Charles Bonnet

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Charles Bonnet
Charles Bonnet
Nascimento 13 de março de 1720
Genebra
Morte 20 de maio de 1793 (73 anos)
Genthod
Nacionalidade suíça
Campo(s) História natural

Charles Bonnet (Genebra, 13 de março de 1720 - 20 de maio de 1793) foi um biólogo e filósofo suíço. Foi um dos principais expoentes da ideia da Scala naturæ e autor de importantes descobertas biológicas como a partenogénese.

Biografia

Bonnet, Escala dos seres naturais, Traité d'insectologie, 1745

Protestante de origem francesa, sua família teve que fugir da França depois do massacre de São Bartolomeu. Charles Bonnet desenvolveu uma grande paixão pela Biologia depois da leitura de Espetáculo da Natureza de Noël-Antoine Pluche (1688-1761) e dos trabalhos de Réaumur, com quem manteve correspondência desde os 18 anos.

Bonnet se apaixona pela reprodução dos afídios e obtem onze gerações sucessivas sem fecundação.[1] Também estuda a respiração das lagartas e das lepidopteras, a anatomia da tênia e a capacidade de reconstituição dos órgãos perdidos nos vermes. Bonnet se tornou membro da Royal Society em 17 de novembro de 1743.[2]

Em 1745 publica um Tratado de insectologia o que o levou a ser admitido na Académie des Sciences de Paris. Em 1754 publica o Tratado sobre o uso das folhas, que provoca a admiração de Cuvier (1769-1832).

Suas pesquisas são prejudicadas pela cegueira. Não podendo fazer uso do microscópio, ele voltou-se para a Biologia teórica e compôs vários escritos filosóficos, como seu Ensaio de psicologia (1754) o o Ensaio analítico sobre as faculdades da alma (1760). Em 1755 escreveu no Mercure de France um artigo crítico do Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens de Rousseau, sob o pseudônimo Philopolis, que Rousseau respondeu por carta. Ele defendia a origem natural da sociedade.[3]

Em 1762 publica suas Considerações sobre os corpos organizados, onde apresenta seu Preformismo. Segundo a teoria sobre a preexistência dos germes, a produção de um novo ser vivo se deve a evolução de um germe preexistente. Esta teoria permitirá explicar o surgimento dos seres sem contradizer a Bíblia, pois todos os germes haviam sido criados no Gênesis.

Em 1764 publica sua Contemplação da natureza que lhe rendeu grande fama, inclusive fora dos círculos científicos.

Sua obra mais ambiciosa é sua Palingénésie philosophique (1769), onde reúne conhecimentos de todos os campos (geologia, biologia, psicologia e metafísica). De orientação leibniziana, defende a imortalidade da alma dos seres humanos, e também a dos animais.

Continua a sua reinterpretação do Gênesis nas Investigações filosóficas sobre as evidências do Cristianismo, de 1773.

Seus trabalhos lhe valeram o sarcasmo de Voltaire.

Em seus tratados sobre a natureza, ele tenta mostrar que todos os seres formam uma escala contínua, todos vêm de germes preexistentes, etc. Em seus tratados sobre metafísica, ele ressalta o cérebro e sua organização. Ele era profundamente religioso: e maculou sua Palingénésie para estabelecer a necessidade de uma outra vida, não só para os seres humanos, mas para os animais.

A vida de Charles Bonnet é desprovida de eventos significativos. Ele parece nunca ter deixado a Suíça, nem tomou parte em assuntos públicos, exceto no período entre 1752 e 1768, durante o qual foi membro da diretoria da República. Passou os últimos vinte e cinco anos de sua vida em seu tranquilo retiro rural de Genthod, perto de Genebra, onde morreu de uma doença longa e dolorosa em 20 de maio de 1793.

Sua esposa era da família De la Rive. O casal não teve filhos, mas criou como seu filho Horace-Bénédict de Saussure, que era sobrinho da Sra. Bonnet.

Sua contribuição para a história da medicina

Em 1760, ele relatou a observação em seu avô, com 87 anos[4], que sofria de uma catarata grave, e que apesar de uma quase cegueira queixava-se de alucinações visuais complexas e realistas: ele disse que observava pessoas, aves e vários padrões de complexidade variável. Charles Bonnet deu seu nome à síndrome, em que a maioria dos pacientes são idosos com deficiência visual independentemente da origem.[5].

Obras

  • Traité d'insectologie ou Observations sur quelques espèces de vers d'eau douce, qui coupés par morceaux, deviennent autant d'animaux complets.
  • Ses œuvres ont été éditées à Neuchâtel, 1779, 8 volumes, in-4 ou 18 volumes in-8.

Referências

  1. «Charles Bonnet» (em inglês). Consultado em 13 de julho de 2012 
  2. «Bonnet; Charles (1720 - 1793) - Fellow details» (em inglês). royalsociety. Consultado em 13 de julho de 2012 
  3. Rousseau, Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes. Discours sur les sciences et les arts, GF Flammarion, 1992, p. 279.
  4. Bonnet Charles (1760) Essai Analytique sur les facultés de l’âme. Copenhagen: Philibert, pp426-428
  5. Berrios G E and Brook P (1982) The Charles Bonnet Syndrome and the Problems of Visual Perceptual Disorder in the Elderly. Age and Ageing 11: 17-23

Bibliografia

  • Albert Lemoine (1850). Charles Bonnet de Genève philosophe et naturaliste. Paris: A. Durand 
  • André Sayous (1855). Charles Bonnet, sa vie et ses travaux d’apre`s une correspondance inédite. [S.l.: s.n.] 
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