Segunda tentativa de golpe de Estado na Venezuela em 1992

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Segunda tentativa de golpe de Estado na Venezuela em 1992
Golpes de Estado na Venezuela

Um OV-10E Bronco semelhante aos usados ​​pelos rebeldes.
Data 27 de novembro de 1992
Local Venezuela Caracas, Venezuela
Desfecho Vitoria do governo.
Beligerantes
Venezuela Movimiento 5 de Julio
Venezuela Partido Bandera Roja
Venezuela Partido Tercer Camino
Venezuela Setores rebeldes das Forças Armadas da Venezuela
Venezuela Governo da Venezuela
Comandantes
Venezuela Hernán Grüber Odremán
Venezuela Luis Enrique Cabrera Aguirre
Venezuela Francisco Visconti Osorio
Venezuela Luis Reyes Reyes
Venezuela Carlos Andrés Pérez
Venezuela Iván Darío Jiménez Sánchez

Uma tentativa de golpe de Estado na Venezuela ocorreu em 27 de novembro de 1992 contra o governo do então presidente Carlos Andrés Pérez, apenas nove meses após uma primeira tentativa em fevereiro do mesmo ano. Nesta ocasião, civis e militares participaram da intentona golpista. Os nomes mais proeminentes nos eventos foram Hernán Grüber Odremán, Luis Enrique Cabrera Aguirre, Luis Reyes Reyes, Francisco Visconti Osorio; e os partidos políticos Bandera Roja e Tercer Camino.

Acontecimentos[editar | editar código-fonte]

O movimento das tropas rebeldes começou às 23 horas do dia anterior, quinta-feira, 26 de novembro, com o objetivo principal de capturar o presidente constitucional Carlos Andrés Pérez e estabelecer uma junta cívico-militar como governo de transição.[1] Também estava prevista a libertação de Hugo Chávez, preso após seu golpe fracassado de fevereiro.[2]

Uma imagem estática do vídeo que Chávez divulgou durante a tentativa de golpe de novembro de 1992.

A sede da emissora pública de televisão Venezolana de Televisión, bem como as antenas repetidoras da RCTV e da Venevisión, foram tomadas pelo tenente Jesse Chacón, que tiveram ordens de transmitir um vídeo gravado pelos lideres golpistas no qual explicavam o motivo da rebelião e convocavam as Forças Armadas para se juntarem a eles.[1] Em vez disso, no entanto, um vídeo gravado anteriormente por Chávez, que não havia participado do planejamento do golpe, foi transmitido, para surpresa dos líderes.[1][3]

Por sua vez, o presidente Carlos Andrés Pérez se comunicou com a nação através do sinal da Televen, a única estação de televisão nacional em seu poder, onde anunciou que esta tentativa de golpe era um "coletazo" de fevereiro de 1992, e que o governo tinha a situação sob controle.[2] Às 15h30, os rebeldes renderam-se, após um confronto com as forças constitucionais que deixou um saldo de nove mortos, todos funcionários da estação de televisão VTV, pelas mãos dos insurgentes que eram comandados na época pelo Tenente Jesse Chacon.[4]

Pela manhã, aviões OV-10 Bronco pilotados por oficiais golpistas decolaram da Base Aérea El Libertador, em Maracay, e atacaram vários alvos em todo o país, incluindo o bombardeio do Palácio de Miraflores, El Helicoide e a Base Aérea Generalísimo Francisco de Miranda, em Caracas, mas um dos OV-10 Broncos foi abatido por oficiais da Direção dos Serviços de Inteligência e de Prevenção (DISIP), de uma das rampas ou trincheiras de defesa da Base Aérea, utilizando uma arma automática de longo alcance calibre 50mm, que repeliram o ataque, arremetido eminentemente e agressivamente pelos rebeldes que tinham vantagem em armas, sobre as forças leais ao governo; esta aeronave estava sendo perseguida naquele instante por uma aeronave F-16, que no momento dos disparos voou para um dos lados, afastando-se dela, evitando ser confundida com um dos insurgentes e ao mesmo tempo sendo atingida pelas munições.[1][2]

