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Mariologia: diferenças entre revisões

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==Conflitos==
==Conflitos==
Mariologia é um campo da teologia que conflitua-se muitas vezes com a análise científica e crítica histórica. Este conflito tem sido reconhecido desde o início. Por volta do ano de [[1300]], William Ware descreveu a tendência por se louvar muito Maria. Bonaventura advertiu contra o maximalismo mariano: "Eles têm de ter cuidado para não minimizar a honra de nosso Senhor, Jesus Cristo". No [[século XX]], o [[Papa Pio XII]], "o papa mais mariano da história da Igreja", no entanto, advertiu contra ambos os exuberantes exageros e o minimalismo e timidez na apresentação de Maria.
Mariologia é um campo da teologia que conflitua-se muitas vezes com a análise científica e crítica histórica. Este conflito tem sido reconhecido desde o início. Por volta do ano de [[1300]], William Ware descreveu a tendência por se louvar muito Maria. Bonaventura advertiu contra o maximalismo mariano: "Eles têm de ter cuidado para não minimizar a honra de nosso Senhor, Jesus Cristo". No [[século XX]], o [[Papa Pio XII]], "o papa mais mariano da história da Igreja", no entanto, advertiu contra ambos os exuberantes exageros e o minimalismo e timidez na apresentação de Maria.

== Os chamados "Irmãos" de Jesus na Bíblia e na Mariologia Patrística ==
Os chamados "Irmãos" de Jesus na Bíblia, em grego /adelfoí/ referem-se a parentes não consanguíneos de Jesus. Assim professam os cristãos da Igreja Católica Apostólica Romana, da Igreja Ortodoxa e Ortodoxa Oriental, assim como a maioria dos Anglicanos e alguns Luteranos.

Mateus 13,55s e Marcos 6,3 igualmente dizem: "Este não é o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E suas 'irmãs' não estão entre nós?" Observe que apenas o "carpinteiro" é chamado de "o filho de Maria" e não "um dos filhos de Maria". Na Bíblia, a palavra "irmãos" aparece aproximadamente 530 vezes, "irmão" aparece 350 vezes, uma variação de "irmãos" aparece uma única vez em Nm 36,11, "irmã" aparece aproximadamente 100 vezes, e "irmãs" aparece 15 vezes.

A palavra hebraica /Ha/, já transliterada, é geralmente traduzida para "irmão". Já que o hebraico e o aramaico (no qual o Evangelho segundo Mateus foi escrito) possuem bem menos
palavras que o inglês ou o português, os judeus daquele tempo empregavam essa palavra num sentido mais amplo para expressar parentesco. Não existiam termos em hebraico para
expressar os diferentes níveis e graus de parentesco. "Irmão" pode significar os filhos do mesmo pai e todos os membros masculinos da mesma clã ou tribo.
Em grego, no qual o Evangelho segundo Marcos foi escrito, a palavra "irmão" é escrita como /adelfós/ significando membro seguidor de uma clã. Mesmo hoje, a palavra "irmão" é empregada com um significado mais extenso, incluindo amigos, aliados, discípulos e compatriotas. Não era diferente na época de Cristo. A primeira classe da palavra hoje, diz respeito aos filhos dos mesmos pais. As outras duas ou três classes se referem a parentesco, discípulos, uma pessoa íntima, um amigo, membro de uma ordem religiosa, membro de alguma igreja cristã, etc.

Por exemplo, se lermos Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: por seres meu irmão...", certamente pensaremos que Jacó e Labão eram irmãos de sangue. Agora, se compararmos Gn 29,5:"...Conheceis Labão, filho de Nacor?..." com Gn 25,21-26, perceberemos que Jacó era o filho de Isaac e Rebeca. Labão era o filho de Nacor. Eles não eram irmãos de sangue, mas parentes. Cristo diz à multidão e aos seus discípulos em Mt 23,1-8: "E vós todos sereis irmãos". Em Mt 12,50 e Mc 3,35, Jesus diz: "Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu, é meu irmão, irmã e mãe". Em 1Cor 15,6 fala-se que Jesus apareceu a quinhentos "irmãos" de uma só vez, ou seja, seguidores. Também vemos Pedro falando diante de 120 irmãos em At 1,15-16. Paulo fala de alguém ser "chamado de irmão" em 1Cor 5,11. A Bíblia possui muitos outros versículos semelhantes.

