Alergia ao leite: diferenças entre revisões

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{{Não confundir com|intolerância à lactose}}
'''[[Alergia]] ao [[leite]]''' é uma [[Alergia alimentar|reação alérgica a um alimento]], uma reação adversa do [[Sistema imunitário|sistema imunológico]] a uma ou mais características constitutivas de leites animais (mais comumente à alpha s1-[[caseína]], presente no leite de vaca). Esta reação alérgica induzida pelo leite pode envolver [[anafilaxia]], reação que pode causar risco à vida.
A '''alergia ao leite''' é uma [[Resposta imunológica|reação imunológica]] adversa a uma ou mais [[proteína]]s do [[leite]] de [[Bos taurus|vaca]]. Entre os possíveis [[sintoma]]s está a [[anafilaxia]], uma condição potencialmente fatal que requer [[Terapia|tratamento]] com [[Adrenalina|epinefrina]], entre outras medidas. No entanto, os sintomas podem levar horas a dias para se manifestar, com sintomas incluindo [[dermatite atópica]], [[inflamação]] do [[Esófago|esôfago]], [[Doença celíaca|enteropatia]] envolvendo o [[intestino delgado]] e [[proctocolite]] envolvendo o [[reto]] e o [[Intestino grosso|cólon]].<ref name=Caffarelli>{{citar periódico| vauthors = Caffarelli C, Baldi F, Bendandi B, Calzone L, Marani M, Pasquinelli P |título= Cow's milk protein allergy in children: a practical guide |periódico= Italian Journal of Pediatrics | volume = 36 |páginas= 5 |data=janeiro de 2010 | pmid = 20205781 | pmc = 2823764 | doi = 10.1186/1824-7288-36-5 }}</ref>


<!-- Cause and mechanism -->
Alergia ao leite é distinta de [[intolerância à lactose]].<ref>{{citar web|URL=http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI10615-15149,00.html|título=Alergia ao leite x intolerância à lactose|autor=Pontes, Ana Paula|data=|obra=[[Crescer]]|acessodata=18 de março de 2013}}</ref>
Nos [[Estados Unidos]], 90% das [[Alergia alimentar|reações alérgicas a alimentos]] são causadas por oito [[alimento]]s, sendo o leite de vaca o mais comum.<ref name="aafa.org">{{citar web|url= http://www.aafa.org/display.cfm?id=9&sub=20&cont=286 |título= Asthma and Allergy Foundation of America |acessodata=23 de dezembro de 2012 |urlmorta= sim|arquivourl= https://web.archive.org/web/20121006052320/http://aafa.org/display.cfm?id=9&sub=20&cont=286 |arquivodata=6 de outubro de 2012 |df= dmy-all }}</ref> O reconhecimento de que um pequeno número de alimentos é responsável pela maioria das [[alergia]]s alimentares levou à exigência de listar com destaque esses [[alérgeno]]s comuns, incluindo [[Lacticínios|laticínios]], nos rótulos dos alimentos.<ref name=FDA2004>{{citar web|último=FDA|título=Food Allergen Labeling and Consumer Protection Act of 2004 Questions and Answers |website=[[Food and Drug Administration]] |url=https://www.fda.gov/Food/GuidanceRegulation/GuidanceDocumentsRegulatoryInformation/Allergens/ucm106890.htm|acessodata=29 de setembro de 2017}}</ref><ref name=FDAallergies2017>{{citar web|último=FDA|título=Food Allergies: What You Need to Know |website=[[Food and Drug Administration]] |url=https://www.fda.gov/Food/ResourcesForYou/Consumers/ucm079311.htm |data=18 de dezembro de 2017|acessodata=12 de janeiro de 2018}}</ref><ref name="Japan2014">{{citar periódico| vauthors = Urisu A, Ebisawa M, Ito K, Aihara Y, Ito S, Mayumi M, Kohno Y, Kondo N |título= Japanese Guideline for Food Allergy 2014 |periódico= Allergology International | volume = 63 |número= 3 |páginas= 399–419 |data=setembro de 2014 | pmid = 25178179 | doi = 10.2332/allergolint.14-RAI-0770 | doi-access = free }}</ref><ref name=EU2015>[https://www.food.gov.uk/sites/default/files/food-allergen-labelling-technical-guidance.pdf "Food allergen labelling and information requirements under the EU Food Information for Consumers Regulation No. 1169/2011: Technical Guidance"] (April 2015).</ref> Uma função do sistema imunológico é defender-se contra [[Infecção|infecções]] reconhecendo proteínas estranhas, mas não deve [[Hipersensibilidade|reagir exageradamente]] às proteínas alimentares. O aquecimento das proteínas do leite pode [[Desnaturação|desnaturar]], perdendo sua configuração tridimensional e alergenicidade, de modo que os produtos de [[Pão|panificação]] contendo produtos lácteos podem ser tolerados enquanto o leite fresco desencadeia uma reação alérgica.


