antarctic Division; 1984.</ref> Ambas as espécies são encontradas a [[latitude]]s mais altas que 55º S - com predominância de ''E. crystallorophias'' acima dos 74º S<ref>Sala, A.; Azzali, M.; Russo, A.: [http://www.icm.csic.es/scimar/662sal.html ''Krill of the Ross Sea: distribution, abundance and demography of ''Euphausia superba'' and ''Euphausia crystallorophias'' during the Italian Antarctic Expedition (January-February 2000)''], Scientia Marina '''66'''(2), pp. 123&nbsp;– 133. 2002.</ref> e em [[banco de gelo|bancos de gelo]]. Outras espécies conhecidas no [[Oceano Antártico]] são ''E. frigida'', ''E. longirostris'', ''E. triacantha'', e ''E. vallentini''.<ref>Hosie, G. W.; Fukuchi, M.; Kawaguchi, S.: ''[http://192.171.163.165/PDF_files/symposium%20manuscripts/PIO%2058%20Hosie%20263-283.pdf Development of the Southern Ocean Continuous Plankton Recorder survey]'', Progress in Oceanography 58, pp. 263&nbsp;– 283, 2003.</ref>
Nas águas antárticas são conhecidas sete espécies:<ref>Brueggeman, P.: ''[http://scilib.ucsd.edu/sio/nsf/fguide/arthropoda10.html Euphausia crystallorophias] {{Wayback|url=http://scilib.ucsd.edu/sio/nsf/fguide/arthropoda10.html |date=20070713170533 }}'', in [http://scilib.ucsd.edu/sio/nsf/fguide/ Underwater Field Guide to Ross Island & McMurdo Sound, Antarctica].</ref> uma do género ''Thysanoessa'' (''T. macrura'') e seis espécies do género ''Euphausia''. O [[krill antártico]] (''Euphausia superba'') vive, geralmente, em profundidades acima dos 100 metros,<ref>[http://marinebio.org/species.asp?id=518 Krill] no MarineBio.</ref> enquanto o [[krill do gelo]] (''Euphausia crystallorophias'') pode ser encontrado até à profundidade de 4 000 metros, vivendo geralmente a profundidades entre os 300 e os 600 metros.<ref>Kirkwood, J.A.: ''A Guide to the ''Euphausiacea'' of the Southern Ocean.'' Australian National Antarctic Research Expedition; Australia Dept of Science and Technology, Antarctic Division; 1984.</ref> Ambas as espécies são encontradas a [[latitude]]s mais altas que 55º S - com predominância de ''E. crystallorophias'' acima dos 74º S<ref>Sala, A.; Azzali, M.; Russo, A.: [http://www.icm.csic.es/scimar/662sal.html ''Krill of the Ross Sea: distribution, abundance and demography of ''Euphausia superba'' and ''Euphausia crystallorophias'' during the Italian Antarctic Expedition (January-February 2000)''] {{Wayback|url=http://www.icm.csic.es/scimar/662sal.html |date=20050216104714 }}, Scientia Marina '''66'''(2), pp. 123&nbsp;– 133. 2002.</ref> e em [[banco de gelo|bancos de gelo]]. Outras espécies conhecidas no [[Oceano Antártico]] são ''E. frigida'', ''E. longirostris'', ''E. triacantha'', e ''E. vallentini''.<ref>Hosie, G. W.; Fukuchi, M.; Kawaguchi, S.: ''[http://192.171.163.165/PDF_files/symposium%20manuscripts/PIO%2058%20Hosie%20263-283.pdf Development of the Southern Ocean Continuous Plankton Recorder survey] {{Wayback|url=http://192.171.163.165/PDF_files/symposium%20manuscripts/PIO%2058%20Hosie%20263-283.pdf |date=20070927161103 }}'', Progress in Oceanography 58, pp. 263&nbsp;– 283, 2003.</ref>


