Marcel Fortuna Biato

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Marcel Biato
Marcel Fortuna Biato
Marcel Biato durante sabatina no Senado Federal em 2016 para assumir o cargo na AIEA.
Embaixador do Brasil no
Cazaquistão
Período 19 de janeiro de 2024
até a atualidade
Antecessor(a) Rubem Antonio Correa Barbosa
Embaixador do Brasil na
 Irlanda
Período 2020 a 2024
Antecessor(a) Eliana Zugaib
Sucessor(a) vago
Representante Permanente do Brasil junto à AIEA
Período 10 de outubro 2016 a 2020
Ministro José Serra
Marcos Abbott Galvão
Aloysio Nunes
Ernesto Araújo
Antecessor(a) Laércio Antonio Vinhas
Sucessor(a) Carlos Sérgio Sobral Duarte
Embaixador do Brasil na
 Bolívia
Período 2010 a 2013
Dados pessoais
Nascimento 17 de novembro de 1958 (65 anos)
Buenos Aires, Argentina
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Néa Fortuna Biato
Pai: Oswaldo Biato
Alma mater Instituto Rio Branco
London School of Economics
Ocupação Diplomata

Marcel Fortuna Biato ou simplesmente Marcel Biato ORBOMAOMFA (Buenos Aires, 17 de novembro de 1958) é um diplomata brasileiro nascido na (Argentina).[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido na capital argentina, Marcel é pertencente a uma família de ascendência luso-europeia com vários integrantes que já pertenceram à diplomacia, a exemplo de seu pai Oswaldo Biato[1] e de seu irmão, Oswaldo Biato Junior, que desde 2020 é embaixador do Brasil na Geórgia[3].

Ele iniciou seus estudos universitários no final da década de 1970, iniciando uma graduação em economia pela Universidade de Camberra que teve de ser interrompida com o retorno de sua família ao Brasil, quando então reiniciou seus estudos universitários em ciências econômicas, desta vez, pela Universidade de Brasília,[4] vindo a interrompê-lo em 1979 após a sua aprovação e ingresso no Curso de Preparação à Carreira de Diplomata realizado pelo Instituto Rio Branco, o qual conclui em 1980, tornando-se membro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores.[1]

Depois de seu ingresso no Itamaraty, ele desempenhou diversas funções em Brasília até concluir em 1990 um mestrado em Sociologia Política na London School of Economics, enquanto serviu em Londres[4]. Na década seguinte, Marcel Biato serviu em Berlim, onde foi promovido ao cargo diplomático de primeiro secretário em 1991. Após ser promovido na carreira ao cargo de conselheiro em 1997, foi servir em Nova Iorque na missão diplomática brasileira junto à ONU e em uma missão temporária em Havana até que em 2007, com sua promoção na carreira diplomática a ministro de primeira classe, assumiu a Chefia da Assessoria Especial da Presidência da República entre 2007 a 2010.[1][2][5]

Em 2001, conclui o Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, defendendo o trabalho acadêmico "As negociações de Paz Equador-Peru: 1995-1998"[1][6]. Este trabalho, junto com outros artigos publicados em jornais e periódicos da área de relações internacionais, veio a torná-lo um dos especialistas brasileiros na área de solução de controvérsias internacionais e em política latino-americana[4].

Em 2010, ele foi designado presidente da Delegação brasileira à Conferência de Revisão do Estatuto de Roma/Tribunal Penal Internacional, em Campala (Uganda). E, na qualidade de embaixador, chefiou as missões diplomáticas brasileiras em La Paz (2010-2013)[7], junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) (2016-2020), quando foi substituído por Carlos Sérgio Sobral Duarte[8], Dublin (2020-2024) e, desde janeiro de 2024, chefia a missão brasileira em Astana, substituindo o embaixador Rubem Antonio Correa Barbosa que ocupava esse cargo até então[9].[1][2][5]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Fuga para o Brasil de senador boliviano asilado em embaixada brasileira[editar | editar código-fonte]

Durante a época em que Marcel Biato foi embaixador do Brasil em La Paz[7], o senador boliviano Roger Pinto Molina, que era acusado de crimes de corrupção, desmatamento e lavagem de dinheiro, e havia sido condenado por danos econômicos ao Estado boliviano, pediu asilo na embaixada brasileira alegando sofrer perseguição política pelo então presidente Evo Morales, tendo o referido diplomata abrigado o político boliviano por mais de um ano.[10]

Em agosto de 2013, um dos funcionários que fazia parte do corpo diplomático da Embaixada de La Paz, o encarregado de negócios Eduardo Saboia, organizou uma operação que trouxe Roger Molina para o Brasil dentro de um carro oficial diplomático. De acordo com reportagens do período, esta operação havia sido executada à revelia de Dilma Rousseff, então Chefe de Estado brasileiro, e também em desacordo com pareceres do Itamaraty, da Advocacia Geral da União (AGU) e da Procuradoria Geral da República (PGR).[10]

Este evento de fuga de um político boliviano condenado pela justiça local causou um escândalo na época que resultou na demissão do próprio ministro das relações exteriores do Brasil na época, o embaixador Antonio Patriota, além de impedir a promoção de Marcel Biato para o posto de chefe da Embaixada do Brasil em Estocolmo[11], e provocar sua remoção para Brasília naquele mesmo ano[10][12][13][14], quando ficou lotado em funções administrativas internas por três anos. Esta situação somente mudou após Michel Temer se tornar presidente depois do impeachment de Dilma Rousseff, quando Marcel foi nomeado para a representação permanente da missão brasileira na AIEA em Viena[15], substituindo Laércio Antonio Vinhas que exercia até então o referido posto diplomático[16].