<!-- Management -->
{{Referências}}
A condição pode ser controlada evitando o consumo de produtos lácteos ou alimentos que contenham ingredientes lácteos.<ref name=EurPed2015rev>{{citar periódico| vauthors = Lifschitz C, Szajewska H |título= Cow's milk allergy: evidence-based diagnosis and management for the practitioner |periódico= European Journal of Pediatrics | volume = 174 |número= 2 |páginas= 141–50 |data=fevereiro de 2015 | pmid = 25257836 | pmc = 4298661 | doi = 10.1007/s00431-014-2422-3 }}</ref> Para pessoas sujeitas a reações rápidas (alergia ao leite mediada por [[IgE]]), a dose capaz de provocar uma resposta alérgica pode ser tão baixa quanto alguns miligramas, portanto, essas pessoas devem evitar estritamente laticínios.<ref name="TaylorHefle2006">{{citar periódico| vauthors = Taylor SL, Hefle SL | s2cid = 25204657 |título= Food allergen labeling in the USA and Europe |periódico= Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology | volume = 6 |número= 3 |páginas= 186–90 |data=junho de 2006 | pmid = 16670512 | doi = 10.1097/01.all.0000225158.75521.ad |tipo= Review }}</ref><ref name="TaylorHefle2004">{{citar periódico| vauthors = Taylor SL, Hefle SL, Bindslev-Jensen C, Atkins FM, Andre C, Bruijnzeel-Koomen C, Burks AW, Bush RK, Ebisawa M, Eigenmann PA, Host A, Hourihane JO, Isolauri E, Hill DJ, Knulst A, Lack G, Sampson HA, Moneret-Vautrin DA, Rance F, Vadas PA, Yunginger JW, Zeiger RS, Salminen JW, Madsen C, Abbott P | display-authors = 6 |título= A consensus protocol for the determination of the threshold doses for allergenic foods: how much is too much? |periódico= Clinical and Experimental Allergy | volume = 34 |número= 5 |páginas= 689–95 |data=maio de 2004 | pmid = 15144458 | doi = 10.1111/j.1365-2222.2004.1886.x | s2cid = 3071478 |tipo= Review. Consensus Development Conference. Research Support, Non-U.S. Gov't | url = http://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1036&context=foodsciefacpub }}</ref> A declaração da presença de traços de leite ou laticínios em alimentos não é obrigatória em nenhum país, com exceção do [[Brasil]].<ref name=FDAallergies2017 /><ref name=Allen2014>{{citar periódico| vauthors = Allen KJ, Turner PJ, Pawankar R, Taylor S, Sicherer S, Lack G, Rosario N, Ebisawa M, Wong G, Mills EN, Beyer K, Fiocchi A, Sampson HA |título= Precautionary labelling of foods for allergen content: are we ready for a global framework? |periódico= The World Allergy Organization Journal | volume = 7 |número= 1 |páginas= 1–14 |ano= 2014 | pmid = 24791183 | pmc = 4005619 | doi = 10.1186/1939-4551-7-10 }}</ref><ref name="ANVISA2016">{{citar web|título=Agência Nacional de Vigilância Sanitária Guia sobre Programa de Controle de Alergênicos|url=https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MzIxOQ%2C%2C|publicado=Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)|data=2016|acessodata=7 de abril de 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180429222652/https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MzIxOQ,,|arquivodata=29 de abril de 2018|urlmorta= sim}}</ref>
<!-- Epidemiology -->


