Tia Nastácia: diferenças entre revisões

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A bondade extrema de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do [[Sítio do Picapau Amarelo]] a função de escrava, o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural [[Europa|européia]]. Enquanto esta falava de [[Hans Staden]], e apresentava aos netos a [[Mitologia Grega]], foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do [[folclore brasileiro]] foram sendo narradas, com deleite, às crianças do sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série. Tia Nastácia é a personagem que representa a sabedoria popular, a sabedoria do povo.
A bondade extrema de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do [[Sítio do Picapau Amarelo]] a função de escrava, o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural [[Europa|européia]]. Enquanto esta falava de [[Hans Staden]], e apresentava aos netos a [[Mitologia Grega]], foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do [[folclore brasileiro]] foram sendo narradas, com deleite, às crianças do sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série. Tia Nastácia é a personagem que representa a sabedoria popular, a sabedoria do povo.


Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"… Tia Nastácia é famosa por causa de seus deliciosos bolinhos, de modo que, segundo o livro O Saci:
Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"… Tia Nastácia é famosa principalmente pelos deliciosos bolinhos, de modo que, segundo o livro ''O Saci'':


"… _quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras (…)".
"''…quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras (…)''".


O problema é quando a prezada cozinheira mostra anseios de levar o porco [[Marquês de Rabicó|Rabicó]] para o forno, e só não fez isso pois o pobre poltrão é salvo da panela por [[Narizinho]].
O problema é quando a prezada cozinheira mostra anseios de levar o porco [[Marquês de Rabicó|Rabicó]] para o forno, e só não fez isso pois o pobre poltrão é salvo da panela por [[Narizinho]].


Tia Nastácia é tipicamente [[Catolicismo|católica]] e muito supersticiosa. Na maioria das reinações das crianças, quando seres e acontecimentos fantásticos são introduzidos no sítio, ela costuma exclamar seu célebre "''credo!''", julgando se tratar de algo contra as leis da natureza. É muito devota de [[São Jorge]], ao qual ela chega a ser apresentada no livro ''Viagem ao Céu''.
Supersticiosa, a tudo esconjura com um "cruz-credo". Ou, como resumiu Emília, num raro elogio:

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Apesar de retratada como uma simplória e ignorante negra velha de escassa educação, Tia Nastácia é muito querida no sítio, até mesmo pela implicante boneca [[Emília]], como esta esclarece em suas ''Memórias'':

"...''Eu vivo brigando com ela'' (Tia Nastácia) ''e tenho-lhe dito muitos desaforos — mas não é de coração. Lá por dentro gosto ainda mais dela do que seus afamados bolinhos (...)''"

O carinho das pessoas do sítio por ela é destacado no livro ''O Minotauro'', quando a negra é raptada pelo [[Minotauro|monstro mitológico]] e ficam todos aos prantos.

De acordo com ''O Saci'', ela tem cerca de 66 anos e é dois anos mais velha que Dona Benta.

Em ''Geografia de Dona Benta'' é mencionado que Nastácia fora, na juventude, escrava de Dona Benta, e vendida, na época, por dois contos e quinhentos. No mesmo livro afirma-se que sua mãe havia sido uma negra de [[Angola]], o que se contradiz mais tarde no livro ''Histórias de Tia Nastácia'', em que é contado que os pais dela foram um casal vindo de [[Moçambique]].


== Na televisão ==
== Na televisão ==

Revisão das 19h17min de 27 de novembro de 2017

 Nota: Se procura a banda de rock, veja Tianastácia.


Tia Nastácia

Tia Nastácia e Dona Benta, Jacira Sampaio interpretou a Tia Nastácia entre 1977 e 1986
Informações gerais
Criado por Monteiro Lobato
Características físicas
Sexo Feminino
Informações profissionais
Aliados Pessoal do Sítio
Inimigos Cuca
Pesadelo
Minotauro
Vários

Tia Nastácia é uma personagem da obra de Monteiro Lobato. Foi de suas mãos que surgiu a boneca Emília.

A inspiração

Quando vivo, Monteiro Lobato disse ao jornalista Silveira Peixoto em uma entrevista, que a personagem de seus livros foi inspirada em uma mulher chamada Anastácia, que trabalhava em sua casa como cozinheira, e babá de seus filhos. A "Anastácia real" é descrita como uma negra alta, magra, de canelas e punhos finos, um personagem com características mais próximas da realidade das trabalhadoras negras mas que não deixa de ser um retrato lamentável de sua condição na sociedade.

