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Eurypyga helias

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaPavãozinho-do-pará
(Eurypyga helias)
Um pavãozinho-do-pará em zoológico de Jacksonville, Flórida (EUA).
Um pavãozinho-do-pará em zoológico de Jacksonville, Flórida (EUA).
Um pavãozinho-do-pará no zoológico de Londres, (UK).
Um pavãozinho-do-pará no zoológico de Londres, (UK).
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Eurypygiformes
Família: Eurypygidae
Selby, 1840[1]
Género: Eurypyga
Espécie: E. helias
Nome binomial
Eurypyga helias
(Pallas, 1781)[2][3]
Ilustração de um pavãozinho-do-pará por Georges Cuvier, no tomo 4 da obra Le règne animal distribué d'après son organisation, de 1828.
Distribuição geográfica
Mapa com parte da distribuição geográfica do pavãozinho-do-pará.
Mapa com parte da distribuição geográfica do pavãozinho-do-pará.
Sinónimos
Papa-moscas
Pavão
Pavão-da-várzea
Pavão-do-pará
Pavão-papa-moscas[2][3]
Ilustração de um pavãozinho-do-pará por R. Lydekker, no tomo 4 da obra The Royal Natural History, de 1895.

Eurypyga helias, denominada em português: pavãozinho-do-pará, pavão-do-pará, pavão-papa-moscas, pavão-da-várzea, pavão e papa-moscas[2][3] (em inglês, sunbittern[3][4], traduzido para o português: alcaravão do sol; em castelhano, ave sol - México,[5] tigana - Venezuela[6] ou garza del sol)[7] é uma ave neotropical da família Eurypygidae, encontrada no México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia e Brasil;[4] distribuída em toda a Amazônia brasileira, na Região Norte, até o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão e Piauí, vivendo junto às margens de rios, lagos e igarapés.[2][8][9] Foi classificada em 1781, por Peter Simon Pallas,[2][3] sendo listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie pouco preocupante.[4] Ela mede entre 45 a 48 centímetros de comprimento[2][8] e sua denominação binomial, Eurypyga helias, significa "ave do sol com cauda ampla".[2] Esta espécie é considerada a ave-símbolo do estado do Pará.[10]

Esta é a única espécie da monotípica família Eurypygidae[8] e a única do gênero Eurypyga;[11] antes pertencia aos Gruiformes,[2] mas atualmente está colocada na ordem Eurypygiformes, juntamente com o cagu.[12]

Trata-se de uma espécie de coloração críptica e com pouco dimorfismo sexual, cujos indivíduos juvenis possuem padrão de plumagem semelhante ao dos adultos; dotados de bico longo, reto e pontudo, com a área inferior em amarelo, pescoço fino e encurvado em S, pernas delgadas, alaranjadas, e asas desproporcionalmente grandes e largas, revestidas por uma cor cinza-azulada pálida, nas extremidades, e com um complexo padrão de manchas brancas nas coberteiras, além de estrias acastanhadas e negras sobre o dorso de seu corpo. Pescoço castanho, garganta branca e cabeça predominantemente negra, com longas faixas brancas sobre e abaixo de seus olhos de íris vermelha. Segundo Helmut Sick, "os admiráveis desenhos alares, completados pela cauda, são amiúde ostentados quando a ave está irritada... grandes manchas em forma de um olho, berrantemente coloridas, de súbito apresentadas, estão entre os meios mais eficazes para assustar possíveis predadores, inclusive o homem"; tais manchas são negras e predominantemente castanho-avermelhadas, com pequena área branca.[2][8][9][13][14][15]

Cabeça de um pavãozinho-do-pará, fotografada no zoológico de Tulsa (EUA).

Vocalização

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Possui um trinado como um "rrrrrrü" ou "iu-rrrrrü", de timbre similar ao do inhambu-pixuna, além de outras vocalizações como um forte "ia" ou um estranho e sibilante "tschurrrrra", um crocitar e um estalo "klak"; ou um "kak-kak-kak-kak" forte, ao alarmar-se.[8][9]

Nidificação e reprodução

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O seu ninho é construído próximo à água, em ramagem, possuindo o formato de uma tigela rasa, e é feito de fibras, folhas e raízes embebidas em lama, onde são depositados de um a dois ovos grandes, amarelados e com pintas acastanhadas e cinzentas, os quais são chocados por 26 a 27 dias; são defendidos pelos pais, que afastam os predadores fingindo estarem feridos ou voltando-se em exibições ameaçadoras, sibilando como cobras e levantando ou esticando asas e cauda, num aspecto imponente. Os filhotes já nascem emplumados, treinando sua postura de asas abertas já com duas semanas de nascidos, permanecendo no ninho de 21 a 25 dias e retirando ativamente a alimentação do bico de seus pais.[8]

Espécime de um pavãozinho-do-pará exposto no Museu de História Natural de Londres.

