Ponte Rodo-Ferroviária de Valença

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Ponte Rodo-Ferroviária de Valença
Ponte Rodo-Ferroviária de Valença
Arquitetura e construção
Mantida por Rede Ferroviária Nacional, Estradas de Portugal, Administrador de Infraestructuras Ferroviarias, e Dirección General de Carreteras
Início da construção 15 de Novembro de 1882[1]
Término da construção 10 de Outubro de 1884[1]
Data de abertura 25 de Março de 1886[1]
Comprimento total 318 metros
Geografia
Via Ramal Internacional de Valença
Cruza Rio Minho
Localização Fronteira entre Portugal e Espanha, junto à localidade de Valença
Coordenadas 42° 2' 10.79" N 8° 38' 48.78" O

A Ponte Rodo-Ferroviária de Valença, também conhecida por Ponte de Valença ou Ponte Internacional de Tui, é uma infraestrutura rodo-ferroviária do Ramal Internacional de Valença, que cruza o Rio Minho, na fronteira entre Portugal e Galiza.

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Localização[editar | editar código-fonte]

Situa-se junto à localidade de Valença.[2]

Descrição física e manutenção[editar | editar código-fonte]

Esta ponte é composta por uma superstrutura em viga metálica, de treliça de rótula múltipla, com cinco tramos contínuos.[3] Com 318 metros de comprimento, cruza o Rio Minho, tendo dois tabuleiros, um superior para a via férrea, e um inferior para uso rodoviário.[2] É propriedade conjunta das empresas Rede Ferroviária Nacional, Estradas de Portugal, Administrador de Infraestructuras Ferroviarias, e Dirección General de Carreteras.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Linha do Minho

O projecto para uma ligação ferroviária internacional na Galiza data de 1856, quando o rei D. Pedro V defendeu a construção de um caminho de ferro a começar na Linha do Leste, então em planeamento, e a terminar em Vigo, passando pela cidade do Porto, uma vez que, com este traçado, ficaria mais próximo da fronteira com França do que a passagem por Badajoz.[4] Em 1867, o governo apresentou vários projectos para ligações ferroviárias, incluindo uma, a partir do Porto, que iria ligar a Espanha pelo Minho.[5]

O troço até Valença da Linha do Minho foi, assim, inaugurado em 6 de Agosto de 1882.[5][6][7][8]

Construção e inauguração[editar | editar código-fonte]

Piso inferior da Ponte, para uso rodoviário.

Esta estrutura começou a ser construída em 1882,[9] tendo sido inaugurada em 25 de Março de 1886, como parte do Ramal Internacional de Valença.[5][6][8] Foi projectada pelo arquitecto espanhol Pelayo Mancebo, tendo os custos de construção sido divididos entre os governos Português e Espanhol.[9]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Nos finais da Década de 1980, esta ponte era atravessada por composições de mercadorias rebocadas por locomotivas da Série 308 da operadora Red Nacional de Ferrocarriles Españoles, por estas serem as únicas locomotivas permitidas para atravessar a ponte, devido ao seu reduzido peso por eixo.[10] Em 1986, deu-se uma cerimónia de comemoração do centenário da inauguração desta ponte.[11]

Século XXI[editar | editar código-fonte]

Em Julho de 2011, o alcaide de Tui ameaçou bloquear a circulação na Ponte, caso a operadora Comboios de Portugal decidisse suspender o Comboio Internacional Porto-Vigo, como tinha sido anunciado.[12]

Em 19 de Dezembro de 2011, a Rede Ferroviária Nacional adjudicou, à empresa Teixeira Duarte, uma empreitada para a reabilitação e reforço das fundações desta ponte, num prazo de 365 dias, e pelo valor de 3.540.000,01 euros.[3] Os objectivos desta intervenção eram garantir que a infraestrutura iria ficar com uma resistência longitudinal necessária para as obras, prevenir que futuros trabalhos de infraescavação colocassem em risco a estabilidade das fundações, reforçar a base dos pilares, e estabilizar o solo das fundações, especialmente as submersas.[3] Consistiu, assim, na reabilitação de quatro pilares e de alvenarias, substituição de todos os aparelhos de apoio, reabilitação e reforço dos encontros, e instalação de equipamentos de controlo dos movimentos longitudinais.[3] Esta intervenção foi considerada de rotina, sendo uma das obras que são efectuadas periodicamente, com um intervalo de cerca de 50 anos.[13][14]

Para a realização destas obras, que começaram em Abril de 2012, foi necessário interditar a circulação automóvel no tabuleiro inferior, durante um período previsto de cinco meses.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=446&Itemid=76 Arquivado em 19 de abril de 2014, no Wayback Machine. Ponte Rodo-Ferroviária Internacional, http://acer-pt.org/, verificado a 18 de Abril de 2014
  2. a b Santos, 1989:329
  3. a b c d e «Ponte Internacional de Valença». Rede Ferroviária Nacional. 19 de Dezembro de 2011. Consultado em 18 de Abril de 2012 
  4. MURIEL, Francisco Polo (Junho de 1989). «Relaciones Ferroviárias España-Portugal: La Historia de un interés común». Madrid: Fundacion de los Ferrocarriles Españoles. Via Libre (em espanhol) (305). 41 páginas 
  5. a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 92, 93 
  6. a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 12
  7. História de Portugal em Datas, p. 227
  8. a b Martins et al, 1996:12
  9. a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 35
  10. ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Locomotoras diesel: Las "Ye Ye"». Madrid: Ed. España Desconocida, s. l. Maquetren (em espanhol). 6 (68). 22 páginas. ISSN 1132-2063 
  11. Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 173
  12. «Alcaide de Tui "ameaça" cortar ponte internacional se acabar ligação Porto-Vigo». Jornal de Notícias. 29 de Julho de 2011. Consultado em 18 de Abril de 2012 
  13. a b «Valença/Ponte internacional: Obras condicionam circulação automóvel durante cinco meses». Diário Digital. 30 de Março de 2012. Consultado em 18 de Abril de 2012 
  14. «Valença: Refer investe 6,2 milhões para reabilitar fundações de ponte internacional com 125 anos». Diário Digital. 16 de Maio de 2012. Consultado em 18 de Abril de 2012 [ligação inativa]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • História de Portugal em Datas. [S.l.]: Círculo de Leitores, Lda. e Autores. 1994. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9 
  • Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • SANTOS, José Coelho (1989). O Palácio de Cristal e Arquitectura de Ferro no Porto em Meados do Século XIX. Porto: Fundação Engenheiro António de Almeida. 387 páginas 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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