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Blond Ambition World Tour
Turnê mundial de Madonna
Álbum associado Like a Prayer
I'm Breathless
Data de início 13 de abril de 1990 (1990-04-13)
Data de fim 5 de agosto de 1990 (1990-08-05)
Partes 3
N.º de apresentações 9 na Ásia
32 na América do Norte
16 na Europa
57 no total
Receita US$ 62.7 milhões
Audiência 800,000
Cronologia de turnês de Madonna
Who's That Girl Tour
(1987)
The Girlie Show World Tour
(1993)

Blond Ambition World Tour foi a segunda turnê mundial e a terceira, no geral, da cantora estadunidense Madonna, feita em suporte ao seu quarto álbum de estúdio Like a Prayer e a trilha sonora do filme Dick Tracy, I'm Breathless. A turnê foi oficialmente anunciada como Blond Ambition World Tour em 16 de novembro de 1989 pela Sire Records, percorrendo arenas e estádios pela Ásia, América do Norte e Europa ao longo de 57 concertos, começando em 13 de abril de 1990 no Chiba Marine Stadium em Chiba, Tóquio, e encerrando-se em 5 de agosto do mesmo ano no Stade Charles-Erhmann em Nice, França. A banda belga Technotronic serviu como ato de abertura em todos os shows.

A digressão seria originalmente intitulada Like a Prayer World Tour e patrocinada pela Pepsi, com quem Madonna havia assinado um contrato milionário para a divulgação da faixa homônima e de um dos produtos da empresa num comercial. Entretanto, após o lançamento de seu polêmico vídeo musical, que ocasionou protestos religiosos e tentativas de boicote à companhia e suas subsidiárias, o acordo foi cancelado. A Blond Ambition World Tour foi dirigida pela própria cantora e contou com a direção de arte de seu irmão, Christopher Ciccone, figurinos concebidos por Jean-Paul Gaultier e coreografia realizada por Vincent Paterson. O palco custou cerca de US$ 2 milhões para ser construído, além de mais de cem pessoas para montá-lo e 18 caminhões para transportar o equipamento; medindo 21 X 24 metros, tinha como peça central uma grande plataforma hidráulica, a partir da qual Madonna surgia. Ensaios ocorreram nos Walt Disney Studios em Burbank, Califórnia.

Com o objetivo de "quebrar tabus inúteis", os espetáculos foram divididos em cinco segmentos, inspirados por moda e arquitetura dos anos 1920, 1930 e 1940: Metropolis, inspirado pelo filme homônimo de 1927; Religious, tocando em temas religiosos; Dick Tracy, com características do longa-metragem de mesmo nome e de cabarés; Art Deco, inspirado pelos primeiros filmes de Hollywood e trabalhos de Tamara de Lempicka; e o bis, incluindo duas músicas. A turnê foi recebida com análises positivas de críticos de música e entretenimento, que destacaram a sua natureza teatral e a presença de palco da cantora, embora alguns tenham ficado divididos em relação à sua produção exagerada e o uso de sincronia labial. Recebeu o prêmio de Most Creative Stage Production nos Pollstar Concert Industry Awards em 1990. Foi bem sucedida comercialmente, vendendo 800 mil ingressos e lucrando US$ 62.7 milhões, o que fez de Madonna a segunda artista de maior sucesso em turnês à época, atrás de Michael Jackson.

A Blond Ambition World Tour foi marcada por controvérsias acerca de seu teor sexual e católico, em especial na Itália, onde organizações religiosas protestaram e condenaram tanto o show quanto a cantora e o Papa João Paulo II clamou por boicote. Os protestos foram bem sucedidos, com uma das três apresentações sendo cancelada. Em Toronto, a polícia ameaçou prender a cantora caso não ocorressem mudanças na performance de "Like a Virgin", onde Madonna simulava masturbação. Diversos concertos foram gravados e transmitidos, como a última apresentação da turnê, realizada em Nice, exibida pela HBO ao vivo e posteriormente lançada oficialmente no laserdisc Live! - Blond Ambition World Tour 90, rendendo à cantora seu primeiro Grammy Award. Um documentário intitulado Madonna: Truth or Dare, foi lançado em 1991 mostrando os bastidores da turnê. A Blond Ambition World Tour foi observada por uma série de críticos e estudiosos como um marco nos espetáculos pop por sua teatralidade, grandeza, moda e performances, sendo frequentemente creditada como a responsável por mudar a maneira em que shows eram realizados e notada como inspiração em trabalhos de artistas subsequentes.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 1989, a Pepsi-Cola anunciou que havia fechado um contrato de US$ 5 milhões com Madonna, para usar a cantora e o seu futuro single "Like a Prayer" num comercial televisivo da empresa. O acordo incluiu também um patrocínio da companha na futura turnê mundial da artista, até então anunciada como Like a Prayer World Tour. Madonna queria usar o comercial para lançar a canção globalmente antes de seu lançamento — a primeira vez que algo do tipo estava sendo feito na indústria musical. A Pepsi também beneficiou-se do contrato por ter seus produtos associados com a intérprete, criando promoção para ambas as partes. O comercial, intitulado "Make a Wish", estreou durante a transmissão da 31.ª edição dos Grammy Awards em 12 de fevereiro de 1989, com um número estimado de 250 milhões de pessoas ao redor do mundo o assistindo. No dia seguinte, foi lançado o vídeo musical de "Like a Prayer" na MTV. Apresentando uma igreja e símbolos católicos como estigmas, cruzes em chamas e a cantora beijando um santo negro, o trabalho causou grande controvérsia. Grupos religiosos mundialmente, incluindo o Vaticano, protestaram imediatamente, condenando o uso blasfemo de imagens cristãs e clamando por boicotes à Pepsi e suas subsidiárias. A empresa tirou o comercial do ar e cancelou o contrato com Madonna, embora ela tenha ficado com os US$ 5 milhões adiantados do acordo.

