Astyanax argyrimarginatus: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiqueta: Código wiki errado
Linha 1: Linha 1:
{{Info/Taxonomia
{{Info/Taxonomia
| nome = Lambari de Rabo Amarelo
| nome = Lambari de Rabo Amarelo
| imagem = Astyanax argyrimarginatus.png
| imagem_legenda =
| estado = lc
| estado = lc
| estado_ref = <ref name=a/>
| estado_ref = <ref name=a/>
Linha 16: Linha 18:
}}
}}


'''Astyanax argyrimarginatus''', popularmente conhecido como lambari de rabo amarelo, é uma [[espécie]] de [[peixe]] [[Characidae|caracídeo]], pertencente ao [[Gênero (biologia)|gênero]] [[Astyanax]]. É [[Espécie endêmica do Brasil|endêmica ao Brasil]], ocorrendo nos estados de [[Mato Grosso]] e [[Goiás]].<ref name=a/><ref name=b/>
'''Astyanax argyrimarginatus''', popularmente conhecido como lambari de rabo amarelo, é uma [[espécie]] de [[peixe]] [[Characidae|caracídeo]], pertencente ao [[Gênero (biologia)|gênero]] [[Astyanax]]. É [[Espécie endêmica do Brasil|endêmica ao Brasil]], ocorrendo nos estados de [[Mato Grosso]] e [[Goiás]].<ref name=a>{{Citar web|url=https://www.iucnredlist.org/species/134691486/134691493|título=Astyanax argyrimarginatus (Lambari de Rabo Amarelo)|publicado=[[UICN]]|língua=en|acesso-data=20-2-2024}}</ref><ref name=b>{{Citar web|url=https://www.fishbase.se/summary/Astyanax-argyrimarginatus.html|título=Astyanax argyrimarginatus Garutti, 1999|publicado=[[FishBase]]|língua=en|acesso-data=20-2-2024}}</ref> Inicialmente, acreditava-se que estava restrita ao sistema fluvial [[Rio Tocantins|Tocantins]]-[[Rio Araguaia|Araguaia]], mas um estudo de 2012 ampliou seu alcance para incluir também o [[Rio Xingu]]. Sua relativa abundância e presença em alguns locais protegidos significa que não está ameaçada de extinção.


Esta espécie faz parte de um complexo centrado em torno do [[congênere]] ''Astyanax bimaculatus''. Visualmente, apresenta semelhanças com outras espécies que integram o complexo, incluindo nadadeiras avermelhadas e uma mancha umeral escura, mas sua característica mais marcante é uma faixa lateral preta com bordas prateadas brilhantes. Essa faixa é a origem do seu nome científico, que significa “borda prateada”.<ref name="ETYFish">{{Citar web|ultimo=Scharpf|primeiro=Christopher|ultimo2=Lazara|primeiro2=Kenneth J.|url=https://etyfish.org/stethaprioninae/|titulo=Family CHARACIDAE: Subfamily STETHAPRIONINAE Eigenmann 1907 (American Tetras)|data=28 de dezembro de 2023|acessodata=29 de janeiro de 2024|website=The ETYFish Project}}</ref>
{{Referências|refs=

<ref name=a>{{Citar web|url=https://www.iucnredlist.org/species/134691486/134691493|título=Astyanax argyrimarginatus (Lambari de Rabo Amarelo)|publicado=[[UICN]]|língua=en|acesso-data=20-2-2024}}</ref>
== Taxonomia ==
<ref name=b>{{Citar web|url=https://www.fishbase.se/summary/Astyanax-argyrimarginatus.html|título=Astyanax argyrimarginatus Garutti, 1999|publicado=[[FishBase]]|língua=en|acesso-data=20-2-2024}}</ref>
''Astyanax argyrimarginatus'' foi originalmente descrita em 1999 pelo ictiólogo brasileiro [[Valdener Garutti]]. Dadas as semelhanças morfológicas com vários outros membros do gênero, Garutti atribuiu a espécie ao [[Complexo específico|complexo de espécies]] ''[[Tambiú|Astyanax bimaculatus]]'', onde permanece até hoje, ao lado de várias outras espécies.<ref name="Original"></ref>
}}

