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Ladislav Bittman
Ladislav Bittman
Nascimento: 1931
Tchecoslováquia
Nacionalidade: Tchecoslovaco
Estadounidense
Outros nomes: Lawrence Martin-Bittman
Lawrence Britt
Brychta
Ocupação: Espião
Palestrante
Artista plástico
Empregadores: StB
KGB
Conhecido por: Desertar para o Ocidente

Ladislav Bittman (1931) é um ex-agente da StB que, em 1968, desertou para o Ocidente.[1] Atualmente adota o nome de Lawrence Martin-Bittman. Durante seu tempo de serviço para a StB, usou o codinome Brychta.[2]

Carreira

Oriente

Uniu-se ao Partido Comunista da Tchecoslováquia, com 15 anos de idade, em 1946. Desde 1950, estudou na Faculdade de Relações Internacionais. Em Outubro de 1953, era membro da delegação tcheca no comitê para repatriação aos países neutros na Coreia. Após seu retorno, foi informado que, após a conclusão dos estudos, tornar-se-ia membro do serviço de inteligência.

Em 1 de Setembro de 1954, iniciou estudos na Šternova špionážní škola (escola de espionagem operacional). Em Março de 1955, transferiu-se para o 8º departamento, a parte analítica da primeira administração da StB (inteligência tchecoslovaca). O departamento analisava os resultados de operações sindicais e empresariais e preparava sua execução através de agentes da StB. Relatórios diários eram enviados ao Ministro do Interior e a alguns membros do Comitê Central do Partido Comunista. Bittman estava no comando da Alemanha Ocidental.

Em 1 de Fevereiro de 1958, foi transferido para o 4º departamento operacinal. Este atuava no setor Alemanha-Áustria e realizava, entre outras coisas, sequestros de ocidentais. Ganhou, em 1961, um posto em Berlim como adido cultural, onde coordenou as atividades de alguns agentes, aproximando-se de autoridades de Berlim Ocidental. Em 1963, retornou à Tchecoslováquia e, um ano mais tarde, tornou-se vice-chefe do 8º departamento de medidas ativas para lidar com provocações e criar desinformação. A primeira ação foi a operação Netuno. Esta, consistia na "descoberta", no fundo do Lago Negro na floresta da Boêmia, de documentos forjados para difamar líderes políticos alemães ocidentais. As operações de desinformação bem sucedidas da inteligência tcheca eram avaliadas positivamente pela KGB.

Afirma em seu livro A KGB e a Desinformação Soviética:[3]

Sobre a cooperação entre StB e KGB:

"Sob a direta supervisão soviética, o departamento de desinformação tcheco criou dezenas de jogos contra os Estados Unidos, melhorou velhas ténicas de falsificação e desenvolveu novas. Quando Ivan Agayants, o oficial comandante do departamento de desinformação soviético, visitou Praga em 1965, ele parabenizou seus subordinados tchecos pelos seus sucessos, e enfatizou a necessidade de fortalecer a coordenação entre os serviços de inteligência do Pacto de Varsóvia. A maioria destas vitórias foi conquistada em países em desenvolvimento, perturbados por altos índices de desemprego, complicados problemas sociais, linguísticos, tribais e econômicos, nacionalismo agressivo, influência de oficiais militares em assuntos políticos e uma considerável ingenuidade entre os líderes políticos."[3]

Sobre a América Latina:

"A América Latina, com seus fortes sentimentos antiamericanos, foi um campo particularmente fértil e respondeu bem às provocações do Leste Europeu. Usando México e Uruguai como bases operacionais para o resto do continente, a inteligência tchecoslovaca concentrou sua atenção primeiramente no Brasil, na Argentina e no Chile, bem como no México e no Uruguai. Em Fevereiro de 1965, o serviço enviou-me a diversos países latino-americanos, inclusive Brasil e Argentina, para fazer a apreciação pessoal do clima político naqueles lugares e buscar novas ideias operacionais. Naquele tempo, a inteligência tcheca tinha numerosos jornalistas à sua disposição na América Latina. Ela influenciou ideológica e financeiramente diversos jornais no México e no Uruguai e até mesmo possuiu um jornal político brasileiro até Abril de 1964."[3]

Seus sucessos levaram-no a ser, novamente, enviado para o exterior, tornando-se residente em Viena. Ali, durante os desdobramentos da Primavera de Praga, criticou a invasão da Tchecoslováquia pela URSS e seus aliados, em Agosto de 1968. Em 3 de Setembro daquele ano, desertou para o Ocidente, através da Alemanha, chegando aos EUA. Em 1970, a Tchecoslováquia condenou-o à revelia a sete anos de prisão.

