Parque Nacional Monte León

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Parque Nacional Monte León
Categoria II da IUCN (Parque Nacional)
Parque Nacional Monte León
Parque Nacional Monte León
País Argentina
Localidades mais próximas Puerto Santa Cruz, província Santa Cruz
Dados
Gestão Administração de Parques Nacionais

O parque nacional Monte León é uma área protegida federal situada sobre o litoral marítimo da província de Santa Cruz, na Patagônia Argentina. Comporta uma amostra representativa e em bom estado de conservação da biodiversidade da estepe e da costa patagônica, e que por vezes contém sítios de privilegiado valor paleontológico. Conta com uma superfície de 61 700 ha, incluindo 36 km de costa do mar Argentino.

História[editar | editar código-fonte]

Há cerca de dez milênios, grupos de caçadores e coletores habitavam os ambientes costeiros do parque, beneficiando-se de seus variados recursos como aves, roedores, camélidos, moluscos e lobos marinhos. Os grupos tehuelches, descendentes dos primeiros povoadores, ampliaram o uso do território, desenvolvendo um maior intercâmbio com grupos mais afastados.

A chegada do homem branco foi motivo de grandes modificações nos costumes das populações originais. A paulatina dependência de produtos de intercâmbio e a perda de território provocou a migração para o oeste da província, e a incorporação de atividades rurais ao modo de vida dessas populações.

Em princípios de 1876, durante a presidência de Nicolás Avellaneda e apesar dos litigios com a vizinha República do Chile, outorgaram-se autorizações para a exploração de guano em um lugar localizado a 35 km ao sul do rio Santa Cruz, em cuja ilha Pavón, desde 1859, se havia instalado o comandante argentino Luis Piedrabuena. Assim, foi criado ali um casario que abrigaria visitantes.

O perito Francisco P. Moreno (impulsor do sistema de parques nacionais de Argentina) visitou a área em fins do século XIX, como assim também fá-lo-iam Carlos Ameghino e o pai Alberto De Agostini.

A Estância Monte León pertenceu à companhia The Southern Patagonia Sheep Farming Company Limited. Essa grande empresa de exploração ovina foi vendida, em 1920, à família Braun, que continuaram com essa atividade até 2006. A extração de guano foi importante até 1930.[1]

Em 1996 propõe-se a inclusão de Monte León no Sistema de Parques Nacionais da Argentina. Francisco Erize, ex-diretor da Administração Nacional de Parques da Argentina, recomendou o projeto a Douglas Tompkins, um conservacionsta multimilionário estadounidense, diretor da ONG conservacionista The Conservation Land Trust.

No ano 2000, através da ONG Conservação Patagônica — dirigida por sua esposa, Kristine Tompkins— foram adquiridas as terras, até esse momento destinadas à criança de ovinos, e repassadas à Fundação Vida Silvestre Argentina, com a imposição de que o título de propriedade das mesmas fosse transferido à Administração Nacional de Parques Nacionais do país, de forma que o destino final da área seria integrar o sistema federal de áreas protegidas da Argentina.[2]

No ano 2002, as terras que compõem a área protegida foram entregues em doação, ela Fundação Vida Silvestre Argentina, ao Estado Nacional da Argentina. Em 20 de outubro de 2004 sancionou-se a lei de criação do novo parque nacional, passando assim à jurisdição federal o primeiro parque marinho continental da Argentina.[3]

A área[editar | editar código-fonte]

O motivo fundamental de criação do parque baseia-se no fato de que constitui uma amostra representativa da biodiversidade costeira patagônica em bom estado de conservação, com sítios de valor paleontológico. Nessa região encontra-se uma importante colônia de pinguins-de-magalhães, composta por 60.000 indivíduos. É a quarta colónia em importância do país.

Esse parque costeiro-marinho localiza-se no sudeste da província de Santa Cruz, sobre a RN 3, 210 km ao norte de Río Gallegos. A área protegida em sua porção continental tem 61 700 ha, e conta com 36 km de costa e com uma zona de maré intermitente.

