Ofensiva sobre o Crescente Petrolífero (2017)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ofensiva sobre o Crescente Petrolífero (2017)
Segunda Guerra Civil Líbia

Mapa da ofensiva inicial do Governo de Salvação Nacional. Os ganhos Governo de Salvação Nacional foram posteriormente revertidos.
Data 3 de março de 2017 - 14 de março de 2017
Local Crescente Petrolífero (costa do Golfo de Sidra, Líbia)
Desfecho Vitória do Exército Nacional Líbio.[1]
  • As Brigadas de Defesa de Bengazi capturam uma faixa de território costeiro entre Nofaliya e Ras Lanuf, e transferem-na para o Governo de Acordo Nacional.
  • Em 14 de março de 2017, o Exército Nacional Líbio recaptura todas as posições perdidas em uma contra-ofensiva.
Beligerantes
Líbia Governo de Salvação Nacional

Apoiado por:
Milicias de Misrata (supostamente)


Líbia Governo do Acordo Nacional (após 7 de março)

Líbia Câmara dos Representantes da Líbia

Apoiado por:

 Emirados Árabes Unidos (supostamente)
Comandantes
Brig. Mustafa al-Shirksi
Líbia Idris Bukhamada (após 7 de março)
Líbia Khalifa Haftar

A Ofensiva sobre o Crescente Petrolífero foi uma ofensiva militar ocorrida durante a Segunda Guerra Civil Líbia, lançada pelas Brigadas de Defesa de Bengazi em 3 de março de 2017 e que resultou na tomada de controle de uma faixa de território costeiro entre as cidades de Nofaliya e Ras Lanuf, que foram então entregues ao Governo do Acordo Nacional. Vários portos petrolíferos significativos estão localizados nesta área, mais conhecida como Crescente Petrolífero. A perda do Crescente Petrolífero foi percebida por analistas como um grande revés para o poder do Marechal Khalifa Haftar.[3]

Em 14 de março, o Exército Nacional Líbio recuperou todas as posições perdidas para as Brigadas de Defesa de Bengazi e para as Brigadas de Misrata em uma contra-ofensiva após vários dias de bombardeio aéreo.[4][5]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Os portos petrolíferos alvejados pela ofensiva estavam sob o controle do Exército Nacional Líbio, que apoia o parlamento eleito baseado em Tobruk, desde setembro de 2016 quando foram capturados da Guarda das Instalações Petrolíferas. As Brigadas de Defesa de Bengazi, uma milícia dominada pelos islamitas, foram fundadas na primavera de 2016 por combatentes expulsos da importante cidade de Bengazi, no leste, pelo Exército Nacional Líbio.[6] As Brigadas de Defesa de Bengazi estavam aliadas com elementos sobreviventes da Guarda das Instalações Petrolíferas derrotada.

Ofensiva[editar | editar código-fonte]

Depois de peregrinar pelo norte do deserto do Saara a partir da cidade de Zella, as Brigadas de Defesa de Bengazi atacaram simultaneamente os portos de Nofaliya, Bin Jawad, al-Sidra e Ras Lanuf em 3 de março. Já sobrecarregada pelos insurgentes no nordeste da Cirenaica, a Força Aérea da Líbia não conseguiu responder efetivamente aos ataques simultâneos do grupo. Depois de um período curto mas intenso de combates, o Exército Nacional Líbio retirou-se para o leste, deixando as Brigadas de Defesa de Bengazi no controle dos portos.[7] Em 4 de março, pelo menos nove pessoas teriam morrido na ofensiva.[8] Nos dias seguintes, ataques aéreos foram lançados pela Força Aérea Líbia contra as Brigadas de Defesa de Bengazi, e a partir de 7 de março, o Exército Nacional Líbio estaria reunindo forças para um contra-ataque, a ser lançado a partir da cidade de Brega, possivelmente com a assistência dos Emirados Árabes Unidos.[9] Mais tarde naquele dia, no entanto, as Brigadas de Defesa de Bengazi anunciaram que haviam entregado os portos capturados ao Governo do Acordo Nacional, que respondeu enviando a Guarda das Instalações Petrolíferas para a área.[10]

Contraofensiva[editar | editar código-fonte]