Vamos agora considerar os quatro "irmãos" citados em Mc 6,3: Tiago, José, Simão e Judas... Mc 15,40: "E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé". Estas eram as pessoas que estavam durante a crucifixão. Jo 19,25: "Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua Mãe (Maria), a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena". Mt 10,2-3:...TIAGO, o filho de Alfeu, e "Lebbaeus", cujo apelido era Tadeu". Alfeu é uma tradução alternativa de Cléofas ou Clopas, tratando-se assim da mesma pessoa. At 1,13: "...TIAGO, o filho de Alfeu e SIMÃO zelote e JUDAS, o irmão de TIAGO." A partir dessas quatro passagens, percebemos que existia uma "outra Maria", que era a esposa de Cléofas (Alfeu), e a mãe dos três "irmãos" de Jesus: Tiago Menor, José e Judas. Isso claramente mostra que Maria, a mãe de
Jesus, não era a mãe de Tiago, José e Judas apresentados em Mc 6,3. Para manter Mc 6,3 em harmonia, já que os três não são filhos de Maria, mãe de Jesus, então SIMÃO também não é.

SIMÃO é o cananeu citado em Mc 3,18, também chamado de zelote em Lc 6,15; At 1,13 e Mt 10,4. Judas, que escreveu uma Epístola, diz que é irmão de Tiago, em Jd 1,1. Judas também é chamado de Tadeu em Mt 10,3 e em Mc 3,18. Isso foi feito para distingüí-lo de Judas Iscariotes. Lc 6,16 também distingue os dois ao dizer: "E Judas, o irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor".

Ainda sobre o tópico "Os outros filhos de Maria": Jo 19,26-27: "Quando Jesus viu sua mãe e, perto dela, o discípulo que ele amava..." - o discípulo era João, o autor do Evangelho segundo João - "... então ele disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe’". E João não era filho de Maria...Note: Mc 1,19: "...ele viu Tiago, o filho de Zebedeu, e JOÃO, seu irmão." Mc 3,17: "E Tiago, o filho de Zebedeu, e JOÃO, o irmão de Tiago." Em nenhuma dessas passagens é dito que Jesus viu um irmão consanguíneo ou assim os reconheceu. Mt 27,56: "Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago." Mt 20,20: "Tiago (o menor), e José e a mãe dos filhos de Zebedeu." Mc 15,40: "...entre as quais estavam Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago (o menor) e Salomé (mãe dos filhos de Zebedeu)". Lc 24,10: "Eram Maria Madalena... e Maria (a 'outra Maria'), a mãe de Tiago (o menor)."

Uma comparação entre Mt 27,56 e Mc 15,40, claramente mostra que Zebedeu tinha uma esposa que se chamava Salomé. Ela é chamada de "mãe dos filhos de Zebedeu" em Mt 27,56 e Salomé em Mc 15,40. Eles tiveram dois filhos, João e Tiago, conforme Mc 3,17. O JOÃO que está aos pés da cruz e a quem Jesus confia sua mãe, não era filho de Maria, mãe de Jesus, mas do casal Zebedeu e Salomé. Se Jesus tivesse irmãos consanguíneos, ele confiaria Maria aos seus cuidados. Assim a moral judaica ordenava. Zebedeu e Salomé geraram Tiago e João.

Cléofas (Alfeu) e a outra Maria geraram Tiago (o menor), José e Judas. Jesus foi gerado, como se sabe, pela "ação do Espírito Santo". Esta "genealogia" apresenta qual é o verdadeiro parentesco dos "irmãos" apresentados em Mc 6,3 e Mt 13,55, tornando sem efeito o argumento da existência de irmãos consaguíneos do Senhor.

Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço homem?" A pergunta de Maria não é a expressão de uma dúvida, mas um pedido de esclarecimento: fizera voto de virgindade e desejava saber se dele teria que ser dispensada. A pergunta que Maria fez psicologicamente seria inadmissível em uma jovem desposada, no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro, a não ser pela hipótese do voto, que de resto veio confirmada pela razão apresentada: "pois eu não conheço homem", assim como pela resposta do anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti" (Lc 1,35).

