Paul Virilio

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Paul Virilio
Paul Virilio
Nascimento Paul Charles Viriglio
4 de janeiro de 1932
8.º arrondissement de Paris
Morte 10 de setembro de 2018 (86 anos)
Rueil-Malmaison
Cidadania França
Alma mater
Ocupação filósofo, escritor, urbanista, sociólogo, arquiteto, fotógrafo, teórico da arte, pintor, curador, jornalista de opinião, professor universitário
Empregador(a) European Graduate School, École Spéciale d'Architecture
Causa da morte doença cardiovascular

Paul Virilio (Paris, França, 4 de janeiro de 1932 - 10 de setembro de 2018)[1] foi um filósofo, urbanista francês, arquiteto, polemista, pesquisador e autor de vários livros sobre as tecnologias da comunicação[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Define a era da informática como algo perigoso, já que nos leva à perda da noção da realidade, quebrando distâncias e territorialidades e ainda proporcionando uma quantidade absurda de informações. Ele é caracterizado como um crítico que vê como negativas as implicações dos meios de comunicação de massa[3], apesar de não se considerar como tal, Virilio não considera a eliminação da internet e da cibernética, mas sugere que elas sejam utilizadas de forma civilizada. Para ele, estar na contramão das modas intelectuais é uma obrigação dos pensadores autônomos e engajados nas lutas por um mundo melhor. Ele relaciona a internet com a história e a cultura norte-americana, caracterizada por uma imposição ao mundo, um controle universal como o “big brother” previsto por George Orwell. Paul cita também o empobrecimento gerado pela concentração de dinheiro nas mãos de poucos e a automação que substitui o homem em quase todas as áreas. [carece de fontes?]

Paul Virilio é um democrata, crítico do neoliberalismo, do capitalismo, da globalização e do novo império da técnica em todas as suas formas, do ciberespaço à automação. “Velocidade” pode ser considerada a palavra-chave dos pensamentos de Virilio acerca da Cibercultura, pois, segundo ele, a realidade é definida por um mundo virtual, onde se pode estar em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum, ou seja, não se tem mais a noção de tempo e espaço. Ele acredita que nós estamos vivendo a Era da “Dromologia” (dromos= corrida), em que a pressa dita o ritmo das mídias e se nega a reflexão e se intensifica a superficialidade.[4]

Virilio afirma ainda que o teatro e a dança são as duas únicas linhas de resistência à virtualização: “Não há globalização sem virtualização. O teatro e a dança têm necessidade de apresentar o corpo. Então são as artes do corpo por excelência. É preciso preservá-las, se as deixarmos desaparecer na virtualização, se não preservarmos os corpos de atores e dançarinos, provaremos que as novas tecnologias são exterminadoras dos corpos não apenas através do desemprego, da miséria, mas também da referência à corporalidade, isto é, à própria teatralidade”.[carece de fontes?]

No livro Os Motores da História, Paul Virilio afirma que as inovações tecnológicas transformam, modificam, alteram o espaço geográfico em todas as escalas (local, nacional e global). Ao escrever sobre os motores da história, nos mostra como as inovações técnicas transformam as relações entre os indivíduos com a natureza em todas as escalas. Os motores a vapor, a explosão, o elétrico, o foguete e o da informática, contribuíram para uma “tecnicização do território”, tornando assim o espaço geográfico cada vez mais mecanizado com profundas alterações no modo de produzir, nas formas de circulação e de consumo do espaço. Podemos frisar que Paul Virilio diz que “O Homem sempre seguiu a lei do menor esforço”, sendo nítida esta tese de acordo com a evolução dos tempos, tal como facilitação da vida humana através da adaptação dos meios comunicativos.

  • O primeiro motor

O motor a vapor, na ocasião de uma revolução da informação e da criação da primeira máquina, ou seja, da máquina que serviu à revolução industrial. Foi o motor a vapor que permitiu o trem e, portanto, a visão do mundo através do trem, a visão em desfile, que já é a visão do cinema. Cada motor modifica o quadro de produção de nossa história e também modifica a percepção e a informação.

  • O segundo motor

o motor de explosão, propiciou o desenvolvimento do automóvel e do avião. Voando, o homem obteve uma informação e uma visão inéditas do mundo: a visão aérea. O motor de explosão possibilitou uma infinidade de máquinas, as máquinas-veículo e também toda uma série de máquinas de produção industrial.[carece de fontes?]

  • O terceiro motor

O elétrico, deu origem à turbina e favoreceu a eletrificação, permitindo, por exemplo, uma visão da cidade à noite. Evidentemente ele favoreceu também o cinema. O cinema é uma arte do motor. Certamente as primeiras máquinas e câmeras foram manuais, mas sabemos que elas foram eletrificadas rapidamente. O desenvolvimento do cinema, que modificou a relação do homem com o mundo, está diretamente relacionado com a invenção do motor elétrico. [carece de fontes?]