Na pesquisa genética, descobriu-se que ''A. argyrimarginatus'' apresenta semelhanças [[Cariótipo|cariotípicas]] (cromossômicas) com congêneres ''A. bimaculatus'' e ''A. altiparanae''. Isto não é incomum, considerando que ''A. altiparanae'' está no complexo de espécies ''A. bimaculatus'' com as outras duas.<ref name="Cytogenetics">{{Citar periódico |título=Comparative cytogenetics in Astyanax (Characiformes: Characidae) with focus on the cytotaxonomy of the group |data=setembro de 2013 |periódico=Neotropical Ichthyology |número=3 |ultimo=Tenório |primeiro=Renata Cristina Claudino de Oliveira |ultimo2=Vitorino |primeiro2=Carla de Andrade |paginas=553–564 |doi=10.1590/S1679-62252013000300008 |ultimo3=Souza |primeiro3=Issakar Lima |ultimo4=Oliveira |primeiro4=Claudio |ultimo5=Venere |primeiro5=Paulo Cesar |volume=11 |hdl-access=}}</ref> É improvável, entretanto, que ''A. argyrimarginatus'' seja sinônimo de qualquer espécie conhecida; pode ser identificada fortemente através da informação genética, utilizando uma técnica conhecida como [[código de barras de DNA]].<ref name="Diversity">{{Citar periódico |título=Highlighting Astyanax Species Diversity through DNA Barcoding |data=19 de dezembro de 2016 |periódico=PLOS ONE |número=12 |ultimo=Rossini |primeiro=Bruno César |ultimo2=Oliveira |primeiro2=Carlos Alexandre Miranda |paginas=e0167203 |doi=10.1371/journal.pone.0167203 |pmc=5167228 |pmid=27992537 |ultimo3=Melo |primeiro3=Filipe Augusto Gonçalves de |ultimo4=Bertaco |primeiro4=Vinicius de Araújo |ultimo5=Astarloa |primeiro5=Juan M. Díaz de |ultimo6=Rosso |primeiro6=Juan J. |ultimo7=Foresti |primeiro7=Fausto |ultimo8=Oliveira |primeiro8=Claudio |volume=11 |doi-access=}}</ref>

=== Etimologia ===
O epíteto específico tem origem no grego. A palavra "argyros" significa "prata" e "marginatus" significa "bordeado"; isso se refere ao forro prateado ao redor da faixa lateral preta. O nome do gênero, ''Astyanax'', é uma alusão à [[Ilíada]], na qual apareceu um guerreiro [[troia]]no chamado [[Astíanax|Astyanax]]. O motivo desta alusão não ficou claro no texto nominal, mas pode ter origem nas escamas da espécie-tipo ''Astyanax argentatus'', que são grandes e prateadas, como uma armadura ou um escudo.<ref name="ETYFishII">{{Citar web|ultimo=Scharpf|primeiro=Christopher|ultimo2=Lazara|primeiro2=Kenneth J.|url=https://etyfish.org/stethaprioninae/|titulo=Family CHARACIDAE: Subfamily STETHAPRIONINAE Eigenmann 1907 (American Tetras)|data=28 de dezembro de 2023|acessodata=29 de janeiro de 2024|website=The ETYFish Project}}<cite class="citation web cs1" data-ve-ignore="true" id="CITEREFScharpfLazara2023">Scharpf, Christopher; Lazara, Kenneth J. (28 December 2023). </cite></ref>