Sobre a Virgindade de Maria é confissão de fé de toda a Igreja, testemunhada pelos Santos Padres sem exceção, a doutrina revelada pela Palavra de Deus segundo a qual Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no seio da virgem Maria, e por isso mesmo pertence ao Depósito da Fé. Contudo, é preciso uma observação prévia. O Concílio Vaticano II nos fala de uma “hierarquia das verdades” (Unitatis Redintegratio, 11). Assim, é preciso primeiro relembrar, no que concerne à doutrina da Virgindade de Maria tendo em vista esse contexto, que é importante perceber que nem a pergunta pela Virgindade de Maria antes do parto, nem a pergunta pela Virgindade no parto ou depois do parto foi objeto de uma definição magisterial direta por parte de um Concílio Ecumênico de toda a Igreja. Manifestações nesse sentido aparecem, muito antes, de modo acidental, em texto conciliares ou sinodais, ou são – como se deveria constatar sobretudo com vistas à pergunta por um nascimento extraordinário de Jesus, no qual a virgindade de Maria foi preservada intacta – (apenas) doutrina de um concílio particular, a saber, o Sínodo de Latrão, em 649. Esse fato atesta que os teólogos da Igreja antiga, em seu empenho pela formação da confissão de fé da Igreja nascente, se referiram à linguagem e a enunciados bíblicos, nos quais a maternidade virginal de Maria está claramente testemunhada, como vimos acima. A elaboração teológica dos primeiros séculos avança gradualmente no sentido de consolidar a aquisição teológica da virgindade de Maria.

Enquanto o Símbolo de Nicéia (325) ainda confessa, sem especificação, a “Encarnação e Humanação do Filho de Deus”, já o Credo de Constantinopla (381) amplia o enunciado e formula que "o Verbo encarnou-se, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria”. O Concílio de Éfeso decreta que Maria deve ser chamada de “Progenitora de Deus”, em grego: /Theotokos/, visto que “a Santa Virgem teria gerado segundo a carne a Palavra que vem de Deus e se fez Carne”.

Em Calcedônia (451) temos a seguinte afirmação: “Ensinamos todos unanimemente que Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na divindade, perfeito na humanidade, Deus Verdadeiro e Homem Verdadeiro,(...) gerado pelo Pai segundo a divindade antes de todos os séculos, nos últimos dias, por nós, os homens e por nossa salvação, foi gerado da Virgem Maria, Mãe de Deus, no que diz respeito à sua humanidade”. Já o Concílio Constantinopolitano II (553) introduz a referência explícita à virgindade perpétua: “Encarnou-se da gloriosa 'Theotokos' e Sempre Virgem Maria”. Com maior clareza ainda formula depois, um cânone do Sínodo de Latrão, de 649, citado acima: “Quem não confessa, de acordo com os Santos Padres, no sentido genuíno e verdadeiro, a Santa, permanente Virgem e Imaculada Maria como Progenitora de Deus, visto que concebeu e deu à luz, de modo incólume, nos últimos tempos, sem a
semente humana, pelo Espírito Santo, no sentido genuíno e verdadeiro, ao próprio Deus, a Palavra, nascida, antes de todos os tempos, de Deus, o Pai, sendo que sua virgindade também permaneceu incólume depois de seu nascimento, seja anátema”. Por fim, a Constituição "Cum quorumdam hominum", de Paulo IV (DS 1880), admoesta que a mesma Beatíssima Virgem Maria permaneceu sempre na integridade virginal, antes, durante e depois do parto.

Pelo que vimos, o desenvolvimento teológico da Mariologia Patrística percorre uma trajetória incialmente determinada mais por motivos cristológico-histórico-salvíficos até um interesse expresso na pessoa e no destino da própria Maria.

Passagens Bíblicas: Mt 1,25: "E não a conheceu até que..." O antigo significado da palavra "até" ou "até que" em grego: /méchri/ informa uma ação que não ocorreu até certo ponto. Isso não implica necessariamente que a ação tenha ocorrido depois. Veja Gn 8,7: "Soltou o corvo que foi e não voltou até que as águas secassem sobre a terra", e 2Sm 6,23:"E Micol, a filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte", já que é ilógico que a filha de Saul tenha tido filhos após a morte. Lc 1,34: "Então Maria disse ao anjo: ‘como isso poderá acontecer se eu não conheço homem?’". Isso significa que Maria não tivera relacionamentos com um homem antes da Anunciação e que, portanto, era virgem. Lc 2,7: "E ela deu à luz o seu filho primogênito, envolvendo-o com faixas..." Na época da redação dos Evangelhos, a palavra "primogênito" significava o filho que abriu o útero. Isto se encontra em
Ex 13,2 e Nm 3,12. No contexto judeu o filho único também é primogênito.

