Artemão

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Artemão
Artemão
Santo Artemão (ícone ortodoxo)
Nascimento 230
Morte século III
Cidadania Roma Antiga
Ocupação professor, herege

Artemão ou Artemas (floresceu c. 230) foi um proeminente professor cristão de Roma, que defendeu opiniões adocionistas ou antitrinitaristas. Pouco se sabe ao certo sobre a sua vida.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Artemão é mencionado como sendo o líder de uma seita antitrinitarista de Roma, no século III. Eusébio de Cesareia o descreve[1] como precursor de Paulo de Samósata, uma opinião confirmada pelos Atos de um concílio realizado em Antioquia em 264, que ligam os dois nomes como unidos em mútua comunhão e apoio. Eusébio e Teodoreto[2] descrevem seus ensinamentos como uma negação da divindade de Cristo e a afirmação de que Ele não foi mais do que um puro homem, a falsificação de Bíblia e um apelo à tradição em apoio de seus erros doutrinários. Os dois autores mencionam refutações: Eusébio, uma obra sem título e Teodoreto, uma conhecida como O Pequeno Labirinto, que tem sido atribuída a um padre romano chamado Caio, e mais recentemente a Hipólito de Roma, o suposto autor da Philosophoumena.[3]

O relato de Eusébio[editar | editar código-fonte]

O principal relato sobre Artemão é encontrado em História Eclesiástica, livro V, capítulo XXVIII, de Eusébio de Cesareia, e fala como se segue:

"Dizem mesmo que todos os primeiros, inclusive os próprios apóstolos, receberam e ensinaram isto que agora eles estão dizendo, e que se conservou a verdade da pregação até os tempos de Vítor, que era o décimo terceiro bispo de Roma desde Pedro, mas que, a partir de seu sucessor, Zeferino, falsificou-se a verdade. O dito poderia ser convincente, se em primeiro lugar as divinas Escrituras não o contradissessem. E também há obras de alguns irmãos anteriores aos tempos de Vítor, obras que eles escreveram contra os pagãos e contra as heresias de então em defesa da verdade. Refiro-me às de Justino,[4] Milcíades, Taciano, Clemente e muitos outros, todas obras que atribuem a divindade a Cristo. Porque, quem desconhece os livros de Irineu,[5] de Meliton[6] e dos restantes, livros que proclamam a Cristo Deus e homem? E os muitos salmos e cânticos escritos desde o princípio por irmãos crentes, que cantam hinos ao Verbo de Deus, ao Cristo, atribuindo-lhe a divindade? Como pois, estando declarado o pensamento da Igreja desde há tantos anos pode-se admitir que os anteriores a Vítor o tenham proclamado no sentido que dizem estes?"

Silogismos e Geometria[editar | editar código-fonte]

Eusébio afirma que:

"Adulteraram sem escrúpulo as divinas Escrituras e violaram a regra da fé primitiva; e desconheceram a Cristo por não investigar o que dizem as divinas Escrituras, em vez de andar trabalhosamente exercitando-se em encontrar uma figura de silogismo para legitimar seu ateísmo. Porque, se alguém lhes apresenta uma sentença da Escritura divina, começam a discorrer que figura de silogismo se pode fazer, se conexo ou disjuntivo. Deixaram as Santas Escrituras de Deus e se ocupam de Geometria, como quem é da terra; falam por influência da terra e desconhecem o que vem de cima. Pelo menos entre alguns deles estuda-se com afã a geometria de Euclides e se admira Aristóteles e Teofrasto, porque Galeno talvez seja até adorado por alguns.[7]

Notas

  1. Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, V.28.
  2. Teodoreto, Haer. Fab., II,4; V,2.
  3. Schwane, em Kirchenlex., I, 1451; Bardenhewer, Gesch. d. altkirchl. Litt. (Freiburgo, 1902), II, 514.
  4. São Justino Mártir, Diálogo com Trifão, capítulo xxxvi.
  5. Ireneu de Lyon, Contra as Heresias, livro iii. capítulo vi.
  6. Melito de Sardes, Do Discurso sobre a Cruz
  7. Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, livro v, capítulo xxviii.

Referências