A Sire Records anunciou oficialmente a turnê como Blond Ambition World Tour em 16 de novembro de 1989; a performance de Madonna nos MTV Video Music Awards daquele ano, onde cantou "Express Yourself" com suas vocalistas de apoio, foi descrita como uma "prévia" do futuro espetáculo. Ela avaliou a turnê como "muito mais teatral do que tudo o que eu já fiz. (...) Eu sei que não sou a melhor cantora do mundo e que não sou a melhor dançarina. Porém, eu posso gerar reação das pessoas e ser provocativa como eu quero. O objetivo dessa turnê é quebrar tabus inúteis". Além de Like a Prayer, a turnê também serviu de divulgação a I'm Breathless, trilha sonora do filme Dick Tracy, no qual Madonna interpretou Breathless Mahoney, uma cantora da boate Club Ritz. No meio da etapa norte-americana, Madonna lidou com laringite e teve de cancelar quatro shows e reagendar uma apresentação. Os concertos de 25 de maio no Rosemont Horizont em Rosemont, subúrbio de Chicago, 6 de junho no Centrum in Worcester em Worcester, 15 de junho no Spectrum na Filadélfia, e 22 de junho na Brendan Byrne Arena em East Rutherford, foram cancelados; uma apresentação na última arena, marcada para 19 de junho, foi reagendada para o dia 25, encerrando a leva de concertos.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Concepção e ensaios[editar | editar código-fonte]

Servindo como a diretora geral da turnê, Madonna teve "total controle em relação a cada aspecto" do espetáculo, de acordo com o biógrafo J. Randy Taraborrelli. O irmão da cantora, Christopher Ciccone, foi selecionado como diretor artístico da digressão; ele escreveu em sua autobiografia Life with My Sister Madonna que ela o contatou e disse: "Eu vou entrar em turnê, e claro que quero que você me vista, mas acho que você pode desenhar o palco e dirigir artisticamente o show também". A banda belga de música eletrônica Technotronic, conhecida pelo single "Pump Up the Jam", encarregou-se do ato de abertura em todas as apresentações.

A equipe da turnê foi composta de sete dançarinos, as vocalistas de apoio Niki Haris e Donna De Lory — que haviam trabalhado com Madonna na turnê anterior, Who's That Girl World Tour (1987), e também a acompanharam em performances televisivas — e oito músicos, incluindo Luis Conte na percussão, Jonathan Moffett na bateria, Darryl Jones no baixo, Carlos Rios e David Williams na guitarra e os tecladistas Mike McKnight, Kevin Kendrick e Jai Windling, que também encarregou-se da direção musical do concerto. O produtor Patrick Leonard, parceiro frequente de Madonna e diretor musical de suas turnês anteriores, se recusou a repetir o seu papel após ver os esboços do palco, que não colocava os músicos em posição de destaque. Outros profissionais contratados incluíram John Draper como gerente da turnê, Mike Grizel como gerente de estrada, e Chris Lamb da GLS Productions como gerente de produção.