Em entrevista para a Gazeta-Magazine em 1943, Lobato respondeu ao repórter Silveira Peixoto sobre como havia surgido a cozinheira do Sítio: "Tive em casa uma Anastácia, ama do meu filho Edgard. Uma preta alta, muito boa, muito resmunguenta, hábil quituteira… Tal qual a Anastácia, ou a tia Nastácia dos livros." Ele também cita a mesma no ano de 1912 em quanto fala ao amigo Godofredo Rangel, sobre seus filhos: "O peralta é o Edgard. Põe-me doido e é escandalosamente protegido pela mãe e a tia Anastácia, a preta que eu trouxe de Areias e o pega desde pequenininho. Excelente preta, com um marido mais preto ainda, de nome Esaú."

Uma visão da época

Nas antigas casas de fazenda, como em muitas nas cidades, era comum a figura da velha matrona negra, solteirona, solícita e de pouca instrução.[carece de fontes?]

A figura de Tia Nastácia na maioria das ilustrações dos livros de Lobato, lembra um pouco um antigo estereótipo conhecido nos Estados Unidos como "Mammy"[1] hoje em dia considerado racista, geralmente representado por uma mulher gorda de pele escura, vestindo um avental com um lenço na cabeça, que normalmente é uma empregada doméstica, cozinheira, costureira ou enfermeira. Este estereótipo aparece em alguns desenhos animados antigos, como em um desenho da Disney de 1935 chamado "Os Três Gatinhos Orfãos" (Three Orphan Kittens), nos clássicos desenhos de Tom e Jerry dos anos 40 e peças publicitárias da época.

A personagem

A bondade extrema de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do Sítio do Picapau Amarelo a função de escrava, o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural européia. Enquanto esta falava de Hans Staden, e apresentava aos netos a Mitologia Grega, foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do folclore brasileiro foram sendo narradas, com deleite, às crianças do sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série. Tia Nastácia é a personagem que representa a sabedoria popular, a sabedoria do povo.

Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"… Tia Nastácia é famosa principalmente pelos deliciosos bolinhos, de modo que, segundo o livro O Saci:

"…quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras (…)".

O problema é quando a prezada cozinheira mostra anseios de levar o porco Rabicó para o forno, e só não fez isso pois o pobre poltrão é salvo da panela por Narizinho.

Tia Nastácia é tipicamente católica e muito supersticiosa. Na maioria das reinações das crianças, quando seres e acontecimentos fantásticos são introduzidos no sítio, ela costuma exclamar seu célebre "credo!", julgando se tratar de algo contra as leis da natureza. É muito devota de São Jorge, ao qual ela chega a ser apresentada no livro Viagem ao Céu.

Apesar de retratada como uma simplória e ignorante negra velha de escassa educação, Tia Nastácia é muito querida no sítio, até mesmo pela implicante boneca Emília, como esta esclarece em suas Memórias:

"...Eu vivo brigando com ela (Tia Nastácia) e tenho-lhe dito muitos desaforos — mas não é de coração. Lá por dentro gosto ainda mais dela do que seus afamados bolinhos (...)"

O carinho das pessoas do sítio por ela é destacado no livro O Minotauro, quando a negra é raptada pelo monstro mitológico e ficam todos aos prantos.

De acordo com O Saci, ela tem cerca de 66 anos e é dois anos mais velha que Dona Benta.

Em Geografia de Dona Benta é mencionado que Nastácia fora, na juventude, escrava de Dona Benta, e vendida, na época, por dois contos e quinhentos. No mesmo livro afirma-se que sua mãe havia sido uma negra de Angola, o que se contradiz mais tarde no livro Histórias de Tia Nastácia, em que é contado que os pais dela foram um casal vindo de Moçambique.

Na televisão

Tia Nastácia foi interpretada por Jacyra Sampaio, na famosa adaptação do Sítio do Picapau Amarelo da TV feita pela Rede Globo. A atriz faleceu em 1998. Dhu Moraes interpretou entre os anos de 2001 e 2006, na série de 2001, e fez uma Tia Nastácia mais magra, a atriz ficou muito conhecida com a personagem. Em 2007, Rosa Marya Colin interpretou a personagem.

Intérpretes

As atrizes Zilka Salabarry (1917-2005) e Jacyra Sampaio (1922-1988),caracterizadas como as personagens Dona Benta e Tia Nastácia Sítio do Pica-Pau amarelo.

Referências