Batalha de Chaul

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Batalha de Chaul
Descobrimentos portugueses
Data Março de 1508
Local Chaul
Desfecho Vitória do sultão de Guzerate e da armada do Sultanato Mameluco do Cairo
Beligerantes
Armada Portuguesa Armada de mamelucos do Cairo
Sultanato de Guzarate
Comandantes
Lourenço de Almeida Mirocém

Meliqueaz
Forças
oito velas um galeão uma nau seis galés

A Batalha de Chaul também referida como massacre de Chaul foi uma batalha naval travada em Março de 1508 no Chaul, 60 km a sul de Bombaim, entre uma frota portuguesa comandada por Lourenço de Almeida e a armada do Sultanato Mameluco do Cairo, que viera em apoio do sultão de Guzerate. A artilharia e a maioria das guarnições eram otomanas, uma vez que os mamelucos não tinham gente habituada a combater no mar.

História[editar | editar código-fonte]

D. Lourenço de Almeida foi enviado por seu pai, Francisco de Almeida, então vice-rei da Índia, para proteger algumas naus, entre Cochim e Chaul. Levava uma frota de oito navios, da qual eram capitães Pero Barreto de Magalhães, Lobo Teixeira, Duarte de Melo, Gonçalo Pereira, Francisco de Anaia, Paio de Sousa e Diogo Pires, sob as ordens dele. Pelo caminho, entraram em alguns portos, onde saquearam e incendiaram a maioria das naus dos mouros que neles se encontravam. D. Lourenço foi avisado de que em Diu estava uma armada de rumes (soldados otomanos ou egípcios, que o sultão do Egipto enviara à Índia, a pedido dos reis de Calecute e de Cambaia (Sultanato de Guzerate), na intenção de expulsar os portugueses).

D. Lourenço preparou-se para ir a Diu, mas os rumes chegaram ao porto de Chaul com toda a sua armada, de que era capitão Mirocém (Amir Husain Al-Kurdi), a armada era composta por uma grande nau e seis galés. Acompanhavam esta armada trinta e quatro fustas (compridas embarcações de fundo chato, a movidas a remos ou a vela) enviadas pelo rei de Cambaia (Guzerate) e sob o comando de Meliqueaz, governador de Diu. Todos estes barcos vinham bem equipados e armados com muita artilharia de grande calibre. Ao ver esta armada na barra de Chaul, D. Lourenço, pelo rumo e feitio das naus, pensou que eram os barcos de Afonso de Albuquerque por quem esperavam. Assim, de nada desconfiou até que Mirocém entrou pelo rio com as suas naus e galés, arvorando bandeiras vermelhas com luas brancas, e ao passar pelos navios portugueses logo os atacou com bombardas, espingardas e frechas, indo lançar ferro junto da cidade. Refeitos da surpresa, os portugueses responderam de igual modo. Ancorada a frota inimiga, D. Lourenço, apesar de ter muitos feridos em todas as naus, decidiu com a sua e a de Pêro Barreto, abalroar o galeão de Mirocém, e ordenou aos restantes capitães como haviam de abalroar as outras embarcações inimigas.

Mirocém receoso de combater sem o apoio de Meliquiaz, mandou as galés fazerem fogo contra os navios portugueses, e com o primeiro tiro arrombaram o de D. Lourenço de Almeida. Passaram toda a noite a trabalhar para abalroar o galeão ao romper da manhã. Mas o vento era escasso pelo que nada conseguiram, no entanto os navios ficaram tão próximos que de um e outro lado os homens se alvejavam com armas de arremesso, o que dava vantagem aos rumes, pois sendo o seu navio mais alto, puderam ferir muitos portugueses, entre os quais o próprio D. Lourenço, atingido por uma seta e logo depois por outra em pleno rosto.

Pêro Barreto pôde abalroar uma das naus inimigas, sendo ele o primeiro a saltar para bordo, conquistando-a. Diogo Pires e mais dois capitães portugueses conseguiram abalroar mais três naus. Movido por essa vitória, D. Lourenço apesar de ferido, quis atacar o galeão de Mirocém, mas a conselho dos outros capitães não o fez, por ter ele próprio muita gente ferida e os restantes fracos. No dia seguinte Miliquiaz entrou no rio Chaul, e com a sua chegada os rumes ganharam novo ânimo. Tendo fundeado perto de Mirhocem, Miliquiaz mandou avançar três fustas, ao encontro das quais saíram Paio de Sousa e Diogo Pires, com as suas galés, afundando uma das fustas e obrigando as outras duas a vararem em terra.

Ao romper de alvorada, Miliquiaz com as suas frustas, cercou a nau de D. Lourenço, atirando-lhe muitas bombardas, uma das quais lhe acertou de modo que começou a meter água em grande quantidade, indo encalhar numa estacada de pescadores. Quando Miliquiaz viu que a nau nao poderia escapar-lhe, ordenou a algumas das suas fustas que abalroassem a galé de Paio de Sousa, mas esta levada pela corrente do rio foi-se afastando. Quando a galé chegou ao ponto onde estavam as de Pêro Barreto, Duarte de Melo e Diogo Pires, ao verem que a nau de D. Lourenço não aparecia lançaram ferro, e o mesmo fizeram Francisco de Anaia e Lobo Teixeira, que já iam fora da barra. D. Lourenço, embora lhe tivessem preparado o escaler da nau, não quis abandonar o seu posto, mesmo depois de um tiro de bombarda lhe ter arrancado uma coxa, até que outra o matou. Nessa altura já a nau estava quase ao rés da água por causa de muitos tiros que lhe acertaram, e os inimigos, que de todos os lados a cercavam, abalroaram-na e invadiram-na por três vezes, sendo três vezes derrotados.

Mas como os portugueses eram poucos e sem ajudas, e eles muitos, os inimigos entraram definitivamente, travando-se uma luta, até que Miliquiaz, pesando-lhe ver morrer homens tão valentes, ainda salvou vinte. Nesta luta morreram oitenta portugueses entre capitães e marinheiros. Ao todo na nau de D. Lourenço e nas outras, morreram cento e quarenta homens e ficaram feridos cento e vinte e quatro.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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