Testes para dançarinos ocorreram em Nova Iorque e Los Angeles. Um anúncio foi colocado na revista Daily Variety pela coreógrafa Karole Armitage, dizendo: "Audições abertas para dançarinos feroz que conheçam o significado de estilo troop, beat boy e vogue. Fracos e aspirantes não precisam se candidatar!". Luis Camacho e Jose Gutierez Xtravaganza, que haviam trabalhado com Madonna no vídeo de "Vogue", foram os primeiros a serem escolhidos. Eles se encontraram com a cantora e realizaram um teste que, ao invés de ser feito num salão formal, ocorreu numa boate em Nova Iorque. Após o seu teste, o danaçrinos Carlton Wilborn foi também escolhido para se encontrar com a artista numa boate. Descrevendo a atmosfera dos ensaios como semelhante a um "campo de treinamento", ele comentou que ela estava "procurando por pessoas muito confiantes — os melhores dos melhores — então eu estava bastante ciente de como estava me apresentando. Quando eu fui selecionado, eu sabia que era uma grande oportunidade". Os outros dançarinos apontados foram Oliver Crumes, Kevin Stea, Gabriel Trupin e Salim Gauwloos. Vincent Paterson, que trabalhou com Madonna no comercial da Pepsi, encarregou-se da coreografia. Paterson disse que "em vez de apenas apresentarmos músicas, queríamos combinar artes da moda, da Broadway, do rock e de performances". Para permitir maiores movimentos enquanto dançasse e cantasse, Madonna usou um microfone headset de radiofrequência e sem fio, com o headseat anexado aos ouvidos ou ao topo da cabeça e a cápsula do microfone presa num cabo que estendia à altura da boca. Por causa de seu uso proeminente, o design do microfone ficou conhecido como o "microfone da Madonna".

Palco e adereços[editar | editar código-fonte]

A construção do palco custou cerca de US$ 2 milhões. O palco media 21 X 24 metros e necessitou de mais de cem pessoas para montá-lo, além de 18 caminhões para transportar todo o equipamento. A peça central consistia numa grande plataforma hidráulica, a partir da qual Madonna surgia no início de cada concerto. O espetáculo foi separado em cinco blocos diferentes, cada um com suas configurações específicas, divididos por uma cortina que se levantava ou abaixava.

Para a concepção dos designs de cada seção, Madonna e seu irmãos estudaram a moda e a arquitetura das décadas de 1920, 1930 e 1940. A primeira, intitulada Metropolis e inspirada pelo filme homônimo e o vídeo musical de "Express Yourself", apresentou diversas chaminés soltando fumaça, tubulações de aço, cabos pendurados e um grande lance de escadas no meio. Ao final da seção, a cortina se abaixava até o chão para transformar o palco num quarto, apresentando uma cama de veludo vermelho. O segundo bloco, intitulado Religious e com tema de igreja, tinha uma grande arco de colunas coríntias e velas votivas. No meio de uma das performances, um grande tecido representando um vitral foi abaixado do teto. A seção Art Deco apresentou elementos cênicos inspirados por arranha-céus, uma grande escada dupla no meio e cenários vagamente inspirados em pinturas de Tamara de Lempicka. Adereços adicionais incluíram um piano de cauda, utilizado no bloco Dick Tracy, e uma grande cruz acesa com luzes de cor roxa e laranja.

Figurinos[editar | editar código-fonte]

Madonna na performance de "Express Yourself" usando um dos figurinos adornados pelo sutiã em formato de cone, desenhado por Jean-Paul Gaultier.

Para a concepção dos figurinos, Madonna entrou em contato com o estilista francês Jean-Paul Gaultier. Ela se interessou pela "irreverência e o humor" do estilista e lhe enviou uma carta escrita a mão, pedindo-lhe para desenhar as roupas da turnê. Gauliter aceitou, já sendo um admirador de Madonna anteriormente, e gostou do fato de que "quando não era tão famosa, ela fazia as roupas por conta própria (...) o sutiã visível, as transparências, os crucifixos como joias". Em entrevista para o The New York Times em 2001, ele lembrou:

Madonna e Gaultier levaram três meses para finalizar os detalhes das roupas; eles se encontraram pela primeira vez no hotel Carlyle em Nova Iorque, com outros encontros ocorrendo no restaurante Bofinger, nas boate Balajo e Zoopsie e no teatro Equestre Zingaro, todos em Paris. Gaultier lembrou que esse período foi de bastante estresse, declarando ter feito 1500 esboços e tomado entre "350 aspirinas" antes de a cantora aprovar os seus desenhos. A vocalista de apoio Niki Haris também lembrou que "com Madonna, sempre se trata de roupas e sapatos". O resultado foi dois espartilhos com bojos em formato cônico — um com cor de pêssego e o outro dourado. O estilista explicou que a ideia surgiu pela primeira quando, ainda criança, sua avô o levou a uma exposição onde "eles tinham um espartilho à mostra. Eu amei a cor de carne, o cetim salmão, a renda. O sutiã cônico dourado foi apenas uma extensão daquela ideia". Outras roupas criadas incluíram um terno preto listrado, um espartilho verde e branco em estilo vaudeville, um mini vestido preto cortado e costurado com penas de marabu, uma túnica preta de clero com um crucifixo neon e um colete fechado. Para evitar incidentes, cada peça foi costurada duas vezes com fios elásticos.