Em termos de nome comum, ''A. argyrimarginatus'' é uma das muitas espécies de pequenos peixes às vezes chamados de "lambari" na América do Sul.<ref name="IUCN"><cite class="citation journal cs1 cs1-prop-foreign-lang-source" id="CITEREFInstituto_Chico_Mendes_de_Conservação_da_Biodiversidade_(ICMBio)2022"><span class="cx-segment" data-segmentid="166">[[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (2022). </span><span class="cx-segment" data-segmentid="168">[https://www.iucnredlist.org/species/134691486/134691493 "''Astyanax argyrimarginatus''"]. </span><span class="cx-segment" data-segmentid="169">''[[IUCN Red List|IUCN Red List of Threatened Species]]'' (in Portuguese). </span><span class="cx-segment" data-segmentid="171">'''2022''': e.T134691486A134691493. </span><span class="cx-segment" data-segmentid="172">[[Doi (identifier)|doi]]:[[doi:10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T134691486A134691493.pt|10.2305/IUCN.]]</span>[[doi:10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T134691486A134691493.pt|<span class="cx-segment" data-segmentid="174">UK.2022-1.</span><span class="cx-segment" data-segmentid="175">RLTS.</span>]]<span class="cx-segment" data-segmentid="176">[[doi:10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T134691486A134691493.pt|T134691486A134691493.pt]]<span class="reference-accessdate">. </span></span><span class="cx-segment" data-segmentid="177"><span class="reference-accessdate">Retrieved <span class="nowrap">24 April</span> 2023</span>.</span></cite></ref>

== Descrição ==
[[Ficheiro:Astyanax_argyrimarginatus_preserved_2.png|esquerda|miniaturadaimagem| Um espécime preservada de ''Astyanax argyrimarginatus''. Observe o contorno prateado na faixa lateral, que ainda é visível após a preservação]]
''Astyanax argyrimarginatus'' atinge um máximo de {{Cvt|4.5|cm}} comprimento padrão (SL). Existem 42–46 escamas na [[linha lateral]], 27–31 raios na barbatana anal, e um único dente no osso maxilar; o pré-maxilar apresenta vários dentes multicúspides.<ref name="Original">{{Citar periódico |título=Descrição de Astyanax argyrimarginatus sp. n. (Characiformes, Characidae) procedente da bacia do Rio Araguaia, Brasil |data=novembro de 1999 |periódico=Revista Brasileira de Biologia |número=4 |ultimo=Garutti |primeiro=V. |paginas=585–591 |doi=10.1590/S0034-71081999000400008 |pmid=23505647 |volume=59}}<cite class="citation journal cs1 cs1-prop-foreign-lang-source" data-ve-ignore="true" id="CITEREFGarutti1999">Garutti, V. (November 1999). </cite></ref> A cabeça tem em média 26,8% do comprimento do corpo e o olho é grande, ocupando 34–38% do comprimento da cabeça.<ref name="Range Extension">{{Citar periódico |título=''Astyanax argyrimarginatus'' Garutti, 1999 (Characiformes: Characidae): first Xingu basin distribution record and geographic distribution map |data=1 de agosto de 2012 |periódico=Check List |número=4 |ultimo=Andrade |primeiro=Marcelo |ultimo2=Bastos |primeiro2=Douglas |paginas=802 |doi=10.15560/8.4.802 |ultimo3=Giarrizzo |primeiro3=Tommaso |volume=8 |doi-access=free}}</ref>

As escamas são prateadas. As barbatanas são em grande parte vermelhas, com coloração mais intensa na barbatana caudal e nos raios anteriores da barbatana anal.<ref name="Range Extension"></ref> Há uma mancha umeral escura em formato oval horizontal e duas barras verticais marrom-escuras na mesma região do corpo. Uma mancha escura no pedúnculo caudal se estende até as pontas dos raios médios da nadadeira caudal. Talvez a característica mais marcante seja a faixa lateral escura, que possui uma borda prateada brilhante.<ref name="Original"></ref>

