Rogério de Flor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rogério de Flor
Rogério de Flor
Roger de Flor
Nascimento Rutger von Blum
1267
Brindisi (Coroa de Aragão)
Morte 30 de abril de 1305 (37–38 anos)
Edirne
Cidadania Coroa de Aragão, Império Bizantino
Cônjuge Maria Asanina
Ocupação condotiero, militar, almogávares
Lealdade Coroa de Aragão

Roger de Flor, também conhecido por Rutger von Blum (Brindisi, Itália, 1267Adrianópolis, Império Bizantino, 1305), foi um cavaleiro de origem alemã e ganhou fama por ter liderado os almogávares.

Era filho de Ricardo de Flor, falcoeiro do imperador romano-germânico Frederico II, que morreu em combate contra Carlos I da Sicília na batalha de Tagliacozzo e de uma jovem de Brindisi, onde nasceu e cresceu na companhia de um seu irmão.

Tornou-se cavaleiro da Ordem do Templo e participou na última cruzada; distinguiu-se na defesa de São João de Acre, na Palestina, e na evacuação da cidade depois da tomada desta pelos muçulmanos, em 1291.

Pouco depois, os templários acusaram-no de ter desviado parte dos seus tesouros e Roger foi expulso da ordem. Tirando partido da sua longa experiência militar, Roger tornou-se mercenário e colocou-se ao serviço do rei Frederico III da Sicília, filho de Pedro III, o Grande, de Aragão.

Frederico nomeou-o capitão das companhias de almogávares, mercenários catalães e aragoneses que tinham participado na conquista de Valência e de Maiorca por conta do reino de Aragão e que tinham também ajudado a consolidar a presença aragonesa na Sicília na luta contra a casa de Anjou pelo domínio da ilha (defesa de Messina, 1301).

No ano seguinte, na decorrência das Vésperas Sicilianas, e da paz de Caltabellota (1302) entre Carlos II de Anjou e Frederico III da Sicília, Roger de Flor ofereceu os seus serviços ao imperador bizantino Andrónico II Paleólogo, para participar na sua guerra contra os Turcos, que avançavam pelos territórios gregos e ameaçavam mesmo Constantinopla. O imperador aceitou os seus préstimos e o capitão chegou a Constantinopla à cabeça de 4 000 Almogávares e de 39 navios, constituindo com eles a Companhia Catalã.

Roger entrou imediatamente em acção, aniquilando os Genoveses em Constantinopla, o que agradou grandemente ao imperador, cada vez mais irritado com a tutela que aqueles exerciam não só no domínio comercial e financeiro do Império mas também, e crescentemente, político. Em 1304, a Companhia passou a actuar na Anatólia e tomou as cidades de Filadélfia, Magnésia e Éfeso, fazendo os Turcos recuar até à Cilícia, em direcção à cadeia montanhosa do Tauro.

Em recompensa destes serviços, Andrónico, apesar de alguns abusos cometidos pelos catalães contra os gregos, nomeou Roger de Flor de mega-duque (Almirante da Armada Imperial) e deu-lhe a mão da sua sobrinha Maria, filha da sua irmã Irene e do rei destronado João III Asen da Bulgária¹.

O imperador, porém, amedrontou-se perante a perspectiva de Roger fazer-se soberano dos territórios reconquistados na Ásia Menor. Ao fim de negociações, Andrónico II concedeu-lhe o título de César e o senhorio do território bizantino na Anatólia, com excepção das cidades. A crescente ambição de Roger de Flor acabou por indispôr Miguel IX Paleólogo, coimperador e filho de Andrónico II. Miguel atraiu Roger a Adrianópolis e fê-lo assassinar durante um banquete, juntamente com 130 comandantes almogávares, a 5 de Abril de 1305, com a intenção de atacar em seguida as tropas. Os Almogávares, no entanto, nomearam novos comandantes e lançaram violentas represálias. Sob o comando de Berengário de Entença, dirigiram-se para Constantinopla e arrasaram tudo aquilo que encontraram no seu trajecto pela Trácia e pela Macedónia - aquilo a que se chamou a Vingança Catalã. Envolveram-se então nas lutas intestinas do império e acabaram por conquistar os ducados de Atenas e de Neopátria em nome de Aragão, os quais conservaram até 1390.

Roger de Flor tornou-se muito popular entre os seus contemporâneos graças à Crónica de Ramon Muntaner, na qual este relata a extraordinária expedição, na qual o autor participou. Roger de Flor converteu-se numa figura mítica para os catalães e serviu de modelo ao herói de Joanot Martorell no seu Tirant o Branco.

nota[editar | editar código-fonte]

¹ Irene casara-se com João III Asen, rei da Bulgária, em 1278. este faleceu em 1302 (cf. Miguel VIII Paleólogo).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]