== Anatomia e morfologia ==
== Anatomia e morfologia ==
[[Ficheiro:Krillanatomykils.jpg|right|thumb|300px|Anatomia do krill, utilizando ''[[Euphausia superba]]'' como modelo]]
[[Ficheiro:Krillanatomykils.jpg|right|thumb|300px|Anatomia do krill, utilizando ''[[Euphausia superba]]'' como modelo]]
O krill é constituído por [[crustáceo]]s com [[exosqueleto]] [[quitina|quitinoso]] dividido em dois ou três ''[[tagma]]ta'': a cabeça, o tórax e o abdómen, aparecendo os dois primeiros fundidos num só, formando o [[cefalotórax]], como é típico dos crustáceos. O exosqueleto de muitas espécies de krill é transparente. Apresentam [[olho composto|olhos compostos]] e algumas espécies conseguem adaptar-se a várias condições de luminosidade utilizando [[pigmento]]s bloqueadores de luz.<ref>Gaten, E.: [http://www.le.ac.uk/biology/gat/krill.html ''Meganyctiphanes norvegica'']; acedido em [[15 de Junho]] [[2005]].</ref> Possuem duas [[antena (biologia)|antenas]] e vários pares de patas torácicas chamadas [[pereópode]]s (o seu número varia consoante os géneros e espécies). Estas patas incluem os membros que utilizam para se alimentarem e limparem. Adicionalmente, todas as espécies possuem patas-nadadoras designadas [[pleópode]]s. A maior parte do krill tem entre 1 a 2&nbsp;cm de comprimento quando adultos, atingindo algumas espécies tamanhos da ordem dos 6 a 15&nbsp;cm. A maior de entre as espécies de krill é a [[mesopelágica]] ''[[Thysanopoda spinicauda]]''.<ref>Brinton, E.: Thysanopoda spinicauda'', a new bathypelagic giant euphausiid crustacean, with comparative notes on'' T. cornuta ''and'' T. egregia. J. Wash. Acad. Sci. 43, pp. 408&nbsp;– 412; 1953.</ref> O krill pode ser facilmente distinguido de outros crustáceos como os [[camarão|camarões]] pelas suas [[guelra]]s visíveis externamente.<ref name="tafi2008">{{citar web|publicado=Tasmanian Aquaculture & Fisheries Institute |url=http://www.tafi.org.au/zooplankton/imagekey/malacostraca/euphausiacea/ |título=Euphausiacea |acessodata=6 de junho de 2010}}</ref>
O krill é constituído por [[crustáceo]]s com [[exosqueleto]] [[quitina|quitinoso]] dividido em dois ou três ''[[tagma]]ta'': a cabeça, o tórax e o abdómen, aparecendo os dois primeiros fundidos num só, formando o [[cefalotórax]], como é típico dos crustáceos. O exosqueleto de muitas espécies de krill é transparente. Apresentam [[olho composto|olhos compostos]] e algumas espécies conseguem adaptar-se a várias condições de luminosidade utilizando [[pigmento]]s bloqueadores de luz.<ref>Gaten, E.: [http://www.le.ac.uk/biology/gat/krill.html ''Meganyctiphanes norvegica''] {{Wayback|url=http://www.le.ac.uk/biology/gat/krill.html |date=20070903115251 }}; acedido em [[15 de Junho]] [[2005]].</ref> Possuem duas [[antena (biologia)|antenas]] e vários pares de patas torácicas chamadas [[pereópode]]s (o seu número varia consoante os géneros e espécies). Estas patas incluem os membros que utilizam para se alimentarem e limparem. Adicionalmente, todas as espécies possuem patas-nadadoras designadas [[pleópode]]s. A maior parte do krill tem entre 1 a 2&nbsp;cm de comprimento quando adultos, atingindo algumas espécies tamanhos da ordem dos 6 a 15&nbsp;cm. A maior de entre as espécies de krill é a [[mesopelágica]] ''[[Thysanopoda spinicauda]]''.<ref>Brinton, E.: Thysanopoda spinicauda'', a new bathypelagic giant euphausiid crustacean, with comparative notes on'' T. cornuta ''and'' T. egregia. J. Wash. Acad. Sci. 43, pp. 408&nbsp;– 412; 1953.</ref> O krill pode ser facilmente distinguido de outros crustáceos como os [[camarão|camarões]] pelas suas [[guelra]]s visíveis externamente.<ref name="tafi2008">{{citar web |publicado=Tasmanian Aquaculture & Fisheries Institute |url=http://www.tafi.org.au/zooplankton/imagekey/malacostraca/euphausiacea/ |título=Euphausiacea |acessodata=6 de junho de 2010 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090930075356/http://www.tafi.org.au/zooplankton/imagekey/malacostraca/euphausiacea/ |arquivodata=2009-09-30 |urlmorta=yes }}</ref>
[[Ficheiro:Euphausia gills.jpg|left|thumb|200px|As guelras do krill são visíveis externamente.]]
[[Ficheiro:Euphausia gills.jpg|left|thumb|200px|As guelras do krill são visíveis externamente.]]
Muito do krill alimenta-se [[animal filtrador|filtrando a água]]:<ref name="mauchline"/> as suas extremidades mais avançadas, os toracópodes, formam pentes muito finos com que filtram o alimento da água. Estes ''filtros'' podem ser realmente muito finos nas espécies que se alimentam de [[fitoplâncton]] (como os membros do género ''Euphausia''), em particular [[diatomácea]]s, que são pequenas [[alga]]s. Porém, crê-se que todas as espécies de krill são geralmente [[omnívora]]s,<ref name="cripps">{{citar periódico|autor1 =G. C. Cripps |autor2 =A. Atkinson |ano=2000 |título=Fatty acid composition as an indicator of carnivory in Antarctic krill, ''Euphausia superba'' |periódico=Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences |volume=57 |número=S3 |páginas=31–37 |doi=10.1139/f00-167}}</ref> existindo algumas carnívoras que caçam [[zooplâncton]] e larvas de peixes.<ref name="saether">{{citar periódico|autor1 =Olav Saether |autor2 =Trond Erling Ellingsen |autor3 =Viggo Mohr |ano=1986 |título=Lipids of North Atlantic krill |periódico=[[Journal of Lipid Research]] |volume=27 |páginas=274–285 |pmid=3734626 |url=http://www.jlr.org/content/27/3/274.full.pdf |formato=[[Portable Document Format|PDF]] |número=3}}</ref>
Muito do krill alimenta-se [[animal filtrador|filtrando a água]]:<ref name="mauchline"/> as suas extremidades mais avançadas, os toracópodes, formam pentes muito finos com que filtram o alimento da água. Estes ''filtros'' podem ser realmente muito finos nas espécies que se alimentam de [[fitoplâncton]] (como os membros do género ''Euphausia''), em particular [[diatomácea]]s, que são pequenas [[alga]]s. Porém, crê-se que todas as espécies de krill são geralmente [[omnívora]]s,<ref name="cripps">{{citar periódico|autor1 =G. C. Cripps |autor2 =A. Atkinson |ano=2000 |título=Fatty acid composition as an indicator of carnivory in Antarctic krill, ''Euphausia superba'' |periódico=Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences |volume=57 |número=S3 |páginas=31–37 |doi=10.1139/f00-167}}</ref> existindo algumas carnívoras que caçam [[zooplâncton]] e larvas de peixes.<ref name="saether">{{citar periódico|autor1 =Olav Saether |autor2 =Trond Erling Ellingsen |autor3 =Viggo Mohr |ano=1986 |título=Lipids of North Atlantic krill |periódico=[[Journal of Lipid Research]] |volume=27 |páginas=274–285 |pmid=3734626 |url=http://www.jlr.org/content/27/3/274.full.pdf |formato=[[Portable Document Format|PDF]] |número=3}}</ref>
Exceptuando a espécie ''Bentheuphausia amblyops'', o krill é composto por espécies [[bioluminescência|bioluminescentes]], possuindo órgãos chamados [[fotóforo]]s que são capazes de emitir luz. A luz é produzida por uma reacção de [[quimioluminescência]] catalisada por uma [[enzima]], em que uma [[luciferina]] (um [[pigmento]]) é activado pela enzima [[luciferase]]. Os estudos indicam que a luciferina de muitas espécies de krill é um [[polipirrol|tetrapirrol]] [[fluorescência|fluorescente]] similar mas não igual à luciferina dos [[dinoflagelado]]s.<ref>Shimomura, O.: ''[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=7676855&dopt=Abstract The roles of the two highly unstable components F and P involved in the bioluminescence of euphausiid shrimps]'', Jour. Biolumin. Chemilumin. '''10'''(2), pp. 91&nbsp;– 101, 1995.</ref> Além disto, não é provável que o krill produza a luciferina, antes obtendo-a da sua dieta que contém dinoflagelados.<ref>Dunlap J. C.; Hastings, J. W.; Shimomura, O.: ''[http://www.pnas.org/cgi/reprint/77/3/1394 Crossreactivity between the Light-Emitting Systems of Distantly Related Organisms: Novel Type of Light-Emitting Compound]'', Proc. Natl. Acad. Sci. USA, '''77'''(3), pp. 1394&nbasp;– 1397, March 1980.</ref> Os fotóforos do krill são órgãos complexos com capacidades de ampliação e focagem, como se fossem [[lente]]s, podendo rodar por meio de músculos.<ref>Herring, P. J.; Widder, E. A.: ''[http://www.isbc.unibo.it/Files/BC_PlanktonNekton.htm Bioluminescence in Plankton and Nekton]''; in Steele, J. H., Thorpe, S. A.; Turekian, K. K. (eds.): ''Encyclopedia of Ocean Science'', Vol. 1, pp. 308&nbsp;– 317. Academic Press, San Diego, 2001.</ref> A função exacta destes órgãos é ainda desconhecida; podem desempenhar um papel no acasalamento, interacção social ou na orientação. Alguns investigadores propõem que o krill utiliza a luz como uma forma de [[camuflagem]] por contra-iluminação para compensar a sua sombra contra o fundo de luz ambiente vinda de cima, diminuindo a probabilidade de serem vistos pelos predadores mais abaixo.<ref>Lindsay, S. M.; Latz, M. I.: ''[http://aslo.org/meetings/santafe99/abstracts/SS16TH1326S.html Experimental Evidence for Luminescent Countershading by some Euphausiid Crustaceans]'', Apresentação na reunião de ciências aquáticas da American Society of Limnology and Oceanography (ASLO), Santa Fe, 1999.</ref><ref>Johnsen, S.: ''[http://www.biology.duke.edu/johnsenlab/pdfs/pubs/blcolor.pdf The Red and the Black: Bioluminescence and the Color of Animals in the Deep Sea]'', Integr. Comp. Biol. 45, pp. 234&nbsp;– 246, 2005.</ref>
Exceptuando a espécie ''Bentheuphausia amblyops'', o krill é composto por espécies [[bioluminescência|bioluminescentes]], possuindo órgãos chamados [[fotóforo]]s que são capazes de emitir luz. A luz é produzida por uma reacção de [[quimioluminescência]] catalisada por uma [[enzima]], em que uma [[luciferina]] (um [[pigmento]]) é activado pela enzima [[luciferase]]. Os estudos indicam que a luciferina de muitas espécies de krill é um [[polipirrol|tetrapirrol]] [[fluorescência|fluorescente]] similar mas não igual à luciferina dos [[dinoflagelado]]s.<ref>Shimomura, O.: ''[http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=7676855&dopt=Abstract The roles of the two highly unstable components F and P involved in the bioluminescence of euphausiid shrimps]'', Jour. Biolumin. Chemilumin. '''10'''(2), pp. 91&nbsp;– 101, 1995.</ref> Além disto, não é provável que o krill produza a luciferina, antes obtendo-a da sua dieta que contém dinoflagelados.<ref>Dunlap J. C.; Hastings, J. W.; Shimomura, O.: ''[http://www.pnas.org/cgi/reprint/77/3/1394 Crossreactivity between the Light-Emitting Systems of Distantly Related Organisms: Novel Type of Light-Emitting Compound]'', Proc. Natl. Acad. Sci. USA, '''77'''(3), pp. 1394&nbasp;– 1397, March 1980.</ref> Os fotóforos do krill são órgãos complexos com capacidades de ampliação e focagem, como se fossem [[lente]]s, podendo rodar por meio de músculos.<ref>Herring, P. J.; Widder, E. A.: ''[http://www.isbc.unibo.it/Files/BC_PlanktonNekton.htm Bioluminescence in Plankton and Nekton] {{Webarchive|url=https://archive.is/20120802080246/http://www.isbc.unibo.it/Files/BC_PlanktonNekton.htm |date=2012-08-02 }}''; in Steele, J. H., Thorpe, S. A.; Turekian, K. K. (eds.): ''Encyclopedia of Ocean Science'', Vol. 1, pp. 308&nbsp;– 317. Academic Press, San Diego, 2001.</ref> A função exacta destes órgãos é ainda desconhecida; podem desempenhar um papel no acasalamento, interacção social ou na orientação. Alguns investigadores propõem que o krill utiliza a luz como uma forma de [[camuflagem]] por contra-iluminação para compensar a sua sombra contra o fundo de luz ambiente vinda de cima, diminuindo a probabilidade de serem vistos pelos predadores mais abaixo.<ref>Lindsay, S. M.; Latz, M. I.: ''[http://aslo.org/meetings/santafe99/abstracts/SS16TH1326S.html Experimental Evidence for Luminescent Countershading by some Euphausiid Crustaceans] {{Wayback|url=http://aslo.org/meetings/santafe99/abstracts/SS16TH1326S.html |date=20051023070651 }}'', Apresentação na reunião de ciências aquáticas da American Society of Limnology and Oceanography (ASLO), Santa Fe, 1999.</ref><ref>Johnsen, S.: ''[http://www.biology.duke.edu/johnsenlab/pdfs/pubs/blcolor.pdf The Red and the Black: Bioluminescence and the Color of Animals in the Deep Sea]'', Integr. Comp. Biol. 45, pp. 234&nbsp;– 246, 2005.</ref>


