Língua franca

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 Nota: Para outros significados, veja Língua franca (desambiguação).

Língua franca ou língua de contato é a língua que um grupo multilíngue de pessoas intencionalmente adota ou desenvolve para que todos consigam sistematicamente comunicar-se uns com os outros.[1][2][3] Essa língua é geralmente diferente de todas as línguas naturais faladas pelos membros do grupo.[4]

Línguas francas têm surgido ao longo da história humana, às vezes por razões comerciais, às vezes por razões de conveniência diplomática ou administrativa e recurso que possibilite o intercâmbio de informações entre cientistas e outros estudiosos de diferentes nacionalidades. A palavra língua aqui não deve, contudo, ser interpretada como necessariamente uma língua natural (conceito estrito), mas sim como qualquer linguagem (enquanto sistema de comunicação baseado em signos). Em outras palavras: uma língua franca pode ou ser uma língua natural ou uma língua artificial, e em ambos os casos ela pode ou não ser formal, ou seja, pode ou não possuir uma gramática, um conjunto predefinido de regras etc.

Histórico

Durante o Império Romano, a língua franca foi a língua grega do oriente e o latim foi a língua franca do ocidente. Essas línguas mantiveram esse status por cerca de um milênio.

Posteriormente, uma língua franca usada na região do mar Mediterrâneo do século XIV (ou mesmo antes) até a atualidade era conhecida pelos marinheiros mediterrâneos, inclusive portugueses.

O português serviu de língua franca na África e Ásia dos séculos XV e XVI. Quando os portugueses começaram a explorar os mares da África, Américas, Ásia e Oceania, tentaram comunicar-se com os nativos misturando uma versão da língua franca (influenciada pelo português) com as línguas locais. Quando navios ingleses e franceses chegaram para competir com os portugueses, as tripulações buscaram aprender esse português truncado. Através de sucessivas mudanças ao longo do tempo, a língua franca, junto com o vocabulário português, foi substituída pela língua dos povos em questão.

Posteriormente, o francês passou a servir como língua franca e se tornou a língua da diplomacia, na Europa, a partir do século XVII. Ainda hoje é a língua de trabalho de instituições internacionais, usada em documentos vários, desde passaportes até formulários do correio aéreo.

Na maior parte da Ásia, África e partes da Oceania e Europa, o árabe foi língua franca desde o século VII, sendo utilizado desde as Filipinas até o Senegal.

Do final do século XVII ao século XX, a língua geral foi a língua franca falada no Brasil.[5]

O alemão serviu de língua franca em grande parte da Europa, durante os séculos XIX e XX, especialmente em negócios.

Distribuição geográfica

O inglês é a língua franca contemporânea, sendo bastante usada pelo Ocidente no mundo dos negócios internacionais e para a atividade diplomática.

Em outras regiões do mundo, outras línguas exercem papel de línguas francas: kiSwahili, na África oriental; russo, nas regiões da antiga União Soviética; hindi e inglês, na Índia; urdu e inglês, no Paquistão; malaio, no sudeste asiático; bislama, nas ilhas do oceano Pacífico; árabe, falado por 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo e ainda muito utilizado no comércio; e várias línguas crioulas, que são faladas em outros lugares.

O chinês mandarim exerce a função de prover uma língua comum entre os chineses, a despeito dos diversos dialetos que eles usam e que são ininteligíveis entre si.

Referências

  1. Instituto de Logística Teórica e Computacional. «língua franca». Dicionário de Termos Linguísticos. Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 29 de novembro de 2014 
  2. Priberam Informática. «língua franca». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 29 de novembro de 2014 
  3. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). «Conceitos Lingüísticos: Língua Franca». Enciclopédia das Línguas no Brasil (ELB). Laboratório de Estudos Urbanos. Consultado em 29 de novembro de 2014 
  4. Chirikba, Viacheslav A (2008). Pieter Muysken, ed. From Linguistic Areas to Areal Linguistics. Col: Studies in language companion (em inglês). 90. [S.l.]: John Benjamins Publishing. p. 31. 293 páginas. ISBN 9789027231000. Consultado em 30 de novembro de 2014  |isbn2= e |isbn= redundantes (ajuda)
  5. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). «Conceitos Lingüísticos: Língua Geral». Enciclopédia das Línguas no Brasil (ELB). Laboratório de Estudos Urbanos. Consultado em 29 de novembro de 2014 

Ver também