Nobreza da Rússia

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Pedro, o Grande, ao reformar o Estado Russo, no século XVII, também organizou a nobreza no país, ainda que a nobreza russa seja muito antiga, embora não fosse titulada. As modificações por ele implementadas duraram, em sua maioria, até o final do Império, extinguindo-se com a revolução russa de 1917.

Em 12 de janeiro de 1682, nos primeiros anos de sua administração, Pedro, o Grande criou uma lei, de acordo com a qual todos os aristocratas russos foram declarados semelhantes uns aos outros. Oficialmente não havia mais diferenças, mas a nobreza deu outra interpretação ao Armorial da Nobreza da Câmara de Heráldica do Senado, instituído por Pedro, em São Petersburgo. O Armorial era dividido em cinco volumes: o Livro de Príncipes do Império, o Livro de Condes do Império, o Livro de Barões do Império, o Primeiro Livro de Aristocratas sem título hereditário (antes da reforma de Pedro, o Grande) e o Segundo Livro de Aristocratas sem título hereditário (depois da reforma de Pedro, o Grande).

As velhas linhagens aristocráticas russas descendiam do líder viking Rurik e o do príncipe lituano Gedimin, o Grandioso. A Casa de Rurik reinou sobre Rússia de 862 a 1598.

Depois da era dos líderes noruegueses e aristocratas lituanos, a nobreza moscovita testemunhou sua prosperidade. Antes das reformas de Pedro, o Grande, todo descendente de Rurik (ruríquidas) era chamado de Príncipe (knyaz), ou Grão-Príncipe (velikiy knyaz). Simples boiardos, como os Romanovs, não tinham nenhum título. Pedro retornou da Inglaterra e Alemanha com os títulos de Conde e Barão, os quais não existiam na Rússia, até então. O título de Grão-Príncipe foi reservado para os membros da Família Imperial, os Romanov, enquanto que famílias como as dos Trubetzkoy, Obolensky e outros descendentes de Rurik passaram a serem chamados de Príncipes. O título de Grão-Duque é uma forma errônea de traduzir para o ocidente o título russo de Velikiy Knyaz. A tradução correta é Grão-Príncipe.

Em 1722, Pedro publicou o seu "Tchin", conhecido como Tabela de Posição Social, de acordo com a qual um oficial que atigisse o topo de sua carreia adquiria nobreza hereditária. A escada da tabela de postos era constituída por 14 degraus (tchin), que tinham que ser galgados um a um. O mais baixo funcionário público era um homem com só um tchin, estava na faixa 14 e era chamado de Tchinovnik. A partir do oitavo tchin, quando alguém chegava ao posto de Membro do Conselho da Cidade ou Major no Exército, era-se considerado um verdadeiro nobre. Nessa estágio a pessoa recebia o tratamento de Sua Alteza. Alcançavam o primeiro tchin o militar que chegasse a Marechal de Campo, ou o civil que alcançasse o posto de Chanceler do Império. Desde que se estabeleceu a Tabela de Posição Social, os russos passaram a dividir a nobreza em duas, a antiga nobreza e a nobreza hereditária.

Os prefixos Von, Van, ou De (Barão Van Solovyov, Conde De Maslov) lingüisticamente não são corretos, porque estes prefixos já são incorporados através dos finais in, ev, ov e sky (Gagarin, Tatistchev, Romanov, Obolensky)

Após a Revolução de Outubro de 1917, o novo governo soviético legalmente aboliu todas as classes de nobreza. Muitos membros da nobreza russa que fugiram da Rússia após a Revolução Bolchevique tiveram um papel significativo nas comunidades russas emigradas que se estabeleceram na Europa, na América do Norte, e em outras partes do mundo. Entre 1920 e 1930 várias associações nobiliárquicas russas foram estabelecidas fora da Rússia, incluindo grupos na França, Bélgica e Estados Unidos. Em Nova York, a Associação da Nobreza Russa na América foi fundada em 1938. Desde o colapso da União Soviética, em 1991, o interesse entre os russos no papel que a nobreza russa desempenhou no desenvolvimento histórico e cultural da Rússia cresceu.

