Pontes do Reno de Júlio César

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Pontes do Reno de Júlio César
Guerras Gálicas


Um dos possíveis modelos das pontes de Júlio César
Data 55 a.C.53 a.C.
Local Entre Andernach e Neuwied, a jusante de Koblenz
Coordenadas 50° 24' 48" N 7° 28' 24" E
Desfecho Vitória romana
Beligerantes
República Romana República Romana   Suevos
  Sugambros
Comandantes
República Romana Júlio César  
Forças
Dez legiões Desconhecido
Pontes está localizado em: Alemanha
Pontes
Localização aproximada das pontes no que é hoje a Alemanha

As pontes de Júlio César sobre o Reno foram as duas primeiras pontes construídas no rio Reno das quais se tem notícia. Elas foram construídas pelo general Júlio César e suas legiões durante a Guerra Gálica entre 55 e 53 a.C.. Estrategicamente importantes, elas foram consideradas obras-primas da engenharia militar romana.[1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Durante a conquista romana da Gália, tornou-se necessário assegurar a fronteira oriental das novas províncias contra as rebeldes tribos germânicas. Elas se sentiam seguras na margem oriental do Reno, pois acreditavam que o rio era uma fronteira natural intransponível para grandes exércitos e por isso realizavam frequentes raides em território romano. César decidiu enfrentá-las e usou como pretexto o apoio aos ubianos, uma tribo aliada que vivia além do Reno. Apesar da possibilidade de atravessar o rio utilizando barcos oferecidos pelos ubianos, César decidiu construir uma ponte, o que serviria também para demonstrar o poderio romano e sua capacidade de levar a guerra até as tribos germânicas sempre que fosse necessários; ele próprio comentou em "Comentários sobre a Guerra Gálica" que esta abordagem estava mais em acordo com seu estilo e seu status.

Construção[editar | editar código-fonte]

Primeira ponte[editar | editar código-fonte]

A primeira ponte foi provavelmente construída entre Andernach e Neuwied, a jusante de Koblenz[a]. No livro quatro de seus "Comentários", César fornece os detalhes desta ponte em viga de madeira. Pilares duplos de madeira foram nas margens do rio içando uma grande rocha e depois soltando-a, o que os fez penetrar até o leito. Os pilares mais a montante e mais a jusante foram inclinados e firmados com uma viga; múltiplos segmentos destes foram então ligados para formar a base da ponte. Modelos conflitantes já foram apresentados com base nesta descrição[1][2]. Pilares separados a montante foram construídos para servir como barreiras protetoras contra destroços flutuantes e possíveis ataques; nas entradas da ponte, foram construídas torres de guarda. O comprimento da ponte tem sido estimado entre 140 e 400 metros, com uma largura de 7 a 9 metros. A profundidade do rio era de aproximadamente 9,1 metros no local.

A construção desta ponte demonstrou que Júlio César — e Roma — poderia ir aonde quisesse, mesmo que apenas por uns poucos dias. Como ele tinha 40 000 soldados à disposição, a obra toda foi realizada em meros 10 dias utilizando madeira cortada no local. Ele atravessou com suas tropas para a margem oriental, queimou algumas vilas, mas descobriu que as tribos dos sugambros e suevos haviam se mudado para o leste. Elas se juntaram e estavam preparadas para enfrentar os romanos, mas César soube do plano e rapidamente deixou a região, derrubando a ponte depois de passar por elas. A campanha toda durou apenas dezoito dias e não teve nenhuma batalha significativa.

Segunda ponte[editar | editar código-fonte]

Dois anos depois, perto do local da primeira ponte, possivelmente onde hoje está Urmitz (perto de Neuwied), César construiu uma segunda ponte "em poucos dias", segundo ele próprio descreve no livro 6 dos "Comentários". Suas forças atacaram toda a região vizinha, mas não encontraram oposição, pois, mais uma vez, os suevos recuaram. Ao retornar para a Gália, esta segunda ponte também foi destruída.

Resultados[editar | editar código-fonte]

A estratégia de César foi efetiva, pois ele conseguiu assegurar a fronteira leste da Gália. Ele demonstrou que o poderio romano poderia cruzar e certamente cruzaria o Reno e, a partir de então, incursões romanas importantes através do Reno foram contidas. Além disto, seu feito ajudou a consolidar sua fama em Roma.

Com a colonização romana do vale do Reno, pontes permanentes foram construídas mais tarde em Castra Vetera (Xanten), Colônia Cláudia Ara Agripinense (Colônia), Confluentes (Coblença) e Mogoncíaco (Mainz).

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Especulações sobre a localização das pontes derivam principalmente da natureza temporária da construção e da falta de uma localização precisa no relato de César. Porém, escavações na região de Andernach-Neuwied encontraram resíduos de pilares, atribuídos às pontes de César. Alternativamente, um local ao sul de Bonn também foi proposto.[1]

Referências

  1. a b c B.Nebel. «Julius Cäsars Brücke über den Rhein» (em alemão). Consultado em 13 de setembro de 2006 
  2. A.Voggenreiter. «Historischer Rückblick» (em alemão). Consultado em 13 de setembro de 2006. Cópia arquivada em 16 de outubro de 2006 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]