=== Dimorfismo sexual ===
Nas barbatanas anais dos machos maiores que {{Cvt|7.5|cm}}, ganchos ósseos estão presentes. Esta é uma característica não incomum em toda a família [[Caracídeos|''Characidae'']].<ref name="Range Extension"></ref> Caso contrário, poucas diferenças morfométricas ou de coloração podem ser discernidas após o exame. Alguns congêneres demonstram casos mais dramáticos de dimorfismo sexual, como [[Astyanax aramburui|''A. aramburui'']]; os machos maduros apresentam os mesmos ganchos ósseos, mas também apresentam pequenas saliências carnudas na cabeça e nas escamas.<ref name="Aramburui">{{Citar periódico |título=A new species of ''Astyanax'' (Teleostei, Characiformes, Characidae), with breeding tubercles, from the Paraná and Uruguay river basins |data=17 de agosto de 2006 |periódico=Zootaxa |ultimo=Protogino |primeiro=Lucila C. |ultimo2=Miquelarena |primeiro2=Amalia M. |pagina=1 |doi=10.11646/zootaxa.1297.1.1 |ultimo3=López |primeiro3=Hugo L. |volume=1297 |hdl-access=}}</ref>

== Distribuição e ecologia ==
[[Ficheiro:Astyanax_argyrimarginatus_preserved_1.png|miniaturadaimagem| Espécime preservado de ''Astyanax argyrimarginatus'', capturado na bacia do Rio Araguaia]]
''Astyanax argyrimarginatus'' foi originalmente descrita na bacia do [[Rio Araguaia]], no Brasil.<ref name="Original"></ref> Sua distribuição também inclui as bacias dos rios [[Rio Tocantins|Tocantins]] e [[Rio Xingu|Xingu]], nos estados brasileiros de [[Goiás]] e [[Mato Grosso]]. O Xingu é uma adição mais recente, de um estudo da distribuição geográfica da espécie em 2012.<ref name="Range Extension"></ref> Geralmente, pode ser encontrada nas cabeceiras dos rios e em vários pequenos riachos.<ref name="IUCN"></ref>

Os rios Araguaia e Tocantins fazem parte de um único sistema fluvial, apesar de diferentes ecótipos. O Tocantins é relativamente claro, com corredeiras e cachoeiras;<ref name="TA River System">{{Citar web|url=https://lacgeo.com/tocantins-araguaia-river-system-brazil|titulo=Tocantins-Araguaia River System (Brazil)|data=10 de junho de 2022|acessodata=26 de abril de 2023|website=lacgeo.com|publicado=Latin America and Caribbean Geographic}}</ref> o Araguaia é lamacento e sinuoso.<ref name="IR Archive">{{Citar web|url=https://archive.internationalrivers.org/campaigns/araguaia-tocantins-rivers|titulo=Araguaia & Tocantins Rivers|acessodata=26 de abril de 2023|website=archive.internationalrivers.org|publicado=International Rivers Archive|lingua=en}}</ref> O Xingu é outro rio de águas claras e atravessa as áreas pedregosas da geopaisagem brasileira.<ref name="Xingu Ionic">{{Citar periódico |título=Ionic characterization of the Xingu River water's in the region of the future UHE Belo Monte (PA) |data=Agosto de 2015 |periódico=Brazilian Journal of Biology |número=3 suppl 1 |ultimo=Sidagis-Galli |primeiro=C. |ultimo2=Abe |primeiro2=Ds. |paginas=30–33 |doi=10.1590/1519-6984.03314BM |pmid=26691073 |ultimo3=Rodrigues-Filho |primeiro3=Jl. |ultimo4=Blanco |primeiro4=Fp. |ultimo5=Medeiros |primeiro5=Gr. |ultimo6=Faria |primeiro6=Crl. |ultimo7=Tundisi |primeiro7=Jg. |volume=75 |doi-access=}}</ref>