Outras passagens bíblicas pertinentes: Gn 8,7; 25,21-26; 29,5.15; Ex 13,2; Nm 3,12; 8,26; Dt 23,7; 1Sm 30,23; 2Sm 1,26; 6,23; 1Rs 9,13; 2Rs 10,13-14; 2Cr 29,34; Mt 1,25; 4,21; 10,2-4; 12,46; 12,50; 13,55-56; 20,20; 26,26; 27,56.61; 28,1; Mc 1,19; 2,14; 3,17-21.31.35; 6,3; 15,40.47; Lc 1,34; 2,7; 2,41-51; 5,10; 6,16; 8,19; 24,10; Jo 7,2-7, 19,25-27; At 1,13-16; Rm 8,29; 1Cor 5,11; 9,5; 15,6; Gl 1,19; 1Pd 5,12; Jd 1,1.


=={{Ver também}}==
=={{Ver também}}==

Revisão das 13h06min de 26 de março de 2011

Mariologia é o conjunto de estudos teológicos acerca de Maria, mãe de Jesus Cristo na Igreja Católica, que compreende uma vasta produção bibliográfica que visa a salientar a importância da figura feminina de Maria e a profunda e piedosa crença dos fiéis a ela, com o objetivo de enriquecer o âmbito teológico cristão.

Subdivisões

A Mariologia tradicionalmente sub-divide-se em Mariologia Histórica (estuda os dados históricos, sociais e afins que permitem aceder à figura histórica de Maria), Mariologia Bíblica (versa sobre os fundamentos bíblicos das afirmações sobre Maria), Mariologia "popular" (trabalha os dados que as devoções populares sobre Maria receberam da Tradição eclesiástica e vice-versa) e Mariologia Sistemática (aprofunda os dados da história, das Escrituras e da piedade sistematizando-os em coerência com as doutrinas cristológicas e eclesiológicas).

História

Há seis períodos a considerar na divulgação pública da mariologia:

  • O início da igreja.
  • De Trento até Vaticano II.

Catolicismo

No catolicismo os estudos mariológicos são parte integrante da teologia. Na Encíclica Ecclesia de Eucharistia o Papa João Paulo II preconizou:

"Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja. Com efeito, Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele."
A Pietà de Miguelângelo Buonarroti, Basílica de São Pedro, Roma.

Magistério

Principais documentos mariológicos da Igreja promulgados nos últimos cento e cinquenta anos:

  • Papa Leão XIII: Encíclicas Magnae Dei Matris, 1892, Adiutricem populi, 1895, Augustissimae Virginis Mariae, 1897.
  • Papa Pio IX: Bula dogmática Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.
  • Papa Pio X: Encíclia Ad diem illum laetissimum, 1904
  • Papa Pio XI: Encíclica Lux veritatis, 1931.
  • Papa Pio XII: Encíclicas Bulla Munificentissimus Deus, 1950, Fulgens corona, 1953 e Ad Caeli Reginam, 1954.

Concílio Vaticano II, Constituição Lumen Gentium, cap. VIII, 1964.

  • Papa Paulo VI: Exortações Apostólicas Marialis cultus, 1974 e Signum magnum, 1967.
  • Papa João Paulo II: Encíclica Redentoris Mater (1987), Exortação Apostólica Redentoris custos, 1989 e Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, (2002).

Biblioteconomia

Para classificar o material bibliográfico mariológico o profissional da área de Biblioteconomia poderá encontrar dificuldades ao representar o assunto de forma precisa, de acordo com o sistema de classificação utilizado por sua instituição. Uma análise comparativa do assunto foi realizada entre os sistemas CDD e CDU, identificando que este atende a especificidade notacional do mesmo, enquanto aquele restringe a classificação. O objetivo deste trabalho foi o estabelecimento de desdobramento hierárquico da classe - 232 - em CDU, com base na estrutura da CDD, visando a inserção de cabeçalhos adequados ao assunto Mariologia.

Conflitos

Mariologia é um campo da teologia que conflitua-se muitas vezes com a análise científica e crítica histórica. Este conflito tem sido reconhecido desde o início. Por volta do ano de 1300, William Ware descreveu a tendência por se louvar muito Maria. Bonaventura advertiu contra o maximalismo mariano: "Eles têm de ter cuidado para não minimizar a honra de nosso Senhor, Jesus Cristo". No século XX, o Papa Pio XII, "o papa mais mariano da história da Igreja", no entanto, advertiu contra ambos os exuberantes exageros e o minimalismo e timidez na apresentação de Maria.

