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Sueli Carneiro: diferenças entre revisões

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Em [[1992]], ela recebeu a visita de um grupo de cantores de rap da periferia da cidade, que queriam proteção porque eram vítimas frequentes de agressão policial. Sueli decidiu criar então o Projeto Rappers, onde os jovens são agentes de denúncia e também multiplicadores da consciência de cidadania dos demais jovens.<ref>{{Citar web|url=http://www.palmares.gov.br/?p=26674|titulo=Sueli Carneiro – Palmares|acessodata=2021-05-26|}}</ref>
Em [[1992]], ela recebeu a visita de um grupo de cantores de rap da periferia da cidade, que queriam proteção porque eram vítimas frequentes de agressão policial. Sueli decidiu criar então o Projeto Rappers, onde os jovens são agentes de denúncia e também multiplicadores da consciência de cidadania dos demais jovens.<ref>{{Citar web|url=http://www.palmares.gov.br/?p=26674|titulo=Sueli Carneiro – Palmares|acessodata=2021-05-26|}}</ref>

Em 2022, participou como convidada em um episódio do podcast “Mano a Mano” – que tem o rapper Mano Brown como apresentador – tendo discutido questões sobre a sociedade; o racismo; os primórdios do rap no Brasil e a conexão com movimentos negros da época; e as visões de futuro para o povo brasileiro.


== A construção do Outro como Não-Ser com fundamento do Ser ==
== A construção do Outro como Não-Ser com fundamento do Ser ==
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== Obras ==
== Obras ==
*''Escritos de uma vida'' (Editora Letramento, 2018). {{ISBN|978-85-9530-107-8}}
*''Escritos de uma vida'' (Editora Letramento, 2018). {{ISBN|978-85-9530-107-8}}
A obra literária é resultado de um histórico de pesquisas e palestras realizadas pela autora sobre o paradigma da desigualdade social com a questão racial e de gênero. Nesse sentido, a autora acentua a relevância do feminismo negro no reconhecimento da luta da mulher negra com a discriminação.

*''Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil'' (Selo Negro, 2011). {{ISBN|978-85-8747-874-0}}
*''Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil'' (Selo Negro, 2011). {{ISBN|978-85-8747-874-0}}
A obra reúne os inúmeros artigos da autora publicados na imprensa brasileira entre 2001 e 2010; e produz uma reflexão crítica sobre a sociedade brasileira, apontando mais precisamente a estruturação do racismo e do sexismo nas relações sociais, políticas e de gênero.

* ''Mulher negra: Política governamental e a mulher'' (1985), com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa.
* ''Mulher negra: Política governamental e a mulher'' (1985), com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa.
O estudo analisa a evolução da situação socioeconômica das mulheres negras brasileiras e a discriminação que as mesmas sofrem com base nos objetivos expressos na conferência do ano internacional da mulher e nas poucas estatísticas oficiais sobre o tema. Ademais, o estudo traz uma observação crítica sobre as ações do governo brasileiro em relação à ineficiência da política seguida sobre a questão da mulher.

*''A construção do outro como não-ser como fundamento do ser''. Tese (Doutorado em educação, 2005). Universidade de São Paulo, São Paulo.
*''A construção do outro como não-ser como fundamento do ser''. Tese (Doutorado em educação, 2005). Universidade de São Paulo, São Paulo.
A tese demonstra a aplicação dos conceitos de dispositivo e de biopoder – desenvolvidos por Michel Foucault – na apreensão e análise da dinâmica das relações raciais no Brasil.

*''Interseccionalidades: pioneiras do feminismo negro brasileiro'' (Editora Bazar do Tempo, 2020).
O livro renui um conjunto de textos de pensadoras veteranas e brasileiras que foram elaborados em um momento de repressão militar. Sendo que o compilado ressalta a magnitude do conceito da interseccionalidade como tema definitivo no debate feminista brasileiro.

*''Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais'' (Editora Bazar do Tempo, 2019).
A coletânea reúne ensaios produzidos por relevantes pensadoras do tema feminista, sendo apresentados os conceitos centrais do pensamento feminista e uma exposição essencial para os estudos de gênero e para o ativismo.