Pouco se sabe sobre a fisiologia e hábitos alimentares de ''A. argyrimarginatus''. Outros membros do gênero são geralmente onívoros adaptáveis e não têm medo de material alóctone.<ref name="Atlantic River Diet">{{Citar periódico |título=Diet of Astyanax species (Teleostei, Characidae) in an Atlantic Forest River in Southern Brazil |data=junho de 2002 |periódico=Brazilian Archives of Biology and Technology |número=2 |ultimo=Vilella |primeiro=Fábio Silveira |ultimo2=Becker |primeiro2=Fernando Gertum |paginas=223–232 |doi=10.1590/S1516-89132002000200015 |ultimo3=Hartz |primeiro3=Sandra Maria |volume=45 |hdl-access=}}</ref><ref name="Two Species Diet">{{Citar periódico |título=Influence of environmental quality on the diet of ''Astyanax'' in a microbasin of central western Brazil |data=6 de maio de 2013 |periódico=Acta Scientiarum Biological Sciences |número=2 |ultimo=Souza |primeiro=Rosangela Guarisso de |ultimo2=Lima-Junior |primeiro2=Sidnei Eduardo |paginas=179–184 |doi=10.4025/actascibiolsci.v35i2.15570 |volume=35 |doi-access=}}</ref>

== Estado de conservação ==
''Astyanax argyrimarginatus'' é considerada uma espécie de menor preocupação pela [[União Internacional para a Conservação da Natureza|IUCN]]. Embora o seu habitat inclua alguns locais afetados pelo desenvolvimento humano e pela poluição, nenhuma ameaça tem importância direta para a população como um todo.<ref name="IUCN"></ref>

Um exemplo específico de habitat ameaçado para ''A. argyrimarginatus'' é o rio Xingu, que é objeto de diversos projetos de infraestrutura. Um projeto com impacto notável no Xingu como um todo é a barragem de [[Usina Hidrelétrica de Belo Monte|Belo Monte]], que alterou radicalmente o fluxo do rio durante a construção.<ref>{{Citar web|ultimo=Hansen|primeiro=Kathryn|url=https://earthobservatory.nasa.gov/images/91083/reshaping-the-xingu-river|titulo=Reshaping the Xingu River|data=6 de outubro de 2017|acessodata=26 de abril de 2023|website=earthobservatory.nasa.gov|publicado=NASA Earth Observatory Archive|lingua=en}}</ref> A agricultura e a correspondente desflorestação também representam uma ameaça para a saúde da zona ribeirinha e não apenas para as águas.<ref>{{Citar periódico |título=Ecological restoration of Xingu Basin headwaters: motivations, engagement, challenges and perspectives |data=5 de junho de 2013 |periódico=Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences |número=1619 |ultimo=Durigan |primeiro=Giselda |ultimo2=Guerin |primeiro2=Natalia |paginas=20120165 |doi=10.1098/rstb.2012.0165 |pmc=3638431 |pmid=23610171 |ultimo3=da Costa |primeiro3=José Nicola Martorano Neves |volume=368}}</ref> Por outro lado, grande parte do Xingu está contida no [[Parque Indígena do Xingu|Parque Nacional e Reserva dos Povos Indígenas do Xingu]], que foi criado como medida de proteção para diversas culturas indígenas e para a biodiversidade da região.<ref>{{Citar web|url=https://earthobservatory.nasa.gov/images/3693/xingu-national-park|titulo=Xingu National Park|data=11 de agosto de 2003|acessodata=26 de abril de 2023|website=earthobservatory.nasa.gov|publicado=NASA Earth Observatory Archive|lingua=en}}</ref>

{{Referências}}
{{Notas}}
{{Tradução/ref|en|Astyanax argyrimarginatus|1218771479}}


{{Portal3|Biologia|Zoologia|Peixes|Brasil}}
{{Portal3|Biologia|Zoologia|Peixes|Brasil}}

Revisão das 21h08min de 7 de maio de 2024

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLambari de Rabo Amarelo

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Família: Characidae
Gênero: Astyanax
Espécie: argyrimarginatus
Nome binomial
Astyanax argyrimarginatus
Garutti, 1999

Astyanax argyrimarginatus, popularmente conhecido como lambari de rabo amarelo, é uma espécie de peixe caracídeo, pertencente ao gênero Astyanax. É endêmica ao Brasil, ocorrendo nos estados de Mato Grosso e Goiás.[1][2] Inicialmente, acreditava-se que estava restrita ao sistema fluvial Tocantins-Araguaia, mas um estudo de 2012 ampliou seu alcance para incluir também o Rio Xingu. Sua relativa abundância e presença em alguns locais protegidos significa que não está ameaçada de extinção.