== Comportamento ==
== Comportamento ==
A maioria das espécies de krill vive em grupos, com densidades e tamanhos bastante variáveis, dependendo da espécie e da região. No caso de ''Euphausia superba'', existem registos de aglomerados com 10 000 a 30 000 indivíduos por metro cúbico.<ref>Kils, U.; Marshall, P.: ''[http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/hempel/part1 Der Krill, wie er schwimmt und frisst - neue Einsichten mit neuen Methoden]''. In Hempel, I.; Hempel, G.: ''Biologie der Polarmeere - Erlebnisse und Ergebnisse'' Fischer 1995; pp. 201–210. ISBN 3-334-60950-2.</ref> A formação destes grandes aglomerados funciona como um mecanismo de defesa colectiva, confundindo os predadores menores que prefeririam seleccionar as presas individualmente.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}
A maioria das espécies de krill vive em grupos, com densidades e tamanhos bastante variáveis, dependendo da espécie e da região. No caso de ''Euphausia superba'', existem registos de aglomerados com 10 000 a 30 000 indivíduos por metro cúbico.<ref>Kils, U.; Marshall, P.: ''[http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/hempel/part1 Der Krill, wie er schwimmt und frisst - neue Einsichten mit neuen Methoden] {{Wayback|url=http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/hempel/part1 |date=20081211193626 }}''. In Hempel, I.; Hempel, G.: ''Biologie der Polarmeere - Erlebnisse und Ergebnisse'' Fischer 1995; pp. 201–210. ISBN 3-334-60950-2.</ref> A formação destes grandes aglomerados funciona como um mecanismo de defesa colectiva, confundindo os predadores menores que prefeririam seleccionar as presas individualmente.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}


O krill segue, de um modo geral, uma migração vertical diurna. Passa o dia a profundidades maiores e ascende em direcção à superfície durante a noite. Quanto maior for a profundidade em que se encontre, menor é a sua actividade,<ref>Jaffe, J.S.; Ohmann, M. D.; De Robertis, A.: [http://jaffeweb.ucsd.edu/pubs/Sonar%20estimates%20of%20daytime%20activity%20levels%20of%20Euphausia%20pacifica%20in%20Saanich%20Inlet.pdf ''Sonar estimates of daytime activity levels of ''Euphausia pacifica'' in Saanich Inlet''], Can. J. Fish. Aquat. Sci. '''56''', pp. 2000&nbsp;– 2010; 1999.</ref> aparentemente como forma de reduzir a possibilidade de encontros com predadores e de poupar energia. Algumas espécies (por exemplo, ''Euphausia superba'', ''E. pacifica'', ''E. hanseni'', ''Pseudeuphausia latifrons'', ou ''[[Thysanoessa spinifera]]'') também formam aglomerados à superfície durante o dia para se alimentar e reproduzir, apesar de tal comportamento ser perigoso pois torna o krill muito vulnerável aos predadores.
O krill segue, de um modo geral, uma migração vertical diurna. Passa o dia a profundidades maiores e ascende em direcção à superfície durante a noite. Quanto maior for a profundidade em que se encontre, menor é a sua actividade,<ref>Jaffe, J.S.; Ohmann, M. D.; De Robertis, A.: [http://jaffeweb.ucsd.edu/pubs/Sonar%20estimates%20of%20daytime%20activity%20levels%20of%20Euphausia%20pacifica%20in%20Saanich%20Inlet.pdf ''Sonar estimates of daytime activity levels of ''Euphausia pacifica'' in Saanich Inlet''] {{Wayback|url=http://jaffeweb.ucsd.edu/pubs/Sonar%20estimates%20of%20daytime%20activity%20levels%20of%20Euphausia%20pacifica%20in%20Saanich%20Inlet.pdf |date=20070927161103 }}, Can. J. Fish. Aquat. Sci. '''56''', pp. 2000&nbsp;– 2010; 1999.</ref> aparentemente como forma de reduzir a possibilidade de encontros com predadores e de poupar energia. Algumas espécies (por exemplo, ''Euphausia superba'', ''E. pacifica'', ''E. hanseni'', ''Pseudeuphausia latifrons'', ou ''[[Thysanoessa spinifera]]'') também formam aglomerados à superfície durante o dia para se alimentar e reproduzir, apesar de tal comportamento ser perigoso pois torna o krill muito vulnerável aos predadores.
[[Ficheiro:Pleopods euphausia superba.jpg|right|thumb|250px|[[Pleópode]]s de [[krill antártico]] em movimento durante deslocação.]]
[[Ficheiro:Pleopods euphausia superba.jpg|right|thumb|250px|[[Pleópode]]s de [[krill antártico]] em movimento durante deslocação.]]
Os aglomerados densos podem provocar um [[frenesim alimentar]] entre os predadores como peixes e pássaros, sobretudo perto da superfície onde as possibilidades de fuga do krill são limitadas. Quando perturbado, um aglomerado de krill dispersa, e já foram observados alguns indivíduos [[ecdise|desfazendo-se do exosqueleto]] instantaneamente, deixando a [[exúvia]] para trás como engodo.<ref>Howard, D.: ''[http://oceanexplorer.noaa.gov/explorations/02quest/background/krill/krill.html Krill in Cordell Bank National Marine Sanctuary]'', [[NOAA]]. Acedido em [[15 de Junho]] [[2005]].</ref>
Os aglomerados densos podem provocar um [[frenesim alimentar]] entre os predadores como peixes e pássaros, sobretudo perto da superfície onde as possibilidades de fuga do krill são limitadas. Quando perturbado, um aglomerado de krill dispersa, e já foram observados alguns indivíduos [[ecdise|desfazendo-se do exosqueleto]] instantaneamente, deixando a [[exúvia]] para trás como engodo.<ref>Howard, D.: ''[http://oceanexplorer.noaa.gov/explorations/02quest/background/krill/krill.html Krill in Cordell Bank National Marine Sanctuary]'', [[NOAA]]. Acedido em [[15 de Junho]] [[2005]].</ref>


