César Polla

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César Polla
César Polla
Retrato fotográfico de César Polla (Arquivo de Documentação Fotográfica, Alfred Fillon, 1877)
Nascimento César Ernesto Victor Polla
13 de abril de 1831
Gibraltar
Morte 19 de junho de 1891 (60 anos)
Pena, Lisboa, Portugal
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania português
Cônjuge Maria das Dores
Ocupação ator de teatro e empresário teatral

César Ernesto Victor Polla (Gibraltar, 13 de abril de 1831Lisboa, 19 de junho de 1891), foi um ator português, de ascendência italiana.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Gibraltar, a 13 de abril de 1831, filho do italiano Nicolau Jerónimo Polla, natural de Génova e de sua esposa, Matilde Rosa de Oliveira, natural de Faro, onde César cresceu e estudou. Foi no Algarve que exerceu diversos cargos políticos importantes, como administrador e secretário do governo civil, exercendo diversos trabalhos eleitorais. À parte, cultivava o teatro como amador distinto. Numa ocasião, foram renhidas e altamente disputadas as eleições dos deputados. Trabalhando de alma, vida e coração, venceu, e quando o governo indagou o prémio que Polla pretendia, respondeu-lhe este: "Ser classificado ator no Teatro de D. Maria". Foi imediatamente satisfeita a sua ambição, sendo classificado como ator de segunda classe, contando já 34 anos de idade. Estreou-se no Teatro Nacional D. Maria II, então administrado pelo governo, em 1865, no drama Os difamadores, original de Ernesto Biester. Apesar de ter ao lado de si artistas distintíssimos e dos mais notáveis que o teatro português tinha até aí possuído, conseguiu evidenciar-se, o que mostrou o seu grande valor como artista.[1][3][4]

César Polla (Diccionario do theatro portuguez, 1908).

A sua carreira em D. Maria, no Teatro Gymnasio, Teatro do Príncipe Real, Teatro da Trindade, nos teatros do Porto, nas Províncias e no Brasil foi brilhante, e assinalado ficou o seu notável trabalho em muitas peças, como em Lazaristas, Maria Antonieta e Fernanda. Eram efetivamente os seus melhores papéis o "Ernesto de Magalhães", o "Pommerol" e o "Mirabeau", respetivamente. Outras peças do seu repertório foram: O Morgado de Fafe amoroso, A vida de um rapaz pobre, O anjo da meia-noite, Dois por um, A morgadinha de Valflor, A Condessa do Freixial, Abençoadas lágrimas!, Filha única, Conquistas no ar, Afilhado de Pompignac, Mosqueteiros do Rei, Calúnia, Os engeitados, Dalila, Leis sociais - La passionaria, etc. Chegou a formar uma companhia com o grande ator José Carlos dos Santos, a Empresa Santos & Polla e foi, juntamente com Santos, Joaquim de Almeida, Emília dos Anjos, Maria das Dores e outros, empresário do Gymnasio.[1][2][3][5][6]

Era um grande conversador, que a toda a hora e com toda a gente discutia arte e política, tendo por ambas paixão. António de Sousa Bastos refere, na sua obra Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro (1898), o seguinte: "Um provérbio nosso diz que quem muito falla pouco acerta; elle fallava sempre... mas às vezes acertava, mais na Arte do que na política."[3]

Reformou-se em 1887. Faleceu em Lisboa, freguesia da Pena, no primeiro andar do número 128 da Rua de São Lázaro, a 19 de junho de 1891, aos 60 anos de idade, vítima de congestão pulmonar, sendo sepultado no Cemitério dos Prazeres, em jazigo. A sua morte foi largamente noticiada em todos os periódicos da capital, podendo ler-se o seguinte, no Diário Illustrado, a propósito do ator: "Falleceu hontem o actor Cesar Polla, muito conhecido, e que merecidamente gozou creditos de artista intelligente e consciencioso. Cesar Polla era homem instruido, e verdadeiro cultor da arte dramatica, sendo o seu culto por ella que o levou a seguir como vida o que primeiro cultivou como amador, embora distincto. (...) Ha mezes que Polla andava doentissimo, magro, quasi que desfigurado, dando-se pouco pela sua duração. Estava reformado ha cerca de quatro annos."[4][5][6]

O seu nome faz parte da toponímia de: Faro (Rua César Pola, freguesia de São Pedro).[7]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

César Polla casou-se em primeiras núpcias a 29 de julho de 1856, na Igreja de São Pedro, em Faro, com Isabel Adelaide Sabbo, de quem teve um filho, César Polla Júnior, nascido a 28 de abril de 1857, sendo a mulher e o filho naturais da freguesia de São Pedro, daquela cidade. Enviuvou da sua primeira mulher a 17 de dezembro de 1887, em Lisboa, na freguesia do Socorro. Casou-se em segundas núpcias a 1 de fevereiro de 1889, na Igreja de Nossa Senhora do Socorro, em Lisboa, com a atriz Maria das Dores, natural de Lisboa, freguesia do Socorro, de quem já tinha tido uma filha ilegítima e adulterina, Matilde Polla, nascida a 1 de fevereiro de 1877, em Lisboa, na freguesia de Mercês e que legitimou neste ato. A filha iniciou-se também no teatro como aprendiz mas deixou os palcos para se casar.[8][9][10][11][12]

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Referências

  1. a b c Bastos, António de Sousa (1908). Diccionario do theatro portuguez. Robarts - University of Toronto. Lisboa: Imprensa Libânio da Silva. p. 165 
  2. a b «CETbase: Ficha de César Polla». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  3. a b c d Bastos, António de Sousa (1898). «Carteira do Artista: apontamentos para a historia do theatro portuguez e brazileiro» (PDF). Unesp - Universidade Estadual Paulista (Biblioteca Digital). p. 144 
  4. a b «Livro de registo de óbitos da Paróquia de Pena (1891)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 24, assento 147 
  5. a b «Cesar Polla» (PDF). Hemeroteca Digital. O Occidente: revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro: 155,157. 11 de julho de 1891 
  6. a b «O actor Polla» (PDF). Biblioteca Nacional Digital. Diário Illustrado: 1. 20 de junho de 1891 
  7. «Código Postal da Rua César Pola». Código Postal 
  8. «Livro de registo de óbitos da Paróquia de Socorro (1887)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 39 verso-40, assento 167 
  9. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Socorro (1869 a 1889)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 283 verso-284 
  10. «Processo de requerimento de passaporte de César Polla Júnior (1891)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo 
  11. «Livro de registo de baptismos da Paróquia de São Pedro de Faro (1850 a 1859)». digitarq.adfar.arquivos.pt. Arquivo Distrital de Faro. p. 65 verso 
  12. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de São Pedro de Faro (1851 a 1859)». digitarq.adfar.arquivos.pt. Arquivo Distrital de Faro. p. 29