Esta espécie faz parte de um complexo centrado em torno do congênere Astyanax bimaculatus. Visualmente, apresenta semelhanças com outras espécies que integram o complexo, incluindo nadadeiras avermelhadas e uma mancha umeral escura, mas sua característica mais marcante é uma faixa lateral preta com bordas prateadas brilhantes. Essa faixa é a origem do seu nome científico, que significa “borda prateada”.[3]

Taxonomia

Astyanax argyrimarginatus foi originalmente descrita em 1999 pelo ictiólogo brasileiro Valdener Garutti. Dadas as semelhanças morfológicas com vários outros membros do gênero, Garutti atribuiu a espécie ao complexo de espécies Astyanax bimaculatus, onde permanece até hoje, ao lado de várias outras espécies.[4]

Na pesquisa genética, descobriu-se que A. argyrimarginatus apresenta semelhanças cariotípicas (cromossômicas) com congêneres A. bimaculatus e A. altiparanae. Isto não é incomum, considerando que A. altiparanae está no complexo de espécies A. bimaculatus com as outras duas.[5] É improvável, entretanto, que A. argyrimarginatus seja sinônimo de qualquer espécie conhecida; pode ser identificada fortemente através da informação genética, utilizando uma técnica conhecida como código de barras de DNA.[6]

Etimologia

O epíteto específico tem origem no grego. A palavra "argyros" significa "prata" e "marginatus" significa "bordeado"; isso se refere ao forro prateado ao redor da faixa lateral preta. O nome do gênero, Astyanax, é uma alusão à Ilíada, na qual apareceu um guerreiro troiano chamado Astyanax. O motivo desta alusão não ficou claro no texto nominal, mas pode ter origem nas escamas da espécie-tipo Astyanax argentatus, que são grandes e prateadas, como uma armadura ou um escudo.[7]

Em termos de nome comum, A. argyrimarginatus é uma das muitas espécies de pequenos peixes às vezes chamados de "lambari" na América do Sul.[8]

Descrição

Um espécime preservada de Astyanax argyrimarginatus. Observe o contorno prateado na faixa lateral, que ainda é visível após a preservação

Astyanax argyrimarginatus atinge um máximo de 4.5 cm (1.8 in) comprimento padrão (SL). Existem 42–46 escamas na linha lateral, 27–31 raios na barbatana anal, e um único dente no osso maxilar; o pré-maxilar apresenta vários dentes multicúspides.[4] A cabeça tem em média 26,8% do comprimento do corpo e o olho é grande, ocupando 34–38% do comprimento da cabeça.[9]

As escamas são prateadas. As barbatanas são em grande parte vermelhas, com coloração mais intensa na barbatana caudal e nos raios anteriores da barbatana anal.[9] Há uma mancha umeral escura em formato oval horizontal e duas barras verticais marrom-escuras na mesma região do corpo. Uma mancha escura no pedúnculo caudal se estende até as pontas dos raios médios da nadadeira caudal. Talvez a característica mais marcante seja a faixa lateral escura, que possui uma borda prateada brilhante.[4]

Dimorfismo sexual

Nas barbatanas anais dos machos maiores que 7.5 cm (3.0 in), ganchos ósseos estão presentes. Esta é uma característica não incomum em toda a família Characidae.[9] Caso contrário, poucas diferenças morfométricas ou de coloração podem ser discernidas após o exame. Alguns congêneres demonstram casos mais dramáticos de dimorfismo sexual, como A. aramburui; os machos maduros apresentam os mesmos ganchos ósseos, mas também apresentam pequenas saliências carnudas na cabeça e nas escamas.[10]