A alergia ao leite afeta entre 2% e 3% dos [[Bebé|bebês]] e [[criança]]s pequenas.<ref name="EurPed2015rev" /><ref name="Savage2015">{{citar periódico| vauthors = Savage J, Johns CB |título= Food allergy: epidemiology and natural history |periódico= Immunology and Allergy Clinics of North America | volume = 35 |número= 1 |páginas= 45–59 |data=fevereiro de 2015 | pmid = 25459576 | pmc = 4254585 | doi = 10.1016/j.iac.2014.09.004 }}</ref> Para reduzir o risco, as recomendações são de que os bebês devem ser [[Amamentação|amamentados]] exclusivamente por pelo menos quatro meses, de preferência seis meses, antes da introdução do leite de vaca. Se houver um [[Antecedentes familiares|histórico familiar]] de alergia a laticínios, a fórmula infantil de [[soja]] pode ser considerada, mas cerca de 10 a 15% dos bebês alérgicos ao leite de vaca também reagirão à soja.<ref>{{citar periódico| vauthors = Vandenplas Y |título= Prevention and Management of Cow's Milk Allergy in Non-Exclusively Breastfed Infants |periódico= Nutrients | volume = 9 |número= 7 |páginas= 731 |data=julho de 2017 | pmid = 28698533 | pmc = 5537845 | doi = 10.3390/nu9070731 | doi-access = free }}</ref> A maioria das crianças supera a alergia ao leite, mas para cerca de 0,4% a condição persiste na idade adulta.<ref name="Liu2010">{{citar periódico| vauthors = Liu AH, Jaramillo R, Sicherer SH, Wood RA, Bock SA, Burks AW, Massing M, Cohn RD, Zeldin DC |título= National prevalence and risk factors for food allergy and relationship to asthma: results from the National Health and Nutrition Examination Survey 2005-2006 |periódico= The Journal of Allergy and Clinical Immunology | volume = 126 |número= 4 |páginas= 798–806.e13 |data=outubro de 2010 | pmid = 20920770 | pmc = 2990684 | doi = 10.1016/j.jaci.2010.07.026 }}</ref> A [[Dessensibilização|imunoterapia oral]] está sendo pesquisada, mas seu benefício não está claro.<ref name="Martorell2014" /><ref name="Brozek2012">{{citar periódico| vauthors = Brożek JL, Terracciano L, Hsu J, Kreis J, Compalati E, Santesso N, Fiocchi A, Schünemann HJ | display-authors = 6 |título= Oral immunotherapy for IgE-mediated cow's milk allergy: a systematic review and meta-analysis |periódico= Clinical and Experimental Allergy | volume = 42 |número= 3 |páginas= 363–74 |data=março de 2012 | pmid = 22356141 | doi = 10.1111/j.1365-2222.2011.03948.x | s2cid = 25333442 }}</ref>
{{esboço-medicina}}

==Pesquisa==
A dessensibilização, que é um processo lento de consumir pequenas quantidades da proteína alergênica até que o corpo seja capaz de tolerar uma exposição mais significativa, resulta na redução dos sintomas ou mesmo na remissão da alergia em algumas pessoas e está sendo explorada para o tratamento da alergia ao leite.<ref>{{citar periódico| vauthors = Nowak-Węgrzyn A, Sampson HA |título= Future therapies for food allergies |periódico= The Journal of Allergy and Clinical Immunology | volume = 127 |número= 3 |páginas= 558–73; quiz 574–5 |data=março de 2011 | pmid = 21277625 | pmc = 3066474 | doi = 10.1016/j.jaci.2010.12.1098 }}</ref> Isso é chamado de imunoterapia oral (ITO). A [[imunoterapia sublingual]], na qual a proteína alergênica é mantida na boca sob a língua, foi aprovada para alergias a [[grama]] e [[ambrosia]], mas ainda não para alimentos.<ref>{{citar periódico| vauthors = Narisety SD, Keet CA |título= Sublingual vs oral immunotherapy for food allergy: identifying the right approach |periódico= Drugs | volume = 72 |número= 15 |páginas= 1977–89 |data=outubro de 2012 | pmid = 23009174 | pmc = 3708591 | doi = 10.2165/11640800-000000000-00000 }}</ref><ref>http://acaai.org/allergies/allergy-treatment/allergy-immunotherapy/sublingual-immunotherapy-slit/ Sublingual Therapy (SLIT) American College of Allergy, Asthma and Immunology</ref> A dessensibilização oral para alergia ao leite de vaca parece ser relativamente segura e pode ser eficaz, no entanto, mais estudos são necessários para entender a resposta imune geral, e as questões permanecem em aberto sobre a duração da dessensibilização.<ref name="EurPed2015rev" /><ref name=Martorell2014>{{citar periódico| vauthors = Martorell Calatayud C, Muriel García A, Martorell Aragonés A, De La Hoz Caballer B |título= Safety and efficacy profile and immunological changes associated with oral immunotherapy for IgE-mediated cow's milk allergy in children: systematic review and meta-analysis |periódico= Journal of Investigational Allergology & Clinical Immunology | volume = 24 |número= 5 |páginas= 298–307 |ano= 2014 | pmid = 25345300 }}</ref><ref name=Brozek2012 /><ref name=Yeung2012>{{citar periódico| vauthors = Yeung JP, Kloda LA, McDevitt J, Ben-Shoshan M, Alizadehfar R |título= Oral immunotherapy for milk allergy |periódico= The Cochrane Database of Systematic Reviews | volume = 11 |páginas= CD009542 |data=novembro de 2012 | pmid = 23152278 | doi = 10.1002/14651858.CD009542.pub2 | pmc = 7390504 }}</ref>