O krill nada normalmente a uma velocidade de alguns centímetros por segundo (0,2 a 10 comprimentos corporais por segundo)<ref name="ignatyev">Ignatyev, S. M.: ''[http://www.ibss.iuf.net/people/ignat/ikrill99.html Functional-Morphological Adaptations of the Krill to Active Swimming]'', Poster on the 2<sup>nd</sup> International Symposium on Krill, [[Santa Cruz (Califórnia)|Santa Cruz]], [[Califórnia]], EUA; [[23 de Agosto]]–[[27 de Agosto]] de [[1999]].</ref>, usando os [[pleópode]]s como meio de propulsão. As suas migrações maiores estão sujeitas às correntes oceânicas. Quando em perigo, exibem um [[comportamento de fuga]] típico de alguns crustáceos: batendo os apêndices caudais ([[telson]] e [[urópode]]s), deslocam-se para trás através da água de modo relativamente rápido, atingindo velocidades no intervalo de 10 a 27 comprimentos corporais por segundo<ref name="ignatyev"/> o que para um tipo de krill de grandes dimensões como ''E. superba'', significa cerca de 0,8&nbsp;m/s.<ref>Kils, U.: [http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/biomass3/part1 ''Swimming behavior, Swimming Performance and Energy Balance of Antarctic Krill ''Euphausia superba''.''] BIOMASS Scientific Series 3, BIOMASS Research Series, 1–122; 1982.</ref> A sua capacidade natatória levou muitos investigadores a classificar o krill adulto como forma de vida [[nécton|micro-nectónica]], ou seja, pequenos animais capazes de se moverem individualmente contra correntes (fracas). As formas [[larva]]res do krill são geralmente consideradas [[zooplâncton]].<ref name="Krill Fisheries of the World">Nicol, S.; Endo, Y.: ''[http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=//DOCREP/003/W5911E/w5911e00.htm Krill Fisheries of the World]'', [[FAO]] Fisheries Technical Paper 367; 1997.</ref>
O krill nada normalmente a uma velocidade de alguns centímetros por segundo (0,2 a 10 comprimentos corporais por segundo)<ref name="ignatyev">Ignatyev, S. M.: ''[http://www.ibss.iuf.net/people/ignat/ikrill99.html Functional-Morphological Adaptations of the Krill to Active Swimming] {{Wayback|url=http://www.ibss.iuf.net/people/ignat/ikrill99.html |date=20071007121310 }}'', Poster on the 2<sup>nd</sup> International Symposium on Krill, [[Santa Cruz (Califórnia)|Santa Cruz]], [[Califórnia]], EUA; [[23 de Agosto]]–[[27 de Agosto]] de [[1999]].</ref>, usando os [[pleópode]]s como meio de propulsão. As suas migrações maiores estão sujeitas às correntes oceânicas. Quando em perigo, exibem um [[comportamento de fuga]] típico de alguns crustáceos: batendo os apêndices caudais ([[telson]] e [[urópode]]s), deslocam-se para trás através da água de modo relativamente rápido, atingindo velocidades no intervalo de 10 a 27 comprimentos corporais por segundo<ref name="ignatyev"/> o que para um tipo de krill de grandes dimensões como ''E. superba'', significa cerca de 0,8&nbsp;m/s.<ref>Kils, U.: [http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/biomass3/part1 ''Swimming behavior, Swimming Performance and Energy Balance of Antarctic Krill ''Euphausia superba''.''] {{Wayback|url=http://wikisource.org/wiki/Author:Uwe_Kils/biomass3/part1 |date=20081211202107 }} BIOMASS Scientific Series 3, BIOMASS Research Series, 1–122; 1982.</ref> A sua capacidade natatória levou muitos investigadores a classificar o krill adulto como forma de vida [[nécton|micro-nectónica]], ou seja, pequenos animais capazes de se moverem individualmente contra correntes (fracas). As formas [[larva]]res do krill são geralmente consideradas [[zooplâncton]].<ref name="Krill Fisheries of the World">Nicol, S.; Endo, Y.: ''[http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=//DOCREP/003/W5911E/w5911e00.htm Krill Fisheries of the World]'', [[FAO]] Fisheries Technical Paper 367; 1997.</ref>


== Ecologia e ciclo de vida ==
== Ecologia e ciclo de vida ==
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[[Ficheiro:Nauplius Hatching.jpg|right|thumb|200px|Eclosão de um [[náuplio (larva)|náuplio]] de ''[[Euphausia pacifica]]''.]]
[[Ficheiro:Nauplius Hatching.jpg|right|thumb|200px|Eclosão de um [[náuplio (larva)|náuplio]] de ''[[Euphausia pacifica]]''.]]
O ciclo de vida geral do krill tem sido objecto de vários estudos, efectuados com várias espécies e é por essa razão relativamente bem compreendido, apesar de existirem pequenas variações de pormenor de espécie para espécie.<ref>Gurney, R.: ''Larvae of decapod crustacea.'' Royal Society Publ. 129; London 1942.</ref><ref>Mauchline, J.; Fisher, L.R.: ''The biology of euphausiids.'' Adv. Mar. Biol. 7; 1969.</ref>
O ciclo de vida geral do krill tem sido objecto de vários estudos, efectuados com várias espécies e é por essa razão relativamente bem compreendido, apesar de existirem pequenas variações de pormenor de espécie para espécie.<ref>Gurney, R.: ''Larvae of decapod crustacea.'' Royal Society Publ. 129; London 1942.</ref><ref>Mauchline, J.; Fisher, L.R.: ''The biology of euphausiids.'' Adv. Mar. Biol. 7; 1969.</ref>
Quando o krill eclode dos ovos, passa por vários estágios larvares sucessivos: ''[[náuplio (larva)|náuplio]]'', ''[[pseudometanáuplio]]'', ''[[metanáuplio]]'', ''[[caliptopsis]]'' e ''[[furcilia]]''. Cada um destes estágios larvares subdivide-se em vários sub-estágios. O estágio pseudometanáuplio é exclusivo das espécies que depositam os ovos em [[bolsa ovígera|bolsas ovígeras]]. As larvas crescem e fazem várias [[ecdise|mudas]] durante este processo, substituindo o exosqueleto rígido sempre que este se torna demasiado pequeno. Até ao estágio de metanáuplio, inclusive, as larvas alimentam-se das reservas do [[vitelo]]. É apenas nos estágios de caliptopsis, que se formam a boca e o tracto digestivo, começando então a alimentar-se de [[fitoplâncton]], o que implica que por esta altura as larvas já tenham atingido a [[zona fótica]], constituída pelas camadas superiores do oceano em que vivem as algas. Durante os estágios de furcilia, são adicionados segmentos com pares de pleópodes, começando pelos segmentos mais frontais. Cada par torna-se funcional na muda seguinte. O número de segmentos adicionados durante qualquer um dos estágios de furcilia pode variar numa mesma espécie, dependendo das condições ambientais.<ref>Knight, M. D.: [http://www.calcofi.org/newhome/publications/CalCOFI_Reports/v25/pdfs/Vol_25_Knight.pdf ''Variation in Larval Morphogenesis within the Southern California Bight Population of ''Euphausia pacifica'' from Winter through Summer, 1977–1978''], CalCOFI Report Vol. XXV, 1984.</ref>
Quando o krill eclode dos ovos, passa por vários estágios larvares sucessivos: ''[[náuplio (larva)|náuplio]]'', ''[[pseudometanáuplio]]'', ''[[metanáuplio]]'', ''[[caliptopsis]]'' e ''[[furcilia]]''. Cada um destes estágios larvares subdivide-se em vários sub-estágios. O estágio pseudometanáuplio é exclusivo das espécies que depositam os ovos em [[bolsa ovígera|bolsas ovígeras]]. As larvas crescem e fazem várias [[ecdise|mudas]] durante este processo, substituindo o exosqueleto rígido sempre que este se torna demasiado pequeno. Até ao estágio de metanáuplio, inclusive, as larvas alimentam-se das reservas do [[vitelo]]. É apenas nos estágios de caliptopsis, que se formam a boca e o tracto digestivo, começando então a alimentar-se de [[fitoplâncton]], o que implica que por esta altura as larvas já tenham atingido a [[zona fótica]], constituída pelas camadas superiores do oceano em que vivem as algas. Durante os estágios de furcilia, são adicionados segmentos com pares de pleópodes, começando pelos segmentos mais frontais. Cada par torna-se funcional na muda seguinte. O número de segmentos adicionados durante qualquer um dos estágios de furcilia pode variar numa mesma espécie, dependendo das condições ambientais.<ref>Knight, M. D.: [http://www.calcofi.org/newhome/publications/CalCOFI_Reports/v25/pdfs/Vol_25_Knight.pdf ''Variation in Larval Morphogenesis within the Southern California Bight Population of ''Euphausia pacifica'' from Winter through Summer, 1977–1978''] {{Wayback|url=http://www.calcofi.org/newhome/publications/CalCOFI_Reports/v25/pdfs/Vol_25_Knight.pdf |date=20051002164110 }}, CalCOFI Report Vol. XXV, 1984.</ref>