Os chamados "Irmãos" de Jesus na Bíblia e na Mariologia Patrística

Os chamados "Irmãos" de Jesus na Bíblia, em grego /adelfoí/ referem-se a parentes não consanguíneos de Jesus. Assim professam os cristãos da Igreja Católica Apostólica Romana, da Igreja Ortodoxa e Ortodoxa Oriental, assim como a maioria dos Anglicanos e alguns Luteranos.

Mateus 13,55s e Marcos 6,3 igualmente dizem: "Este não é o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E suas 'irmãs' não estão entre nós?" Observe que apenas o "carpinteiro" é chamado de "o filho de Maria" e não "um dos filhos de Maria". Na Bíblia, a palavra "irmãos" aparece aproximadamente 530 vezes, "irmão" aparece 350 vezes, uma variação de "irmãos" aparece uma única vez em Nm 36,11, "irmã" aparece aproximadamente 100 vezes, e "irmãs" aparece 15 vezes.

A palavra hebraica /Ha/, já transliterada, é geralmente traduzida para "irmão". Já que o hebraico e o aramaico (no qual o Evangelho segundo Mateus foi escrito) possuem bem menos palavras que o inglês ou o português, os judeus daquele tempo empregavam essa palavra num sentido mais amplo para expressar parentesco. Não existiam termos em hebraico para expressar os diferentes níveis e graus de parentesco. "Irmão" pode significar os filhos do mesmo pai e todos os membros masculinos da mesma clã ou tribo. Em grego, no qual o Evangelho segundo Marcos foi escrito, a palavra "irmão" é escrita como /adelfós/ significando membro seguidor de uma clã. Mesmo hoje, a palavra "irmão" é empregada com um significado mais extenso, incluindo amigos, aliados, discípulos e compatriotas. Não era diferente na época de Cristo. A primeira classe da palavra hoje, diz respeito aos filhos dos mesmos pais. As outras duas ou três classes se referem a parentesco, discípulos, uma pessoa íntima, um amigo, membro de uma ordem religiosa, membro de alguma igreja cristã, etc.

Por exemplo, se lermos Gn 29,15: "Então Labão disse a Jacó: por seres meu irmão...", certamente pensaremos que Jacó e Labão eram irmãos de sangue. Agora, se compararmos Gn 29,5:"...Conheceis Labão, filho de Nacor?..." com Gn 25,21-26, perceberemos que Jacó era o filho de Isaac e Rebeca. Labão era o filho de Nacor. Eles não eram irmãos de sangue, mas parentes. Cristo diz à multidão e aos seus discípulos em Mt 23,1-8: "E vós todos sereis irmãos". Em Mt 12,50 e Mc 3,35, Jesus diz: "Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu, é meu irmão, irmã e mãe". Em 1Cor 15,6 fala-se que Jesus apareceu a quinhentos "irmãos" de uma só vez, ou seja, seguidores. Também vemos Pedro falando diante de 120 irmãos em At 1,15-16. Paulo fala de alguém ser "chamado de irmão" em 1Cor 5,11. A Bíblia possui muitos outros versículos semelhantes.

Vamos agora considerar os quatro "irmãos" citados em Mc 6,3: Tiago, José, Simão e Judas... Mc 15,40: "E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé". Estas eram as pessoas que estavam durante a crucifixão. Jo 19,25: "Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua Mãe (Maria), a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena". Mt 10,2-3:...TIAGO, o filho de Alfeu, e "Lebbaeus", cujo apelido era Tadeu". Alfeu é uma tradução alternativa de Cléofas ou Clopas, tratando-se assim da mesma pessoa. At 1,13: "...TIAGO, o filho de Alfeu e SIMÃO zelote e JUDAS, o irmão de TIAGO." A partir dessas quatro passagens, percebemos que existia uma "outra Maria", que era a esposa de Cléofas (Alfeu), e a mãe dos três "irmãos" de Jesus: Tiago Menor, José e Judas. Isso claramente mostra que Maria, a mãe de Jesus, não era a mãe de Tiago, José e Judas apresentados em Mc 6,3. Para manter Mc 6,3 em harmonia, já que os três não são filhos de Maria, mãe de Jesus, então SIMÃO também não é.