Alimentação e hábitos

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O pavãozinho-do-pará alimenta-se de insetos, crustáceos, rãs e peixes pequenos, caçando-os com movimentos em ziguezague com a cabeça e aproximando-se lentamente de suas presas, mas dando botes rápidos.[8][9] Também aprecia muito os embuás.[13] Possui um jeito singular de caçar moscas, provindo daí seus nomes pavão-papa-moscas ou papa-moscas.[3][13] Pousa em galhos ou troncos caídos na água, em pedras ou no solo, e costuma efetuar suaves movimentos de vaivém lateral, aprendidos ainda no ninho, umas vezes de corpo inteiro e outras apenas com suas partes posteriores, podendo caminhar na água, quase sempre em locais rasos.[8][9] São animais solitários, que caminham pelo chão com grande elegância, às vezes costumando "dançar" com asas e cauda abertas e exibindo as suas colorações.[16]

E. helias possui três subespécies:

  • Eurypyga helias helias (Pallas, 1781) - ocorre da Colômbia até a Venezuela, nas Guianas, na Região Norte do Brasil e Centro-Oeste ao leste da Bolívia. O seu bico é mais delgado do que o das outras subespécies, e a parte traseira mostra amplo barrado com faixas em creme.
  • Eurypyga helias major (Hartlaub, 1844) - ocorre no extremo sul do México e indo da Guatemala até o oeste do Equador; possui o bico mais robusto das três subespécies e com suas partes superiores principalmente de coloração cinza, com estreitas faixas pretas.
  • Eurypyga helias meridionalis (Berlepsch & Stolzmann, 1902) - ocorre nas regiões sul e central do Peru, em Junín e Cusco; possui menos barrado em cima do que as outras subespécies e tem as partes superiores mais cinzentas. Suas cores do bico e tarsos são mais brilhantes.[2]

Conservação

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De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), esta é uma espécie pouco preocupante, avaliada como de menor importância em relação ao perigo de extinção (ou em seu estado de conservação), pois tem uma ampla distribuição geográfica que a torna menos suscetível ao impacto humano (extensão da ocorrência com 20 000 quilômetros quadrados).[4]

Além de ser uma ave semidoméstica e fácil de amansar, adaptando-se bem em cativeiro,[8] Eurico Santos, em sua obra Zoologia Brasílica, cita que dela também se extrai uma parte da sua ossada, o "mocó", que é utilizado como talismã de pajelança.[13]

Referências

  1. Bock, Walter J. (outubro de 1994). «History and Nomenclature of Avian Family-Group Names» (PDF) (em inglês). Bulletin of the American Museum of Natural History, Nº 222. (CORE). p. 136. 281 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019 
  2. a b c d e f g h i j «Pavãozinho-do-pará». WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019 
  3. a b c d e f ANDRADE, Gabriel Augusto de (1985). Nomes Populares das Aves do Brasil. Belo Horizonte: Editerra Editorial. p. 174-175. 258 páginas 
  4. a b c d IUCN. «Sunbittern - Eurypyga helias» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019 
  5. «Ave Sol - Eurypyga helias» (em espanhol). eBird. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019 
  6. FRISCH, Johan Dalgas (1981). Aves Brasileiras. Volume 1. 2ª ed. São Paulo, Brasil: Dalgas - Ecoltec Ecologia Técnica e Comércio Ltda. p. 88. 354 páginas. ISBN 85-85015-02-0 
  7. «Garza del Sol» (em espanhol). EcoRegistros - Registros Ecológicos de la Comunidad. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019 
  8. a b c d e f g h i SICK, Helmut (1997). Ornitologia Brasileira 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 304. 912 páginas 
  9. a b c d e GWYNNE, John A.; RIDGELY, Robert S.; TUDOR, Guy; ARGEL, Martha (2010). Aves do Brasil. Pantanal & Cerrado 1ª ed. São Paulo: Editora Horizonte. p. 96-97. 322 páginas 
  10. Ferreira, Edmilson (17 de março de 2019). «Curiosidade: Arara-Vermelha é a ave-símbolo do Acre, mas poderia ser o Uirapuru ou Choca-do-Acre». ac24horas.com - Notícias do Acre. 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2021. Pará – Pavãozinho-do-Pará (Eurypyga helias) 
  11. Thomas, Betsy Trent; Strahl, Stuart D. (agosto de 1990). «Nesting Behavior of Sunbitterns (Eurypyga helias) in Venezuela» (em inglês). The Condor, Vol. 92, No. 3. (JSTOR). p. 576. Consultado em 2 de junho de 2019. The Sunbittern, representing a monotypic family divided into three races. 
  12. «eurypygiformes» (em inglês). YourDictionary. 1 páginas. Consultado em 2 de junho de 2019. A taxonomic order within the class Aves — the sunbittern and kagu. 
  13. a b c d SANTOS, Eurico (1979). Zoologia Brasílica, vol. 4. Da Ema ao Beija-flor 1ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 175-176. 396 páginas 
  14. Quental, João (5 de junho de 2015). «Eurypyga helias». Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019. Alta Floresta, Mato Grosso, Brasil. 
  15. HGHjim (18 de outubro de 2007). «Sunbittern - Eurypyga helias» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2019. Oakhurst, Jacksonville, Flórida. 
  16. MASCARENHAS, Bento Melo; LIMA, Maria de Fátima Cunha; OVERAL, William Leslie (1992). Animais da Amazônia. Guia zoológico do Museu Paraense Emílio Goeldi 1ª ed. Belém, Pará: Supercores. p. 55. 114 páginas 
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