Após o último dos estágios de furcilia, o krill apresenta-se já com uma forma similar à de um adulto, mas é ainda imaturo. Durante a época de acasalamento, que varia com a espécie e com o clima, o macho deposita um [[espermatóforo]] na abertura genital ([[télico]]) da fêmea. As fêmeas podem carregar vários milhares de ovos no [[ovário]], podendo constituir um terço da massa corporal do animal.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: [http://www.rain.org/pipermail/sanctuary-naturalist-corps/2002-August/000839.html ''Personal communication'']; 2002.</ref> O krill pode produzir múltiplas ninhadas numa só estação, com períodos entre cada uma da ordem de dias.<ref>{{citar periódico |primeiro=Jaime |último=Gómez-Gutiérrez |primeiro2=Carlos J. |último2=Robinson |data=2005 |titulo=Embryonic, early larval development time, hatching mechanism and interbrood period of the sac-spawning euphausiid ''Nyctiphanes simplex'' Hansen |periódico=Journal of Plankton Research |volumen=27 |número=3 |páginas=279-295 |doi=10.1093/plankt/fbi003 |url=https://academic.oup.com/plankt/article-pdf/27/3/279/4319592/fbi003.pdf}}</ref><ref>{{citar periódico |ultimo=Cuzin-Roudy |primeiro=Janine |data=2000 |titulo=Seasonal reproduction, multiple spawning, and fecundity in northern krill, ''Meganyctiphanes norvegica'', and Antarctic krill, ''Euphausia superba'' |periódico=Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences |volume=57 |número=S3 |páginas=6-15 |doi=10.1139/f00-165}}</ref>
Após o último dos estágios de furcilia, o krill apresenta-se já com uma forma similar à de um adulto, mas é ainda imaturo. Durante a época de acasalamento, que varia com a espécie e com o clima, o macho deposita um [[espermatóforo]] na abertura genital ([[télico]]) da fêmea. As fêmeas podem carregar vários milhares de ovos no [[ovário]], podendo constituir um terço da massa corporal do animal.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: [http://www.rain.org/pipermail/sanctuary-naturalist-corps/2002-August/000839.html ''Personal communication''] {{Wayback|url=http://www.rain.org/pipermail/sanctuary-naturalist-corps/2002-August/000839.html |date=20070909061457 }}; 2002.</ref> O krill pode produzir múltiplas ninhadas numa só estação, com períodos entre cada uma da ordem de dias.<ref>{{citar periódico |primeiro=Jaime |último=Gómez-Gutiérrez |primeiro2=Carlos J. |último2=Robinson |data=2005 |titulo=Embryonic, early larval development time, hatching mechanism and interbrood period of the sac-spawning euphausiid ''Nyctiphanes simplex'' Hansen |periódico=Journal of Plankton Research |volumen=27 |número=3 |páginas=279-295 |doi=10.1093/plankt/fbi003 |url=https://academic.oup.com/plankt/article-pdf/27/3/279/4319592/fbi003.pdf}}</ref><ref>{{citar periódico |ultimo=Cuzin-Roudy |primeiro=Janine |data=2000 |titulo=Seasonal reproduction, multiple spawning, and fecundity in northern krill, ''Meganyctiphanes norvegica'', and Antarctic krill, ''Euphausia superba'' |periódico=Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences |volume=57 |número=S3 |páginas=6-15 |doi=10.1139/f00-165}}</ref>


[[Ficheiro:Nematoscelis difficilis female.jpg|right|thumb|200px|Cabeça de um krill fêmea da espécie ''[[Nematoscelis difficilis]]'' com a bolsa ovígera. Os ovos têm 0.3 - 0.4 mm de diâmetro]]
[[Ficheiro:Nematoscelis difficilis female.jpg|right|thumb|200px|Cabeça de um krill fêmea da espécie ''[[Nematoscelis difficilis]]'' com a bolsa ovígera. Os ovos têm 0.3 - 0.4 mm de diâmetro]]
Há duas formas de produção das ninhadas entre as espécies de krill. As 57 espécies dos géneros ''Bentheuphausia'', ''Euphausia'', ''Meganyctiphanes'', ''Thysanoessa'' e ''Thysanopoda'' fazem-no dispersando os ovos. A fêmea liberta os ovos na água, onde geralmente se afundam e dispersam, ficando totalmente desacompanhados. Estas espécies geralmente eclodem no estágio 1 de náuplio, mas descobriu-se recentemente que por vezes o fazem como metanáuplios ou até como caliptopsis.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: ''[http://reo.nii.ac.jp/journal/HtmlIndicate/Contents/SUP0000003000/JOU0003000131/ISS0000015774/ART0000182425/ART0000182425.pdf Hatching mechanism and delayed hatching of the eggs of three broadcast spawning euphausiid species under laboratory conditions]'', J. of Plankton Research '''24'''(12), pp. 1265&nbsp;– 1276, 2002. Has many images of the earliest development stages of krill.</ref> As restantes 29 espécies dos restantes géneros criam as ninhadas numa bolsa que a fêmea carrega consigo agarrada aos pares mais posteriores de toracópodes até à sua eclosão no estágio de metanáuplio, apesar de algumas espécies como ''Nematoscelis difficilis'', poderem eclodir como náuplios ou pseudometanáuplios.<ref>Brinton, E.; Ohman, M. D.; Townsend, A. W.; Knight, M. D.; Bridgeman, A. L.: ''[http://www.springeronline.com/sgw/cda/frontpage/0,10735,1-10038-22-1578932-0,00.html Euphausiids of the World Ocean]'', World Biodiversity Database CD-ROM Series; Springer Verlag, 2000. ISBN 3-540-14673-3.</ref>
Há duas formas de produção das ninhadas entre as espécies de krill. As 57 espécies dos géneros ''Bentheuphausia'', ''Euphausia'', ''Meganyctiphanes'', ''Thysanoessa'' e ''Thysanopoda'' fazem-no dispersando os ovos. A fêmea liberta os ovos na água, onde geralmente se afundam e dispersam, ficando totalmente desacompanhados. Estas espécies geralmente eclodem no estágio 1 de náuplio, mas descobriu-se recentemente que por vezes o fazem como metanáuplios ou até como caliptopsis.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: ''[http://reo.nii.ac.jp/journal/HtmlIndicate/Contents/SUP0000003000/JOU0003000131/ISS0000015774/ART0000182425/ART0000182425.pdf Hatching mechanism and delayed hatching of the eggs of three broadcast spawning euphausiid species under laboratory conditions]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}'', J. of Plankton Research '''24'''(12), pp. 1265&nbsp;– 1276, 2002. Has many images of the earliest development stages of krill.</ref> As restantes 29 espécies dos restantes géneros criam as ninhadas numa bolsa que a fêmea carrega consigo agarrada aos pares mais posteriores de toracópodes até à sua eclosão no estágio de metanáuplio, apesar de algumas espécies como ''Nematoscelis difficilis'', poderem eclodir como náuplios ou pseudometanáuplios.<ref>Brinton, E.; Ohman, M. D.; Townsend, A. W.; Knight, M. D.; Bridgeman, A. L.: ''[http://www.springeronline.com/sgw/cda/frontpage/0,10735,1-10038-22-1578932-0,00.html Euphausiids of the World Ocean]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}'', World Biodiversity Database CD-ROM Series; Springer Verlag, 2000. ISBN 3-540-14673-3.</ref>


