Alice Brill

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Alice Brill
Nascimento 13 de dezembro de 1920
Colônia
Morte 29 de junho de 2013
Itu
Cidadania Alemanha, Brasil
Ocupação fotógrafa, pintora

Alice Brill Czapski (Colônia, 13 de dezembro de 1920 - Itu, 29 de junho de 2013) foi uma fotógrafa, pintora e crítica de arte naturalizada no Brasil e com atuação na cidade de São Paulo.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Infância[editar | editar código-fonte]

Alice Brill nasceu em Colônia, na Alemanha, em 1920, filha do pintor Erich Brill e da jornalista Marta Brill. Quando tinha um ano de idade, seus pais se divorciaram, o que levou Alice a passar a maior parte de sua infância com a mãe e a avó paterna, com quem ficava quando sua mãe viajava a trabalho. Sua mãe era abertamente antifascista e feminista e, em 1933, planejava levar Alice junto consigo para a Espanha. Nessa época, as palestras via rádio de Marta foram canceladas após Adolf Hitler tomar controle dos meios de comunicação. Devido à ascensão do regime nazista, e por serem de origem judaica, Alice e sua mãe deixaram a Alemanha em 1933 e foram para o sul da Europa.[3]

Antes de deixar a Alemanha, sua professora da escola aconselhou Alice a registrar em um diário as viagens feitas durante o exílio, com uma câmera fotográfica dada pelo pai. Alice e sua mãe foram primeiro para a Espanha, onde Marta estava pesquisando sobre a última inquisição espanhola, em Maiorca. Foi lá que Alice Brill descobriu que tinha origem judaica, após comemorar pela primeira vez o "ano-novo judeu" fora do seu país de origem.[3] Passou também pela Itália e Holanda antes de desembarcar no Brasil junto de seu pai, em 1934. Seu pai morreria no campo de concentração Jungfernhof, em 1942.[4]

Adolescência[editar | editar código-fonte]

Aos 16 anos Alice conseguiu um emprego como ajudante na Livraria Guatapará, uma livraria internacional de um alemão, que vendia livros estrangeiros e materiais de arte. Enquanto trabalhava lá, conheceu o pintor Paulo Rossi Osir, amigo de seu pai, e passou a ter aulas de pintura com ele, interação a qual influenciou sua produção de fotografias e pinturas em batik.[3] Osir introduziu Alice ao Grupo Santa Helena, associação informal de pintores paulistas, através do qual manteve contato com artistas como Mario Zanini e Alfredo Volpi.

Em 1946, ganhou uma bolsa de estudos da Fundação Hillel para estudar na Universidade do Novo México e na Art Students League of New York onde estudou fotografia, pintura, escultura, gravura, história da arte, filosofia e literatura.[5]

Trabalho no Brasil[editar | editar código-fonte]

Após seu retorno ao Brasil, em 1948, passou a trabalhar como fotógrafa da revista Habitat, coordenada pela arquiteta Lina Bo Bardi. Documentou arquitetura, artes plásticas e fez retratos de artistas, além de registrar obras e exposições do MASP e do MAM-SP. Também participou de uma expedição em Corumbá organizada pela Fundação Brasil Central, fotografando os índios Carajás.[6]

Em 1950, realizou o ensaio no Hospital Psiquiátrico do Juqueri a convite da artista plástica Maria Leontina da Costa, registrando a ala do Ateliê Livre de Artes. No mesmo ano, Pietro Maria Bardi encomendou um ensaio sobre São Paulo para o IV Centenário da cidade, durante o qual retratou o processo de modernização da cidade entre 1953 e 1954. Enquanto outros fotógrafos se preocupavam em manter a imagem de uma cidade utópica, Alice registrou não apenas os centros urbanos, mas também as periferias da cidade, assim como as moradias das diferentes classes sociais.[7] Este projeto de publicação não foi concluído, mas alguns dos negativos chegaram a ser expostos.[6][8]

Além de fotógrafa, trabalhou como gravurista e pintora, participando da I e IX Bienal de São Paulo (1951 e 1967 respectivamente) além de diversas exposições individuais e coletivas. Suas temáticas envolviam paisagens urbanas e abstracionismo, realizando aquarelas e pinturas batik. Formou-se em filosofia pela PUC-SP em 1976, concluindo mestrado em 1982 e doutorado em 1994 e atuou como crítica de arte, escrevendo artigos para o Suplemento Cultural do jornal O Estado de S. Paulo, que posteriormente foram reunidos no livro "Da arte e da linguagem" (Perspectiva, 1988).[8]

Escritos[editar | editar código-fonte]

  • Mario Zanini e seu tempo (Perspectiva, 1984)
  • Da arte e da linguagem (Perspectiva, 1988)
  • Flexor (Edusp, 1990)

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras». enciclopedia.itaucultural.org.br. Consultado em 29 de maio de 2018 
  2. Brill, Alice (2005). O Mundo de Alice Brill. São Paulo: Instituto Moreira Salles. 48 páginas 
  3. a b c Czapiski, Alice Brill. Alice Brill Czapski. In: Morris, Katherine. Odyssey of Exile: Jewish women flee the Nazis for Brazil. Detroit: Wayne State University Press, 1996. p. 146-162. ISBN 9780814325629
  4. «A experiência de exílio na trajetória da fotógrafa Alice Brill» (PDF). puc-rio.br. Consultado em 30 de maio de 2018 
  5. Czapski, Silvia (2011). Cavaleiro da Saúde. [S.l.]: Novo Século. 424 páginas 
  6. a b Cadernos de Fotografia Brasileira: São Paulo 450 anos. São Paulo: Instituto Moreira Salles. 2004 
  7. Hurd, Danielle Jean. Alice Brill's São Paulo Photographs: A Cross-Cultural Reading. 2011. 123 f. Tese de mestrado (Artes)
    Departamento de Artes Visuais, Brigham Young University. 2011.
  8. a b Moreira, Marina Rago. «Alice Brill, retratos de uma metrópole» (PDF). Consultado em 4 de junho de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]