Distribuição e ecologia

Espécime preservado de Astyanax argyrimarginatus, capturado na bacia do Rio Araguaia

Astyanax argyrimarginatus foi originalmente descrita na bacia do Rio Araguaia, no Brasil.[4] Sua distribuição também inclui as bacias dos rios Tocantins e Xingu, nos estados brasileiros de Goiás e Mato Grosso. O Xingu é uma adição mais recente, de um estudo da distribuição geográfica da espécie em 2012.[9] Geralmente, pode ser encontrada nas cabeceiras dos rios e em vários pequenos riachos.[8]

Os rios Araguaia e Tocantins fazem parte de um único sistema fluvial, apesar de diferentes ecótipos. O Tocantins é relativamente claro, com corredeiras e cachoeiras;[11] o Araguaia é lamacento e sinuoso.[12] O Xingu é outro rio de águas claras e atravessa as áreas pedregosas da geopaisagem brasileira.[13]

Pouco se sabe sobre a fisiologia e hábitos alimentares de A. argyrimarginatus. Outros membros do gênero são geralmente onívoros adaptáveis e não têm medo de material alóctone.[14][15]

Estado de conservação

Astyanax argyrimarginatus é considerada uma espécie de menor preocupação pela IUCN. Embora o seu habitat inclua alguns locais afetados pelo desenvolvimento humano e pela poluição, nenhuma ameaça tem importância direta para a população como um todo.[8]

Um exemplo específico de habitat ameaçado para A. argyrimarginatus é o rio Xingu, que é objeto de diversos projetos de infraestrutura. Um projeto com impacto notável no Xingu como um todo é a barragem de Belo Monte, que alterou radicalmente o fluxo do rio durante a construção.[16] A agricultura e a correspondente desflorestação também representam uma ameaça para a saúde da zona ribeirinha e não apenas para as águas.[17] Por outro lado, grande parte do Xingu está contida no Parque Nacional e Reserva dos Povos Indígenas do Xingu, que foi criado como medida de proteção para diversas culturas indígenas e para a biodiversidade da região.[18]

