Talian: diferenças entre revisões
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*[[Nova Roma do Sul]], [[Rio Grande do Sul|RS]]<ref>[https://web.archive.org/web/20170921120542/https://leismunicipais.com.br/a2/rs/n/nova-roma-do-sul/lei-ordinaria/2015/131/1310/lei-ordinaria-n-1310-2015-dispoe-sobre-a-cooficializacao-da-lingua-do-talian-a-lingua-portuguesa-no-municipio-de-nova-roma-do-sul Lei Nº 1310 de 16 de outubro de 2015] - Dispõe sobre a cooficialização da língua do "talian", à língua portuguesa, no município de Nova Roma do Sul"</ref><ref>[https://web.archive.org/web/20170106102600/http://www.novaromadosul.rs.gov.br/noticias_int.php?id=1418 O Talian agora é a língua co-oficial de Nova Roma do Sul]</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.novaromadosul.rs.gov.br/noticias_int.php?id=1418|titulo=Município de Nova Roma do Sul - Notícias On-line|acessodata=2017-01-06|obra=www.novaromadosul.rs.gov.br|ultimo=WEBDE.COM.BR}}</ref> |
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*Caxias do Sul, RS ( Câmara derruba veto do prefeito e institui o idioma Talian como idioma cooficial do município) |
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*Caxias do Sul, RS |
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===Estados brasileiros em que o [[talian]] possui ''status'' de patrimônio linguístico=== |
===Estados brasileiros em que o [[talian]] possui ''status'' de patrimônio linguístico=== |
Revisão das 19h35min de 3 de outubro de 2017
Talian (Talian) | ||
---|---|---|
Falado(a) em: | Brasil ( Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo) | |
Região: | América do Sul | |
Total de falantes: | Não há número exato | |
Família: | Indo-europeu Itálico Românico Ítalo-ocidental Ítalo-brasileiro Talian (Talian) | |
Escrita: | Brasil (Serafina Corrêa e Caxias do Sul) | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
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ISO 639-2: | ---
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O talian (ou vêneto brasileiro[1]) é uma variante do dialeto vêneto (dialeto italiano do norte da Itália) falado na Região Sul do Brasil, sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina[2], e no estado do Espirito Santo[3][4][5][6][7][8].
História
Imigrantes italianos começaram a chegar à região no final do século XIX. Os italianos que imigraram para o Brasil eram de diferentes partes da Itália, mas no sul do Brasil e no Espírito Santo[9] predominaram os imigrantes do norte da Península Itálica, principalmente das regiões do Vêneto, da Lombardia, do Trentino-Alto Ádige e do Friuli-Venezia Giulia. Destes, cerca de 60% eram de língua e cultura vênetas.[2]
Para o Rio Grande do Sul, houve um fluxo majoritariamente vêneto e lombardo e, na primeira fase, que durou de 1875 a 1910, os imigrantes preservaram seus dialetos regionais vênetos e lombardos, além de falares minoritários trentinos e friulanos. O segundo período iniciou-se a partir de 1910, com a construção da estrada de ferro que liga Caxias do Sul a Porto Alegre. O isolamento foi rompido, aliado ao incremento comercial e industrial. Em consequência, os dialetos menos representativos numericamente foram extintos, ao mesmo tempo que os dialetos lombardos e vênetos se interinfluenciaram, com a predominância dos últimos, surgindo uma fala comum, um koiné, chamado de talian.[10]
Em algumas localidades onde houve maior concentração de imigrantes provenientes de uma determinada localidade na Itália, ainda é possível reconhecer especificidades dialetais de alguma região da Itália (como exemplo, a comunidade de Pomeranos, onde o dialeto trentino conseguiu se manter). Mas, de maneira geral, as colônias eram habitadas por pessoas de diferentes partes da Itália, colocando em contato vênetos, lombardos, trentinos e, mais raramente, friulanos. Como havia uma predominância demográfica de vênetos, com o passar do tempo a fala foi evoluindo para um linguajar mais geral, formando um dialeto vêneto brasileiro, compreendido por todos os italianos e descendentes da região.[2]
Nas primeiras décadas de imigração, havia grande resistência da comunidade italiana em se misturar com os brasileiros. O processo de integração foi lento. Esse isolamento durou cerca de cinquenta anos, a contar do início da imigração, em 1875. No sul do Brasil, muitas colônias italianas eram situadas em regiões isoladas ou relativamente independentes da população brasileira. Isso permitiu a manutenção do uso da fala dialetal italiana por gerações. Tal fato não foi possível, por exemplo, no estado de São Paulo onde, desde o início, os imigrantes italianos tiveram contato diário com a população brasileira local, e seus dialetos foram rapidamente suplantados pela língua portuguesa.[10]
Características
O vêneto falado no sul do Brasil e no Espírito Santo é arcaico quando comparado ao vêneto falado atualmente na Itália, pois é semelhante ao usado no século XIX. Ademais, com o advento da rádio e da televisão, começou uma forte interferência da língua portuguesa no vêneto falado pelos imigrantes no Brasil. Em decorrência, o vêneto brasileiro evoluiu de forma diferente da variedade falada na Itália, uma vez que incorporou itens lexicais do português e se manteve ligado à maneira como era falado no século XIX. Assim, usa-se o termo talian para diferenciar o vêneto falado no Brasil do dialeto vêneto hoje usado na Itália.[2]
Contudo, o talian não é considerado um dialeto crioulo italiano, mas sim uma variante brasileira do dialeto vêneto.