Há pesquisas – não específicas para alergia ao leite – sobre o uso de [[probiótico]]s, [[Prebiótico (nutrição)|prebióticos]] e a combinação dos dois ([[simbióticos]]) como forma de tratar ou prevenir [[alergia]]s infantis. A partir de revisões, parece haver um benefício no tratamento para [[Dermatite|eczema]],<ref>{{citar periódico| vauthors = Chang YS, Trivedi MK, Jha A, Lin YF, Dimaano L, García-Romero MT |título= Synbiotics for Prevention and Treatment of Atopic Dermatitis: A Meta-analysis of Randomized Clinical Trials |periódico= JAMA Pediatrics | volume = 170 |número= 3 |páginas= 236–42 |data=março de 2016 | pmid = 26810481 | doi = 10.1001/jamapediatrics.2015.3943 | doi-access = free }}</ref><ref name=Cuello2015>{{citar periódico| vauthors = Cuello-Garcia CA, Brożek JL, Fiocchi A, Pawankar R, Yepes-Nuñez JJ, Terracciano L, Gandhi S, Agarwal A, Zhang Y, Schünemann HJ |título= Probiotics for the prevention of allergy: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials |periódico= The Journal of Allergy and Clinical Immunology | volume = 136 |número= 4 |páginas= 952–61 |data=outubro de 2015 | pmid = 26044853 | doi = 10.1016/j.jaci.2015.04.031 }}</ref><ref name=Osborn2013>{{citar periódico| vauthors = Osborn DA, Sinn JK |título= Prebiotics in infants for prevention of allergy |periódico= The Cochrane Database of Systematic Reviews |número= 3 |páginas= CD006474 |data=março de 2013 | pmid = 23543544 | doi = 10.1002/14651858.CD006474.pub3 }}</ref> mas não para [[asma]], [[sibilo]]s ou [[Rinite|rinoconjuntivite]].<ref name=Cuello2015 /><ref>{{citar periódico| vauthors = Zuccotti G, Meneghin F, Aceti A, Barone G, Callegari ML, Di Mauro A, Fantini MP, Gori D, Indrio F, Maggio L, Morelli L, Corvaglia L |título= Probiotics for prevention of atopic diseases in infants: systematic review and meta-analysis |periódico= Allergy | volume = 70 |número= 11 |páginas= 1356–71 |data=novembro de 2015 | pmid = 26198702 | doi = 10.1111/all.12700 | doi-access = free }}</ref> Várias revisões concluíram que as evidências são suficientes para que seja recomendado na prática [[clínica]].<ref name=Osborn2013 /><ref>{{citar periódico| vauthors = de Silva D, Geromi M, Panesar SS, Muraro A, Werfel T, Hoffmann-Sommergruber K, Roberts G, Cardona V, Dubois AE, Halken S, Host A, Poulsen LK, Van Ree R, Vlieg-Boerstra BJ, Agache I, Sheikh A | display-authors = 6 |título= Acute and long-term management of food allergy: systematic review |periódico= Allergy | volume = 69 |número= 2 |páginas= 159–67 |data=fevereiro de 2014 | pmid = 24215577 | doi = 10.1111/all.12314 | s2cid = 206999857 | doi-access = free }}</ref><ref>{{citar periódico| vauthors = Zhang GQ, Hu HJ, Liu CY, Zhang Q, Shakya S, Li ZY |título= Probiotics for Prevention of Atopy and Food Hypersensitivity in Early Childhood: A PRISMA-Compliant Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials |periódico= Medicine | volume = 95 |número= 8 |páginas= e2562 |data=fevereiro de 2016 | pmid = 26937896 | pmc = 4778993 | doi = 10.1097/MD.0000000000002562 }}</ref>

{{Referências}}
{{Portal3|Saúde|Medicina}}


[[Categoria:Alergologia]]
[[Categoria:Alergologia]]

Revisão das 02h37min de 11 de julho de 2022

 Nota: Não confundir com intolerância à lactose.

