Elena Piscopia

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Elena Piscopia
Elena Piscopia
primeira mulher a obter um diploma universitário e um doutorado
Nascimento 5 de junho de 1646
Veneza, República de Veneza
Morte 26 de julho de 1684 (38 anos)
Pádua, República de Veneza
Nacionalidade vêneta
Cidadania República de Veneza
Progenitores
  • Giovan Battista Corner
Alma mater
Ocupação matemática, filósofa, teóloga, professora universitária, médico
Instituições Universidade de Pádua
Campo(s) Filosofia
Causa da morte tuberculose

Elena Lucrezia Cornaro Piscopia (Veneza, 5 de junho de 1646Pádua, 26 de julho de 1684) foi uma filósofa veneziana de origem nobre, e a primeira mulher a receber um diploma universitário.[1][2][3]

Elena era também uma virtuosa musicista, e em uma época em que o nível de exigência era bastante alto, era considerada uma ótima executante de cravo, clavicórdio, harpa e violino. Suas habilidades foram mostradas nas diversas composições que produziu ao longo da vida.

Foi também membro de várias academias e estimada em toda a Europa por suas realizações e virtudes, tendo se tornado professora de matemática na Universidade de Pádua em 1678.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Elena nasceu no Palazzo Loredan, República da Veneza, a terceira filha de Zanetta Boni e Giovanni Battista Cornaro-Piscopia. Sua mãe era de origem camponesa, e apesar do casal já ter quatro filhos à época do nascimento de Elena, eles não eram casados.[4] O pai de Elena era procurador de San Marco, um alto cargo na República da Veneza, cargo que permitiu que morassem na Praça de São Marcos.

Aconselhado pelo cura Giovanni Fabris, um amigo da família, desde cedo o pai de Elena se certificou de que a filha tomasse lições de latim e grego sob a tutoria de renomados professores, e aos sete anos a menina já era proficiente nessas línguas. Mais tarde, ela também dominaria o hebraico, o castelhano, o francês e o árabe, conquistando o título de "Oraculum Septilingue". Mais tarde, seus estudos incluiriam abrangeriam também a matemática, a filosofia e a teologia. Em 1665, assumiu o hábito da Ordem Beneditina, mas sem contudo se tornar uma freira.

Em 1669, Elena traduziu do espanhol para o italiano a obra Colloquio di Cristo nostro Redentore all’anima devota, um livro do monge cartuxo Giovanni Laspergio, e conheceria importante reconhecimento por este trabalho. Convidada a tornar-se membro de diversas sociedades acadêmicas da época, sua fama espalhou-se pela Itália e, em 1670, Elena tornou-se presidente da prestigiosa sociedade veneziana Accademia dei Pacifici.

Carreira[editar | editar código-fonte]

O vitral Cornaro.

Por recomendação de Carlo Rinaldini, seu tutor de filosofia, Felice Rotondi, pediu à Universidade de Pádua que concedesse a Cornaro uma láurea em teologia, aceitando-a como aluna.[5] Gregorio, Cardeal Barbarigo, à época bispo de Pádua, ao saber que Elena estava buscando uma licenciatura em teologia, recusou-a por ser mulher, mas contudo autorizou-a a buscar um diploma em filosofia e após um desempenho brilhante em seus estudos, obteve a láurea em filosofia.[5]

O diploma foi conferido em 25 de Junho de 1678, na Catedral de Pádua, em presença das autoridades da Universidade, dos professores de todas as faculdades, de estudantes e da maior parte dos senadores de Veneza, além de diversos convidados das Universidades de Bolonha, Perugia, Roma e Nápoles. Elena falou durante uma hora em latim clássico, explicando passagens selecionadas aleatoriamente das obras de Aristóteles. Ela foi ouvida com enorme respeito e atenção e, ao concluir, recebeu aplausos do professor Rinaldini, que procedeu com a insígnia da láurea, um livro de filosofia, colocando uma coroa de louros em sua cabeça, um anel em seu dedo e uma estola de arminho em seus ombros. Essa cena encontra-se representada no chamado Vitral Cornaro, da Thompson Memorial Library, no Vassar College (EUA).

Elena foi membro de várias academias e era admirada em toda Europa por suas virtudes e conquistas, e seus últimos sete anos foram devotados à caridade e aos estudos. Seus escritos, publicados em Parma em 1688, abrangiam discursos, traduções e tratados religiosos.

Morte[editar | editar código-fonte]

Morreu prematuramente de tuberculose em Pádua, em 1684, sendo sepultada na Igreja de Santa Giustina. Sua morte foi marcada por serviços memorial em Veneza, Pádua, Siena e Roma.

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em Pádua uma estátua em sua homenagem foi erguida na Universidade, e mais tarde a Universidade de Pádua criou uma medalha à ser conferida em sua honra.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Publicações[editar | editar código-fonte]

Seus escritos incluem discursos acadêmicos, traduções e tratados devocionais.

Coletado
Publicado anteriormente
  • Lettera overo colloquio di Christo N. R. all'anima devota composta dal R. P. D. Giovanni Laspergio in lingua spagnola e portata nell'italiana. Venice: Giuliani. 1669  (reimpresso Bacchini ed. 1688 pp. 179–183)
Não publicado

Biografias[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Paul F. Grendler (1988). John W. O'Malley, ed. Schools, Seminaries, and Catechetical Instruction, in Catholicism in Early Modern History 1500-1700: A Guide to Research. Center for Information Research. p. 328.
  2. Maschietto, Francesco Ludovico. "Elena Lucrezia Cornaro Piscopia, 1646-1684 Prima Donna Laureata Nel Mondo." (1978).
  3. Tonzig, M., and Elena Lucrezia Cornaro Piscopia. "1646-1684 prima donna laureata." Quaderni per la storia dell'universitá di Padova (1973).
  4. Gregersen, Erik. "Elena Cornaro". Encyclopædia Britannica Inc. Acesso 17 abril 2014.
  5. a b «Elena Lucrezia Cornaro Piscopia | Università di Padova». www.unipd.it. Consultado em 9 de março de 2016 
  6. Maschietto 2007, cited in King, Margaret L. (2009). «Review of Elena Lucrezia Cornaro Piscopia (1646–1684): The First Woman in the World to Earn a University Degree». The Catholic Historical Review. 95 (2): 355–357. ISSN 0008-8080. JSTOR 27745551