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Funk carioca: diferenças entre revisões

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* [http://www.funkmelody.com.br FunkMelody.com.br - O Melhor do Funk Melody Nacional e Internacional - www.funkmelody.com.br]
* [[Mulheres Fruta]]
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* [[Charme (música)|Charm]]
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Revisão das 16h19min de 16 de março de 2011

Funk carioca
Origens estilísticas Electro
(Miami bass)

Freestyle
Rap
Contexto cultural meados de 1980s, Rio de Janeiro, Brasil
Instrumentos típicos Caixa de ritmos, Toca-discos, Sampler, Sintetizador, Vocal
Popularidade Alta no Brasil em meados de 1990s, Moderado no Leste Europeu em meados de 2000s
Formas derivadas Proibidão - Funk Melody

O funk carioca é um estilo musical oriundo do Brasil, mais precisamente do Rio de Janeiro. Apesar do nome, é diferente do funk originário dos Estados Unidos.

Isso ocorreu, pois a partir dos anos 1970 eram realizados bailes black, soul, shaft ou funk, com o tempo, os DJs foram buscando novos ritmos de música negra, mas o nome original permaneceu. O funk carioca tem uma influência direta do Miami Bass e do Freestyle.[1][2] O termo baile funk é usado para se referir a festas ou discotecas que tocam funk carioca.


História

Anos 1980

A partir da década de 1980, os bailes funks do Rio começaram a ser influenciados por um novo ritmo da Flórida, o Miami Bass, que trazia músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas.[2] As primeiras gravações de funk carioca eram versões.[2] A maior parte das rádios dedicavam grande espaço em sua grade horária para os sucessos feitos no ritmo funk, um dos mais famosos é a regravação de uma canção de Raul Seixas: o "Rock das Aranhas"[2] que vira hit e se junta a ele outras músicas feitas com muito humor e gravações de cantores de latin freestyle (que serviu de inspiração para o funk melody) como Stevie B, Corell DJ, entre outros MC's.[1] Dentre os raps (ou melôs, como também eram chamados) que marcaram o período mais politizado no funk é o "Feira de Acari" que abordava o tema da famosa Robauto, feira de peças de carro roubadas pelas cidade.[2]

O funk carioca é originário das favelas do Rio de Janeiro.

Ao longo da nacionalização do funk, os bailes - até então, realizados nos clubes dos bairros do subúrbio da capital - expandiram-se a céu aberto, nas ruas, onde as equipes rivais se enfrentavam disputando quem tinha a aparelhagem mais potente, o grupo mais fiel e o melhor DJ. Neste meio surge DJ Marlboro, um dos vários protagonistas do movimento funk.

Com o tempo, o funk ganhou grande apelo entre moradores de comunidades carentes, as músicas tratavam o cotidiano dos frequentadores: abordavam a violência e a pobreza das favelas.

Anos 1990

Com o aumento do número de raps/melôs gravadas em português, apesar de quase sempre utilizar a batida do Miami Bass, o funk carioca começa a década de 1990 formando a sua identidade própria. As letras refletem o dia-a-dia das comunidades, ou fazem exaltação a elas (muitos desses raps surgiram de concursos de rap promovidos dentro das comunidades). Em consequência, o ritmo fica cada vez mais popular e os bailes se multiplicam. Ao mesmo tempo o funk começou a ser alvo de ataques e preconceito. Não só por ter se popularizado entre as camadas mais carentes da sociedade, mas também porque vários destes bailes funk eram os chamados bailes de corredor, onde as galeras de diversas comunidades se dividiam em dois grupos, os lados A e B, e com alguma frequência terminavam em brigas entre si (resultando em alguns casos em vítimas fatais) que, acabavam repercutindo negativamente para o movimento funk.

Com isso havia uma constante ameaça de proibição dos bailes, o que acabou por causar uma "conscientização" maior, através de raps que frequentemente pediam paz entre as galeras, como a música "Som de preto". Em meio a isso surgiu uma nova vertente do funk carioca, o funk melody, com músicas mais melódicas e com temas mais românticos, seguindo mais fielmente a linha musical do freestyle americano, alcançando sucesso nacional, destacando-se nesta primeira fase Latino, Copacabana Beat, MC Marcinho, entre outros.

Buchecha da dupla Claudinho & Buchecha

A partir de 1995 o rap, que até então eram executados apenas em algumas rádios, passaram a ser tocados inclusive em algumas emissoras AM. O que parecia ser um modismo "desceu os morros", chegando às áreas nobres do Rio. O programa da Furacão 2000 na CNT fazia sucesso, trazendo os destaques do funk, deixando de ser exibido apenas no Rio de Janeiro, ganhando uma edição nacional. Artistas como Claudinho e Buchecha, entre outros, tornaram-se referência nessa fase áurea, além de equipes de som como Pipo's, Cashbox, e outras. A Rádio Imprensa teve papel importante nesse processo, ao abrir espaço para os programas destas e de várias outras equipes.

Alguns bordões e gritos de guerra criados nos bailes se tornavam-se hits como foi o caso de "Uh, tererê" (um falso cognato do rap "Whoop! There it is!" do grupo americano Tag Team) e "Ah, eu tô maluco"[3].

Em 1997, Mestre Jorjão da bateria da Viradouro introduz a "paradinha funk" no desfile de Carnaval[4].