O talian falado no Brasil e o vêneto atualmente falado na Itália são o mesmo dialeto e, apesar de ambas as variedades linguísticas terem evoluído de forma diferente e hoje possuírem algumas diferenças, continuam mutuamente inteligíveis.
O talian absorveu, e continua a absorver, diversas influências da língua portuguesa. Hoje, parte do seu vocabulário tem origem no português, se distanciando parcialmente do dialeto vêneto atualmente falado na Itália.[11] Todavia, apesar dos brasileirismos presentes no talian, ele é ainda muito próximo ao dialeto vêneto usado na Itália, sendo ambas as variedades linguísticas inteligíveis.[2]
Exemplos da influência do português no talian [11] | |||||
---|---|---|---|---|---|
Palavra no talian | Palavra no vêneto original | Palavra no italiano padrão | Palavra em português | ||
Bolo | Torta | Torta, dolce | Bolo | ||
Caro, auto | Machina, auto | Macchina, auto | Carro | ||
Coraçon | Cor, core | Cuore | Coração | ||
Galignero | Punaro ou punèr | Pollaio | Galinheiro | ||
Garafa | Butiglia | Bottiglia | Garrafa | ||
Inton, alora | Alora | Allora | Então | ||
Praia | Spiaia | Spiaggia | Praia | ||
Sapatero, scarpèr | Caleghèr ou scaporlin | Calzolaio | Sapateiro | ||
Sià, scià | Tè | Tè | Chá | ||
Simarón, Scimarón | - | - | Chimarrão | ||
Sorasco, chorasco | - | - | Churrasco | ||
Verón | Istá | Estate | Verão | ||
Como non! | Certo! Certamente! Sicuramente! | Certo! Certamente! Sicuramente! | Como não! |
O declínio
O censo de 1950 mostrou que, dos 458 mil falantes de italiano no Brasil, 64,62% viviam no Rio Grande do Sul, 20,87% em Santa Catarina e 9,99% em São Paulo.[10]
Na década de 1930 e durante a Segunda Guerra Mundial, a campanha de nacionalização instituiu o aprendizado obrigatório do português e proibiu o uso da fala dialetal italiana. Os italianos eram considerados a "quinta coluna" e houve grande repressão policial nas colônias contra o uso do dialeto. Pessoas foram presas e até espancadas pela polícia ao serem pegas falando dialeto nas ruas. No mesmo período, formava-se um novo grupo de descendentes de italianos, mais urbanos e enriquecidos, que menosprezavam o dialeto e davam preferência ao português, enxergando o falante de talian como um colono grosso e rural, inferiorizando-o socialmente.[10] Todos esses fatores levaram a criação de um estigma de ser falante de talian e os pais muitas vezes optavam por não transmitir a língua a seus filhos, para evitar que estes fossem estigmatizados ou motivo de chacota nas escolas por não falarem bem o português ou por falá-lo com uma fonética italiana. O êxodo rural também contribuiu para o declínio no uso da fala dialetal, pois nos centros urbanos a língua portuguesa era dominante e as gerações nascidas no meio urbano não adquirem o talian como língua materna.[10]
O uso do dialeto vai-se perdendo ao longo das gerações. A primeira e a segunda gerações nascidas no Brasil costumam falar o dialeto, mas a partir da terceira já começa a haver a perda gradual do uso, por meio do bilinguismo com o português. Na quarta geração o dialeto é apenas uma memória familiar e na quinta desaparece a memória também.[10] Nos últimos anos, os governos regionais tem tentado revitalizar o dialeto. Em 2009, o talian foi reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul e o próprio estigma de ser falante dessa língua vem dando lugar a um orgulho.[10]
Pessoas que usavam o italiano no lar, por gerações (censo de 1940)[12] | |||||
---|---|---|---|---|---|
Gerações | Número de falantes | ||||
Primeira (imigrantes) | 53.000 | ||||
Segunda (filhos) | 120.000 | ||||