Referências

  1. a b «Astyanax argyrimarginatus (Lambari de Rabo Amarelo)» (em inglês). UICN. Consultado em 20 de fevereiro de 2024 
  2. «Astyanax argyrimarginatus Garutti, 1999» (em inglês). FishBase. Consultado em 20 de fevereiro de 2024 
  3. Scharpf, Christopher; Lazara, Kenneth J. (28 de dezembro de 2023). «Family CHARACIDAE: Subfamily STETHAPRIONINAE Eigenmann 1907 (American Tetras)». The ETYFish Project. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
  4. a b c d Garutti, V. (novembro de 1999). «Descrição de Astyanax argyrimarginatus sp. n. (Characiformes, Characidae) procedente da bacia do Rio Araguaia, Brasil». Revista Brasileira de Biologia. 59 (4): 585–591. PMID 23505647. doi:10.1590/S0034-71081999000400008 Garutti, V. (November 1999).
  5. Tenório, Renata Cristina Claudino de Oliveira; Vitorino, Carla de Andrade; Souza, Issakar Lima; Oliveira, Claudio; Venere, Paulo Cesar (setembro de 2013). «Comparative cytogenetics in Astyanax (Characiformes: Characidae) with focus on the cytotaxonomy of the group». Neotropical Ichthyology. 11 (3): 553–564. doi:10.1590/S1679-62252013000300008 
  6. Rossini, Bruno César; Oliveira, Carlos Alexandre Miranda; Melo, Filipe Augusto Gonçalves de; Bertaco, Vinicius de Araújo; Astarloa, Juan M. Díaz de; Rosso, Juan J.; Foresti, Fausto; Oliveira, Claudio (19 de dezembro de 2016). «Highlighting Astyanax Species Diversity through DNA Barcoding». PLOS ONE. 11 (12): e0167203. PMC 5167228Acessível livremente. PMID 27992537. doi:10.1371/journal.pone.0167203 
  7. Scharpf, Christopher; Lazara, Kenneth J. (28 de dezembro de 2023). «Family CHARACIDAE: Subfamily STETHAPRIONINAE Eigenmann 1907 (American Tetras)». The ETYFish Project. Consultado em 29 de janeiro de 2024 Scharpf, Christopher; Lazara, Kenneth J. (28 December 2023).
  8. a b c Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (2022). "Astyanax argyrimarginatus". IUCN Red List of Threatened Species (in Portuguese). 2022: e.T134691486A134691493. doi:10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T134691486A134691493.pt. Retrieved 24 April 2023.
  9. a b c d Andrade, Marcelo; Bastos, Douglas; Giarrizzo, Tommaso (1 de agosto de 2012). «Astyanax argyrimarginatus Garutti, 1999 (Characiformes: Characidae): first Xingu basin distribution record and geographic distribution map». Check List. 8 (4). 802 páginas. doi:10.15560/8.4.802Acessível livremente 
  10. Protogino, Lucila C.; Miquelarena, Amalia M.; López, Hugo L. (17 de agosto de 2006). «A new species of Astyanax (Teleostei, Characiformes, Characidae), with breeding tubercles, from the Paraná and Uruguay river basins». Zootaxa. 1297: 1. doi:10.11646/zootaxa.1297.1.1 
  11. «Tocantins-Araguaia River System (Brazil)». lacgeo.com. Latin America and Caribbean Geographic. 10 de junho de 2022. Consultado em 26 de abril de 2023 
  12. «Araguaia & Tocantins Rivers». archive.internationalrivers.org (em inglês). International Rivers Archive. Consultado em 26 de abril de 2023 
  13. Sidagis-Galli, C.; Abe, Ds.; Rodrigues-Filho, Jl.; Blanco, Fp.; Medeiros, Gr.; Faria, Crl.; Tundisi, Jg. (Agosto de 2015). «Ionic characterization of the Xingu River water's in the region of the future UHE Belo Monte (PA)». Brazilian Journal of Biology. 75 (3 suppl 1): 30–33. PMID 26691073. doi:10.1590/1519-6984.03314BM 
  14. Vilella, Fábio Silveira; Becker, Fernando Gertum; Hartz, Sandra Maria (junho de 2002). «Diet of Astyanax species (Teleostei, Characidae) in an Atlantic Forest River in Southern Brazil». Brazilian Archives of Biology and Technology. 45 (2): 223–232. doi:10.1590/S1516-89132002000200015 
  15. Souza, Rosangela Guarisso de; Lima-Junior, Sidnei Eduardo (6 de maio de 2013). «Influence of environmental quality on the diet of Astyanax in a microbasin of central western Brazil». Acta Scientiarum Biological Sciences. 35 (2): 179–184. doi:10.4025/actascibiolsci.v35i2.15570 
  16. Hansen, Kathryn (6 de outubro de 2017). «Reshaping the Xingu River». earthobservatory.nasa.gov (em inglês). NASA Earth Observatory Archive. Consultado em 26 de abril de 2023 
  17. Durigan, Giselda; Guerin, Natalia; da Costa, José Nicola Martorano Neves (5 de junho de 2013). «Ecological restoration of Xingu Basin headwaters: motivations, engagement, challenges and perspectives». Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences. 368 (1619). 20120165 páginas. PMC 3638431Acessível livremente. PMID 23610171. doi:10.1098/rstb.2012.0165 
  18. «Xingu National Park». earthobservatory.nasa.gov (em inglês). NASA Earth Observatory Archive. 11 de agosto de 2003. Consultado em 26 de abril de 2023 

Notas