Saltar para o conteúdo

Tráfico de escravos para o Brasil: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Substituindo texto, que foi vandalizado... "O tráfico de escravos para o Brasil refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Durou de meados do século XVI até meados do século XIX. Portugueses, "
Etiquetas: Remoção considerável de conteúdo Editor Visual
O tráfico de escravos para o Brasil refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Durou de meados do século XVI até meados do século XIX. Portugueses, brasileiros, holandeses, ingleses e african...
Etiquetas: Referências removidas Editor Visual
Linha 1: Linha 1:
{{História do Brasil}}
{{História do Brasil}}
O [[tráfico negreiro|tráfico de escravos]] para o [[Brasil]] refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Durou de meados do século XVI até meados do século XIX. Portugueses, brasileiros, holandeses, ingleses e africanos dominaram um comércio que envolveu a movimentação de mais de 3 000 000 de pessoas. Se dividiu em quatro fases.
* O tráfico de escravos para o Brasil refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Durou de meados do século XVI até meados do século XIX. Portugueses, brasileiros, holandeses, ingleses e africanos dominaram um comércio que envolveu a movimentação de mais de 3 000 000 de pessoas. Se dividiu em quatro fases.
O comércio de escravos já estava solidamente implantado no continente africano na época das Grandes Navegaçõeseuropeias, já existindo durante milhares de anos. Nações africanas.


Os portugueses começaram o seu contacto com os mercados de escravos africanos para resgatar cativos civis e militares desde o tempo da Reconquista. Nesta época, o Alfaqueque era a pessoa que tinha, por missão, tratar do resgate de cativos. Quando Catarina de Áustria autoriza o tráfico de escravos para o Brasil, o comércio de escravos oriundos da África, que antes era dominado pelos africanos, passa a ser também dominado por europeus.
O comércio de escravos já estava solidamente implantado no continente africano na época das [[Grandes Navegações]] europeias, já existindo durante milhares de anos. Nações africanas.

== O móbil do tráfico - a economia açucareira ==
As listas dos resgates de cativos escravizados e libertados durante o reinado de dom João V revelam que até brasileiros chegaram a ser capturados e vendidos no mercado Africano.
A partir de 1830, com o conhecimento adquirido na fabricação do [[açúcar]] nas ilhas da [[Madeira (Portugal)|Madeira]] e de [[São Tomé (São Tomé e Príncipe)|São Tomé]], e depois com a criação em 1949 do [[Governo Geral]] para o Brasil, a Coroa portuguesa procurou incentivar construção de [[engenhos de açúcar]] no Brasil. Mas os colonos encontraram grandes dificuldades no recrutamento da mão de obra e na falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos de açúcar.<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002006000100007]</ref> As várias [[epidemia]]s que, a partir de 1860, dizimaram os escravos [[Povos indígenas do Brasil|índios]] em proporções alarmantes fizeram com que a que Coroa portuguesa criasse leis que proibissem, de forma parcial, a escravatura de índios, isto é, "proibiam a escravização dos índios convertidos e só permitiam a captura de escravos através de guerra justa contra os índios que combatessem ou devorassem os Portugueses, ou os Índios aliados, ou os escravos; esta guerra justa deveria ser decretada pelo soberano ou pelo Governador Geral". Outras adaptações desta lei surgiram mais tarde.

O tráfico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes brancos europeus e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos,não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro – no caso de Angola, também parte do comércio interior – para além de fazerem o papel de mediadores culturais no comércio de escravos da África Atlântica. Refira-se Francisco Félix de Sousa, alforriado aos 17 anos, considerado o maior traficante de escravos brasileiro.

== O móbil do tráfico - a economia açucareira[editar | editar código-fonte] ==
A partir de 1530, com o conhecimento adquirido na fabricação do açúcar nas ilhas da Madeira e de São Tomé, e depois com a criação em 1549 do Governo Geral para o Brasil, a Coroa portuguesa procurou incentivar construção de engenhos de açúcar no Brasil. Mas os colonos encontraram grandes dificuldades no recrutamento da mão de obra e na falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos de açúcar.As várias epidemias que, a partir de 1560, dizimaram os escravos índios em proporções alarmantes fizeram com que a que Coroa portuguesa criasse leis que proibissem, de forma parcial, a escravatura de índios, isto é, "proibiam a escravização dos índios convertidos e só permitiam a captura de escravos através de guerra justa contra os índios que combatessem ou devorassem os Portugueses, ou os Índios aliados, ou os escravos; esta guerra justa deveria ser decretada pelo soberano ou pelo Governador Geral". Outras adaptações desta lei surgiram mais tarde.