A alergia ao leite é uma reação imunológica adversa a uma ou mais proteínas do leite de vaca. Entre os possíveis sintomas está a anafilaxia, uma condição potencialmente fatal que requer tratamento com epinefrina, entre outras medidas. No entanto, os sintomas podem levar horas a dias para se manifestar, com sintomas incluindo dermatite atópica, inflamação do esôfago, enteropatia envolvendo o intestino delgado e proctocolite envolvendo o reto e o cólon.[1]

Nos Estados Unidos, 90% das reações alérgicas a alimentos são causadas por oito alimentos, sendo o leite de vaca o mais comum.[2] O reconhecimento de que um pequeno número de alimentos é responsável pela maioria das alergias alimentares levou à exigência de listar com destaque esses alérgenos comuns, incluindo laticínios, nos rótulos dos alimentos.[3][4][5][6] Uma função do sistema imunológico é defender-se contra infecções reconhecendo proteínas estranhas, mas não deve reagir exageradamente às proteínas alimentares. O aquecimento das proteínas do leite pode desnaturar, perdendo sua configuração tridimensional e alergenicidade, de modo que os produtos de panificação contendo produtos lácteos podem ser tolerados enquanto o leite fresco desencadeia uma reação alérgica.

A condição pode ser controlada evitando o consumo de produtos lácteos ou alimentos que contenham ingredientes lácteos.[7] Para pessoas sujeitas a reações rápidas (alergia ao leite mediada por IgE), a dose capaz de provocar uma resposta alérgica pode ser tão baixa quanto alguns miligramas, portanto, essas pessoas devem evitar estritamente laticínios.[8][9] A declaração da presença de traços de leite ou laticínios em alimentos não é obrigatória em nenhum país, com exceção do Brasil.[4][10][11]

A alergia ao leite afeta entre 2% e 3% dos bebês e crianças pequenas.[7][12] Para reduzir o risco, as recomendações são de que os bebês devem ser amamentados exclusivamente por pelo menos quatro meses, de preferência seis meses, antes da introdução do leite de vaca. Se houver um histórico familiar de alergia a laticínios, a fórmula infantil de soja pode ser considerada, mas cerca de 10 a 15% dos bebês alérgicos ao leite de vaca também reagirão à soja.[13] A maioria das crianças supera a alergia ao leite, mas para cerca de 0,4% a condição persiste na idade adulta.[14] A imunoterapia oral está sendo pesquisada, mas seu benefício não está claro.[15][16]

Pesquisa

A dessensibilização, que é um processo lento de consumir pequenas quantidades da proteína alergênica até que o corpo seja capaz de tolerar uma exposição mais significativa, resulta na redução dos sintomas ou mesmo na remissão da alergia em algumas pessoas e está sendo explorada para o tratamento da alergia ao leite.[17] Isso é chamado de imunoterapia oral (ITO). A imunoterapia sublingual, na qual a proteína alergênica é mantida na boca sob a língua, foi aprovada para alergias a grama e ambrosia, mas ainda não para alimentos.[18][19] A dessensibilização oral para alergia ao leite de vaca parece ser relativamente segura e pode ser eficaz, no entanto, mais estudos são necessários para entender a resposta imune geral, e as questões permanecem em aberto sobre a duração da dessensibilização.[7][15][16][20]

Há pesquisas – não específicas para alergia ao leite – sobre o uso de probióticos, prebióticos e a combinação dos dois (simbióticos) como forma de tratar ou prevenir alergias infantis. A partir de revisões, parece haver um benefício no tratamento para eczema,[21][22][23] mas não para asma, sibilos ou rinoconjuntivite.[22][24] Várias revisões concluíram que as evidências são suficientes para que seja recomendado na prática clínica.[23][25][26]

