Profecia das setenta semanas

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A Profecia das 70 semanas é referida no capítulo 9 do livro bíblico de Daniel[1], um dos livros do Antigo Testamento (Daniel 9). O entendimento do texto bíblico não é partilhado da mesma forma em todas as denominações cristãs e judaicas. Num contexto geral a profecia aponta para o ano do aparecimento do Messias (batismo de Jesus em 29 d.C.), da sua morte (33 d.C) e do fim da exclusividade aos judeus como sendo "o povo de Deus", ou "o povo que detém a verdade" dando início à pregação do Evangelho aos gentios (ocorrido em 34 d.C, data marcada também pela morte de Estevão por apedrejamento).

Texto bíblico

No capítulo 9, Daniel diz que um anjo lhe apareceu em resposta à sua oração e fez uma proclamação em relação ao calendário de eventos importantes no futuro do Povo de Israel. O livro bíblico de Daniel capítulo 9 e versículos 24 a 27 diz:

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expirar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.
Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele."
(Daniel 9:11:27 - de Almeida, 1993)

Cálculos de datas

Segundo a hipótese, no meio teológico, de que 1 dia em profecia equivale a 1 ano literal (ver a Tabela de Conversão Profética), e supondo-se que esta hipótese se aplique à profecia das 70 semanas, então elas seriam na verdade uma representação profética de um período igual a 490 anos:

70 semanas x 7 dias = 490 dias proféticos = 490 anos literais

Fazendo um cálculo análogo ao anterior a frase "desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas;", mostra que passariam num total de 483 anos:

62 semanas + 7 semanas = 69 semanas
69 semanas x 7 dias = 483 dias proféticos = 483 anos literais

Porém sobra a última semana para se completar as 70 semanas.

7 semanas + 62 semanas e 1 SEMANA .
7 semanas. = 49 anos
62 semanas = 434 anos
1 semana = 7 anos

= 490 anos

Interpretações

Interpretação de Jorge Sincelo

Jorge Sincelo, historiador bizantino, interpretou as setenta semanas como o período entre a ordem dada por Artaxerxes I para que o templo de Jerusalém fosse reconstruído, no 115o ano do Império Aquemênida (Persa), vigésimo ano de Artaxerxes e o quarto ano da 83a olimpíada,[Nota 1] e a morte e ressurreição de Jesus, no segundo ano da 202a olimpíada,[Nota 2] o décimo sexto ano do reinado de Tibério; isto dá um total de 475 anos solares, ou 490 anos hebraicos, que eram baseados em 12 meses lunares de 29½ dias cada.[2][Nota 3]

Interpretação Preterista

O ponto de partida do cálculo é a revelação feita à Jeremias (cf Dn 9:25), o término do período é a restauração de Jerusalém e a volta dos exilados. (2Cr 36:22-23 = Esd 1:1-3), Decreto de Ciro II em 538 AC[3].

Interpretação da visão enquanto alegoria

A Edição Pastoral da Bíblia sustenta que o autor não se mostra interessado em predizer a vinda do Messias ou o fim do mundo. Pelo contrário, quer sustentar a fé e encorajar a resistência dos judeus que estão sendo perseguidos por Antíoco IV; por isso, mostra que a opressão e perseguição acabarão logo, e por isso ninguém deve desanimar.

Os versículos 24 a 27 do cap. 9 trazem pormenores que auxiliam os judeus perseguidos a identificar os acontecimentos que presenciam: em 170 AC, o sumo sacerdote Onias III foi assassinado pelos seus rivais, embora fosse o único sumo sacerdote justo (ungido inocente, v. 26). A seguir, Antíoco IV invade Jerusalém e coloca no Templo uma estátua de Júpiter (ídolo abominável), fazendo com os sacerdotes do Templo um acordo (aliança durante uma semana)[4].

Referências

Notas
  1. 445 a.C.
  2. 30 d.C.
Referências
  1. Scherman, Rb. (Ed.), 2001, p.1803
  2. Jorge Sincelo, Cronografia, Fragmento 1, Thallos e Phlegon [em linha]
  3. Bíblia de Jerusalém, Nova Edição Revista e Ampliada, Ed. de 2002, 3ª Impressão (2004), Ed. Paulus, São Paulo, p 1.273
  4. Cap. 9 de Daniel, Edição Pastoral da Bíblia, acessado em 22 de agosto de 2010
Bibliografia
  • de Almeida, João Ferreira, A Bíblia Sagrada - Antigo e o Novo Testamento, Revista e Atualizada no Brasil, 2a. edição, Barueri/SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993, ISBN 85.311.0279-0

Ver também

Ligações externas