Terceira e seguintes (netos, bisnetos etc) | 285.000 | ||||
Total | 458.000 |
O talian atualmente
Não se sabe ao certo o número de falantes do talian no Brasil, porém estimativas apontam em 500 mil o número de pessoas que usam essa língua,[13] sendo que os mesmos tem o português como idioma materno. Atualmente, os falantes de talian têm se empenhado para resgatar a língua, principalmente nas regiões povoadas por italianos no sul do Brasil. Diversos livros já foram publicados no idioma talian. Existem estações de rádio que transmitem algumas horas de sua programação em talian em vários municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e algumas do Espírito Santo[14][8], Paraná e Mato Grosso.[15]
O Rio Grande do Sul possui o talian como patrimônio linguístico aprovado oficialmente no estado,[16][17][18] assim como o estado de Santa Catarina.[19][20] O município de Serafina Corrêa também possui esta língua como co-oficial no município, ao lado do português.[21]
Em 2014, o talian foi certificado como patrimônio nacional.[22][23] Um dos principais responsáveis pela inclusão do talian no Inventário Nacional da Diversidade Linguística foi o professor aposentado Honório Tonial, ao ser reconhecida em novembro de 2014 como uma reconhecidas como referência cultural brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), recebendo votos de congratulações da Câmara de Vereadores de Erechim em março de 2015 pelo feito.[24][25]
Língua oficial
Além de os estados de Santa Catarina[26][27][28] e Rio Grande do Sul[29] terem o talian como patrimônio linguístico aprovado oficialmente no estado, e os municípios de Bento Gonçalves e Serafina Corrêa também terem oficializado o talian no serviço público,[30][31][32] outros municípios do país oficializaram o ensino da língua italiana propriamente dita nas escolas.
Municípios em que o ensino da língua italiana é obrigatório
Espírito Santo
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
São Paulo
Municípios em que o ensino da língua italiana é facultativo em todas as escolas públicas
São Paulo
Municípios brasileiros que possuem língua co-oficial talian (ou dialeto vêneto)
- Antônio Prado, RS (oficialização em tramitação na Câmara de Vereadores da cidade)[46]
- Bento Gonçalves, RS[47][30][48]
- Flores da Cunha, RS[49][50][51]
- Nova Roma do Sul, RS[52][53][54]
- Serafina Corrêa, RS[31][32]
- Caxias do Sul, RS ( Câmara derruba veto do prefeito e institui o idioma Talian como idioma cooficial do município)
Estados brasileiros em que o talian possui status de patrimônio linguístico
Ver também
Referências
- ↑ Talian: il dialetto veneto brasiliano, Italiani in Brasile
- ↑ a b c d e Gênese e Evolução dos Dialetos Trentino e Vêneto
- ↑ Sarah Loriato (2014). «Northern Italian dialects in Santa Teresa, Brazil». 36th LAUD Symposium. University of Koblenz/Landau
- ↑ «Dialeto falado por imigrantes italianos é reconhecido como patrimônio nacional»
- ↑ «Brasil Talian documentado em filme»
- ↑ «Talian Brasil - Intervista con casal Benjamim Falqueto - Venda Nova del Imigrante - ES»
- ↑ «I dessendenti taliani che parla el talian. Venda Nova do Imigrante – Espírito Santo – Brasil»
- ↑ a b «Chico Zandonadi, Radialista del talian – Ràdio FMZ, Venda Nova do Imigrante – ES»
- ↑ «ESPIRITO SANTO, LO STATO PIU' VENETO DEL BRASILE»
- ↑ a b c d e f g Marley Terezinha Pertile (2009). «O Talian entre o italiano-padrão e o português brasileiro:...» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultado em 19 de janeiro de 2014
- ↑ a b http://www.celsul.org.br/Encontros/09/artigos/Carmen%20Faggion.pdf