Algumas espécies de krill das latitudes elevadas, podem viver até mais de seis anos (por exemplo, ''Euphausia superba''); outras, como a espécie de latitudes médias ''Euphausia pacifica'', vivem apenas dois anos.<ref name="Krill Fisheries of the World"/> A longevidade das espécies [[tropical|tropicais]] e subtropicais é ainda menor, por exemplo, ''Nyctiphanes simplex'', vive apenas seis a oito meses.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: [http://www.geocities.com/jgomez64/euphausiids.html Euphausiids]; acedido em [[16 de Junho]] [[2005]].</ref>
Algumas espécies de krill das latitudes elevadas, podem viver até mais de seis anos (por exemplo, ''Euphausia superba''); outras, como a espécie de latitudes médias ''Euphausia pacifica'', vivem apenas dois anos.<ref name="Krill Fisheries of the World"/> A longevidade das espécies [[tropical|tropicais]] e subtropicais é ainda menor, por exemplo, ''Nyctiphanes simplex'', vive apenas seis a oito meses.<ref>Gómez-Gutiérrez, J.: [http://www.geocities.com/jgomez64/euphausiids.html Euphausiids]; acedido em [[16 de Junho]] [[2005]].</ref>
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== O krill como recurso económico ==
== O krill como recurso económico ==
[[Ficheiro:Krillmeatkils.jpg|right|thumb|200px|Placas de krill antártico ultracongelado para uso alimentar (humano ou animal).]]
[[Ficheiro:Krillmeatkils.jpg|right|thumb|200px|Placas de krill antártico ultracongelado para uso alimentar (humano ou animal).]]
O krill tem sido capturado para a alimentação humana (''okiami'') e animal desde o [[século XIX]], ou mesmo mais cedo no [[Japão]]. A [[pesca]] em grande escala desenvolveu-se apenas no final da década de 1960 e início da de 1970, e actualmente é uma actividade desenvolvida apenas em águas antárticas e nos mares em redor do Japão. Historicamente, os países com maiores capturas de krill foram o Japão e a [[União Soviética]] e, após a dissolução desta, a [[Ucrânia]] e a [[Rússia]]. O pico das capturas de krill ocorreu em 1983 com mais de 528 000 toneladas apenas no [[Oceano Antártico]] (93% das quais pertenceram à União Soviética). Em 1993 ocorreram dois acontecimentos que conduziram à redução drástica da pesca do krill: a Rússia abandonou as suas operações e a Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos do Antártico (CCRMVA) definiu quotas máximas de captura para uma exploração [[Sobrepesca|sustentável]] do krill antártico. Actualmente, os maiores pescadores de krill do antártico são o Japão, seguido pela [[Coreia do Sul]], Ucrânia e [[Polónia]].<ref name="Krill Fisheries of the World"/> A captura anual de krill nas águas antárticas parece ter estabilizado em redor das 100 000 toneladas, o que representa cerca de um quinto da quota estabelecida pela CCRMVA.<ref>[http://www.ccamlr.org/pu/E/sc/fish-monit/hs-krill.htm ''Harvested species: Krill (''Eupausia superba'')'']. Acedido [[20 de Junho]] [[2005]].</ref> O principal factor limitante é, provavelmente, o elevado custo das operações nos mares antárticos. As capturas efectuadas próximo do Japão parecem estar estacionárias, com cerca de 70 000 toneladas.<ref name="nicol2">{{citar periódico|autor1 =S. Nicol |autor2 =J. Foster |título=Recent trends in the fishery for Antarctic krill |periódico=Aquatic Living Resources |volume=16 |páginas=42–45 |ano=2003 |doi=10.1016/S0990-7440(03)00004-4}}</ref>
O krill tem sido capturado para a alimentação humana (''okiami'') e animal desde o [[século XIX]], ou mesmo mais cedo no [[Japão]]. A [[pesca]] em grande escala desenvolveu-se apenas no final da década de 1960 e início da de 1970, e actualmente é uma actividade desenvolvida apenas em águas antárticas e nos mares em redor do Japão. Historicamente, os países com maiores capturas de krill foram o Japão e a [[União Soviética]] e, após a dissolução desta, a [[Ucrânia]] e a [[Rússia]]. O pico das capturas de krill ocorreu em 1983 com mais de 528 000 toneladas apenas no [[Oceano Antártico]] (93% das quais pertenceram à União Soviética). Em 1993 ocorreram dois acontecimentos que conduziram à redução drástica da pesca do krill: a Rússia abandonou as suas operações e a Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos do Antártico (CCRMVA) definiu quotas máximas de captura para uma exploração [[Sobrepesca|sustentável]] do krill antártico. Actualmente, os maiores pescadores de krill do antártico são o Japão, seguido pela [[Coreia do Sul]], Ucrânia e [[Polónia]].<ref name="Krill Fisheries of the World"/> A captura anual de krill nas águas antárticas parece ter estabilizado em redor das 100 000 toneladas, o que representa cerca de um quinto da quota estabelecida pela CCRMVA.<ref>[http://www.ccamlr.org/pu/E/sc/fish-monit/hs-krill.htm ''Harvested species: Krill (''Eupausia superba'')''] {{Wayback|url=http://www.ccamlr.org/pu/E/sc/fish-monit/hs-krill.htm |date=20050717032950 }}. Acedido [[20 de Junho]] [[2005]].</ref> O principal factor limitante é, provavelmente, o elevado custo das operações nos mares antárticos. As capturas efectuadas próximo do Japão parecem estar estacionárias, com cerca de 70 000 toneladas.<ref name="nicol2">{{citar periódico|autor1 =S. Nicol |autor2 =J. Foster |título=Recent trends in the fishery for Antarctic krill |periódico=Aquatic Living Resources |volume=16 |páginas=42–45 |ano=2003 |doi=10.1016/S0990-7440(03)00004-4}}</ref>


O krill apresenta um sabor mais forte que o do [[camarão]]. As barras de krill foram comercializadas no [[Chile]] com razoável sucesso. No entanto, o krill picado não foi bem aceite na Rússia, Polónia e África do Sul.<ref name="faber"/> Para o consumo em massa e para elaboração de produtos preparados industrialmente, o krill tem que ser descascado, pois, os [[exosqueleto]]s contêm [[fluoreto]]s, que são tóxicos em concentrações elevadas.<ref>Haberman, K: ''[http://quest.arc.nasa.gov/antarctica2/ask/new/Miscellaneous_questions_about_krill.txt Answers to miscellaneous questions about krill]'', [[26 de Fevereiro]] de [[1997]]. Acedido em [[17 de Junho]] [[2005]].</ref>
O krill apresenta um sabor mais forte que o do [[camarão]]. As barras de krill foram comercializadas no [[Chile]] com razoável sucesso. No entanto, o krill picado não foi bem aceite na Rússia, Polónia e África do Sul.<ref name="faber"/> Para o consumo em massa e para elaboração de produtos preparados industrialmente, o krill tem que ser descascado, pois, os [[exosqueleto]]s contêm [[fluoreto]]s, que são tóxicos em concentrações elevadas.<ref>Haberman, K: ''[http://quest.arc.nasa.gov/antarctica2/ask/new/Miscellaneous_questions_about_krill.txt Answers to miscellaneous questions about krill]'', [[26 de Fevereiro]] de [[1997]]. Acedido em [[17 de Junho]] [[2005]].</ref>
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* Brinton, Edward: [http://repositories.cdlib.org/sio/bulletin/8no2/ The distribution of Pacific euphausiids]. Bulletin of the Scripps Institution of Oceanography, Volume 8, no. 2, pages 51–269. 1962.
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Revisão das 23h25min de 27 de abril de 2019

Como ler uma infocaixa de taxonomiaKrill
Krill do norte (Meganyctiphanes norvegica)
Krill do norte (Meganyctiphanes norvegica)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Classe: Malacostraca
Superordem: Eucarida
Ordem: Euphausiacea
Dana, 1852
Famílias

Krill é o nome colectivo dado a um conjunto de espécies de animais invertebrados semelhantes ao camarão. Estes pequenos crustáceos são importantes organismos do zooplâncton, especialmente porque servem de alimento a baleias, jamantas, tubarões-baleia, entre outros. Estes animais são ainda designados como eufausídeos, palavra derivada da ordem taxonómica a que pertencem, Euphausiacea. O termo krill é de origem norueguesa, sendo derivado do neerlandês kriel,[1] que designa peixes acabados de nascer ou em fase juvenil.

Os eufausídeos estão presentes em todos os oceanos do planeta. São considerados espécies-chave próximas da base da cadeia alimentar já que se alimentam de fitoplâncton e de algum zooplâncton, convertendo esta fonte de alimento numa forma que pode ser consumida por muitos animais de maiores dimensões, constituindo a maior parte da dieta destes. No Oceano Antártico, uma espécie, o krill antártico (Euphausia superba), perfaz uma biomassa superior a 500 milhões de toneladas,[2] aproximadamente o dobro da biomassa constituída pela totalidade dos seres humanos. Desta biomassa, mais de metade é consumida todos os anos por baleias, focas, pinguins, lulas e peixes, sendo substituída graças ao seu crescimento e reprodução. A maioria das espécies de krill efectuam grandes migrações verticais diárias, alimentando os predadores à superfície, durante a noite, e em águas mais profundas durante o dia.

