Príncipe de Asturias (navio)
Príncipe de Asturias | |
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Construção | 1914 |
Estaleiro | Russel & Co., Estaleiro Kingston, Glasgow[1] |
Lançamento | 30 de abril de 1914 [2] |
Viagem inaugural | 16 de agosto de 1914 |
Porto de registro | Cádiz |
Período de serviço | 1914–1916 |
Estado | Naufragado |
Destino | Naufragou após colidir contra rochedos na Ilha de São Sebastião na costa brasileira em 5 de março de 1916 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Paquete |
Deslocamento | 16 500 t |
Comprimento | 150 m |
Boca | 18,7 m |
Pontal | 12 m |
Calado | 9,6 m |
Propulsão | Duas hélices movidas por um motor de expansão quádrupla, com potência nominal de 1134 HP |
Velocidade | 18 nós (33 km/h) em média 15 nós (27 km/h) totalmente carregado |
Passageiros | Primeira classe: 150[3] Segunda classe: 120 Terceira classe: 120 Alojamentos: 1 500 Capacidade total: 1 890 |
O Príncipe de Asturias foi um navio transatlântico operado pela companhia espanhola Pinillos Izquierdo y Cia., encomendado para fazer a linha regular de passageiros e cargas entre Barcelona e Buenos Aires, passando por Cádis, Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu. Após ser construído, em 1914, era considerado o transatlântico mais luxuoso da Espanha, junto a seu irmão gêmeo, o paquete Infanta Isabel.[4] Afundou na costa de São Paulo, com provavelmente mais de 1 000 falecimentos, tornando-se o maior desastre marítimo em águas brasileiras.[5]
História[editar | editar código-fonte]
No início do século XX, a Pinillos y Isquierdo era uma das maiores companhias de navegação da Espanha. Em 1910, a companhia lança o navio Infanta Isabel e 2 anos depois, seu irmão gêmeo, o Príncipe de Asturias, que era uma versão melhorada. Ambos foram construídos nos estaleiros Kingston, pela Russel & Co., sob supervisão da Pinillos. O Príncipe de Asturias tinha casco duplo em toda a sua extensão, com compartimentos estanques e de lastro, que podiam ser enchidos ou esvaziados facilmente, proporcionando uma estabilidade maior em qualquer situação.[6]
Além de ser um navio potente e moderno, o Príncipe de Asturias era luxuoso. Havia uma biblioteca para uso exclusivo dos passageiros, em estilo Luís XVI com estantes de mogno e assentos de couro. A cobertura superior servia como espaço de lazer, com bancos e cadeiras, e nela existiam vidraças coloridas que protegiam do vento. O restaurante era decorado com painéis de carvalho japonês e quadros com molduras de nogueira. Havia também com uma cúpula coberta com vitrais coloridos, pela qual se podia desfrutar da luz natural durante o dia. O navio contava com um salão de música que podia ser acessado pelo salão de entrada, onde havia uma grande escadaria com laterais e corrimãos trabalhados em madeira. O chão do salão de entrada era decorado com tapetes persas, que eram usados como pista de dança. Um piano havia sido construído especialmente para ser tocado a bordo.[6][2]
Naufrágio[editar | editar código-fonte]
Em 4 de março de 1916,[7] o navio se dirigia ao porto de Santos, fazendo sua sexta viagem à América do Sul. Levava oficialmente 588 pessoas entre passageiros e tripulantes. Entre as cargas importantes, o navio levava 12 estátuas de bronze (que fariam parte do monumento La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas, em Buenos Aires), um suposto Renault 35 HP e uma suposta quantia de 40 000 libras em ouro.[1] Foi realizado um baile no navio devido à festa de carnaval, tanto na Espanha (Carnaval de Cádis) quanto no Brasil. No entanto, uma forte tempestade afetava o navio, causando neblina e uma forte chuva, o que diminuiu a visibilidade. Por precaução, o capitão baixou a velocidade. O navio também alterou a sua rota, passando entre as ilhas de Vitória e Búzios (na rota original o navio passaria direto por Ilhabela,[5] à uma certa distância).