Paralelo a isso, outra corrente do funk ganhava espaço junto às populações carentes: o "proibidão". Normalmente com temas vinculados ao tráfico, os raps eram muitas vezes exaltações a grupos criminosos locais e provocações a grupos rivais, os alemães (gíria também usada para denominar as galeras inimigas). Normalmente as músicas eram cantadas apenas em bailes realizados dentro das comunidades e divulgados em algumas rádios comunitárias.

Ao final da década, além de todas as variantes acima, surgiram músicas com conotação erótica. Essa temática, caracterizada por músicas de letras sensuais, por vezes vulgares, que começou no final da década, ganhou força e teria seu principal momento ao longo dos anos 2000.

Anos 2000

O funk conseguiu mascarar seu ritmo, mostrando-se mais parecido com um rap americano e integrou-se um pouco mais às classes cariocas. Seu ritmo hipnótico e sua batida repetitiva denominada "pancadão" ou "tamborzão" (muitas vezes confundido com atabaques de Candomblé, na realidade é inspirado em batidas do Miami Bass e do Rap americano[5]) também contribuíram para que mais pessoas se tornassem adeptas dessa música, fazendo com que o estilo chegasse a movimentar cerca de R$ 10 milhões por mês no Estado do Rio, entre os anos de 2007 e 2008. [6] Algumas letras eróticas e de duplo sentido normalmente desvalorizando o gênero feminino também revelam uma não originalidade em copiar de outros estilos musicais populares no Brasil como o Axé music e o forró.

Em 2001, o grupo de pagode baiano É o Tchan!, cujas vendas começaram cair naquele ano, grava um álbum dedicado ao gênero.[7]

O funk ganhou espaço fora do Rio e ganhou conhecimento internacional quando foi eleito umas das grandes sensações do verão europeu de 2005 e ser base para um sucesso da cantora inglesa MIA, "Bucky Done Gun".[8]

A inglesa M.I.A. freqüentemente usa ritmos do baile funk em suas musicas, especialmente no álbum Arular, assim difundiu o som internacionalmente.

Um dos destaques desta fase, e que foi objeto até de um documentário europeu sobre o tema é a cantora Tati Quebra-Barraco que se tornou uma figura das mulheres que demonstram resistência à dominação masculina em suas letras, geralmente de nível duvidoso, pondo a mulher no controle das situações e as alienando. E em julho de 2007 em Angola surge o primeiro grupo de funk angolano "Os Besta-Fera" seu vocalista principal Mc Lucas passou no Rio de Janeiro onde foi influenciado a cantar funk, agora ouvido em Angola.

A respeito desse sucesso, Hermano Vianna, autor do pioneiro estudo "O Mundo Funk Carioca" (1988) ISBN 8571100365, afirmou:


Em 2009 a musica "Rap das armas", da banda Cidinho e Doca, e incluida no filme Tropa de Elite fez um grande sucesso nas pistas da Espanha.

Críticas

O estilo musical, embora apresente expansão mercadológica, continua sendo alvo de muita resistência,[9] sendo bastante criticado por intelectuais e parte da população.

O funk carioca é geralmente criticado por ser pobre em criatividade, por muitas vezes apresentar uma linguagem obscena e vulgar apelando para letras obscenas, com apologia ao crime, drogas e tráfico, e à sexualidade exarcebada, para fazer sucesso. [10]

Grande parte do criticismo vem também da associação do ritmo ao tráfico, pois bailes funk são costumeiramente realizados por traficantes, para atrair consumidores de drogas aos morros. [11]

Outro problema relatado do funk é o volume no qual costuma ser executado: bailes funk quase sempre não respeitam qualquer limite de decibéis, o que configura outra transgressão à lei [12].


Atualidade

Em Setembro de 2009 a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou projeto dos deputados Wagner Montes e Marcelo Freixo que define o funk como movimento cultural e musical de caráter popular do Rio de Janeiro. [13]


Referências

Notas


  1. a b Editora Record (ed.). Batidão: uma história do funk. 2005. [S.l.: s.n.] 850107165X, 9788501071651  |coautores= requer |autor= (ajuda)
  2. a b c d e Editora Terceiro Nome (ed.). Funk carioca: crime ou cultura? : o som dá medo e prazer Coleção Repórter especial. 2006. [S.l.: s.n.] 16 páginas. 8587556746, 9788587556745  |coautores= requer |autor= (ajuda)
  3. Marcelo Camacho (18 de junho de 1997). «Ah, eu tô maluco». Revista Veja 
  4. Lívia Torres (23 de dezembro de 2009). «Inventor da 'paradinha' funk da Viradouro promete surpresa na Sapucaí». Portal G1 
  5. «Funk vs Rap». Revista Trip. Trip Editora e Propaganda SA. Mar. 2009. pp. 74 a 81. ISSN 1414-350X  |coautores= requer |autor= (ajuda)
  6. a b Funk movimenta R$ 10 milhões por mês só no Rio de Janeiro, diz estudo
  7. «Segura o Tchan». Revista Veja. 18 de abril de 2001 
  8. Lotudo, Thiago (Outubro de 2005). «Rosinha, Bronx e Trenchtown». Trip Editora e Propaganda SA. Revista Trip. 138 páginas. ISSN 1414-350X 
  9. Jornal britânico destaca polêmica sobre funk carioca
  10. Funk carioca e a PM do Rio
  11. Dos bailes aos esticas da droga
  12. Bailes funk com uso de drogas revoltam moradores
  13. Deputados revogam restrições ao funk no Rio e estilo vira movimento cultural
Web

Ver também