Brad Smith (advogado)

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Brad Smith
Brad Smith (advogado)
Nome completo Bradford Lee Smith
Nascimento 17 de janeiro de 1959 (65 anos)
Milwaukee, Wisconsin, EUA
Cônjuge Kathy Surace

Bradford Lee Smith[1] (Wisconsin, 17 de janeiro de 1959)[2] é um advogado norte-americano, que se tornou presidente da Microsoft em 2015 e vice-presidente em 2021.

Infância[editar | editar código-fonte]

Smith nasceu em 17 de janeiro de 1959, em Milwaukee, Wisconsin.[3] Seu pai, engenheiro e gerente da Wisconsin Bell, mudou-se com a família várias vezes pelo estado.[4][5] Smith se formou na Appleton West High School em Appleton, onde foi presidente do corpo estudantil e editor do jornal escolar.[6][4]

Smith conheceu sua esposa Kathy Surace-Smith enquanto eles estudavam na Universidade de Princeton. Smith obteve um bacharelado em artes em 1981, após concluir uma longa tese de conclusão de curso de 199 páginas intitulada "A Política dos Refugiados: O Desenvolvimento e Promoção do Direito Internacional dos Refugiados".[7] Smith e sua esposa se formaram juntos em Princeton em 1981 e ambos continuaram na Columbia Law School. Eles se casaram em 1983 e passaram o ano letivo de 1983-1984 estudando direito internacional no Instituto de Pós-Graduação em Estudos Internacionais na Suíça, antes de retornarem à Columbia para se formarem em 1985.[6][8][9] Eles têm um filho, nascido em 1992, e uma filha nascida em 1995.[6]

Carreira[editar | editar código-fonte]

O primeiro emprego de Smith após a formatura foi como escriturário do juiz federal dos Estados Unidos Charles Miller Metzner.[3] Em 1986, ele ingressou no escritório de advocacia em Washington, Covington & Burling. Ele tinha uma condição para o trabalho: ter seu próprio computador pessoal. Assim, foi a primeira pessoa na empresa com um; ele trabalhou com o Microsoft Word versão 1.0. Smith trabalhou por três anos em Washington e quatro em Londres, administrando o uso de software.[6] Em 1993 ele se tornou sócio do negócio.[10]

Microsoft[editar | editar código-fonte]

Reunião de Brad Smith com o Secretário de Defesa Ash Carter em 2016

Smith ingressou na Microsoft em 1993 e supervisionou a resolução dos casos antitruste da empresa.[11] Durante três anos liderou a equipe de assuntos jurídicos na Europa, depois por cinco anos como conselheiro geral adjunto, antes de ser nomeado conselheiro geral em 2002[6][10] e vice-presidente sênior.[12] Como conselheiro geral da Microsoft, Smith trabalhou como advogado e diplomata.[6] Em 2001, a Microsoft tinha acabado de resolver o caso Estados Unidos v. Microsoft Corp., uma batalha antitruste de quatro anos sobre a integração do navegador Internet Explorer com o sistema operacional Microsoft Windows.[4] A candidatura de Smith para o cargo de conselheiro geral no final de 2001 incluía uma apresentação PowerPoint de um único slide que dizia: "hora de fazer a paz". O presidente da Microsoft Bill Gates e o CEO Steve Ballmer concordaram.[4] Smith foi descrito como conciliador com concorrentes e reguladores.[4] Ele liderou negociações para resolver casos com vários concorrentes da Microsoft, incluindo AOL Time-Warner, Sun Microsystems e Be Inc., pagando US$ 5 bilhões aos demandantes, visando resoluções ganha-ganha e recebendo elogios de seus principais conselheiros.[4][6][10] Smith também supervisionou negociações com a Comissão Europeia sobre acusações antitruste, reunindo-se com líderes estrangeiros, fazendo lobby e resolvendo a maioria das questões em 2010.[6]

Internamente, Smith pressionou pela diversidade dentro da divisão jurídica da empresa, tornando os bônus dos executivos dependentes do aumento de vagas para minorias raciais, mulheres e LGBTs.[6][13] Em 2008, as metas não foram cumpridas e os executivos da Microsoft doaram seus bônus para instituições de caridade; as metas de diversidade foram cumpridas todos os anos subsequentes.[13] Em 2013, o National Law Journal nomeou-o um dos "100 advogados mais influentes da América".[14]

Em 2014, Smith era o membro mais antigo da liderança da Microsoft e considerado "um embaixador de fato para a indústria de tecnologia em geral",[15] ganhando aplausos de funcionários do Departamento de Estado dos EUA como Anne-Marie Slaughter e Stuart Eizenstat.[6] Ele entrou com quatro processos diferentes defendendo dados de clientes contra o governo dos EUA de 2013 a 2016,[16] além de ser um notável apoiador da Apple Inc. quando o FBI exigiu acesso a um iPhone bloqueado.[17] Ele conseguiu organizar uma coalizão, incluindo rivais como Google, Yahoo! e Apple, Inc. para apoiar a Microsoft em Microsoft Corp. v. Estados Unidos, um caso inicialmente arquivado em 2013, no qual a empresa contesta o direito dos Estados Unidos de obter acesso ao e-mail de um usuário da Irlanda.[15]