A subsequente falta de mão de obra levou a que se necessitasse de introduzir mão de obra de outra origem.
A subsequente falta de mão de obra levou a que se necessitasse de introduzir mão de obra de outra origem.


Quanto aos holandeses, a partir de 1630 começaram ocupar as regiões produtoras de açúcar no Brasil e, para suprir a falta de mão de obra escrava, em 1638 lançaram-se na conquista do entreposto português de [[São Jorge da Mina]] e, em 1641, organizaram a invasão de [[Angola]].
Quanto aos holandeses, a partir de 1630 começaram ocupar as regiões produtoras de açúcar no Brasil e, para suprir a falta de mão de obra escrava, em 1638 lançaram-se na conquista do entreposto português de São Jorge da Mina e, em 1641, organizaram a invasão de Angola.


Argumenta-se que a sobrevivência das primeiras [[engenhoca]]s, o plantio de [[cana-de-açúcar]], do [[algodão]], do [[Cafeeiro|café]] e do [[fumo]] foram os elementos decisivos para que a [[metrópole]] enviasse para o [[Brasil]] os primeiros escravos africanos, vindos de diversas partes da [[África]], trazendo, consigo, seus hábitos, costumes, [[música]], [[dança]], [[culinária]], língua, [[mito]]s, [[rito]]s e a [[Religiões tradicionais africanas|religião]], que se infiltrou no povo, formando, ao lado da [[religião católica]], as duas maiores [[religiões do Brasil]].
Argumenta-se que a sobrevivência das primeiras engenhocas, o plantio de cana-de-açúcar, do algodão, do café e do fumo foram os elementos decisivos para que ametrópole enviasse para o Brasil os primeiros escravos africanos, vindos de diversas partes da África, trazendo, consigo, seus hábitos, costumes, música, dança,culinária, língua, mitos, ritos e a religião, que se infiltrou no povo, formando, ao lado da religião católica, as duas maiores religiões do Brasil.


== Os primeiros escravos e a legalização da escravatura ==
== Os primeiros escravos e a legalização da escravatura[editar | editar código-fonte] ==
A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a bênção papal, documentada nas bulas de Nicolau V Dum diversos e Divino Amorecommuniti, ambas de 1822, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar.<ref>[http://www2.crb.ucp.pt/historia/abced%C3%A1rio/escravaturaa/A%20Igreja%20e%20a%20Escravatura.htm]</ref> A regulamentação da escravatura era legislada nas [[ordenações manuelinas]],<ref>[http://www.gptec.cfch.ufrj.br/leis/default.asp www.gptec.cfch.ufrj.br/leis/default.asp]</ref> a adopção da escravatura vinha, assim, tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa devido à recorrência de epidemias, muitas provenientes da África e do Oriente. Até a primeira metade do século XV, a população portuguesa apresentou queda demográfica constante.<ref>[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702005000300015]</ref>
A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a bênção papal, documentada nas bulas de Nicolau V Dum diversos e Divino Amorecommuniti, ambas de 1452, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar.A regulamentação da escravatura era legislada nasordenações manuelinas,a adopção da escravatura vinha, assim, tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa devido à recorrência de epidemias, muitas provenientes da África e do Oriente. Até a primeira metade do século XV, a população portuguesa apresentou queda demográfica constante.4


Quanto aos governos Africanos, quer fossem de religião [[Islamismo|muçulmana]]<ref>[http://www.sautulisslam.com/templates/revistas/edicoes/edicao_22/t_islam_e_a_escravatura.htm]</ref> ou de outras [[Religiões tradicionais africanas|religiões nativas]], já praticavam a escravatura muito antes de os europeus se iniciarem no tráfico. Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comércio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio.<ref>[http://www.digitalhistory.uh.edu/historyonline/slav_fact.cfm]</ref><ref>[http://autocww.colorado.edu/~blackmon/E64ContentFiles/AfricanHistory/SlaveryInAfrica.html]</ref>
Quanto aos governos Africanos, quer fossem de religião muçulmana5 ou de outras religiões nativas, já praticavam a escravatura muito antes de os europeus se iniciarem no tráfico. Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comércio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio.6 7


O mais antigo registro de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou, ao Rei, a remessa de 22 negros para a sua [[capitania de São Tomé]] (Paraíba do Sul/Macaé).
O mais antigo registro de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou, ao Rei, a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé (Paraíba do Sul/Macaé).


Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a importar até 20 escravos.
Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a importar até 120 escravos.


== Como os africanos se tornavam milionário ==
== Como os africanos se tornavam milionário[editar | editar código-fonte] ==
Quando os portugueses chegaram a África, encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso.
Quando os portugueses chegaram a África, encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso.


Os africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos:{{sem fontes}}
Os africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos:[''carece de fontes'']
* soldado de guerra
** soldado de guerra
* agradecimeto para quem fosse por salvar, gente,criança e, às vezes, adultério.
** agradecimeto para quem fosse por salvar, gente,criança e, às vezes, adultério.
* penhora: as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas.
** penhora: as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas.
* rapto individual ou de um pequeno grupo de pessoas no ataque a pequenas vilas,
** rapto individual ou de um pequeno grupo de pessoas no ataque a pequenas vilas,
* troca de um membro de sua família por comida
** troca de um membro da comunidade por comida
** como pagamento de tributo a outro chefe tribal8
* como pagamento de tributo a outro chefe tribal<ref>[http://books.google.pt/books?id=lfN_88iF1LEC&pg=PA25&dq=%22escravos+de+escravos%22&hl=pt-PT&ei=ilgDTuzhEsnOswao6tH0DQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC0Q6AEwAA#v=onepage&q=%22escravos%20de%20escravos%22&f=false Etica, Direito E Cidadania: Brasil Sociopolitico E Juridico Atual pg 26]</ref>
Ainda quando estavam em África, estima-se que a taxa de mortalidade dos africanos no percurso que faziam desde o local em que eram capturados pelos mercadores de escravos locais, até ao litoral onde eram vendidos aos europeus, era superior à que ocorria durante a travessia do Atlântico.Durante a travessia, a taxa de mortalidade, embora menor do que em terra, até o final do século XVIII se manteve assustadora, com maior ou menor incidência dependendo das epidemias, das rebeliões e suicídios levados a cabo pelos escravizados, das condições existentes a bordo, bem como do humor do capitão e tripulação de cada navio negreiro.10

Ainda quando estavam em África, estima-se que a taxa de mortalidade dos africanos no percurso que faziam desde o local em que eram capturados pelos mercadores de escravos locais, até ao litoral onde eram vendidos aos europeus, era superior à que ocorria durante a travessia do Atlântico.<ref>BoaHen, Albert Adu "História Geral da África; Vol. VII – África sob dominação colonial" [[UNESCO]] 2010 ISBN 9788576521297 Páginas 541-42 [http://books.google.com.br/books?id=GTnbiv6yI1IC&pg=PA541&dq=mortalidade+escravos+na+africa+e++travessia&hl=pt-BR&sa=X&ei=Gwm2UYalAeiQ0QH6_oHIBw&ved=0CDIQ6AEwAA#v=onepage&q=mortalidade%20escravos%20na%20africa%20e%20%20travessia&f=false Visualização no Google Livros]</ref> Durante a travessia, a taxa de mortalidade, embora menor do que em terra, até o final do século XVIII se manteve assustadora, com maior ou menor incidência dependendo das epidemias, das rebeliões e [[suicídio|suicídios]] levados a cabo pelos escravizados, das condições existentes a bordo, bem como do humor do capitão e tripulação de cada [[navio negreiro]].<ref>Rediker, Marcus "O Navio Negreiro" Ed. Companhia das Letras 2011 ISBN 9788535918052</ref>


{{Referências}}
== Referências ==
*# Ir para cima↑ [1]
*# Ir para cima↑ [2]
*# Ir para cima↑ www.gptec.cfch.ufrj.br/leis/default.asp
*# Ir para cima↑ [3]
*# Ir para cima↑ [4]
*# Ir para cima↑ [5]
*# Ir para cima↑ [6]
*# Ir para cima↑ Etica, Direito E Cidadania: Brasil Sociopolitico E Juridico Atual pg 26
*# Ir para cima↑ BoaHen, Albert Adu "História Geral da África; Vol. VII – África sob dominação colonial" UNESCO 2010 ISBN 9788576521297 Páginas 541-42 Visualização no Google Livros
*# Ir para cima↑ Rediker, Marcus "O Navio Negreiro" Ed. Companhia das Letras 2011 ISBN 9788535918052