Conflitos com famílias brasileiras atendidas pelos serviços consulares em Dublin[editar | editar código-fonte]

O embaixador Marcel Biato e o diplomata Leonardo Gorgulho recebendo em 2023 uma comitiva de parlamentares irlandeses, chefiada pela senadora Mary Seery Kearney, em visita à sede da embaixada brasileira em Dublin.

Enquanto esteve na chefia da Embaixada do Brasil em Dublin, reportagem do jornal "Extra" vinculado ao Grupo Globo datada de fevereiro de 2023, relatou que pais e mães brasileiros sofreram constrangimentos em relação a seus filhos durante o atendimento consular, com a fixação de vários cartazes em português nas instalações determinando que as famílias controlassem seus filhos e que se as crianças quisessem brincar, que se retirassem da repartição.[17]

O pronunciamento oficial do MRE do Brasil sobre o episódio foi no sentido de afirmar que os cartazes haviam sido uma "iniciativa pessoal e infeliz de uma funcionária da Embaixada do Brasil em Dublin", funcionária que não identificada e que não se sabia na ocasião se havia sido advertida. O Itamaraty informou que os avisos não haviam sido postos por orientação da chefia do Itamaraty e, tampouco, da chefia da Embaixada em Dublin, sendo relatado pela mesma reportagem que alguns dos cidadãos brasileiros atendidos informaram que receberam ligações telefônicas do próprio Marcel Biato pedindo desculpas pelo ocorrido.[17]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Marcel Biato foi agraciado com as seguintes condecorações ao longo de sua carreira[2]:

Referências

  1. a b c d e f «RELATÓRIO Nº , DE 2020». Relatório da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, sobre a Mensagem (SF) nº 31, de 2020, da Presidência da República, que submete à apreciação do Senado Federal, de conformidade com o art. 52, inciso IV, da Constituição, e com o art. 39, combinado com o art. 46 da Lei nº 11.440, de 2006, o nome do Senhor MARCEL FORTUNA BIATO, Ministro de Primeira Classe da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de Embaixador do Brasil na Irlanda. Senado Federal. 2020. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  2. a b c d «CRE sabatina indicados para embaixada e Agência Internacional de Energia Atômica». Agência Senado. 9 de setembro de 2016. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  3. «Bolsonaro nomeia 30 novos embaixadores; Forster vai para embaixada dos EUA» (em inglês). Cidade Verde. 7 de outubro de 2020. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  4. a b c «Author: Marcel Fortuna Biato» (em inglês). The Globalist. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  5. a b «Nome de Marcel Biato é aprovado para a embaixada do Brasil na Irlanda». Agência Senado. 23 de setembro de 2020. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  6. Marcel Fortuna Biato (2001). «As negociações de Paz Equador-Peru: 1995-1998». IPRI: Banco de Teses e Dissertações. Fundação Alexandre Gusmão. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  7. a b Humberto Cornejo (17 de novembro de 2010). «Morales recibe las cartas credenciales de cinco nuevos embajadores en Bolivia» (em espanhol). Panamá América. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  8. «Senado aprova indicado para Agência Internacional de Energia Atômica». Agência Senado. 23 de setembro de 2020. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  9. Fabiana Ceyhan (29 de dezembro de 2023). «Bossa Nova em cazaque: Renomada cantora do Cazaquistão lança projeto musical excepcional». O Mundo Diplomático. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  10. a b c «Itamaraty remove Biato e Saboia da embaixada em La Paz». G1. 29 de agosto de 2013. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  11. Felipe Néri (27 de agosto de 2013). «Dilma suspende indicação para Suécia de embaixador na Bolívia». G1. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  12. Jorge Macedo (30 de agosto de 2013). «Novo ministro coloca diplomatas para escanteio». Estado de Minas. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  13. «Itamaraty remove Biato e Saboia da Embaixada em La Paz». Veja. 29 de agosto de 2013. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  14. «Ministério das Relações Exteriores retira cargos de brasileiros na Bolívia». Correio Braziliense. 29 de agosto de 2013. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  15. «Marcel Biato é nomeado representante do Brasil na AIEA». Estado de Minas. 10 de outubro de 2016. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  16. «Brasileiro comandará Conselho de Governadores da AIEA». IPEN. 2 de outubro de 2015. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
  17. a b Eliane Oliveira (16 de fevereiro de 2023). «'Proibido ser criança': Embaixada do Brasil em Dublin constrange pais ao pedir 'controle' de filhos». Extra. Consultado em 27 de janeiro de 2024 
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