SIMÃO é o cananeu citado em Mc 3,18, também chamado de zelote em Lc 6,15; At 1,13 e Mt 10,4. Judas, que escreveu uma Epístola, diz que é irmão de Tiago, em Jd 1,1. Judas também é chamado de Tadeu em Mt 10,3 e em Mc 3,18. Isso foi feito para distingüí-lo de Judas Iscariotes. Lc 6,16 também distingue os dois ao dizer: "E Judas, o irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor".

Ainda sobre o tópico "Os outros filhos de Maria": Jo 19,26-27: "Quando Jesus viu sua mãe e, perto dela, o discípulo que ele amava..." - o discípulo era João, o autor do Evangelho segundo João - "... então ele disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe’". E João não era filho de Maria...Note: Mc 1,19: "...ele viu Tiago, o filho de Zebedeu, e JOÃO, seu irmão." Mc 3,17: "E Tiago, o filho de Zebedeu, e JOÃO, o irmão de Tiago." Em nenhuma dessas passagens é dito que Jesus viu um irmão consanguíneo ou assim os reconheceu. Mt 27,56: "Entre elas estavam Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago." Mt 20,20: "Tiago (o menor), e José e a mãe dos filhos de Zebedeu." Mc 15,40: "...entre as quais estavam Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago (o menor) e Salomé (mãe dos filhos de Zebedeu)". Lc 24,10: "Eram Maria Madalena... e Maria (a 'outra Maria'), a mãe de Tiago (o menor)."

Uma comparação entre Mt 27,56 e Mc 15,40, claramente mostra que Zebedeu tinha uma esposa que se chamava Salomé. Ela é chamada de "mãe dos filhos de Zebedeu" em Mt 27,56 e Salomé em Mc 15,40. Eles tiveram dois filhos, João e Tiago, conforme Mc 3,17. O JOÃO que está aos pés da cruz e a quem Jesus confia sua mãe, não era filho de Maria, mãe de Jesus, mas do casal Zebedeu e Salomé. Se Jesus tivesse irmãos consanguíneos, ele confiaria Maria aos seus cuidados. Assim a moral judaica ordenava. Zebedeu e Salomé geraram Tiago e João.

Cléofas (Alfeu) e a outra Maria geraram Tiago (o menor), José e Judas. Jesus foi gerado, como se sabe, pela "ação do Espírito Santo". Esta "genealogia" apresenta qual é o verdadeiro parentesco dos "irmãos" apresentados em Mc 6,3 e Mt 13,55, tornando sem efeito o argumento da existência de irmãos consaguíneos do Senhor.

Em Lc 1,34 Maria pergunta: "Como se fará isso, pois eu não conheço homem?" A pergunta de Maria não é a expressão de uma dúvida, mas um pedido de esclarecimento: fizera voto de virgindade e desejava saber se dele teria que ser dispensada. A pergunta que Maria fez psicologicamente seria inadmissível em uma jovem desposada, no momento em que lhe anunciavam o nascimento de um filho futuro, a não ser pela hipótese do voto, que de resto veio confirmada pela razão apresentada: "pois eu não conheço homem", assim como pela resposta do anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti" (Lc 1,35).

Sobre a Virgindade de Maria é confissão de fé de toda a Igreja, testemunhada pelos Santos Padres sem exceção, a doutrina revelada pela Palavra de Deus segundo a qual Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no seio da virgem Maria, e por isso mesmo pertence ao Depósito da Fé. Contudo, é preciso uma observação prévia. O Concílio Vaticano II nos fala de uma “hierarquia das verdades” (Unitatis Redintegratio, 11). Assim, é preciso primeiro relembrar, no que concerne à doutrina da Virgindade de Maria tendo em vista esse contexto, que é importante perceber que nem a pergunta pela Virgindade de Maria antes do parto, nem a pergunta pela Virgindade no parto ou depois do parto foi objeto de uma definição magisterial direta por parte de um Concílio Ecumênico de toda a Igreja. Manifestações nesse sentido aparecem, muito antes, de modo acidental, em texto conciliares ou sinodais, ou são – como se deveria constatar sobretudo com vistas à pergunta por um nascimento extraordinário de Jesus, no qual a virgindade de Maria foi preservada intacta – (apenas) doutrina de um concílio particular, a saber, o Sínodo de Latrão, em 649. Esse fato atesta que os teólogos da Igreja antiga, em seu empenho pela formação da confissão de fé da Igreja nascente, se referiram à linguagem e a enunciados bíblicos, nos quais a maternidade virginal de Maria está claramente testemunhada, como vimos acima. A elaboração teológica dos primeiros séculos avança gradualmente no sentido de consolidar a aquisição teológica da virgindade de Maria.