O Parque cobre a costa da "baía Grande" (limite leste da província de Santa Cruz, no km 2 385 da RN 3, a 45 km de Puerto Santa Cruz. Inclui uma outra área protegida marinha, de 5 km de costa, ao longo de costa do parque nacional. Está[quando?] previsto incorporar uma área marinha de ao menos a mesma extensão que a área continental.

Monte León pertence às ecorregiões do mar Argentino e da estepe patagônica. Esta, representa as bacias médias e inferiores dos rios de vertente atlântica. Com clima frio e seco, com precipitações invernais inferiores a 400 mm, fortes ventos de oeste, verões secos e geadas durante quase todo o ano. Sua vegetação é de tipo arbustiva, sob a forma de herbáceas xerófilas.

Paisagens, flora e fauna[editar | editar código-fonte]

Formação Cabeça de Leão, que dá nome à zona

Área composta de altos alcantilados, ilhas, roqueríos, pequenas baías e praias restingas que se descobrem com a bajamar. O sector costero representa cerca do 1% do litoral marítimo argentino. O mar nesta região é frio, com uma importante população de peixes. O Parque Nacional conta com colónias de cormoranes, gaviotines, pingüinos e outras 20 espécies de aves costeras e marinhas. Desde a costa, ocasionalmente, podem-se observar apostaderos de lobos marinhos de um cabelo e cetáceos, como a baleia franca austral.

Na ilha Monte León e nos arredores encontram refúgio e nidificam 3 espécies de cormorão: o roqueiro, a cinza e o imperial.

Um dos motivos da criação do Parque, é proteger uma porção importante de estepa patagônica costeira, habitat de guanacos, nandus-de-darwin, raposas e pumas.

A estepa patagónica, à primeira vista árida, abriga um considerável número de espécies vegetais. Nas primaveras que seguem a um inverno de muita neve ou chuva, pode-se apreciar a espetacular floração do deserto, incluindo pequenas flores como a topa-topa, a perfumada flor branca da mata negra e muitas outras.

Carlos Spegazzini, considerado o fundador da botânica na Argentina, esteve no área de Monte León em 1881 como parte de uma expedição científica italiana. Ali identificou espécies de gramíneas desconhecidas até então.

O tomilho silvestre era amplamente usado na cozinha autóctone. A resina do calafate era usada como "chicletes" pelos aborígenes tsóneca, costume ao qual os cronistas atribuem a boa saúde e limpeza de seus dentes. Outras espécies locais têm virtudes medicinais.

Fitogeográficamente, o área é característica do Subdistrito fitogeográfico Patagônico Central Santacruzense, do Distrito fitogeográfico Patagônico Central, um dos Distritos fitogeográficos em que se divide a Província fitogeográfica Patagônica.[4]

Segundo dados da Administração de Parques Nacionais, algumas das espécies vegetais mais características da área de Monte León são:

  • Anarthrophyllum rigidum (Mata guanaco)
  • Atriplex sagittifolia (Zampa)
  • Berberis heterophylla (Calafate)
  • Bromus setifolius (Cebadilla)
  • Calceolaria sp.
  • Chuquiraga aurea (Quilimbay)
  • Distichlis sp. (Pasto salgado)
  • Festuca gracillima (Coirón fueguino)
  • Hordeum comosum (Cola de zorro)
  • Lephydophyllum cupressiforme (Mata verde)
  • Nardophyllum obtusifolium (Mata torcida)
  • Nassauvia glomerulosa (Cola piche)
  • Nassauvia ulicina (Cola piche)
  • Poa ligularis (Coirón poa)
  • Schinus poligamus (Molle)
  • Stipa psylantha (Coirón pluma)
  • Stipa speciosa (Coirón amargo ou duro)
  • Verbena tridens (Mata negra)

Referências

  1. «Administração de Parques Nacionais».
  2. The Conservation Land Trust.[ligação inativa]
  3. «Cópia arquivada». Consultado em 18 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007 
  4. Regiões fitogeográficas argentinas.