A pesca comercial de krill é feita no Oceano Antártico e nas águas em redor do Japão. A produção global anual está estimada em 150 000 a 200 000 toneladas, na sua maioria pescadas no Mar de Scotia. Muito do krill pescado é utilizado na aquicultura e como alimento para peixes de aquários, como isco na pesca desportiva ou, ainda, na indústria farmacêutica. No Japão e na Rússia, o krill é também usado para o consumo humano, sendo conhecido no Japão como okiami (オキアミ?).

Taxonomia

A ordem Euphausiacea divide-se em duas famílias. A família Bentheuphausiidae inclui apenas o Bentheuphausia amblyops, uma espécie de krill batipelágico que vive em águas abaixo dos 1 000 metros de profundidade, sendo considerada a mais primitiva das espécies de krill.[3] A outra família, Euphausiidae, é a maior, contendo dez géneros diferentes, num total de 85 espécies. Destes, o género Euphausia é o maior, com 31 espécies.[4]

As espécies mais bem conhecidas - sobretudo porque são objecto de pesca comercial - incluem o krill antártico (Euphausia superba), krill do pacífico (Euphausia pacifica) e o krill do norte (Meganyctiphanes norvegica).[5]

Distribuição

Um aglomerado de krill

O krill está presente em todos os oceanos; muitas espécies têm distribuição transoceânica e várias são endémicas ou com distribuição nerítica restrita. Espécies do género Thysanoessa ocorrem tanto no Oceano Atlântico como no Oceano Pacífico, que alberga também Euphausia pacifica. O krill do norte ocorre no Atlântico, desde o norte até ao Mar Mediterrâneo. As quatro espécies do género Nyctiphanes são muito abundantes nas zonas de afloramento das correntes da Califórnia, Humboldt, Benguela e Canárias.[6][7][8]

Nas águas antárticas são conhecidas sete espécies:[9] uma do género Thysanoessa (T. macrura) e seis espécies do género Euphausia. O krill antártico (Euphausia superba) vive, geralmente, em profundidades acima dos 100 metros,[10] enquanto o krill do gelo (Euphausia crystallorophias) pode ser encontrado até à profundidade de 4 000 metros, vivendo geralmente a profundidades entre os 300 e os 600 metros.[11] Ambas as espécies são encontradas a latitudes mais altas que 55º S - com predominância de E. crystallorophias acima dos 74º S[12] e em bancos de gelo. Outras espécies conhecidas no Oceano Antártico são E. frigida, E. longirostris, E. triacantha, e E. vallentini.[13]

Anatomia e morfologia

Anatomia do krill, utilizando Euphausia superba como modelo

O krill é constituído por crustáceos com exosqueleto quitinoso dividido em dois ou três tagmata: a cabeça, o tórax e o abdómen, aparecendo os dois primeiros fundidos num só, formando o cefalotórax, como é típico dos crustáceos. O exosqueleto de muitas espécies de krill é transparente. Apresentam olhos compostos e algumas espécies conseguem adaptar-se a várias condições de luminosidade utilizando pigmentos bloqueadores de luz.[14] Possuem duas antenas e vários pares de patas torácicas chamadas pereópodes (o seu número varia consoante os géneros e espécies). Estas patas incluem os membros que utilizam para se alimentarem e limparem. Adicionalmente, todas as espécies possuem patas-nadadoras designadas pleópodes. A maior parte do krill tem entre 1 a 2 cm de comprimento quando adultos, atingindo algumas espécies tamanhos da ordem dos 6 a 15 cm. A maior de entre as espécies de krill é a mesopelágica Thysanopoda spinicauda.[15] O krill pode ser facilmente distinguido de outros crustáceos como os camarões pelas suas guelras visíveis externamente.[16]

As guelras do krill são visíveis externamente.

Muito do krill alimenta-se filtrando a água:[7] as suas extremidades mais avançadas, os toracópodes, formam pentes muito finos com que filtram o alimento da água. Estes filtros podem ser realmente muito finos nas espécies que se alimentam de fitoplâncton (como os membros do género Euphausia), em particular diatomáceas, que são pequenas algas. Porém, crê-se que todas as espécies de krill são geralmente omnívoras,[17] existindo algumas carnívoras que caçam zooplâncton e larvas de peixes.[18] Exceptuando a espécie Bentheuphausia amblyops, o krill é composto por espécies bioluminescentes, possuindo órgãos chamados fotóforos que são capazes de emitir luz. A luz é produzida por uma reacção de quimioluminescência catalisada por uma enzima, em que uma luciferina (um pigmento) é activado pela enzima luciferase. Os estudos indicam que a luciferina de muitas espécies de krill é um tetrapirrol fluorescente similar mas não igual à luciferina dos dinoflagelados.[19] Além disto, não é provável que o krill produza a luciferina, antes obtendo-a da sua dieta que contém dinoflagelados.[20] Os fotóforos do krill são órgãos complexos com capacidades de ampliação e focagem, como se fossem lentes, podendo rodar por meio de músculos.[21] A função exacta destes órgãos é ainda desconhecida; podem desempenhar um papel no acasalamento, interacção social ou na orientação. Alguns investigadores propõem que o krill utiliza a luz como uma forma de camuflagem por contra-iluminação para compensar a sua sombra contra o fundo de luz ambiente vinda de cima, diminuindo a probabilidade de serem vistos pelos predadores mais abaixo.[22][23]

Comportamento

A maioria das espécies de krill vive em grupos, com densidades e tamanhos bastante variáveis, dependendo da espécie e da região. No caso de Euphausia superba, existem registos de aglomerados com 10 000 a 30 000 indivíduos por metro cúbico.[24] A formação destes grandes aglomerados funciona como um mecanismo de defesa colectiva, confundindo os predadores menores que prefeririam seleccionar as presas individualmente.[carece de fontes?]

O krill segue, de um modo geral, uma migração vertical diurna. Passa o dia a profundidades maiores e ascende em direcção à superfície durante a noite. Quanto maior for a profundidade em que se encontre, menor é a sua actividade,[25] aparentemente como forma de reduzir a possibilidade de encontros com predadores e de poupar energia. Algumas espécies (por exemplo, Euphausia superba, E. pacifica, E. hanseni, Pseudeuphausia latifrons, ou Thysanoessa spinifera) também formam aglomerados à superfície durante o dia para se alimentar e reproduzir, apesar de tal comportamento ser perigoso pois torna o krill muito vulnerável aos predadores.

Pleópodes de krill antártico em movimento durante deslocação.

Os aglomerados densos podem provocar um frenesim alimentar entre os predadores como peixes e pássaros, sobretudo perto da superfície onde as possibilidades de fuga do krill são limitadas. Quando perturbado, um aglomerado de krill dispersa, e já foram observados alguns indivíduos desfazendo-se do exosqueleto instantaneamente, deixando a exúvia para trás como engodo.[26]

O krill nada normalmente a uma velocidade de alguns centímetros por segundo (0,2 a 10 comprimentos corporais por segundo)[27], usando os pleópodes como meio de propulsão. As suas migrações maiores estão sujeitas às correntes oceânicas. Quando em perigo, exibem um comportamento de fuga típico de alguns crustáceos: batendo os apêndices caudais (telson e urópodes), deslocam-se para trás através da água de modo relativamente rápido, atingindo velocidades no intervalo de 10 a 27 comprimentos corporais por segundo[27] o que para um tipo de krill de grandes dimensões como E. superba, significa cerca de 0,8 m/s.[28] A sua capacidade natatória levou muitos investigadores a classificar o krill adulto como forma de vida micro-nectónica, ou seja, pequenos animais capazes de se moverem individualmente contra correntes (fracas). As formas larvares do krill são geralmente consideradas zooplâncton.[29]

Ecologia e ciclo de vida

O krill constitui um importante elemento da cadeia alimentar. O krill antártico alimenta-se directamente do fitoplâncton, convertendo energia de produção primária numa forma mais apropriada ao consumo por animais maiores que não podem alimentar-se directamente das minúsculas algas, mas que são capazes de alimentar-se de krill. Algumas espécies como o krill do norte têm menos fitoplâncton à sua disposição e caçam copépodes e zooplâncton de maiores dimensões. São muitos os animais que se alimentam de krill, desde pequenos peixes ou pinguins até focas e mesmo baleias.[30]