Ocidente

Informou para as autoridades de inteligência dos EUA, como as redes de espionagem de países do bloco comunista operavam e, quais ações estas realizavam. Em Maio de 1971, testemunhou sob o pseudônimo Lawrence Britt perante uma subcomissão do Senado dos Estados Unidos. Graças à sua antiga posição elevada pôde dar às autoridades estadunidenses informações sobre mais de metade dos agentes da StB infiltrados na Alemanha e na Áustria e, detalhes sobre as atividades desta em outros países. Por suas declarações perante o congresso daquele país, em 1972, tribunais tchecos condenaram-no à revelia a pena de morte e confisco de bens. Foi anistiado somente em 1994.

Suas experiências, nos serviços secretos de países comunistas, são citadas em vários trabalhos literários dos EUA, Alemanha, Indonésia, Brasil,[4] Espanha, e Canadá.

Trabalhou na Universidade de Boston, palestrando sobre comunicação internacional, desinformação e propaganda. Sua ação valeu-lhe o título de professor emérito.

Após a conclusão de uma carreira acadêmica, dedica-se às artes visuais. Pinta usando aguarelas. Suas obras são caracterizadas pela fantasia realista e visão semi-abstrata. Entre os artistas que o inspiram estão Josef Lada e Friedensreich Hundertwasser. Era um membro permanente de associações de arte locais como a Local Colors Artisans Cooperative em Gloucester (Massachusetts).[5]

Ver também

Referências

  1. Czechoslovakia between Stalin and Hitler: The Diplomacy of Edvard Beneš in the 1930s. Autor: Igor Lukes. Oxford University Press, 1996, pág. 110, (em inglês) ISBN 9780199762057 Adicionado em 00/00/2016.
  2. Useful Enemies: America’s Open-Door Policy for Nazi War Criminals. Autor: Richard Rashke. Open Road Media, 2013, pág. 174, (em inglês) ISBN 9781480401594 Adicionado em 00/00/2016.
  3. a b c A KGB e a Desinformação Soviética. Autor: Ladislav Bittman. Editora Libertar,(LINK) (especificar página(s), 2015, ISBN 9788569892021 Adicionado em 00/00/2016.
  4. Guerra nas sombras: os bastidores dos serviços secretos internacionais. Autor: André Luís Woloszyn. Editora Contexto, 2013, ISBN 9788572448062 Adicionado em 00/00/2016.
  5. Web Archive - Lawrence Martin-Bittman. (em inglês) Acessado em 00/00/2016.

Bibliografia

  • The Deception Game: Czechoslovak Intelligence in Soviet Political Warfare. Autor: Ladislav Bittman. Syracuse University Research Corporation, 1972, (em inglês) ISBN 9780815680789 Adicionado em 00/00/2016.
  • The New Image-Makers: Soviet Propaganda & Disinformation Today. Autor: Ladislav Bittman. Pergamon - Brassey&s Internat. Defense Publ, 1988, (em inglês) ISBN 9780080349398 Adicionado em 00/00/2016.
  • als Herausgeber: Gorbachev's Glasnost. Challenges and Realities (= Propaganda, disinformation, persuasion. Bd. 2, Nr. 4, ISSN 1055-5889). Boston University, College of Communication, Program for the Study of Disinformation Papers, Boston MA 1989. Adicionado em 00/00/2016.
  • als Herausgeber mit John Ost: Thievery, Deception, and Disinformation in International Affairs. Scientific, technological, and commercial (= Propaganda, disinformation, persuasion. Bd. 4). Boston University, College of Communication, Program for the Study of Disinformation Papers, Boston MA 1991. Adicionado em 00/00/2016.

Ligações externas