Em 9 de março, depois de obter o endosso de anciãos tribais em Bengazi, o Exército Nacional Líbio lançou uma contraofensiva no Crescente Petrolífero, com brigadas blindadas sendo enviadas para a área. No dia seguinte, foi relatado que os ataques aéreos tinham como alvo al-Sidra e Ras Lanuf e que combates pesados tinham eclodido em Uqayla, uma pequena cidade localizada na linha de frente.[11]

Na noite de 11 de março, os ataques aéreos realizados pelos aviões da Operação Dignidade mataram dois membros da Guarda das Instalações Petrolíferas, conforme relataram fontes da Guarda.[12]

Em 14 de março de 2017, o Exército Nacional Líbio recapturou todas as posições perdidas para as Brigadas de Defesa de Bengazi e para as Brigadas de Misrata em uma contraofensiva após vários dias de bombardeio aéreo.[13][14] Segundo fontes locais, 21 soldados do Exército Nacional Líbio foram mortos durante os combates. Enquanto isso, o porta-voz do Exército Nacional Líbio, Ahmed Al-Mismari, afirmou que os remanescentes das Brigadas de Defesa de Bengazi haviam fugido para Misrata e Jufra.[15]

Reações[editar | editar código-fonte]

Desde o início da ofensiva, ambos os lados acusam seus adversários de implantar mercenários.[16] À medida que os combates ocorriam, o Conselho dos Deputados anunciou, em 7 de março, a retirada do seu apoio ao acordo de paz patrocinado pela ONU e ao Governo do Acordo Nacional, e convocou novas eleições, a serem realizadas em fevereiro de 2018.[17] Isso ocorreu como resultado da eclosão do conflito entre o Exército Nacional Líbio e as milícias islâmicas, com as últimas sendo apoiadas pelo Governo do Acordo Nacional. O parlamento líbio baseado em Tobruk se opõe a essas forças e quer que o Governo do Acordo Nacional condene suas ações. O porta-voz do parlamento Abdullah Ablaihig afirmou que "o governo de unidade não é mais legítimo, assim como o seu conselho presidencial e qualquer coisa relacionada com esta entidade." [18]

Referências

  1. «After days of armed fighting, Libyan key oil ports resume exportation». Libyan Express. 20 de março de 2017 
  2. «Al-Ghasri says a force is in the making to protect oil crescent region, slams Haftar as Al-Qaeda affiliate». The Libya Observer 
  3. «Libya: Will losing oil ports end Haftar's power?». aljazeera.com 
  4. «East Libyan forces say they have retaken oil ports». Reuters. 14 de março de 2017 
  5. «Khalifa Haftar forces capture key Libya oil terminals». aljazeera.com 
  6. Ayman al-Warfalli. «Libyan oil guard head says asked to protect oil ports after clashes». Reuters 
  7. «How Haftar lost the oil ports - as Libya moves closer to uncontrolled break-up». Middle East Eye. 4 de julho de 2013 
  8. Chris Stephen. «Libyan militias capture key oil ports and refinery | World news». The Guardian 
  9. Patrick Wintour. «Libya falls back into civil war as rival sides fight to control oil terminals | World news». The Guardian 
  10. «Battle for Libya's key oil ports takes dramatic turn». The National 
  11. «Libya's eastern forces on the march to retake oil ports». The National 
  12. «Two killed in Dignity Operation air attacks on oil terminals, PFG to request no-fly zone». The Libya Observer 
  13. «UPDATE 2-East Libyan forces say they have retaken oil ports». Nasdaq 
  14. Richard J. C. Galustian (14 de março de 2017). «Haftar wins back oil crescent». Times of Oman. LNA Field Marshal Khalifa Haftar receiving Elders of Magharaba tribe that give him the tribe's support in the war against Al Qeada attacking the Oil Crescent) Source: LNA Media Office March 12, 2017 
  15. «LNA lose 21 dead in retaking oil terminals». Libya Herald 
  16. «Armed faction enters major Libyan oil ports, putting output at risk». 4 de março de 2017 – via Reuters 
  17. «Early elections called as fears of escalating violence grip Libya». 9 de março de 2017 
  18. Libya’s eastern parliament quits UN peace deal with Tripoli Al-Arabiya. 8 de março de 2017.