As perturbações dos ecossistemas que resultam na diminuição de uma população de krill podem ter efeitos de grande alcance. Durante uma explosão de cocolitóforos no Mar de Bering em 1988,[31] por exemplo, a concentração de diatomáceas diminuiu na área afectada. Porém, o krill não pode alimentar-se dos cocolitóforos (mais pequenos) e, consequentemente, a população de krill (sobretudo de E. pacifica) diminuiu drasticamente naquela região. Esta diminuição, por seu lado, afectou outras espécies: as populações de cagarras e pardelas decresceram, pensando-se até que esta terá sido uma das razões que terá levado o salmão a não regressar aos rios do Alasca ocidental nessa temporada.[32]

Existem outros factores além dos predadores e da disponibilidade de alimento que também podem influenciar a taxa de mortalidade nas populações de krill. Existem vários endoparasitóides ciliados unicelulares do género Collinia que podem infectar diferentes espécies de krill, causando mortalidade maciça nas populações afectadas. Tais doenças têm sido relatadas para Thysanoessa inermis no Mar de Bering, mas também para E. pacifica, Thysanoessa spinifera, e T. gregaria ao largo da costa pacífica da América do Norte.[33] Existem também alguns ectoparasitas da família Dajidae (isópodes epicarídeos) que afectam o krill (bem como camarões e misidáceos); um destes parasitas é o Oculophryxus bicaulis encontrado no krill das espécies Stylocheiron affine e Stylocheiron longicorne. Agarra-se ao pedúnculo ocular do animal sugando-lhe o sangue da cabeça; crê-se que iniba a reprodução do hospedeiro, pois apenas se encontrou este parasita em animais imaturos.[34]

Ciclo de vida

Eclosão de um náuplio de Euphausia pacifica.

O ciclo de vida geral do krill tem sido objecto de vários estudos, efectuados com várias espécies e é por essa razão relativamente bem compreendido, apesar de existirem pequenas variações de pormenor de espécie para espécie.[35][36] Quando o krill eclode dos ovos, passa por vários estágios larvares sucessivos: náuplio, pseudometanáuplio, metanáuplio, caliptopsis e furcilia. Cada um destes estágios larvares subdivide-se em vários sub-estágios. O estágio pseudometanáuplio é exclusivo das espécies que depositam os ovos em bolsas ovígeras. As larvas crescem e fazem várias mudas durante este processo, substituindo o exosqueleto rígido sempre que este se torna demasiado pequeno. Até ao estágio de metanáuplio, inclusive, as larvas alimentam-se das reservas do vitelo. É apenas nos estágios de caliptopsis, que se formam a boca e o tracto digestivo, começando então a alimentar-se de fitoplâncton, o que implica que por esta altura as larvas já tenham atingido a zona fótica, constituída pelas camadas superiores do oceano em que vivem as algas. Durante os estágios de furcilia, são adicionados segmentos com pares de pleópodes, começando pelos segmentos mais frontais. Cada par torna-se funcional na muda seguinte. O número de segmentos adicionados durante qualquer um dos estágios de furcilia pode variar numa mesma espécie, dependendo das condições ambientais.[37]

Após o último dos estágios de furcilia, o krill apresenta-se já com uma forma similar à de um adulto, mas é ainda imaturo. Durante a época de acasalamento, que varia com a espécie e com o clima, o macho deposita um espermatóforo na abertura genital (télico) da fêmea. As fêmeas podem carregar vários milhares de ovos no ovário, podendo constituir um terço da massa corporal do animal.[38] O krill pode produzir múltiplas ninhadas numa só estação, com períodos entre cada uma da ordem de dias.[39][40]

Cabeça de um krill fêmea da espécie Nematoscelis difficilis com a bolsa ovígera. Os ovos têm 0.3 - 0.4 mm de diâmetro

Há duas formas de produção das ninhadas entre as espécies de krill. As 57 espécies dos géneros Bentheuphausia, Euphausia, Meganyctiphanes, Thysanoessa e Thysanopoda fazem-no dispersando os ovos. A fêmea liberta os ovos na água, onde geralmente se afundam e dispersam, ficando totalmente desacompanhados. Estas espécies geralmente eclodem no estágio 1 de náuplio, mas descobriu-se recentemente que por vezes o fazem como metanáuplios ou até como caliptopsis.[41] As restantes 29 espécies dos restantes géneros criam as ninhadas numa bolsa que a fêmea carrega consigo agarrada aos pares mais posteriores de toracópodes até à sua eclosão no estágio de metanáuplio, apesar de algumas espécies como Nematoscelis difficilis, poderem eclodir como náuplios ou pseudometanáuplios.[42]

Algumas espécies de krill das latitudes elevadas, podem viver até mais de seis anos (por exemplo, Euphausia superba); outras, como a espécie de latitudes médias Euphausia pacifica, vivem apenas dois anos.[29] A longevidade das espécies tropicais e subtropicais é ainda menor, por exemplo, Nyctiphanes simplex, vive apenas seis a oito meses.[43]

Mudas

As mudas ocorrem sempre que os animais atingem um tamanho maior que o do seu exosqueleto. Os animais mais jovens, em crescimento mais rápido, procedem mais frequentemente a mudas que os animais maiores e mais velhos. A frequência das mudas varia muito de espécie para espécie e é, mesmo dentro de uma mesma espécie, sujeita a vários factores externos como a latitude, temperatura da água ou a disponibilidade de alimento. A espécie subtropical Nyctiphanes simplex, por exemplo, tem um período entre mudas que varia dos dois aos sete dias; as larvas mudam em média a cada três dias enquanto que os juvenis e os adultos o fazem, em média, a cada cinco dias. Para E. superba nos mares antárticos, os períodos entre mudas variam dos 9 aos 28 dias, dependendo da temperatura (-1 °C a 4 °C). No caso de Meganyctiphanes norvegica do Mar do Norte, o período entre mudas varia também entre os 9 e os 28 dias mas a temperaturas entre os 2,5 °C e os 15 °C.[44] Sabe-se ainda que E. superba é capaz de reduzir o seu tamanho corporal quando o alimento escasseia, fazendo mudas sempre que o exosqueleto se torna demasiado grande.[45] Este comportamento também foi observado com E. pacifica como adaptação a temperaturas da água anormalmente altas e é postulado que ocorra com outras espécies de krill de zonas temperadas.[46]

O krill como recurso económico

Placas de krill antártico ultracongelado para uso alimentar (humano ou animal).

O krill tem sido capturado para a alimentação humana (okiami) e animal desde o século XIX, ou mesmo mais cedo no Japão. A pesca em grande escala desenvolveu-se apenas no final da década de 1960 e início da de 1970, e actualmente é uma actividade desenvolvida apenas em águas antárticas e nos mares em redor do Japão. Historicamente, os países com maiores capturas de krill foram o Japão e a União Soviética e, após a dissolução desta, a Ucrânia e a Rússia. O pico das capturas de krill ocorreu em 1983 com mais de 528 000 toneladas apenas no Oceano Antártico (93% das quais pertenceram à União Soviética). Em 1993 ocorreram dois acontecimentos que conduziram à redução drástica da pesca do krill: a Rússia abandonou as suas operações e a Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos do Antártico (CCRMVA) definiu quotas máximas de captura para uma exploração sustentável do krill antártico. Actualmente, os maiores pescadores de krill do antártico são o Japão, seguido pela Coreia do Sul, Ucrânia e Polónia.[29] A captura anual de krill nas águas antárticas parece ter estabilizado em redor das 100 000 toneladas, o que representa cerca de um quinto da quota estabelecida pela CCRMVA.[47] O principal factor limitante é, provavelmente, o elevado custo das operações nos mares antárticos. As capturas efectuadas próximo do Japão parecem estar estacionárias, com cerca de 70 000 toneladas.[48]

O krill apresenta um sabor mais forte que o do camarão. As barras de krill foram comercializadas no Chile com razoável sucesso. No entanto, o krill picado não foi bem aceite na Rússia, Polónia e África do Sul.[1] Para o consumo em massa e para elaboração de produtos preparados industrialmente, o krill tem que ser descascado, pois, os exosqueletos contêm fluoretos, que são tóxicos em concentrações elevadas.[49]

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