Ninguém sabe o motivo exato da alteração na rota. Os oficiais disseram que era para organizar a carga que desceria em Santos. Outros, no entanto, acreditam que eles desceriam todo os dinheiro do navio em Búzios e afundar o navio propositalmente, já que ninguém encontrou o dinheiro nos destroços. A versão oficial é que a magnetização atípica da Ponta Pirabura teria mudado a direção da bússola.
Cerca das 4 horas, muitos já estavam dormindo, muitos por cansaço por causa do baile. Às 4h10 da noite, o capitão José Lotina tentou retomar a rota original, rumando à sul, porém devido neblina, ele não sabia que o navio estava se aproximando demais da terra, nem os oficiais sabiam, pois não enxergar o Farol da Ponta do Boi.
Às 4h15, a proa bateu violentamente nos recifes submersos da Ponta da Pirabura (em Ilhabela) e um buraco de cerca de 40 metros foi aberto no casco. Os porões se encheram de água rapidamente. A água logo inundou a casa das caldeiras, e ocorreu uma explosão, esta danificou o gerador e deixou o paquete no escuro. Sem eletricidade, o telegrafista não pôde mandar o pedido de socorro. Os passageiros são acordados com o impacto, mas poucos conseguiram subir ao convés de botes, na verdade, os passageiros que tinha cabines perto dos conveses inferiores morreram em suas cabines. Dois minutos depois da colisão, a proa já estava submersa. Com o navio quase todo "empinado" e adernando para estibordo, o trabalho de baixar os botes foi impossível (apesar do bote salva-vidas nº 1 ter sido jogado no mar pelos passageiros). A proa bate no fundo do mar e depois o navio, já adernado, emborcou, afundando segundos depois. Toda a tragédia aconteceu em 5 minutos. Oficialmente, 143 pessoas sobreviveram e 445 morreram.[8]
O Bote nº1, que foi jogado no mar pelos passageiros, partiu rumo à costa, com apenas 20 pessoas. No entanto, depois resgataram 123 passageiros e tripulantes, entre eles, o brasileiro José Martins Viana, que estudava Engenharia e fugia da Guerra na Europa.
O cargueiro francês Vega resgatou os sobreviventes e os levou até Montevidéu.
O número real de passageiros[editar | editar código-fonte]
Apesar de na lista de passageiros ter 588 passageiros, há suspeitas de cerca de 800 imigrantes clandestinos espremidos nos porões do navio, fugindo da Primeira Guerra Mundial. Assim o número iria subir para mais de 1 000 mortes.[5]
Como na época não era costume registrar a terceira classe e/ou os trabalhadores dos porões (como os foguistas, graxeiros, etc.), esses passageiros são desconhecidos.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b «Naufrágio Príncipe de Asturias». Naufágios do Brasil
- ↑ a b «Príncipe de Asturias» (em espanhol). Vida Maritima
- ↑ «Esqueleto no armário». naufrágio Príncipe de Astúrias
- ↑ «Naufragio Príncipe de Asturias» (em espanhol). Muslera.com
- ↑ a b c «O dia em que o Príncipe de Astúrias, o 'Titanic brasileiro', naufragou nas águas de Ilhabela». BBC News Brasil. Consultado em 27 de novembro de 2022
- ↑ a b Naufragio del transatlantico Principe de Asturias (em castelhano)
- ↑ Naufrágio do “Titanic brasileiro” completa 100 anos e inspira livro Gazeta do Povo - ed. 29/2/2016
- ↑ «PRINCIPE DE ASTURIAS | Vida Marítima». vidamaritima.com (em espanhol). Consultado em 1 de setembro de 2018
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Naviera Pinillos» (em espanhol). Mar y Barcos.
- «El misterioso hundimiento del trasatlántico español Príncipe de Asturias en 1916» (em espanhol). Globedia.
- «Navios: o Principe de Asturias». Novo Milênio