== {{Ver também}} ==
== Ver também[editar | editar código-fonte] ==
* [[Tratado de Tordesilhas]]
** Tratado de Tordesilhas
* [[Tráfico negreiro]]
** Tráfico negreiro
* [[Candomblé]]
** Candomblé
* [[Escravatura]]
** Escravatura
* [[Umbanda]]
** Umbanda
* [[Quimbanda]]
** Quimbanda
* [[Congado]]
** Congado


== {{Ligações externas}} ==
== Ligações externas[editar | editar código-fonte] ==
* {{Link||2=http://www.afroasia.ufba.br/pdf/31_3_aspectos.PDF |3=Aspectos Comparativos do Tráfico de Africanos para o Brasil}}
** Aspectos Comparativos do Tráfico de Africanos para o Brasil
* [[Francisco Félix de Sousa]] (Xaxá), Mercador de Escravos, 2010 livro de [[Alberto da Costa e Silva]]
** Francisco Félix de Sousa (Xaxá), Mercador de Escravos, 2004 livro de Alberto da Costa e Silva
* A vinda dos escravos, [[Waldeloir Rego]] em Mitos e Ritos Africanos da Bahia.
** A vinda dos escravos, Waldeloir Rego em Mitos e Ritos Africanos da Bahia.
* {{Link||2=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881999000200002&script=sci_arttext&tlng=pt |3=Cultura marítima: marinheiros e escravos no tráfico negreiro para o Brasil (sécs. XVIII E XIX)}}
** Cultura marítima: marinheiros e escravos no tráfico negreiro para o Brasil (sécs. XVIII E XIX)
* {{Link||2=http://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros/regioes-de-origem-dos-escravos-negros |3=Regiões de origem dos escravos negros}}
** Regiões de origem dos escravos negros
* {{Link||2=http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/41escrav.htm |3=Escravidão, um passado para esquecer?}}
** Escravidão, um passado para esquecer?
** Herança africana na Bahia
{{Sem interwiki|data=janeiro de 2012}}
{{Sem interwiki|data=janeiro de 2012}}



Revisão das 22h28min de 22 de maio de 2014

  • O tráfico de escravos para o Brasil refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Durou de meados do século XVI até meados do século XIX. Portugueses, brasileiros, holandeses, ingleses e africanos dominaram um comércio que envolveu a movimentação de mais de 3 000 000 de pessoas. Se dividiu em quatro fases.

O comércio de escravos já estava solidamente implantado no continente africano na época das Grandes Navegaçõeseuropeias, já existindo durante milhares de anos. Nações africanas.

Os portugueses começaram o seu contacto com os mercados de escravos africanos para resgatar cativos civis e militares desde o tempo da Reconquista. Nesta época, o Alfaqueque era a pessoa que tinha, por missão, tratar do resgate de cativos. Quando Catarina de Áustria autoriza o tráfico de escravos para o Brasil, o comércio de escravos oriundos da África, que antes era dominado pelos africanos, passa a ser também dominado por europeus.

As listas dos resgates de cativos escravizados e libertados durante o reinado de dom João V revelam que até brasileiros chegaram a ser capturados e vendidos no mercado Africano.

O tráfico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes brancos europeus e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos,não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro – no caso de Angola, também parte do comércio interior – para além de fazerem o papel de mediadores culturais no comércio de escravos da África Atlântica. Refira-se Francisco Félix de Sousa, alforriado aos 17 anos, considerado o maior traficante de escravos brasileiro.

O móbil do tráfico - a economia açucareira[editar | editar código-fonte]

A partir de 1530, com o conhecimento adquirido na fabricação do açúcar nas ilhas da Madeira e de São Tomé, e depois com a criação em 1549 do Governo Geral para o Brasil, a Coroa portuguesa procurou incentivar construção de engenhos de açúcar no Brasil. Mas os colonos encontraram grandes dificuldades no recrutamento da mão de obra e na falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos de açúcar.1 As várias epidemias que, a partir de 1560, dizimaram os escravos índios em proporções alarmantes fizeram com que a que Coroa portuguesa criasse leis que proibissem, de forma parcial, a escravatura de índios, isto é, "proibiam a escravização dos índios convertidos e só permitiam a captura de escravos através de guerra justa contra os índios que combatessem ou devorassem os Portugueses, ou os Índios aliados, ou os escravos; esta guerra justa deveria ser decretada pelo soberano ou pelo Governador Geral". Outras adaptações desta lei surgiram mais tarde.