Referências

  1. Caffarelli C, Baldi F, Bendandi B, Calzone L, Marani M, Pasquinelli P (janeiro de 2010). «Cow's milk protein allergy in children: a practical guide». Italian Journal of Pediatrics. 36. 5 páginas. PMC 2823764Acessível livremente. PMID 20205781. doi:10.1186/1824-7288-36-5 
  2. «Asthma and Allergy Foundation of America». Consultado em 23 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 6 de outubro de 2012 
  3. FDA. «Food Allergen Labeling and Consumer Protection Act of 2004 Questions and Answers». Food and Drug Administration. Consultado em 29 de setembro de 2017 
  4. a b FDA (18 de dezembro de 2017). «Food Allergies: What You Need to Know». Food and Drug Administration. Consultado em 12 de janeiro de 2018 
  5. Urisu A, Ebisawa M, Ito K, Aihara Y, Ito S, Mayumi M, Kohno Y, Kondo N (setembro de 2014). «Japanese Guideline for Food Allergy 2014». Allergology International. 63 (3): 399–419. PMID 25178179. doi:10.2332/allergolint.14-RAI-0770Acessível livremente 
  6. "Food allergen labelling and information requirements under the EU Food Information for Consumers Regulation No. 1169/2011: Technical Guidance" (April 2015).
  7. a b c Lifschitz C, Szajewska H (fevereiro de 2015). «Cow's milk allergy: evidence-based diagnosis and management for the practitioner». European Journal of Pediatrics. 174 (2): 141–50. PMC 4298661Acessível livremente. PMID 25257836. doi:10.1007/s00431-014-2422-3 
  8. Taylor SL, Hefle SL (junho de 2006). «Food allergen labeling in the USA and Europe». Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology (Review). 6 (3): 186–90. PMID 16670512. doi:10.1097/01.all.0000225158.75521.ad 
  9. Taylor SL, Hefle SL, Bindslev-Jensen C, Atkins FM, Andre C, Bruijnzeel-Koomen C, et al. (maio de 2004). «A consensus protocol for the determination of the threshold doses for allergenic foods: how much is too much?». Clinical and Experimental Allergy (Review. Consensus Development Conference. Research Support, Non-U.S. Gov't). 34 (5): 689–95. PMID 15144458. doi:10.1111/j.1365-2222.2004.1886.x 
  10. Allen KJ, Turner PJ, Pawankar R, Taylor S, Sicherer S, Lack G, Rosario N, Ebisawa M, Wong G, Mills EN, Beyer K, Fiocchi A, Sampson HA (2014). «Precautionary labelling of foods for allergen content: are we ready for a global framework?». The World Allergy Organization Journal. 7 (1): 1–14. PMC 4005619Acessível livremente. PMID 24791183. doi:10.1186/1939-4551-7-10 
  11. «Agência Nacional de Vigilância Sanitária Guia sobre Programa de Controle de Alergênicos». Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 2016. Consultado em 7 de abril de 2018. Arquivado do original em 29 de abril de 2018 
  12. Savage J, Johns CB (fevereiro de 2015). «Food allergy: epidemiology and natural history». Immunology and Allergy Clinics of North America. 35 (1): 45–59. PMC 4254585Acessível livremente. PMID 25459576. doi:10.1016/j.iac.2014.09.004 
  13. Vandenplas Y (julho de 2017). «Prevention and Management of Cow's Milk Allergy in Non-Exclusively Breastfed Infants». Nutrients. 9 (7). 731 páginas. PMC 5537845Acessível livremente. PMID 28698533. doi:10.3390/nu9070731Acessível livremente 
  14. Liu AH, Jaramillo R, Sicherer SH, Wood RA, Bock SA, Burks AW, Massing M, Cohn RD, Zeldin DC (outubro de 2010). «National prevalence and risk factors for food allergy and relationship to asthma: results from the National Health and Nutrition Examination Survey 2005-2006». The Journal of Allergy and Clinical Immunology. 126 (4): 798–806.e13. PMC 2990684Acessível livremente. PMID 20920770. doi:10.1016/j.jaci.2010.07.026 
  15. a b Martorell Calatayud C, Muriel García A, Martorell Aragonés A, De La Hoz Caballer B (2014). «Safety and efficacy profile and immunological changes associated with oral immunotherapy for IgE-mediated cow's milk allergy in children: systematic review and meta-analysis». Journal of Investigational Allergology & Clinical Immunology. 24 (5): 298–307. PMID 25345300 
  16. a b Brożek JL, Terracciano L, Hsu J, Kreis J, Compalati E, Santesso N, et al. (março de 2012). «Oral immunotherapy for IgE-mediated cow's milk allergy: a systematic review and meta-analysis». Clinical and Experimental Allergy. 42 (3): 363–74. PMID 22356141. doi:10.1111/j.1365-2222.2011.03948.x 
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