*''Pensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto'' (Editora Bazar do Tempo, 2019).
O livro renui contribuições seminais de pensadoras brasileiras que emergiram entre os anos 1970 e 1990, e demonstra a repercussão desses estudos na evolução do pensamento feminista no Brasil.

*''Pensée féministe décoloniale'' (Anacaona Editions, 2022).
A obra é uma antologia de textos de diversos pensadores latinos, que demonstram a diversidade do feminismo decolonial na América do Sul. Além disso, o estudo traz conceitos como: o feminismo comunitário e indígena; o feminismo negro; o ecofeminismo; a americanidade e o veganismo.


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Revisão das 16h09min de 11 de setembro de 2022

 Nota: Não confundir com Simone Sueli Carneiro.
Sueli Carneiro
Sueli Carneiro
Sueli Carneiro em 2021
Nome completo Aparecida Sueli Carneiro
Nascimento 24 de junho de 1950 (74 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileira
Etnia afro-brasileira
Alma mater Universidade de São Paulo
Ocupação
Prêmios Diploma Bertha Lutz
2003

Aparecida Sueli Carneiro (São Paulo, 24 de junho de 1950) é uma filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.[1][2] Sueli Carneiro é fundadora e atual diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.[3][4] Possui doutorado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).[2]

Biografia

Em 1983, o governo de São Paulo criou o Conselho Estadual da Condição Feminina, porém sem nenhuma mulher negra dentre as trinta e duas conselheiras. Sueli Carneiro foi uma das lideranças do movimento de mulheres negras que se engajou na campanha da radialista Marta Arruda pela abertura de uma vaga no conselho a uma mulher negra; campanha que logrou êxito.

Em 1988, fundou o Geledés — Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista independente de São Paulo. Meses depois, foi convidada para integrar o Conselho Nacional da Condição Feminina, em Brasília.[5]

Criou o programa SOS Racismo de Geledés, que redimensionou o racismo como violação aos direitos humanos.[6]

Em 1992, ela recebeu a visita de um grupo de cantores de rap da periferia da cidade, que queriam proteção porque eram vítimas frequentes de agressão policial. Sueli decidiu criar então o Projeto Rappers, onde os jovens são agentes de denúncia e também multiplicadores da consciência de cidadania dos demais jovens.[7]

Em 2022, participou como convidada em um episódio do podcast “Mano a Mano” – que tem o rapper Mano Brown como apresentador – tendo discutido questões sobre a sociedade; o racismo; os primórdios do rap no Brasil e a conexão com movimentos negros da época; e as visões de futuro para o povo brasileiro.

A construção do Outro como Não-Ser com fundamento do Ser

A fundação do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser é o título da tese de doutorado em Filosofia da Educação na FFLCH - USP de Sueli Carneiro publicada em 2005. Nela, Carneiro usa os conceitos de Dispositivo e Biopoder de Michel Foucault para analisar as relações raciais no Brasil.

A partir disso, Carneiro constrói a noção de dispositivo racialidade/biopoder que busca dar conta de dois processos:

  • produção social e cultural da eleição e da subordinação raciais
  • produção de vitalismo e morte informados pela filiação racial

Da articulação do dispositivo de racialidade ao biopoder emerge um mecanismo da natureza de ambas tecnologias: o epistemicídio. A partir desse conceito de Boaventura de Sousa Santos, Carneiro discute o lugar que a educação ocupa na reprodução/manutenção de saberes, poderes, subjetividades e todos os “cídios” que o dispositivo racialidade/biopoder produz no Brasil.[8]

Prêmios e Honrarias

Obras

A obra literária é resultado de um histórico de pesquisas e palestras realizadas pela autora sobre o paradigma da desigualdade social com a questão racial e de gênero. Nesse sentido, a autora acentua a relevância do feminismo negro no reconhecimento da luta da mulher negra com a discriminação.

A obra reúne os inúmeros artigos da autora publicados na imprensa brasileira entre 2001 e 2010; e produz uma reflexão crítica sobre a sociedade brasileira, apontando mais precisamente a estruturação do racismo e do sexismo nas relações sociais, políticas e de gênero.

  • Mulher negra: Política governamental e a mulher (1985), com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa.