Smith foi promovido a presidente e diretor jurídico da Microsoft em 2015 pelo CEO Satya Nadella, tornando-se o primeiro presidente da Microsoft desde Richard Belluzzo em 2002.[10] Nessas funções, foi responsável pelos assuntos corporativos, externos e jurídicos da Microsoft.[18] Dentro de três meses em seu novo cargo, Smith anunciou o lançamento da Microsoft Philanthropies, um ramo da empresa dedicado a doar dinheiro e serviços para o bem público.[19] Nos dois anos seguintes, a Microsoft Philanthropies doou dezenas de milhões em subsídios para organizações educacionais e de refugiados, e forneceu centenas de milhões em serviços do Microsoft Azure para pesquisa.[20]

Como presidente da Microsoft, Smith continuou a se destacar em questões de privacidade e imigração.[21] Ele criticou o governo de Donald Trump pela proibição da entrada de imigrantes de países com maioria mulçumana[22] e disse que a Microsoft defenderia seus funcionários afetados pela ordem.[23] Em fevereiro de 2017, Smith propôs uma "convenção de Genebra digital" durante a conferência de segurança cibernética RSA em São Francisco.[24] Isso ocorreu após um taque de ransomware WannaCry que se acredita ter partido do governo da Coreia do Norte.[25] A proposta foi posteriormente apresentada às Nações Unidas em Genebra no mês de novembro.[26] A convenção seria um tratado internacional que observaria a guerra cibernética patrocinada pelo Estado, protegeria a infraestrutura civil e garantiria a neutralidade das empresas de tecnologia, a ser supervisionado por um organismo internacional inspirado na Agência Internacional de Energia Atômica ou na Cruz Vermelha que monitorizaria o acordo e identificaria os infratores.[3][27]

Também em 2017, ele firmou uma parceria entre a Microsoft e o Escritório do Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos que o Escritório chamou de "inovadora" e um "marco", doando US$ 5 milhões ao longo de cinco anos para desenvolver tecnologia para apoiar o trabalho da organização.[28] Ele liderou a Microsoft em duas iniciativas ambiciosas para levar tecnologia para zonas rurais dos Estados Unidos, a Rural Airband Initiative, que levaria acesso à internet banda larga a 12 estados até 2022[29] e o programa TechSpark para investir em empregos tecnológicos em seis áreas rurais e metropolitanas menores, começando por Dakota do Norte e Wisconsin.[30][31]

Outros trabalhos[editar | editar código-fonte]

Em 2014, Smith foi nomeado para o Conselho de Curadores da Universidade de Princeton para um mandato de quatro anos.[32] Ele faz parte do conselho de administração da Code.org desde 2013, ano em que foi fundada,[33] e no conselho de administração da Netflix desde 2015.[34] De 2016 a 2017, Smith integrou o conselho consultivo de economía digital do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.[35][36]