A subsequente falta de mão de obra levou a que se necessitasse de introduzir mão de obra de outra origem.

Quanto aos holandeses, a partir de 1630 começaram ocupar as regiões produtoras de açúcar no Brasil e, para suprir a falta de mão de obra escrava, em 1638 lançaram-se na conquista do entreposto português de São Jorge da Mina e, em 1641, organizaram a invasão de Angola.

Argumenta-se que a sobrevivência das primeiras engenhocas, o plantio de cana-de-açúcar, do algodão, do café e do fumo foram os elementos decisivos para que ametrópole enviasse para o Brasil os primeiros escravos africanos, vindos de diversas partes da África, trazendo, consigo, seus hábitos, costumes, música, dança,culinária, língua, mitos, ritos e a religião, que se infiltrou no povo, formando, ao lado da religião católica, as duas maiores religiões do Brasil.

Os primeiros escravos e a legalização da escravatura[editar | editar código-fonte]

A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a bênção papal, documentada nas bulas de Nicolau V Dum diversos e Divino Amorecommuniti, ambas de 1452, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar.2 A regulamentação da escravatura era legislada nasordenações manuelinas,3 a adopção da escravatura vinha, assim, tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa devido à recorrência de epidemias, muitas provenientes da África e do Oriente. Até a primeira metade do século XV, a população portuguesa apresentou queda demográfica constante.4

Quanto aos governos Africanos, quer fossem de religião muçulmana5 ou de outras religiões nativas, já praticavam a escravatura muito antes de os europeus se iniciarem no tráfico. Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comércio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio.6 7

O mais antigo registro de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou, ao Rei, a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé (Paraíba do Sul/Macaé).

Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a importar até 120 escravos.

Como os africanos se tornavam milionário[editar | editar código-fonte]

Quando os portugueses chegaram a África, encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso.

Os africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos:[carece de fontes]

    • soldado de guerra
    • agradecimeto para quem fosse por salvar, gente,criança e, às vezes, adultério.
    • penhora: as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas.
    • rapto individual ou de um pequeno grupo de pessoas no ataque a pequenas vilas,
    • troca de um membro da comunidade por comida
    • como pagamento de tributo a outro chefe tribal8

Ainda quando estavam em África, estima-se que a taxa de mortalidade dos africanos no percurso que faziam desde o local em que eram capturados pelos mercadores de escravos locais, até ao litoral onde eram vendidos aos europeus, era superior à que ocorria durante a travessia do Atlântico.9 Durante a travessia, a taxa de mortalidade, embora menor do que em terra, até o final do século XVIII se manteve assustadora, com maior ou menor incidência dependendo das epidemias, das rebeliões e suicídios levados a cabo pelos escravizados, das condições existentes a bordo, bem como do humor do capitão e tripulação de cada navio negreiro.10

Referências

    1. Ir para cima↑ [1]
    2. Ir para cima↑ [2]
    3. Ir para cima↑ www.gptec.cfch.ufrj.br/leis/default.asp
    4. Ir para cima↑ [3]
    5. Ir para cima↑ [4]
    6. Ir para cima↑ [5]
    7. Ir para cima↑ [6]
    8. Ir para cima↑ Etica, Direito E Cidadania: Brasil Sociopolitico E Juridico Atual pg 26
    9. Ir para cima↑ BoaHen, Albert Adu "História Geral da África; Vol. VII – África sob dominação colonial" UNESCO 2010 ISBN 9788576521297 Páginas 541-42 Visualização no Google Livros
    10. Ir para cima↑ Rediker, Marcus "O Navio Negreiro" Ed. Companhia das Letras 2011 ISBN 9788535918052

Ver também[editar | editar código-fonte]

    • Tratado de Tordesilhas
    • Tráfico negreiro
    • Candomblé
    • Escravatura
    • Umbanda
    • Quimbanda
    • Congado

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

    • Aspectos Comparativos do Tráfico de Africanos para o Brasil
    • Francisco Félix de Sousa (Xaxá), Mercador de Escravos, 2004 livro de Alberto da Costa e Silva
    • A vinda dos escravos, Waldeloir Rego em Mitos e Ritos Africanos da Bahia.
    • Cultura marítima: marinheiros e escravos no tráfico negreiro para o Brasil (sécs. XVIII E XIX)
    • Regiões de origem dos escravos negros
    • Escravidão, um passado para esquecer?
    • Herança africana na Bahia