Xica Manicongo
Xica Manicongo | |
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Nascimento | Reino do Congo |
Morte | Salvador |
Ocupação | sapateiro |
Xica Manicongo (Reino do Congo — Salvador) viveu no Estado do Brasil no século XVI, e foi a primeira pessoa a ser documentada como travesti no Brasil, graças a uma denúncia ao Tribunal do Santo Ofício em 1591. Tornou-se uma figura de destaque a partir do século XX, sobretudo entre a comunidade LGBT. Em 2010, foi homenageada pela ASTRA-Rio (Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro) com a criação do Prêmio Xica Manicongo. Em 2021, um quilombo urbano no Rio de Janeiro foi criado e batizado com o seu nome.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascida no Reino do Congo, Xica Manicongo foi para Salvador, no Estado do Brasil, enquanto pessoa escravizada. Trabalhou como sapateira e ficou conhecida entre a população local por se recusar a vestir roupas masculinas.[1][2]
Em 1591 foi registada uma denúncia contra Xica junto ao Tribunal do Santo Ofício por crime de sodomia[2], fazendo uma menção direta à sua forma de vestir.[3] A partir desta denúncia, Xica passou a usar as vestes masculinas e também a usar o seu nome de batismo, Francisco.[1][4][5]
A sua história voltou a ganhar relevância nos anos 1990 graças ao trabalho do antropólogo Luiz Mott, que partiu de registos obtidos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.[1][5]
No século XXI, Xica Manicongo é uma figura reconhecida sobretudo entre a comunidade LGBT. Em 2021 foi criado no Rio de Janeiro um quilombo urbano com o seu nome.[6]
Reconhecimento e prêmios[editar | editar código-fonte]
A associação ASTRA-Rio (Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro) criou em 2010 o Prêmio Xica Manicongo, que visa reconhecer iniciativas relacionadas com os direitos humanos e promoção da cidadania de travestis e pessoas trans.[4][2]
Em 2018, o estilista baiano Isaac Silva lançou uma coleção de moda em sua homenagem.[7][8][9][10]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c «Xica Manicongo, um importante símbolo de resistência e luta para a comunidade LGBTI+». dezanove.pt. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ a b c «De Xica Manicongo a Erica Malunguinho: as mulheres trans na política». Nós, mulheres da periferia. 28 de janeiro de 2022. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ «Por que você não me abraça?» (PDF). Sur - International Journal on Human Rights. 19 de dezembro de 2018. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ a b «Campanha de promoção aos direitos humanos do UNAIDS é premiada no Rio de Janeiro». www.unodc.org. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ a b Jesus, Jaqueline Gomes de (2 de junho de 2019). «XICA MANICONGO: A TRANSGENERIDADE TOMA A PALAVRA». Revista Docência e Cibercultura (1): 250–260. ISSN 2594-9004. doi:10.12957/redoc.2019.41817. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ «Coletivos negro e LGBTs inauguram quilombo urbano em Niterói, no RJ». Brasil de Fato. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ «Estilista Isaac Silva lança coleção em homenagem a Xica Manicongo, primeira travesti negra do Brasil – A Lista Negra». Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ «Cultura negra é reverenciada por estilista Isaac Silva - 22/07/2018 - sãopaulo - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 22 de março de 2022
- ↑ Ker, João. «O afrorromantismo de Isaac Silva». Revista Híbrida. Consultado em 21 de março de 2022
- ↑ «Conheça Angela Brito e Isaac Silva, os estreantes do SPFW N48». Vogue. Consultado em 22 de março de 2022