Sabiá-cica

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Espécime fêmea de sabiá-cica avistado em Iporanga, em São Paulo, no Brasil
Espécime fêmea de sabiá-cica avistado em Iporanga, em São Paulo, no Brasil
Espécimes fêmea (esquerda) e macho (direita) em cativeiro
Espécimes fêmea (esquerda) e macho (direita) em cativeiro
Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Aves
Ordem: Psittaciformes
Família: Psittacidae
Subfamília: Psittacinae
Gênero: Triclaria
Espécie: T. malachitacea
Nome binomial
Triclaria malachitacea
(Spix, 1824)
Distribuição geográfica
Distribuição do sabiá-cica no Brasil
Distribuição do sabiá-cica no Brasil

Sabiá-cica (nome científico: Triclaria malachitacea),[2] também designado como sabiacica, araçaiava, araçuaiava, araçuiava, cica ou mãe-de-sabiá,[3] é uma espécie de ave que pertence a ordem dos psitaciformes, da família dos psitacídeos.[1] Tais aves podem medir cerca de 29 centímetros de comprimento, possuindo bico branco, plumagem verde (os machos desta espécie possuem as penas do abdome em azul-purpúreo).[3]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome vernáculo sabiá-cica ou sabiacica foi registrado pela primeira vez em 1783 como sabiaci, e então em 1806 como sabiá sicar e 1928 como sabiàcica. É formado pela junção de sabiá (que deriva do tupi sawi'a[4]) e -cica, um pospositivo derivado do tupi ï'sika, "resina, substância adstringente".[5] Araçaiava e araçuiava têm provável origem tupi, mas de étimo desconhecido.[6][7] Araçuaiava também tem origem tupi, e igualmente seu étimo é desconhecido. Foi citado a primeira vez em 1911 como arassuaiava[8]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

O sabiá-cica é encontrado sobretudo os estados brasileiros do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, e há registros adicionais par ao sul da Bahia (nenhum desde 1833), Minas Gerais (poucos registros duvidosos), Espírito Santo (quatro ou cinco locais), Paraná (três registros modernos) e Santa Catarina (Vale do Itajaí, Vale de Tijucas e Serra do Mar). Há dois registros não confirmados em Misiones, na Argentina. O sabiá-cica habita florestas de baixa altitude e escarpas de até mil metros, variando em florestas de várzea fora da época de reprodução. A sua preferência é por florestas primárias ou secundárias maduras, com boa disponibilidade de locais de nidificação (árvores ocas). Devido às mudanças de habitat na baixada de Santa Catarina, os registros mais recentes nesse estado são de florestas montanhosas. No Rio Grande do Sul, nidifica em terrenos planos e cumes mas na Serra do Mar a maioria dos registros são ao longo de cursos d'água de vales. É suscetível à fragmentação e parece exigir fragmentos de mais de 60 hectares para persistir.[1]

Características[editar | editar código-fonte]

O sabiá-cica tem 28 centímetros (11 polegadas) e pesa de 110 a 155 gramas (3,8-5,4 onças). Há dimorfismo sexual. Os machos adultos são todo verdes, com o centro do abdome e a parte inferior do peito azul-arroxeado, enquanto a fêmea é toda verde. O bico é pálido e o anel do olho é cinza. Seus olhos são castanhos. Os juvenis, por sua vez, são semelhante aos adultos, mas os machos apresenta menos coloração azulada. Os chamados da espécie são descritos como distintos e parecidos com músicas. Utilizam notas trinadas, bem como notas estridentes rapidamente repetidas. Espécimes em cativeiro foram ouvidas em dueto umas com as outras.[9] A espécie nidifica de setembro (outubro no Rio Grande do Sul) a janeiro. Trichilia claussenii é uma importante árvore-ninho no Rio Grande do Sul, mas outras espécies como Eugenia rostrifolia, Alchornea triplinervea e Cupania vernalis também são potencialmente utilizadas. A espécie tem uma dieta variada, incluindo palmeiras içara (Euterpe edulis) e ocasionalmente milho (Zea mays).[1]

Conservação[editar | editar código-fonte]

O sabiá-cica foi classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) como quase ameaçado, pois se suspeita que esteja em declínio moderadamente rápido devido à perda de habitat e, talvez em menor grau, captura para o comércio de aves de gaiola. No Parque Estadual dos Três Picos, Rio de Janeiro, pareça estar estável desde cerca de 2003. A população era anteriormente estimada em menos de cinco mil indivíduos, mas Bencke (1996) sugeriu que pode haver cerca de 10 mil no Rio Grande do Sul e números significativos na encosta leste da Serra do Mar; no entanto, a aparente raridade da espécie sugere que esses números podem ser superestimados.[1] No Brasil, consta em vários listas de conservação estaduais: em 2005, foi classificado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[10] em 2010, como criticamente em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais[11] e vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná;[12] em 2011, como vulnerável na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[13] em 2014, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo[14] e quase ameaçado na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul;[15][16] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)[17][18] e como vulnerável na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[19]

Referências

  1. a b c d e BirdLife International (2016). Triclaria malachitacea (em inglês). IUCN 2016. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2016​: e.T22686419A93110897. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22686419A93110897.en Página visitada em 28 de outubro de 2021.
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 183. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. a b Grande Dicionário Houaiss, verbete sabiacica
  4. Grande Dicionário Houaiss, Sabiá
  5. Grande Dicionário Houaiss, -cica
  6. Grande Dicionário Houaiss, verbete araçaiava
  7. Grande Dicionário Houaiss, verbete araçuiava
  8. Grande Dicionário Houaiss, verbete araçuaiava
  9. «Purple-bellied parrot (Triclaria malachitacea. World Parrot Trust. Consultado em 6 de julho de 2022. Cópia arquivada em 6 de julho de 2022 
  10. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  11. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  12. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022 
  13. Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010 
  14. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  15. de Marques, Ana Alice Biedzicki; Fontana, Carla Suertegaray; Vélez, Eduardo; Bencke, Glayson Ariel; Schneider, Maurício; Reis, Roberto Esser dos (2002). Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul - Decreto Nº 41.672, de 11 de junho de 2002 (PDF). Porto Alegre: Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; PANGEA - Associação Ambientalista Internacional; Fundação Zoo-Botânica do Rio Grande do Sul; Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA); Governo do Rio Grande do Sul. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 31 de janeiro de 2022 
  16. «Decreto N.º 51.797, de 8 de setembro de 2014» (PDF). Porto Alegre: Estado do Rio Grande do Sul Assembleia Legislativa Gabinete de Consultoria Legislativa. 2014. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2022 
  17. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  18. «Triclaria malachitacea (Spix, 1825)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 10 de julho de 2022 
  19. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022