- ↑ http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/CD1940/Censo%20Demografico%201940%20VII_Brasil.pdf
- ↑ Acredite: Um terço das línguas está sumindo
- ↑ «Sarah, dal Brasile a Sona per studiare il dialetto veneto». Il Baco da Seta. 25 de agosto de 2014
- ↑ Neste final de semana Antônio Prado sedia o 16º Encontro dos divulgadores do Talian
- ↑ Sancionada lei que declara o Talian dialeto integrante do patrimônio do RS
- ↑ Aprovado projeto que declara o Talian como patrimônio do RS, acessado em 21 de agosto de 2011
- ↑ Talian: A língua vêneta de além mar
- ↑ LEI Nº 14.951, de 11 de novembro de 2009
- ↑ Rotary apresenta ações na Câmara. FEIBEMO divulga cultura italiana
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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inválida; não foi fornecido texto para as refs de nomeserafinacorrea.rs.gov.br
- ↑ Dialeto de imigrantes italianos se torna patrimônio brasileiro Portal G1
- ↑ Brasil tem novo dialeto registrado como patrimônio cultural, Jornal Nacional
- ↑ «Voto de Congratulações ao professor aposentado e escritor Honório Tonial». Jornal Boa Vista. Consultado em 11 de janeiro de 2017
- ↑ «Moradores da Serra Gaúcha tentam salvar o dialeto talian da extinção». ClicRBS. Consultado em 11 de janeiro de 2017
- ↑ a b LEI Nº 14.951, de 11 de novembro de 2009
- ↑ a b Rotary apresenta ações na Câmara. FEIBEMO divulga cultura italiana
- ↑ a b Fóruns sobre o Talian - Eventos comemoram os 134 anos da imigração italiana[ligação inativa]
- ↑ a b Aprovado projeto que declara o Talian como patrimônio do RS, acessado em 21 de agosto de 2011
- ↑ a b Co-oficialização do Talian é oficializada pela câmara de Bento Golçalves
- ↑ a b Vereadores aprovam o talian como língua co-oficial do município, acessado em 21 de agosto de 2011
- ↑ a b Talian em busca de mais reconhecimento[ligação inativa]
- ↑ Língua italiana na rede municipal de ensino
- ↑ Aprovado em primeira votação, projeto emendado propõe um ano de caráter experimental em Venda Nova
- ↑ Convênio para ensino da língua italiana em nível municipal
- ↑ Oficializa aulas de lingua italiana nas escolas da rede municipal de ensino
- ↑ Lei 3113/08, Brusque - Institui o ensino da língua italiana no currículo da rede municipal de ensino e dá outras provicências
- ↑ Lei 3113/08 | Lei nº 3113 de 14 de agosto de 2008 de Brusque
- ↑ Art. 1 da Lei 3113/08, Brusque
- ↑ Secretaria de Educação esclarece a situação sobre o Ensino da Língua Italiana
- ↑ Lei 4159/01 | Lei nº 4159 de 29 de maio de 2001 de Criciuma
- ↑ Lei nº 4.159 de 29 de Maio de 2001 - Institui a disciplina de língua italiana
- ↑ Lei 2953/96 | Lei nº 2953 de 30 de setembro de 1996 de Braganca Paulista
- ↑ Lei municipal Nº 4.947/96
- ↑ Secretário de educação renova convênio para ensino de italiano nas escolas munipais
- ↑ Talian pode tornar-se idioma oficial de Antônio Prado (RS)
- ↑ Aprovada em primeira votação projeto que torna o Talian segunda língua oficial de Bento Gonçalves
- ↑ Câmara Bento – Projeto do Executivo é aprovado e Talian se torna a língua co-oficial
- ↑ Talian pode ser língua cooficial de Flores da Cunha
- ↑ Talian é língua cooficial de Flores da Cunha
- ↑ Flores da Cunha (RS) - Projeto pretende instituir o “Talian” como língua co oficial no Município
- ↑ Lei Nº 1310 de 16 de outubro de 2015 - Dispõe sobre a cooficialização da língua do "talian", à língua portuguesa, no município de Nova Roma do Sul"
- ↑ O Talian agora é a língua co-oficial de Nova Roma do Sul
- ↑ WEBDE.COM.BR. «Município de Nova Roma do Sul - Notícias On-line». www.novaromadosul.rs.gov.br. Consultado em 6 de janeiro de 2017