Príncipe do Brasil
Príncipe do Brasil | |
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Pariato | Portugal |
Criação | João IV, 27 de outubro de 1645 |
Ordem | Nobreza titulada |
Tipo | Hereditário |
1.º Titular | Teodósio de Bragança |
Linhagem | Casa de Bragança |
Títulos Subsidiários | Príncipe da Beira Duque de Bragança |
Actual Titular | – |
Príncipe do Brasil foi o título nobiliárquico do varão herdeiro presuntivo do trono de Portugal, entre 1645 e 1734, e do herdeiro presuntivo, independentemente do seu sexo, entre 1734 e 1817.[nota 1] Até sua criação, os herdeiros da coroa portuguesa tinham o título de Infante até ao reinado de D. João I e de Príncipe herdeiro de Portugal desde o reinado de D. Duarte I.
Histórico
[editar | editar código-fonte]O título foi criado pelo rei D. João IV a favor do seu primogénito, D. Teodósio de Bragança, por meio da carta patente de 27 de outubro de 1645.
(...) Declaro ao dito meu Filho, e aos mais Primogênitos desta Coroa, Príncipes do Brasil, para o possuírem em título somente, e se chamarem daqui em diante Príncipes do Brazil, e Duques de Bragança.E assim o dito meu Filho, como seus sucessores, governarão o dito Estado, logo que se lhes nomear Casa; e antes de a terem, e em quanto faltar Príncipe, a governarão os Reis, com divisão porém de Ministros, assim e da maneira que ora se governa, ou na que aos Reis, salvando a divisão, parecer melhor.
— D. João IV, Carta Patente de 27 de Outubro de 1645.[3]
De observar que, até ao reinado de D. João V, o título estava reservado apenas a pessoas do sexo masculino. A filha mais velha do monarca, fosse herdeira presuntiva do trono ou não, recebia o título de Princesa da Beira.
Na sequência do nascimento da sua neta, D. Maria Francisca de Bragança, em 1734, D. João V reorganiza o sistema de títulos dos herdeiros da coroa. A partir daí, o título de príncipe do Brasil passa a ser atribuído aos herdeiros presuntivos do trono, independentemente do seu sexo. Já o título de Príncipe da Beira passa a ser atribuído ao herdeiro do príncipe do Brasil (segundo na linha de sucessão), também independentemente do seu sexo.
Já no reinado de D. Maria I, o então Príncipe-regente D. João de Bragança extinguiu o título ao elevar o principado honorífico do Brasil a reino, criando, em 1815, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ele próprio, ainda como Príncipe-regente, e, depois da sua subida ao trono, o seu filho herdeiro, D. Pedro de Alcântara, receberam o título de príncipe real do reino unido de Portugal, Brasil e Algarves.
D. Pedro de Alcântara ostentou o título de príncipe real do Reino Unido até a declaração da independência do Brasil, em 1822, fundando o Império do Brasil e passando, então, a intitular-se imperador do Brasil. O título de príncipe do Brasil foi então recriado pela casa imperial do Brasil como o equivalente brasileiro do título de Infante de Portugal, sendo conferido aos filhos segundos do imperador. Já o herdeiro presuntivo do trono brasileiro recebia o título de príncipe imperial do Brasil e o primogênito deste o de príncipe do Grão-Pará.
A casa real portuguesa, por sua vez, para designar o herdeiro da coroa, passou a utilizar o título de Príncipe Real de Portugal, que existiu de facto até a proclamação da república portuguesa, em 1910 e de jure a partir de então. Com a morte do último Rei de Portugal, D. Manuel II, em 1932, o título passou a ser o dos pretendentes à coroa e chefes da casa real portuguesa.
Príncipes do Brasil
[editar | editar código-fonte]Foram Príncipes do Brasil:[4]
Príncipe | Período | Soberano | Relação com o Soberano | |||
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1 | Dom Teodósio |
27 de outubro de 1645 | 15 de maio de 1653 | João IV |
Filho | |
2 | Dom Afonso |
16 de maio de 1653 | 6 de novembro de 1656 | Filho | ||
3 | Dom João |
30 de agosto de 1688 | 17 de setembro de 1688 | Pedro II |
Filho | |
4 | Dom João |
22 de outubro de 1689 | 31 de julho de 1750 | Filho | ||
5 | Dom Pedro |
19 de outubro de 1712 | 29 de outubro de 1714 | João V |
Filho | |
6 | Dom José |
29 de outubro de 1714 | 31 de julho de 1750 | Filho | ||
7 | Dona Maria Francisca |
31 de julho de 1750 | 24 de fevereiro de 1777 | José I |
Filha | |
8 | Dom José |
13 de maio de 1777 | 11 de setembro de 1788 | Maria I |
Filho | |
9 | Dom João |
11 de setembro de 1788 | 20 de março de 1816 | Filho | ||
10 | Dom Pedro |
20 de março de 1816 | 9 de janeiro de 1817[nota 2] | João VI |
Filho |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Varnhagen, Francisco Adolpho de (1857). Historia geral do Brazil. Tomo 2. Rio de Janeiro: Casa de E. e H. Laemmert
Notas
- ↑ Dom Pedro de Alcântara (rei Dom Pedro IV de Portugal e imperador Dom Pedro I do Brasil) ostentou o título de Príncipe do Brasil de 20 de março de 1816, quando seu pai se tornou rei, até 9 de janeiro de 1817, em que um alvará régio, em adiantamento a carta de lei de 16 de dezembro de 1815,[1] lhe deu o título de Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.[2]
- ↑ Dom Pedro de Alcântara ostentou o título de Príncipe do Brasil de 20 de março de 1816, quando seu pai se tornou rei, até 9 de janeiro de 1817, em que um alvará régio, em adiantamento a carta de lei de 16 de dezembro de 1815,[1] lhe deu o título de Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.[2]
Referências
- ↑ a b Portugal (16 de dezembro de 1815), Carta de Lei de 16 de Dezembro de 1815, Signatory: João VI de Portugal, Manuel Rodrigues Gameiro Pessoa, Rio de Janeiro, Wikidata Q24083887
- ↑ a b BRASIL (1890). «Alvará de 9 de Janeiro de 1817. Dá aos Principes filhos primogênitos da Coroa de Portugal o titulo e Principe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, conservando o de Duque de Bragança». Colecção das Leis do Brazil de 1816. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional
- ↑ «Carta patente — Títulos dos primogênitos da coroa - pertença a estes a Casa de Bragança, etc.». Liv. X da Supplicação, fol. 394 v. cit. por SILVA, José Justino de Andrade e (1856) - Collecção Chronologica da Legislação Portugueza compilada e annotada, II Série, 1640-1647. Lisboa: Imprensa de F. X. de Souza, p. 394. 27 de Outubro de 1645. Consultado em 6 de janeiro de 2024
- ↑ Varnhagen 1857, p. 447.