Enquanto o Símbolo de Nicéia (325) ainda confessa, sem especificação, a “Encarnação e Humanação do Filho de Deus”, já o Credo de Constantinopla (381) amplia o enunciado e formula que "o Verbo encarnou-se, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria”. O Concílio de Éfeso decreta que Maria deve ser chamada de “Progenitora de Deus”, em grego: /Theotokos/, visto que “a Santa Virgem teria gerado segundo a carne a Palavra que vem de Deus e se fez Carne”.

Em Calcedônia (451) temos a seguinte afirmação: “Ensinamos todos unanimemente que Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na divindade, perfeito na humanidade, Deus Verdadeiro e Homem Verdadeiro,(...) gerado pelo Pai segundo a divindade antes de todos os séculos, nos últimos dias, por nós, os homens e por nossa salvação, foi gerado da Virgem Maria, Mãe de Deus, no que diz respeito à sua humanidade”. Já o Concílio Constantinopolitano II (553) introduz a referência explícita à virgindade perpétua: “Encarnou-se da gloriosa 'Theotokos' e Sempre Virgem Maria”. Com maior clareza ainda formula depois, um cânone do Sínodo de Latrão, de 649, citado acima: “Quem não confessa, de acordo com os Santos Padres, no sentido genuíno e verdadeiro, a Santa, permanente Virgem e Imaculada Maria como Progenitora de Deus, visto que concebeu e deu à luz, de modo incólume, nos últimos tempos, sem a semente humana, pelo Espírito Santo, no sentido genuíno e verdadeiro, ao próprio Deus, a Palavra, nascida, antes de todos os tempos, de Deus, o Pai, sendo que sua virgindade também permaneceu incólume depois de seu nascimento, seja anátema”. Por fim, a Constituição "Cum quorumdam hominum", de Paulo IV (DS 1880), admoesta que a mesma Beatíssima Virgem Maria permaneceu sempre na integridade virginal, antes, durante e depois do parto.

Pelo que vimos, o desenvolvimento teológico da Mariologia Patrística percorre uma trajetória incialmente determinada mais por motivos cristológico-histórico-salvíficos até um interesse expresso na pessoa e no destino da própria Maria.

Passagens Bíblicas: Mt 1,25: "E não a conheceu até que..." O antigo significado da palavra "até" ou "até que" em grego: /méchri/ informa uma ação que não ocorreu até certo ponto. Isso não implica necessariamente que a ação tenha ocorrido depois. Veja Gn 8,7: "Soltou o corvo que foi e não voltou até que as águas secassem sobre a terra", e 2Sm 6,23:"E Micol, a filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte", já que é ilógico que a filha de Saul tenha tido filhos após a morte. Lc 1,34: "Então Maria disse ao anjo: ‘como isso poderá acontecer se eu não conheço homem?’". Isso significa que Maria não tivera relacionamentos com um homem antes da Anunciação e que, portanto, era virgem. Lc 2,7: "E ela deu à luz o seu filho primogênito, envolvendo-o com faixas..." Na época da redação dos Evangelhos, a palavra "primogênito" significava o filho que abriu o útero. Isto se encontra em Ex 13,2 e Nm 3,12. No contexto judeu o filho único também é primogênito.

Outras passagens bíblicas pertinentes: Gn 8,7; 25,21-26; 29,5.15; Ex 13,2; Nm 3,12; 8,26; Dt 23,7; 1Sm 30,23; 2Sm 1,26; 6,23; 1Rs 9,13; 2Rs 10,13-14; 2Cr 29,34; Mt 1,25; 4,21; 10,2-4; 12,46; 12,50; 13,55-56; 20,20; 26,26; 27,56.61; 28,1; Mc 1,19; 2,14; 3,17-21.31.35; 6,3; 15,40.47; Lc 1,34; 2,7; 2,41-51; 5,10; 6,16; 8,19; 24,10; Jo 7,2-7, 19,25-27; At 1,13-16; Rm 8,29; 1Cor 5,11; 9,5; 15,6; Gl 1,19; 1Pd 5,12; Jd 1,1.

Ver também

Ligações externas

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