O estudo analisa a evolução da situação socioeconômica das mulheres negras brasileiras e a discriminação que as mesmas sofrem com base nos objetivos expressos na conferência do ano internacional da mulher e nas poucas estatísticas oficiais sobre o tema. Ademais, o estudo traz uma observação crítica sobre as ações do governo brasileiro em relação à ineficiência da política seguida sobre a questão da mulher.

  • A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em educação, 2005). Universidade de São Paulo, São Paulo.

A tese demonstra a aplicação dos conceitos de dispositivo e de biopoder – desenvolvidos por Michel Foucault – na apreensão e análise da dinâmica das relações raciais no Brasil.

  • Interseccionalidades: pioneiras do feminismo negro brasileiro (Editora Bazar do Tempo, 2020).

O livro renui um conjunto de textos de pensadoras veteranas e brasileiras que foram elaborados em um momento de repressão militar. Sendo que o compilado ressalta a magnitude do conceito da interseccionalidade como tema definitivo no debate feminista brasileiro.

  • Pensamento Feminista: Conceitos Fundamentais (Editora Bazar do Tempo, 2019).

A coletânea reúne ensaios produzidos por relevantes pensadoras do tema feminista, sendo apresentados os conceitos centrais do pensamento feminista e uma exposição essencial para os estudos de gênero e para o ativismo.

  • Pensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto (Editora Bazar do Tempo, 2019).

O livro renui contribuições seminais de pensadoras brasileiras que emergiram entre os anos 1970 e 1990, e demonstra a repercussão desses estudos na evolução do pensamento feminista no Brasil.

  • Pensée féministe décoloniale (Anacaona Editions, 2022).

A obra é uma antologia de textos de diversos pensadores latinos, que demonstram a diversidade do feminismo decolonial na América do Sul. Além disso, o estudo traz conceitos como: o feminismo comunitário e indígena; o feminismo negro; o ecofeminismo; a americanidade e o veganismo.

Referências

  1. «Retratos do Brasil Negro – Palmares». www.palmares.gov.br. Consultado em 9 de março de 2017 
  2. a b «Doutora em Filosofia pela USP defende cotas para negros e lembra julgamento em que STF discutiu conceito de raça». Supremo Tribunal Federal. 5 de março de 2010. Consultado em 9 de março de 2017 
  3. «Dia das Mulheres Negras, Julho das Pretas: o tributo a Sueli Carneiro | CLAUDIA». CLAUDIA. 25 de julho de 2016 
  4. «O feminismo negro no Brasil | Cacheia!». Cacheia!. 10 de novembro de 2015 
  5. «Mulher 500 Anos - Por trás dos panos». www.mulher500.org.br. Consultado em 9 de março de 2017. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2011 
  6. «Sueli Carneiro recebe prêmio da LASA por sua produção acadêmica». Consultado em 9 de março de 2021 
  7. «Sueli Carneiro – Palmares». Consultado em 26 de maio de 2021 
  8. CARNEIRO, Aparecida Sueli; FISCHMANN, Roseli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
  9. «Sueli Carneiro é primeira negra a ter título de honoris causa da UnB». Metrópoles. 19 de março de 2022. Consultado em 19 de março de 2022 
  10. «LASA2021 / Crisis global, desigualdades y centralidad de la vida». Latin American Studies Association (em inglês). Consultado em 9 de fevereiro de 2021 
  11. «Sobre esta Edição». Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Consultado em 16 de novembro de 2020 
  12. «Sueli Carneiro – Prêmio Itaú Cultural 30 Anos (2017)». Itaú Cultural. Consultado em 5 de julho de 2019 
  13. «Sueli Carneiro e Raquel Trindade recebem prêmio 'Benedito Galvão' da OAB-SP». Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial 
  14. Lopes, Nei (2006). Dicionário escolar afro-brasileiro (em portugués). [S.l.]: Selo Negro. 174 páginas. ISBN 978-858-747-829-0 
  15. «Lúcia Vânia destaca importância de Sueli Carneiro». Senado Federal. 27 de março de 2003. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada em 10 de março de 2017 
  16. «Direitos Humanos». Folha de S.Paulo. 18 de dezembro de 1999. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada em 10 de março de 2017 

Ligações externas

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