  • O quarto motor

É o motor-foguete que permitiu ao homem escapar da atração terrestre. Através dele temos os satélites que servem à transmissão do sistema de segurança. Satelizando os homens, ele permitiu a visão da Terra a partir de uma outra terra: a Lua. Assim, cada motor modificou a informação sobre o mundo e nossa relação com ele. Eu creio que isto nunca foi dito.[carece de fontes?]

Nós esquecemos que a arte é sempre uma arte do motor. De uma certa maneira, as artes primitivas eram ligadas ao metabolismo, ou seja, ao pintor, ao escultor etc., mas desde que inventamos a máquina nós inventamos um meio diferente de perceber e de conceber o mundo. O último motor é o motor informático, é o motor à inferência lógica, aquele do software, que vai favorecer a digitalização da imagem e do som, assim como a realidade virtual. Ele vai modificar totalmente a relação com o real, na medida em que permite duplicar a realidade através de uma outra realidade, que é uma realidade imediata, funcionando em tempo real, live.[carece de fontes?]

Comparação[editar | editar código-fonte]

Comparando Paul Virilio com outros autores renomados percebemos o quanto ele se enquadra na visão clássica de Umberto Eco com sua visão pessimista. É o caso de Pierre Lévy que vê a internet como algo universal e não totalitário, já que não impõe aos usuários o que acessar. Foi uma tecnologia que se impôs em 10 anos, comparando-se com a escrita que se consolidou em 1000 anos. Ele ainda afirma que quem não tem acesso a internet está de certa forma excluído do mundo, assim como quem não sabe escrever. Outro autor considerado otimista em relação novas mídias é Nicholas Negroponte, caracterizado por pensar sempre adiante do que vivemos e fala na possibilidade de reproduzir máquinas com a mesma capacidade de aprendizado do homem, algo extremamente futurista. Ele acredita que todo ser humano deve ter acesso à internet, já que a mesma é uma fonte muito rica em pesquisas. Sendo assim Nicholas Negroponte desenvolveu um projeto para que todos possam ter um notebook com acesso à rede mundial por um preço acessível, no caso, 100 dólares.

Obras[editar | editar código-fonte]

Publicados no Brasil[editar | editar código-fonte]

Geral[editar | editar código-fonte]

  • City of Panic. Oxford: Berg, 2005.
  • The Accident of Art. New York: Semiotext(e), 2005.
  • Negative Horizon: An Essay in Dromoscopy. London: Continuum, 2005.
  • Art and Fear. London: Continuum, 2003.
  • Unknown Quantity. New York: Thames and Hudson, 2003.
  • Ground Zero. London: Verso, 2002.
  • Desert Screen: War at the Speed of Light. London: Continuum, 2002.
  • Crepuscular Dawn. New York: Semiotext(e), 2002.
  • Virilio Live: Selected Interviews. Edited by John Armitage London: Sage, 2001.
  • A Landscape of Events. Cambridge: MIT Press, 2000.
  • The Information Bomb. London: Verso, 2000.
  • Strategy of Deception. London: Verso, 2000.
  • Politics of the Very Worst. New York: Semiotext(e), 1999.
  • Polar Inertia. London: Sage, 1999.
  • Open Sky. London: Verso, 1997.
  • Pure War. New York: Semiotext(e), 1997.
  • The Art of the Motor. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1995.
  • The Vision Machine. Bloomington: Indiana University Press, 1994.
  • Bunker Archaeology. New York: Princeton Architectural Press, 1994.
  • The Aesthetics of Disappearance. New York: Semiotext(e), 1991.
  • Lost Dimension. New York: Semiotext(e), 1991.
  • Popular Defense and Ecological Struggles. New York: Semiotext(e), 1990.
  • War and Cinema: The Logistics of Perception. London: Verso, 1989.
  • Speed and Politics: An Essay on Dromology. New York: Semiotext(e), 1977 [1986]

Referências

  1. publico.pt. «Morreu o filósofo Paul Virilio». Consultado em 18 de setembro de 2018 
  2. Paul Virilio - Biography Arquivado em 22 de abril de 2010, no Wayback Machine.. The European Graduate School (em inglês
  3. RUDIGER, Francisco. "A reflexão teórica em cibercultura e a atualidade da polêmica sobre a cultura de massas". Disponível em: <http://www.matrizes.usp.br/index.php/matrizes/article/view/201/pdf>. Acesso em: (09/04/2012)
  4. Entrevista ao filósofo francês Paul Virilio para o Diário Liberdade. Disponível em: <http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=16682:entrevista-ao-filosofo-frances-paul-virilio&catid=99:batalha-de-ideias&Itemid=113>. Acesso em: (09/04/2012)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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