Os Títulos

Imperador/Император

O título do último Imperador da Rússia era: "Pela Graça de Deus, Nicolau II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias, Moscou, Kiev, Vladimir, Novgorod; Czar de Cazã, Czar de Astracã, Czar da Polônia, Czar da Sibéria, Czar de Cherson Táurica, Czar da Geórgia; Legislador de Pskov e Grão-Príncipe de Smolensk, Lituânia, Volínia, Podólia e Finlândia, Príncipe da Estônia, Livônia, Curlândia e Semigália, Samogítia, Bialistok, Carélia, Tver, Iugória, Perm, Vlatka, Bulgária, e outras terras; Senhor e Grão-Duque da Baixa Novgorod, Chernigov, Riazã, Polotsk, Rostov, Iaroslav, Byelozersk, Udória, Obdoria, Condia, Vitebsk, Mistislau, e de toda região norte; Senhor e Soberano das terras de Imerícia, Cártlia, Cabardínia e das Províncias da Armênia; Senhor dos Príncipes das Montanhas do Circassião; Senhor do Turquestão; Herdeiro da Noruega, Duque de Eslésvico-Holsácia, Stormarn, Ditmarschen e Oldemburgo; Supremo Defensor e Guardião dos Dogmas da Igreja, etc, etc e etc."

Apesar de amplamente difundido, o uso do título de Czar para se referir ao Soberano não era mais estritamente correto desde 1721. O correto era "Pela Graças de Deus, Fulano de Tal, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias".

Grão-Principe - Tsarevitch ou Czarevich (Filho do Tsar)

Título usado para o herdeiro presuntivo, filho ou irmão do Imperador reinante. O Imperador Paulo I da Rússia instituiu o que ficou conhecido como lei Paulina, pela qual somente herdeiros homens poderiam herdar o trono da Rússia. Segundo comentário, tal lei foi criada devido ao ódio que o monarca sentia por sua falecida mãe, Catarina, a Grande.

Grão-Príncipe ou Grão-Duque/Velikiy Knyaz, (Velikaya Knyaginya, feminino)

Esse título russo, após a lei de Pedro, o Grande, ficou sendo destinado a uso exclusivo da família imperial russa. Os filhos, filhas e netos de um Imperador reinante tinham direito a esse título, assim como os irmãos e irmãs do Imperador. Os filhos e filhas da segunda geração de Grãos-Duques são Príncipes ou Princesas de sangue imperial, que recebem o título de Príncipes ou Princesas da Rússia e com o tratamento de Altezas. Essa qualificação prossegue pela primogenitura masculina às gerações subseqüentes. Os filhos e filhas das gerações seguintes recebem o tratamento de Alteza Sereníssima. Em 1935, o Chefe da Casa Imperial Russa no Exílio, Grão-Duque Cirilo Vladmirovitch Romanov, instituiu um decreto declarando que descendentes de uniões legais entre dinastias masculinos e mulheres de posição desigual receberão "o título e nome de Príncipe ou Princesa Romanov, com a adição do nome de solteira da esposa de tal membro da Casa Imperial, ou pela adição de um nome outorgado pelo Chefe da Casa Imperial da Rússia, com o tratamento, para a esposa e filho mais velho, de Alteza Sereníssima".

Príncipe/Принц

O título de Príncipe era transmitido a toda a posteridade direta dos dois sexos. Não era exagero dizer que havia pelo menos dois mil príncipes no Império Russo. Depois da anexação do Cáucaso, os Tavades georgianos, chefes de pequenos reinos, tinha sido pomposamente reconhecidos como Príncipes. Tinha-se repetido a mesmo operação para os Khans nômades e para os representantes das nobres famílias armênias ou tártaras.

Conde/Граф

Os Condes russos também eram tão numerosos quanto os Príncipes, sendo as mais antigas casas de condes as dos Golovin, Cheremetev e dos Tolstoy.

Barão/Барон

O título de Barão só se conferia na Rússia muito raramente e sobretudo a banqueiros ou a grandes industriais de origem estrangeira. Dimsdale, um médico inglês, tinha obtido a dignidade de Barão russo por ter vacinado a Imperatriz Catarina II e o seu filho Paulo. Alguns judeus de alto mérito eram igualmente barões, o que desagradava à nobreza orgulhosa das províncias bálticas, onde este título estava bastante difundido entre os descendentes dos Cavaleiros Teutônicos.

Nobreza não titular

A esta nobreza titular, Príncipes, Condes, Barões, juntava-se uma nobreza não titular, frequentemente mais ilustre ainda pela antiguidade. Só os verdadeiros conhecedores sabiam estabelecer uma diferença entre os méritos de um personagem enobrecido pelo posto de Coronel, ou de Conselheiro de Estado Efetivo e os de um nome não titular, mas escrito havia séculos no livro dos Boiardos. As velhas famílias não titulares eram praticamente inumeráveis.