Referências

  1. Directory of Corporate Counsel Mid-Year ed. [S.l.]: Wolters Kluwer Law & Business. 2018. p. 899. ISBN 978-1454889250 
  2. «Online Extra: Résumé: Bradford L. Smith». Bloomberg Businessweek. 31 de maio de 2004. Consultado em 1 de maio de 2019 
  3. a b c Frean, Alexandra (1 de abril de 2017). «In a world under cyberattack on all sides, Microsoft wants to fight back». The Times. Consultado em 6 de dezembro de 2017 
  4. a b c d e f Greene, Jay; Reinhardt, Andy; Lowry, Tom (31 de maio de 2004). «Teaching Microsoft To Make Nice?». Bloomberg Businessweek. Bloomberg L.P. Consultado em 5 de dezembro de 2017 
  5. Greene, Jay (11 de setembro de 2015). «Microsoft appoints general counsel Brad Smith as president». The Seattle Times. Consultado em 5 de dezembro de 2017 
  6. a b c d e f g h i j Pian Chan, Sharon (20 de fevereiro de 2010). «Microsoft's chief counsel Brad Smith sharp, able to relate to people». The Seattle Times. Consultado em 4 de dezembro de 2017 
  7. Smith, Bradford Lee. Woodrow Wilson School of Public and International Affairs, ed. «The Politics of Refugees: The Development and Promotion of International Refugee Law» (em inglês) 
  8. «Brad Smith, President and CLO at Microsoft Corporation». LinkedIn. Consultado em 4 de dezembro de 2017 
  9. «Kathy Surace-Smith, Vice President, General Counsel and Corporate Secretary, NanoString Technologies, Inc.». LinkedIn. Consultado em 4 de dezembro de 2017 
  10. a b c d Nusca, Andrew (14 de setembro de 2015). «Meet Microsoft's new president: Brad Smith». Fortune. Consultado em 4 de dezembro de 2017 
  11. Novet, Jordan (14 de setembro de 2021). «Microsoft makes top lawyer Brad Smith its vice chair». CNBC (em inglês). Consultado em 13 de março de 2023 
  12. Stross, Randall (31 de julho de 2005). «Why Bill Gates Wants 3,000 New Patents». The New York Times Company 
  13. a b Ho, Catherine (24 de março de 2013). «Microsoft's chief legal officer talks about the company's diversity benchmarks». The Washington Post. Consultado em 4 de maio de 2018 
  14. «The 100 Most Influential Lawyers in America». National Law Journal. 22 de março de 2013. Consultado em 1 de janeiro de 2018  A cópia online parece quebrada, mas uma página adicional confirma a presença de Smith na lista: «CORRECTION». National Law Journal. 1 de abril de 2013. Consultado em 1 de janeiro de 2018 
  15. a b Wingfield, Nick (20 de julho de 2014). «Microsoft's Top Lawyer Is the Tech World's Envoy». The New York Times. Consultado em 6 de dezembro de 2017  Também registrado em Wingfield, Nick (27 de julho de 2014). «General Counsel Brad Smith's influence grows beyond Microsoft». The Seattle Times. Consultado em 6 de dezembro de 2017 
  16. Simonite, Tom (8 de setembro de 2016). «Microsoft's Top Lawyer Becomes a Civil Rights Crusader». MIT Technology Review. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
  17. Simonite, Tom (1 de março de 2016). «One for the History Books: Microsoft Is Apple's Greatest Ally Against the FBI». MIT Technology Review. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
  18. «Microsoft Senior Leaders: Brad Smith». Microsoft. Consultado em 4 de dezembro de 2017 
  19. Slater-Robbins, Max (16 de dezembro de 2015). «Microsoft Philanthropy launches». Business Insider. Consultado em 10 de janeiro de 2018 
  20. Lynn-Moses, Sue (14 de maio de 2017). «Technology for the People: What's Microsoft Philanthropies Been Up To?». Inside Philanthropy. Consultado em 10 de janeiro de 2018 
  21. Romm, Tony (6 de dezembro de 2017). «Microsoft's Brad Smith is leading the tech industry into battle on immigration». Recode. Consultado em 31 de dezembro de 2017 
  22. Nellis, Stephen (2 de fevereiro de 2017). «Microsoft asks for exception program on Trump immigration orders». Reuters. Consultado em 31 de dezembro de 2017 
  23. Rogers, Jeff John (5 de setembro de 2017). «DACA: Microsoft Says Feds Must "Go Through Us" to Deport». Fortune. Consultado em 31 de dezembro de 2017 
  24. Vanian, Jonathan (14 de fevereiro de 2017). «Microsoft President Brad Smith Calls For a Digital Geneva Convention». Fortune. Consultado em 30 de dezembro de 2017 
  25. Sharman, Jon (14 de outubro de 2017). «North Korea behind devastating 'WannaCry' cyberattack that hit NHS and systems across US, says Microsoft head». The Independent. Consultado em 30 de dezembro de 2017 
  26. Indo-Asian News Service (11 de novembro de 2017). «World needs new digital Geneva Convention, says Microsoft President Brad Smith». The Financial Express. Consultado em 30 de dezembro de 2017 
  27. Weise, Elizabeth (14 de fevereiro de 2017). «Microsoft calls for 'digital Geneva Convention'». USA Today. Consultado em 30 de dezembro de 2017 
  28. «Technology for human rights: UN Human Rights Office announces landmark partnership with Microsoft». Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. 16 de maio de 2017. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  29. Shaban, Hamsa; Fung, Brian (11 de julho de 2017). «Microsoft wants to bring 2 million rural Americans online by 2022». The Washington Post. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  30. Kolpack, Dave (5 de outubro de 2017). «Microsoft to help expand rural broadband in 6 states». Associated Press. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  31. Moreno, Ivan (19 de outubro de 2017). «Packers, Microsoft join in tech venture near Lambeau Field». Associated Press. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  32. Dienst, Karin (10 de junho de 2014). «Nine named to Princeton Board of Trustees». Princeton.edu. Princeton University. Consultado em 1 de fevereiro de 2018 
  33. «Leadership». Code.org. Consultado em 16 de fevereiro de 2018. Cópia arquivada em 18 de outubro de 2013 
  34. Spangler, Todd (30 de março de 2015). «Anne Sweeney, Microsoft's Brad Smith Join Netflix Board». Variety. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
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  36. Leonhard, Woody (21 de agosto de 2017). «Microsoft exec leaves Commerce Dept.'s Digital Economy Board». Computerworld. Consultado em 2 de janeiro de 2018