Às quatro da tarde vários revolucionários se renderam, embora muitos tenham escapado para o Peru, onde foram recebidos como perseguidos políticos pelo presidente Alberto Fujimori; em abril do mesmo ano, o governo venezuelano havia rompido relações diplomáticas com o Peru devido ao autogolpe de Fujimori.[5]

À noite, embora a situação tenha sido controlada a nível militar, foram relatados confrontos entre a polícia e os rebeldes nas paróquias caraquenhas de Caricuao e 23 de Enero.[4] Um motim ocorreu no Retén de Catia e vários presos conseguiram escapar, várias dezenas morrendo em confrontos com a Guarda Nacional Venezuelana.[4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Os números oficiais registram 171 mortos, 142 civis e 29 militares, enquanto que extraoficialmente são 300.[6] Além disso, foram registrados 95 militares feridos.[6] O jornal El País noticiou o numero de cinquenta mortos, incluindo um jornalista, vinte e quatro horas após o eventos. [7]

Quinhentos oficiais e suboficiais foram presos após os acontecimentos, juntamente com 800 soldados sem patente e 40 civis;[6] entretanto, apenas 196 pessoas, entre civis e militares, foram levadas a um tribunal militar, incluindo aqueles que fugiram para o Peru, para os quais foi aberto processo à revelia.[8] Destes, 97 foram condenados, e o restante foi absolvido.[8] No entanto, algumas semanas depois, a Corte Suprema de Justiça da Venezuela anulou os julgamentos e, dentro do período de um ano, todos os envolvidos já haviam sido libertados pelos governos de Ramón José Velásquez e Rafael Caldera.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Nota[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Leal, Lilia (27 de novembro de 2010). «En la rebelión del 27N no estaba previsto el asesinato de Carlos Andrés Pérez». Correo del Orinoco (em espanhol) 
  2. a b c Esteves, Aniger (27 de novembro de 2009). «27 de noviembre de 1992 abrió paso a la revolución bolivariana». YVKE Mundial (em espanhol) 
  3. Romero, Aarón (27 de novembro de 2017). «Rememoran insurrección cívico-militar del 27 de noviembre de 1992» (html). Vicepresidencia de la República. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2017. El actual ministro del Poder Popular para la Agricultura Urbana, Freddy Bernal, recordó que en el momento cuando el Comandante Chávez, ... (ceteris omissis) Sin embargo, entre el mes de febrero de 1992 y mayo “buscamos los contactos. Con una carta que yo envié al Comandante Hugo Chávez a Yare en mayo, recibo respuestas en agosto de 1992 y formalmente ese año el Comandante nos incorpora al Ejército Bolivariano Revolucionario 200. Para ese momento éramos 74 oficiales y 4.600 hombres y a lo largo y ancho de todo el país en siete cuerpos de policías”. 
  4. a b c «El gobierno venezolana decreta el Estado de emergencia y anuncia el fracaso de los golpistas». Diario ABC (em espanhol). 28 de novembro de 1992 
  5. Democracy Coalition Project. «Venezuela» (PDF). Defending Democracy: A Global Survey of Foreign Policy Trends 1992-2002 (em inglês) 
  6. a b c «27N, la historia de un baño de sangre». Seminario Versión Final. 23 de novembro de 2007. Cópia arquivada em 29 de novembro de 2011 
  7. Ludmila, Vinogradoff (28 de novembro de 1992). «Portada del sábado 28 de novembro de 1992» (html). Diario El País. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2018 
  8. a b «Un tribunal militar condena a 97 golpistas en Venezuela». El País (em espanhol). 14 de janeiro de 1993 
  9. «Golpistas venezolanos, ante corte marcial». El Tiempo (em espanhol). 19 de março de 1993