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Brote (pão)

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 Nota: Se procura pão pomerano, de milho, veja Brote.

O brote é um tipo de pão macio, redondo e achatado, comumente consumido em muitas partes do Nordeste Oriental do Brasil. Entre os ingredientes de sua feitura estão farinha de trigo, água, fermento e sal.

Originalmente, o brote era um tipo de massa levemente salgada cozida duas vezes chamada pelos batavos hard Brood (literalmente «pão duro»). A iguaria era cozida duas vezes para maior duração e servida aos soldados das guarnições da Companhia das Índias Ocidentais à época.[1]

Herança cultural

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Após quase trinta anos de presença neerlandesa no Nordeste brasileiro, durante as invasões holandesas do Brasil (1634–1654), o brote foi o único legado cultural deixado por esse povo.[2]

Sobre essa herança cultural, Câmara Cascudo, no livro «Geografia dos mitos brasileiros» (1956),[3] ressaltou:

No folclore brasileiro a influência holandesa parece inexistente se verificarmos as características especiais de mito e superstições. (...) Na vastidão do vocabulário apenas uma palavra ficou no linguajar nordestino: ‘brote’.[3]

A iguaria foi citada também por outros autores célebres. Em «A Bagaceira» (1937), José Américo de Almeida também cita a pão ao dizer «é uma bolacha grande e dura».[4] Já no livro «Açúcar: uma Sociologia do Doce» (1932),[5] Gilberto Freyre compartilha do pensamento de Câmara Cascudo:[6]

Os primeiros senhores de engenho da Nova Lusitânia sabe-se que se davam ao luxo de importar de Portugal e das ilhas iguarias e vinhos. Durante o domínio holandês continuou o mesmo luxo de importação de biscoito, de queijo, de peixe, de vinho. Tanto que a única palavra holandesa que até hoje se identificou na língua do Nordeste é um nome de comida: ‘brote’.[5][7]

Acredita-se que o termo provenha do holandês Brood («pão»), pronunciado «brot».[8] Outra versão aceita é que o termo possa provir do alemão Brot, já que no tempo da invasão holandesa os mercenários alemães abundavam, multiplicados quando Sigismund von Schkopp assumiu o posto militar de comandante em chefe.[9]

Referências

  1. Mello, José Antônio Gonsalves de (1983). Fontes para a história do Brasil holandês, Volume 2. [S.l.]: Parque Histórico Nacional dos Guararapes 
  2. Villar, Aécio (1997). «Os holandeses na Paraíba». Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Consultado em 6 de março de 2014 
  3. a b Cascudo, Luís da Câmara (2002). Geografia dos mitos brasileiros. [S.l.]: Global. 396 páginas. ISBN 9788526007093 
  4. Brandão, Adelino (1985). Euclides e o folclore. [S.l.]: Literarte. 120 páginas 
  5. a b Freyre, Gilberto (1997). Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil. [S.l.]: Companhia das Letras. 215 páginas. ISBN 9788571646872 
  6. Costa, Américo de Oliveira (1969). Viagem ao universo de Câmara Cascudo: tentativa de ensaio biobibliográfico. [S.l.]: Fundação José Augusto. 246 páginas 
  7. Lody, Raul G.M. (2004). À mesa com Gilberto Freyre. [S.l.]: Senac. 131 páginas. ISBN 9788574581576 
  8. Camelo, Paulo (2014). Dicionário do falar pernambucano. Recife: Paulo Camelo. 288 páginas. ISBN 978-85-904262-9-5 
  9. Bandeira, Moniz (2000). Casa da Torre de Garcia d'Avila. [S.l.]: Civilização Brasileira. 601 páginas. ISBN 9788520005231